Exercício de observação – vídeoclipe

Sempre digo que um excelente (e gostoso) exercício é a análise de fotos e vídeos. Os videoclipes evoluíram muito em vários aspectos, dentre eles, cenografia e iluminação.

Para fazer este tipo de exercício devemos:

– assistir a primeira vez apenas para “curtir” e dar uma geral no clipe.

– a segunda e subsequentes vezes, buscando informações visuais ali presentes. Aqui você pode separar os elementos. Primeiro observe a cenografia quantas vezes forem necessárias. Depois a iluminação e assim por diante.

Pois bem, vamos então analisar o vídeo “Dance Again”, com Jennifer Lopez ft. Pitbull.

Descontem a beleza e sensualidade sublime da Jennifer e a força masculinidade do Pitbull ok? rsrsrs

Então respondam às seguintes questões:

Cenografia:

1 – Quantos cenários (estruturas) temos neste clipe?

2 – Qual deles é o cenário principal?

3 – O primeiro cenário tem estrutura fixa ou móvel?

4 – Quais os elementos decorativos existentes no primeiro cenário em que a Jennifer aparece?

5 – Quais os revestimentos ou materiais deste cenário?

6 – Quais os elementos decorativos que aparecem no primeiro cenário que o Pitbull aparece?

7 – Quais os revestimentos ou materiais deste cenário?

8 – Qual a intenção (ou relação com o que) daquele teto cheio de figurantes?

9 – Qual o material utilizado para a parte onde ela está deitada (parece areia)?

10 – No cenário da dança, quais os elementos decorativos e materiais utilizados?

11 – Há um cenário com duas portas que aparece rapidamente. Quais os elementos decorativos e materiais nele empregados?

12 – No final do vídeo aparece um elemento que parece ser um vidro de perfume. Qual a relação dele com a cenografia?

13 – No cenário da dança, qual o tipo de fundo utilizado?

Screen-shot-2012-04-05-at-10.08.30-PM

 

Iluminação:

1 – Quais os tipos de luminárias existentes no primeiro cenário em que a Jennifer aparece?

2 – Quais os tipos de efeitos destas luminárias e temperatura de cor?

3 – Quais os tipos de luminárias que aparecem no primeiro cenário que o Pitbull aparece?

4 – Quais os tipos de efeitos destas luminárias e temperatura de cor?

5 – Em iluminação cênica, qual efeito predomina em todos os cenários?

6 – No cenário principal há interferência da iluminação cênica. Qual o tipo de efeito e porque ela se destaca sem “apagar” a outra?

7 – No cenário que tem aquele “glitter” voando, quais as cores das luzes?

8 – No cenário da dança, quais as cores das luzes?

Bom exercício!!!

Apresentando: Baldanza iluminação Conceito

Pois é pessoal. Graças à interatividade do facebook consegui mais uma empresa parceira para o blog.

Trata-se da Baldanza iluminação Conceito.

Numa mistura muito bem casada entre arquitetura, design de produtos, design de moda e iluminação, a baldanza conseguiu chegar à um conceito exclusivo para a sua linha de luminárias.

Sempre cheias de estilo, as referências são encontradas em nosso dia a dia.

Os produtos da Baldanza estão classificados em 05 categorias:

Vista Sua Luminária

Já pensou em trocar a roupa de sua luminária?

Pois é! As peças desta categoria dão a possibilidade de trocar os vestidos delas. Descontração total.

Assim, no lugar de uma luminária, você pode ter várias, dependendo da quantidade de vestidos que comprar.

Uma deliciosa brincadeira para a sua casa!!

Especialidades

Uma linha já mais estruturada onde as peças realmente marcam presença pela beleza de suas formas e acabamentos.

O Designer é você

Aqui você tem s possibilidade de escolher os tecidos para as cúpulas de seus abajoures. Você escolhe entre as bases, modelos de cúpulas e tecidos.

Dá pra brincar bastante e soltar a sua imaginação e criatividade.

