Designer? Seja bem vindo!

Bem diferente do que me aconteceu numa loja aqui de Londrina e que relatei no post “Só dizáiner?” (sic), preciso mostrar que nem tudo está perdido nesta terra. Algumas (poucas) lojas tem a coragem e a ética de enfrentar o lobby estúpido dos arquitetos que predomina por aqui.

Entre elas, destaco a MMartan do shopping Catuaí. (Rod. Celso Garcia Cid Km 377, Lj32A – Catuaí , Londrina – PR. CEP 86050-901 Tel:(43) 3339-4050 )

Estive na loja no dia 29/12/11 já ao final da noite. Inicialmente ia comprar apenas duas capaz de travesseiro e dois travesseiros. Porém, a Nadir me atendeu tão bem desde a entrada na loja que acabei levando em edredom que não estava nos planos iniciais.

Inicialmente ela estava me tratando como um cliente normal. Quando perguntei se havia algum desconto especial para especificadores ela me perguntou qual era a minha profissão. Respondi que era Designer de Interiores/Ambientes e especialista em iluminação (LD) ao mesmo tempo em que entregava-lhe o meu cartão. De pronto ela me levou até um terminal de computador para verificar a existência de meu cadastro no sistema. Eu já sabia que não existiria pois como trabalho 95% com projetos de LD, são poucas as lojas de outros produtos em que tenho cadastro aqui em Londrina.

De pronto ela fez o meu cadastro e explicou o sistema de parceria da MMartan. Em momento algum percebi preferência por esta ou aquela classe social. Até relatei à ela o ocorrido na outra loja e ela me mostrou no sistema que não há preferências: todos recebem exatamente os mesmos benefícios.

Nesse meio tempo acabei me interessando também por um edredom (luxuozérrimo!) que foi inserido na compra. Além dos descontos da promoção das peças iniciais ainda ganhei mais 10% de desconto sobre o valor total.

No caixa vi um Aromatizador de ambientes Black Casa Moysés, e comentei com meu amigo (o mesmo que presenciou a cena grotesta na casa dos Puxadores) que um amigo em comum nosso usava aquele produto em sua casa. Comentei com a Nadir que em breve voltaria para comprar para mim pois adorei o cheiro do produto. Ela então, de pronto, me presenteou com um frasco pelo meu aniversário recém passado (27/12). Fiquei pasmo na hora e agradeci muito.

Então, é este tipo de empresa, séria e ética, que temos de valorizar no nosso dia a dia profissional. É nestas empresas que devemos levar nossos clientes e tira-los daquelas que só fazem unir-se a lobbyes corporativistas mantidos por profissionais incapazes em sua área de origem e que, todos sabemos, só fazem DECORAÇÃO de Interiores por causa da grana que este mercado oferece.

Assim, vou abrir uma lista em meu blogroll para divulgar empresas sérias como a MMartan que sabem valorizar o profissional, independente de que área venha.

Parabéns à toda a rede MMartan por esta postura ímpar!!!

Na correria…

mas passando para dar um oi para vocês. Tou conseguindo sobreviver à loucura do dia a dia rsrsrs

Recebi um e-mail hoje com algumas questões interessantes. Não vou citar o nome do autor pois se ele preferiu o contato direto através de e-mail é porque prefere assim e seria anti ético de minha parte expo-lo aqui.

A primeira colocação dele refere-se basicamente ao temido “entrar no mercado”. Muitos profissionais optam pela carreira solo com seu escritório montado, outros preferem ligar-se a alguma empresa, outros vão na onda dos “freelances” e muitos desistem.

Para montar o seu escritório faz-se necessário, principalmente, que você já tenha um vasto círculo social que conheça quem é você, o que faz, como faz, o que já fez. Também é preciso ter grana para investir tanto na montagem do escritório quanto na divulgação do mesmo. Porém, de nada adianta montar um escritório “meia boca”. Isso atrairá clientes “meia boca” para projetos “meia boca” e seu pagamento será “meia boca”. E você será tido como um profissional “meia boca”. De nada vai adiantar gastar fortunas com publicidade se o cartão de visitas do produto que você oferece não for bom.

Ligar-se a alguma empresa é um meio de sobrevivência na maioria dos casos e de carreira em raros casos. Se for para ligar-se como mais um vendedor, terá de contentar-se com uma vidinha de vendedor e muitas vezes deixar de aproveitar todo o conhecimento que você adquiriu no seu curso. Para vender cadeiras, basta que você pesquise sobre elas e entenda um pouco de tudo sobre elas. Não há necessidade alguma de você entender de iluminação, gesso, etc.