Projetos Especiais

Aqui, o profissional cria uma luminária e a Baldanza a produz com a possibilidade ainda de entrar para o catálogo.

É sem sombra de dúvida, um serviço mais que especial oferecido pela Baldanza aos profissionais.

Um exemplo? A luminária desenvolvida para o Restaurante Ponto G:

e Técnico

São as luminárias mais técnicas mas que mantém o conceito da marca em sua aparência.

Os responsáveis por essa novidade no mercado brasileiro são a Lise e o Robison.

Visite e curta a página no facebook.

Ou baixe o catálogo da Baldanza clicando no link abaixo:

BALDANZA-LANÇAMENTOS.2012.01

Parabéns, sucesso e grato pela nossa parceria!!!

analisando iluminação

No post anterior, onde expliquei o porque de não postar freneticamente, coloquei também o porque não gosto de realizar postagens apenas com imagens. No entanto quero deixar claro que não acho este tipo de postagem inútil, muito pelo contrário.

Eu sempre olho estes posts porém usando uma metodologia bastante analítica e crítica. Já escrevi aqui sobre ela num post ja ha bastante tempo. Ele foi alvo de críticas de algumas pessoas que alegaram não ser possível realizar este exercício uma vez que não conhecemos o autor do projeto, o conceito, etc. Porém alguém aqui sabe esses e outros dados de todos os ambientes que entramos diariamente? Claro que não. E sempre ouvimos comentários sobre os ambientes.

Então, mantendo a linha de pensamento deste exercício, vamos aplica-lo à iluminação neste post.

Pode parecer estranho para quem lida com interiores, mas sempre que olho para uma foto ou entro num ambiente, o faço “olhando para cima” ou seja, para a iluminação. Claro né, sou lighting designer. Depois de observar este item é que parto para a parte de interiores propriamente dita.

Nesta primeira observação, a intenção é conseguir detectar de onde vem a luz, ou luzes. Quantas, onde e quais são as fontes de luz.

Isso ajuda a perceber como o projeto foi trabalhado e também se houve cuidados com ofuscamento direto, se o trabalho foi feito usando fachos retos (fácil) ou cruzados (difícil), se a temperatura de cor está correta para o projeto, se o IRC é adequado, se houve a preocupação com luz e sombra entre tantos elementos. Outro elemento importante a ser observado é o tipo de iluminação empregado. Uplight, downlight, built-in, sidelight, direta, indireta, etc. Há variações? Se há, ponto positivo.

Por exemplo: você sabe dizer que tipo de lâmpada foi utilizada para conseguir este efeito?

Aqui também já dá para ter uma idéia do tipo de fonte de luz que foi utilizado e, sabendo disso, se a aplicação está correta de acordo com os dados técnicos destas. Por exemplo: uma lampada AR111 foi originalmente projetada para ser utilizada em pés direitos duplos, no mínimo. No entanto, vemos constantemente nos diversos projetos que isso não é considerado pelos projetistas.

Depois de detectados estes elementos, passa-se para uma análise das luminárias e equipamentos empregados no projeto. Muitas vezes as pessoas confundem os efeitos de lâmpadas com os efeitos produzidos por luminárias, especialmente as mais técnicas. As lâmpadas halógenas mais conhecidas (AR, dicróica, PAR, etc) geralmente tem uma variedade de aberturas de fachos, dos mais fechados até os abertos. No entanto existem luminárias que promovem efeitos de fachos que as lampadas sozinhas não conseguem atingir. A observação e reconhecimento deste item é fundamental para a compreensão do projeto. Você conhece todos os tipos de luminárias e suas respectivas aplicações?

Você sabe qual equipamento é usado para conseguir este efeito? 
A cor que vemos na luz é original da lâmpada ou conseguida através de algum acessório? (se há acessório...)

Conhecer tecnicamente as luminárias é essencial para um bom projeto de iluminação. A diferença dos bons projetos é que estes usam peças técnicas. Elas não são tão vistosas quanto as peças de design, porém, a maioria é projetada para ficar o mais neutra possível no ambiente.

Saber o funcionamento e limitações delas também é fundamental. Quais as suas partes, que tipo de refletor é utilizado, temperaturas máximas de operação, resistência dos materiais, qualidade da marca, etc. E estes elementos não se consegue nos catálogos comerciais, apenas nos técnicos, que são, via de regra, bem difíceis de conseguir junto à indústria. Por falar nisso, na indústria nacional são raras as empresas que disponibilizam este tipo de material, fundamental para o desenvolvimento e especificação nos projetos. Você já viu alguma luminária com uma aplicação técnica sendo utilizada de outra forma?

Muitas vezes nos deparamos com detalhes dos projetos de iluminação que nos deixam a pensar se é uma luminária industrializada ou se é algum elemento feito especificamente para aquele projeto. Existe na indústria uma luminária assim? Se não, como foi feito? Quais materiais foram empregados? Como é o seu funcionamento? Consegue visualizar este elemento em corte? Quais as suas partes? Houve necessidade de intervenção/integração ao projeto arquitetônico?

Depois disso tudo, passamos a “olhar para baixo” ou seja, para o ambiente de um modo geral. Aqui buscamos detalhes que possam valorizar ou depreciar, qualificar ou denegrir o projeto. Nesta fase buscamos elementos como ofuscamento indireto (reflexos) e danos em materiais, produtos e superfícies, principalmente. Também é hora de procurar por luminárias que estejam desligadas e verificar o tipo de luz x altura de montagem. Qual a temperatura (calor) dentro do espaço? Você consegue se posicionar tranquilamente embaixo de qualquer uma das luminárias sem se sentir desconfortável? Observando os usuários percebe alguém “desviando da luz”, forçando os olhos?

Também devemos considerar outros elementos nessa observação:

1 – A iluminação atende às necessidades?

2 – A iluminação é econômica?

3 – Há excessos ou falta de luz?

Tem uma loja num shopping daqui que eu não consigo olhar para dentro dela pois ela é ofuscante. O excesso de luz ali, num ambiente pequeno, é absurdo. Dias atrás fui a este shopping e percebi de longe que tinha algo de diferente nesta loja e fui olhar. Para piorar a situação, eles retiraram um lado da vitrina e colocaram um piso branco. Resultado: a luz ficou mais ofuscante ainda. Se eles queriam chamar a atenção conseguiram porém, qualidade projetual nota 0.

4 – Há padronização na temperatura de cor de lâmpadas iguais?

Pode parecer absurdo mas direto encontro lojas com fileiras de lâmpadas com diferenças entre elas: abertura de fachos, TC, angulação, etc. Caso o projeto não seja tão novo e já houveram trocas de lâmpadas, o erro é do projetista que não deixou um manual técnico para o usuário saber exatamente qual a especificação da lâmpada que deve ser utilizada.

De uma maneira geral é este o exercício que faço, especialmente em ambientes reais (não imagens) mas dá para fazer isso observando as diversas fotos que vemos diariamente pela web.

Espero que ajude vocês a lerem melhor os diversos projetos e imagens e que consigam aumentar seus conhecimentos fazendo este exercício.

Design e processos

Muitas vezes é difícil mostrar para os clientes todo o processo que o design envolve. às vezes é até mesmo difícil para pessoas de áreas correlatas entenderem isso tudo o que geram os “X” tipos de designers e os pseudos designers.

Já escrevi sobre isso e tem muita bibliografia sobre esse assunto disponível na web. Mas tem gente que ainda confunde design com artesanato. GRRRRRRRRRRRR

A diferença é que o processo de Design pode ser aplicado ao artesanato. O contrário não. Design tem estrutura industrial e não artesanal. Simples assim. Porém as características e linguagem artesanais podem ser aproveitadas numa escala de Design.