Você pode também ter a sorte de seguir carreira dentro de alguma empresa. Departamento de projetos de uma construtora, uma grife de móveis, área educacional, enfim. É uma carreira que só vai depender de você mostrar a que veio.

Já para os “freelas” a coisa pega fogo. É um desgaste diário atrás de clientes quando você opta por trabalhar sozinho. Mas também pode ser uma boa dependendo de suas parcerias profissionais. Uma consultoria em lighting pode ser considerado um “freela”? Sim, afinal numa consultoria não há projeto.

Já os que desistem…

Um outro questionamento dele diz respeito à idade para se começar e tem referências à uma troca de carreira, bem sucedida por sinal.

Buscar fazer o que se gosta, sempre! Para que tudo saia bem feito e todos satisfeitos: o produto, o cliente, a empresa e você.

Trocar de carreira não é nenhum bicho de 7 cabeças como muitos pensam. Isso está mais ligado ao medo pessoal que à prática propriamente dita.

Independente da idade, sempre é tempo de recomeçar, renovar, reavaliar-se, reorganizar-se. Independente se há troca de área ou não. Isso é necessário para a sobrevivência humana.

Vejam meu caso. Era para eu ser um músico, com faculdade de música e estar tocando ou cantando a Renascença por esse mundão. Mas, no meio do curso me deparei com a cenografia e a iluminação cênica e vi os meus anos e anos de estudos e investimentos em música “desafinarem” porque uma nova luz se acendeu em minha vida. E eu já estava com 27 anos.

Desgostei da música? NUNCA! É uma das coisas que mais amo em minha vida, não vivo sem. Estou agora mesmo escrevendo este post com uma web-radio rolando ao fundo aqui em casa. Quando estou dirigindo, mesmo que seja pra ir ao supermercado que fica ha duas quadras daqui de casa, o som do carro vai ligado. Em viagens, sempre ligado. Quando estou de bobeira (coisa rara ultimamente)? Sempre com um som de qualidade como fundo. Sim, canto também e solto meus brados de tenor que por vezes assustam os vizinhos e deixam minhas cachorras eufóricas e começam a uivar rsrsrs

Porém, o Design falou mais forte profissionalmente por duas razões básicas:

1 – Sempre gostei demais de lidar com vitrinismo, mexer com materiais diversos e montar coisas, fazer e refazer. A possibilidade de atuar numa outra área que, junto com a música, faz a platéia delirar e sonhar me agradava. Eu teria de materializar, contextualizar o som em matéria.

2 – Viver de música clássica aqui no Brasil? aiminhanossasinhoradabicicretinhavremêia….. do jeito que andava – e anda – a cultura musical do brasileiro me fez temer por um futuro na sarjeta.

Entrando nas áreas de cenografia e iluminação cênica, foi um “pulinho” voltar-me totalmente para o Design.

Se você tem medo de virar sua vida 180° numa paulada só como eu fiz, faça devagar, aos poucos. Continue em sua carreira, faça um bom curso de Design de Interiores e outros complementares, vá frequentando lugares, festas, lojas e outros espaços que te possibilitem o contato com os “prospects” que nada mais são que potenciais clientes futuros.

Vá mudando devagar o seu foco profissional. Comece desenvolvendo pequenos projetos para conhecidos, familiares, amigos até que você sinta segurança para abandonar de vez a outra carreira e seguir a nova.

Outro ponto levantado diz respeito a quanto tempo é necessário para que a pessoa torne-se um profissional respeitado e reconhecido no mercado.

Isso é bastante complicado responder pois cada um é cada um. Alguns podem nunca sair do anonimato. Outros podem de uma hora para outra virar estrela de uma parca constelação. Tudo vai depender do emprenho, seriedade e ética profissional. E em empenho refiro-me à ir atras de clientes e parcerias, publicidade, relacionamentos profissionais e pessoais.

Essa vou colar na íntegra:

3 – Notei em seus tópicos, que você “valoriza pouco” (Digamos assim), a engenharia Civil, e concordo com vc a respeito da frieza da àrea (Somado ainda à questão da ABD, que considero ser irritante, injusto e desestimulante), mas, será que vc não estaria, mesmo que inconsientemente, apoiando as pessoas a fazerem DI, apenas para conseguir um maior apoio(Mais profissionais no mercado) para o reconhecimento da àrea ???
(Minha intenção não é ofendê-lo de maneira alguma, mas queria ter certeza de que o mercado e a àrea é realmente tudo isso que está dizendo…Ao ler seu blog, super positivo, tive uma boa perspectiva do ramo)

Em momento algum desvalorizo a engenharia civil. Muito pelo contrário, sempre mostro a importância, para o profissional de Design de Interiores/Ambientes, desta parceria com os engenheiros, sejam civis, elétricos, mecânico, etc.