Confuso? Pode ser, mas fica aí um excelente tema para TCCs. Divirtam-se.

Bom, encontrei alguns vídeos de um escritório de design chamado LZF. Este grupo trabalha com lâminas de madeiras aplicadas à iluminação ou seja: luminárias de madeira. Na verdade eles já são uma fábrica.

Um trabalho muito interessante e complexo que exige muita dedicação, pesquisa além de muita mão na massa literalmente falando.

Então, coloco aqui um vídeo deles mostrando este excelente trabalho. Mas não só isso…

O vídeo a seguir mostra o processo Design: da idéia inicial, passando pela criação, esboços, pesquisas, mock-up, prototipagem em escalas e materiais diversos, desenhos técnicos e especificações até a produção:

Por hoje é isso gente.

Tá dificil, a correria grande, a falta de tempo maior ainda mas este final de semana levei dois puxões de orelhas lá na pós: um da professora Glaucia e outro da Acácia do LAC/Philips….

Preciso voltar a postar, arrumar minha agenda em respeito a vocês leitores. Graças a vocês meu blog hoje é referência em design, mesmo estando bem parado nestes últimos meses.

Sei que ja prometi isso antes e não cumpri, mas dessa vez é sério ok?

abraços e muita luz a todos.

Yellow Goat Design Company

o Yellow Goat Design Company éformado por quatro Designers e que resolveram direcionar bastante o seu trabalho para um nincho específico: peças exclusivas.

Começaram criando peças para lojas, restaurantes, bares e com o tempo, e com suas peças caindo facilmente no gosto do mercado, passaram a desenvolver peças voltadas à residencias também. Há uma série de peças que hoje já são produzidas industrialmente e que pode-se encontrar a venda, apenas na Europa e EUA.

Estes são apenas alguns exemplos. Entre no site do grupo e delicie-se com os outros modelos.

 

Cool…

Alguns achados bem legais e interessantes que encontrei pela web.

junktion studio, israel

new wallpaper by camilla diedrich

hiroki takada


banpo bridge  – Seoul

sterling ruby at raf simons boutique, tokyo

‘martyr’ lamp by the play coalition

The Lionor, or Light of the North, by Mauricio Clavero for Swarovski

 

Mundo Fashion inspirado no LD

A moda inspirando-se em luminárias famosas e de design assinado.

Esquerda: Badgley Mischka
Direita: Come Rain Come Shine by Tord Boontje

Esquerda: Chanel
Direita: Salome 12 Light Chandelier

Esquerda: Valentino
Direita: Col Drop Pendant Light

Esquerda: Armani Prive
Direita: Hugo Floor Lamp

Esquerda: Alexander Wang
Direita: Pallucco-Gilda

Esquerda: Jean Paul Gaultier
Direita: Collage Pendant

 

Iluminação e Arte

Iluminar peças de Arte não se faz da mesma forma que ambientes residenciais ou comerciais. Obras de arte são objetos, em sua maioria bastante sensíveis, e devem ser tratadas com zelo e cuidados especiais.

Toda peça de arte é confeccionada com materiais que são frágeis, delicados. A mistura luz + material na maioria das vezes acaba em resultados desagradáveis se o projetista não tiver domínio e conhecimentos sobre os efeitos negativos da luz sobre materiais.

Este cuidado também deve ser tomado quando o projeto é para ambientes pois a luz estraga sim  os materiais sobre os quais é lançada. Quem é dono de lojas sabe bem do que estou falando: aquelas peças em exposição na vitrine que saem “queimadas” depois de um tempo em exposição.

Dias atrás um lojista daqui me chamou para uma consultoria em sua loja de colchões. Todas as peças estavam desbotando rapidamente e naquelas onde haviam fachos concentrados, percebia-se uma marca de forma circular exatamente onde o facho de luz incidia. As lâmpadas e luminárias utilizadas em sua loja estavam deteriorando os produtos.

Não é nada difícil encontrarmos até mesmo dentro de casa, bancadas de madeira ou pedras também com essas marcas, perda de brilho, ressecamento enfim, vários eventos que nos indicam que algo não está bom ou funcionando direito.

Se esse tipo de dano acontece em materiais como madeiras e pedras, imagine então o que a luz não é capaz de fazer com estofados, cortinas e especialmente com os objetos de arte, com as tintas, pigmentos, tecidos…

O que a maioria das pessoas não sabem ou não levam em consideração é o fato de que as lâmpadas emitem uma alta carga de raios UV, especialmente os UVA. Estes raios são nocivos a qualquer material –  até mesmo a nós tanto que usamos bloqueadores no verão. Porém, a moda e beleza de certas lâmpadas e luminárias acabam por direcionar facilmente ao erro projetual quando não se leva em consideração este fator ou até mesmo de técnicas e equipamentos que visam diminuir o efeito dos raios UV sobre as peças de arte.

É, refiro-me aqui ao mesmo raio UV do sol e que temos de nos proteger especialmente no verão.

Nas normas técnicas internacionais, os objetos de arte estão divididos em três categorias de acordo com suas características compositivas, porém vamos usar aqui uma outra mais simples:

Pouco sensíveis: metal, pedra, vidro, cerâmica, jóias e peças esmaltadas.
Nesses materiais não se aplica uma quantidade máxima de lux/ano, porém deve-se levar em consideração o calor radiante.

Moderadamente sensíveis: pinturas (óleo, tempera), couros naturais, tecidos com tinturas estáveis, chifre, osso, marfim, madeiras finas e lacas.
Para esses materiais já temos de observar que durante o ano todo as peças podem receber no máximo 150 lux (360.000 lux/hora/ano) e o calor radiado não deve atingir as peças.

Extremamente sensíveis: pinturas (guache, aquarela e similares), desenhos, manuscritos e impressos, selos, papéis em geral, fibras naturais, algodão, seda, rendas, lã, tapeçarias, couro tingido e peles e peças da história natural.
Para esse grupo, temos de usar no máximo 50 lux (120.000 lux/hora/ano) e também evitar o calor radiante.

O quadro abaixo (I) tipifica com maiores detalhes os tipos de materiais e os cuidados necessários.

Para cada categoria descrita acima, existe um nível máximo tanto de luz quanto de incidência de raios UV como se pode ver. Há também um tempo máximo de exposição anual que esses materiais suportam e que devem ser respeitados.

O calor radiante ao qual me refiro é aquela sensação de calor que temos quando paramos embaixo de uma lâmpada, especialmente dicróicas e ARs. Para verificar se a iluminação de sua obra está correta quanto a isso, basta colocar a sua mão sobre a superfície da mesma. Se sentir calor em sua pele, apague a luz e reveja o projeto luminotécnico, pois certamente a sai obra está sendo danificada pela iluminação.

Quem já visitou museus entende perfeitamente o que coloco aqui. Os museus tinham até um tempo atrás um período de visitação curto que mal dava para vermos tudo ou quando chegavamos a alguma peça, a mesma já está com a luz apagada. Isso se devia àquele tempo máximo de exposição anual colocado acima. (120.000 lux/hora/ano). Eles tinham de dividir essa radiação máxima anual pelo tempo de exposição diária. Assim chegavam ao tempo máximo de exposição possível sem que a luz viesse a danificar as peças.

Para entenderem melhor esta parte sobre lux/hora/ano vou colocar aqui alguns exemplos:

Uma obra em guache, da categoria Extremamente Sensíveis: ela pode ficar exposta com a luz incidente por no máximo 4 semanas/ano ou 12.000 lux/hora/ano.

Uma obra à óleo, da categoria Moderadamente Sensíveis: poderá ficar exposta 10 semanas/ano ou receber 42.000 lux/hora/ano.

Uma escultura em madeira, da categoria Pouco Sensíveis: poderá permanecer exposta à luz por 20 semanas ou receber 84.000 lux/hora/ano.