Não sei se é frieza dos profissionais da área. Creio que o termo melhor colocado seria apatia, coisa muito em voga hoje no nosso país. Apatia cultural, apatia política, apatia educacional, apatia social. Vivemos numa apatia generalizada. Parece que a população opensante encontra-se anestesiada ou num estado de coma vegetativo o que as libera do ônus de ter de lutar, dar a cara para bater em benefício geral. O que vemos é cada um defendendo o seu umbigo e dando de ombros para o coletivo. Porém o que estes não percebem é que o coletivo se não for cuidado agora, no futuro afetará também a estes cômodos umbiguistas.

Jamais eu seria tão sem noção e irresponsável ao ponto de chamar pessoas para “gerar número”. Sempre que digo a alguém algo sobre a entrada no mundo do Design deixo bem claro: você gosta? Tem certeza? Já entendeu o que é e como funciona? Se sim, seja bem vindo(a), se não, tua busca ainda não terminou.

Eu, como regulamentista que sou, seria uma contradição imensurável convocar aos quatro ventos as pessoas para virarem Designers. Imagine a quantidade de porcarias que seriam feitas por esses “designers de carteirinha”, que não são comprometidos com a carreira e que nos afetariam diretamente ao ter seus trabalhos reprovados pelo mercado. Conseguem entender a gravidade disso?

Eu prefiro entrar numa sala de aulas no primeiro dia e ver que nela tem 40 alunos e no último apenas 10 do que encontrar com os 40 lá no ultimo dia. Ao menos, uma boa peneirada já foi dada.

Ele volta a questionar sobre a atuação dentro de empresas. Vamos lá…

Desmembrando melhor o que já postei acima, só para se ter uma idéia:

Construtoras: você pode vir a ser contratado por uma construtora para integrar a equipe de projetos. Aqui entrará o trabalho conjunto de vários profissionais: arquitetos, engenheiros, designers entre outros. Se o grupo for coeso certamente sairão excelentes projetos além de que você tem ainda a grande possibilidade de “papar” os clientes das mesmas em sua área específica. Imagine um edifício de 20 andares quantos apartamentos você terá a oportunidade direta de lidar com seus compradores…

Indústria: Seja de móveis de alto padrão, planejados de grife e até mesmo de móveis mais populares. Todas tem um departamento de design que é o responsável por criar as coleções.

Publicidade e Propaganda: é um ramo que os profissionais geralmente se esquecem e isso vemos diariamente refletido nos cenarios das propagandas de TV.

Isso só para trazer um pouco mais de luz para vocês. Mas existem muitas outras empresas em que podemos atuar. Tudo vai depender de seu portfolio, sua experiência e empenho profissional.

Criatividade…

Um profissional medíocre não cria, copia apenas e aceita quando o cliente lhe joga no colo um monte de revistas e diz que é exatamente aquilo que deseja. Este está sim amarrado ao mercado prostituto. Mas não para por aí, ele estará ajudando também a destruir a identidade brasileira a partir do momento em que muito do que vemos nas revistas veio de fora, não tem referência à cultura brasileira.

O profissional correto, ético e comprometido com a sua profissão, jamais aceita realizar um trabalho desses. Ele tem consciência de além de estar infringindo leis de direitos autorais estará ajudando a aumentar essa prostituição. Este profissional tem a consciência de que todo o material apontado lhe servirá apenas de referência, de repertório cultural e só. E saberá habilmente como fazer o cliente entender isso e estará livre para criar.

Finalizando:

Desculpas pelo enorme texto, mas vc sabe né ?…
O mundo dá muitas voltas, quem sabe não serei eu amanhã tendo a oportunidade e o prazer de te dar uma mãozinha, uma ajuda….

Sempre! Como sempre digo, ninguém é perfeito, ninguém sabe tudo, muito menos eu. Sou normal, mortal como qualquer um aqui. E isso inclui estar aberto ao aprendizado.

Assim como gosto muito de compartilhar meus conhecimentos e pesquisas com vocês e meus alunos, também gosto muito da interação, a troca de conhecimentos, informação, diálogos. Isso faz os dois lados crescerem.

Achei interessante a idéia de responder ao e-mail na forma de um post. As dúvidas e questões levantadas podem servir para muitos e não seria interessante mante-las no reservado diálogo de uma troca de e-mails. Portanto, a partir de agora, sempre que eu receber algum e-mail com um contexto e questões como as desse, procurarei responde-lo aqui no blog desta forma.

Abraços e muita luz a todos!