E um detalhe importantíssimo: os casos acima referem-se às normas para museus e galerias de arte onde a aplicação de filtros que reduzem a radiação UV são obrigatórios pela inexistência de equipamentos adequados.

Hoje, estes mesmos equipamentos utilizados pelos museus e galerias de arte estão num ponto tal de tecnologia que vemos alguns museus e galerias abertos praticamente 24 horas por dia. Esta mesma tecnologia pode e deve ser usada em residências e espaços comerciais onde existam peças de arte expostas.

Para uma melhor compreensão das novas tecnologias vou seccionar os equipamentos:

Lâmpadas (fontes de luz): hoje já dispomos de lâmpadas ou fontes de luz que não emitem a radiação UV. Porém são materiais ainda caros e na maioria das vezes tem de ser importados. As mais fáceis de encontrarmos são as dicroleds (dicróicas com leds) que tem emissão zero de UV. Mas a Osram está com uma nova linha de lâmpadas halógenas (linha energy saver) que tem emissão zero de raios UV e quase zero de calor. Há ainda a fibra óptica. Porém tem de ser aplicado na base (fonte de luz) um filtro.

Lentes: as lentes foram desenvolvidas primeiramente para colorir (disco de cor) e posteriormente para aplicações técnicas em museus (filtros). São discos que podem ou não alterar a cor da luz, mas que tem em sua composição – ou aplicado à superfície – uma camada de PVB que reduz ou bloqueia a radiação UV.

Luminárias: existem varias que já prevêem a instalação de filtros e lentes mas a maioria das comuns – estas que você tem em sua casa – não podem ser adaptadas para receber este tipo de complemento. Existem algumas que já tem em seu espelho refletor filmes ou outros revestimentos que absorvem a radiação UV.

É fácil percebermos que os museus e galerias estão mudando seus projetos luminotécnicos. Para um leigo pode parecer que o trabalho foi apenas estético, mas na realidade eles vem sendo desenvolvidos para eliminar os riscos às peças. Hoje os grandes museus e galerias tem optado pelo uso dos LEDs ou da fibra óptica seja por sua qualidade na reprodução de cores ou pela emissão zero de radiação.

E esta tecnologia toda já está disponível também para os espaços residenciais e comerciais.

Um fator muito importante que é preciso ressaltar aqui é que se o seu projeto luminotécnico não foi desenvolvido tomando estes cuidados procure apagar as luzes que incidem sobre as peças. Deixe para acendê-las apenas quando você recebe visitas ou, no caso de ambientes comerciais, aplicar um sensor de presença que fará a luz acender somente quando alguém estiver próximo à peça. Com isso você irá garantir uma vida mais longa à tua obra de arte diminuindo os riscos de perda ou dano.

Mas lembre-se que mesmo assim, a troca das lâmpadas e equipamentos normais por estes especiais é essencial.

Outro fator bastante comum são os reflexos que ocorrem sobre a superfície das peças. Este erro acontece já na fase do projeto onde o ângulo de incidência não foi corretamente calculado ficando muito acima ou abaixo dos 30° no caso de telas em paredes.

Já em peças tridimensionais temos de levar em consideração que a mesma necessidade de no mínimo três focos de luz para que a mesma apareça como realmente é. Se colocamos apenas um foco superior temos uma visão bastante dramática com pontos de muita luz e outros de sombra total. Se colocamos um ponto atrás da peça, ao observarmos pela frente veremos a silhueta da peça e perderemos toda a textura. Se colocarmos um frontal teremos uma frente acesa e o resto apagado com uma luz chapada que nos faz perder a sensação de volume.

O ideal neste caso é adotarmos uma iluminação triangular onde temos uma luz de fundo fraca, uma superior forte e uma frontal fraca que servirá para preenchimento. Ou então optamos pelo sistema utilizado em estúdios de TV onde temos a luz de fundo e dois pontos frontal-lateral que banhará a peça por igual porém sem deixar a sensação de chapada.

Uma outra opção é deixar o objeto de arte ser banhado indiretamente pela luz do ambiente sem ter um foco direto sobre o mesmo. E colocar um foco direto para ser aceso apenas quando há visitas, por exemplo.

Outra ponto muito importante que não posso deixar de ressaltar é a influência da luz sobre as cores. As lâmpadas tem duas características que precisam ser observadas neste ponto: IRC (índice de reprodução de cor e a TC (temperatura de cor). O IRC diz a capacidade de fidelidade na reprodução das cores dos elementos iluminados. Quanto mais próximo do 100 mais corretas e reais serão as cores do elemento iluminado. A TC diz respeito àquela tonalidade da luz que vai do amarelo âmbar (quente) até o branco azulado (fria). O ideal neste caso é utilizar uma lâmpada o mais neutra possivel, com TC proximo dos 4000K (kelvin). É a mais próxima da luz do dia. Com estes cuidados, o seu vermelho nao irá virar laranja ou roxo por exemplo.

Se você tem condições de alterar o seu projeto de Light Design faça-o o quanto antes. Caso contrário, procure uma consultoria com um profissional de Light Design para verificar como você pode diminuir os efeitos nocivos da luz sobre as suas obras de arte.

Saudações iluminadas!!!

Paulo Oliveira

 
Quadro I – Categorias Moderadamente Sensíveis e Extremamente Sensíveis

CAT 1 / Materiais: pastéis, cores sensíveis ou de origem desconhecida, aquarelas, guache, tintas de impressão, tintas orientais, papéis tingidos, objetos tingidos da história natural, fotografias coloridas antigas e polaróides, sépias, tintas amarelas e vermelhas de origem desconhecida e qualquer produto similar de origem ignorada.
ISO 1, 2 e 3 / Pigmentos: laca amarela, pretos complexos, tinturas vegetais e índigo em algodão, índigo em aquarelas, quercina, carmim, aquarelas em papel, açafrão, azul flor-do-dia, vermelho curtume.

CAT 2 / Materiais: polpa de madeira, papéis de baixa gramatura, fotografias com revelação a base de prata, slides coloridos modernos, cybachromes, fotografias coloridas da década de 90 em diante.
ISO 4, 5 e 6 / Pigmentos: tinturas tradicionais, vermelhão, amarelo índio, principais vermelhos brilhantes (carmim, alizarina e garança).

CAT 3 / Materiais: papel de jornal de ótima qualidade, tintas à base de carbono, grafite, carvão, pigmentos de terra (ocres, óxido de ferro), giz, lápis vermelho, marrom, preto, crayons, foto P&B, gelatinas fotográficas, processos fotográfico com banho de ouro, selênio e outros processos permanentes, plásticos, polietileno e resinas sintéticas.
ISO 7 e 8 / Pigmentos: aquarelas, guaches e pastéis modernos e de alta qualidade, cádmio vermelho moderno, ultramarino, amarelo, amarelo cobalto, índigo e garança em lã.

 

Texto desenvolvido a partir da apostila “Iluminação de Museus, Galerias e Objetos de Arte” do professor Luís Antônio Greno Barbosa, da Universidade Estácio de Sá – RJ.

 

Tira dúvidas – Light Design

Como estão ocorrendo vários comentários com dúvidas, mas estes ocorrendo em tópicos de assuntos diversos, resolvi abrir este espaço para que possam colocar suas dúvidas sobre Light Design em um só espaço.

começo transportando para cá uma dúvida postada por Kamila Rebeca:

“gostaria de saber como é feita a iluminação para expositor de jóias, sendo que se eu tentar colocar diretamente uma luz do teto ao expositor (de vidro) este não ficará bom, e a luz não irá iluminar como deveria. como se faz para que por dentro do vidro mesmo ou por pontos estratégicos as jóias fiquem bem iluminadas??”