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Assunto tão sério, que não sei nem qual título colocar no post. Por isso resolvi utilizar este ícone (=\) que significa descontentamento com algo/alguém.

Assistam ao vídeo à seguir:

Ok, já gragalhamos horrores?

Então podem parar e voltar à realidade pois ela é dura, nua e crua!!!

Vamos falar sério sobre esta situação.

É bastante comum que nós, Designers de Interiores/Ambientes, soframos retaliações de outros profissionais que nos denunciam em seus conselhos. Quem já passou pela constrangedora situação de ter uma obra fiscalizada baseada em denúncia mentirosa e claro, anônima, sabe o quanto isso nos joga para baixo, por mais razão que tenhamos.

Geralmente estas denuncias vem de profissionais que estavam tentando ganhar o cliente e perderam. Irados, cometem sandices pensando que ninguém vai saber de onde partiram.

Bom, voltemos à situação estúpida do vídeo. Não vou nem comentar sobre a brincadeira idiota dos caras afinal, também já fui criança e cometi absurdos e maluquices impensáveis. Meu foco aqui é outro.

Quem aqui já andou pelas vilas (e até bairros bons) de suas cidades observando as obras? Já se pararam alguma vez em alguma delas para verificar como são as coisas? Muito pouco provável que alguém tenha feito isso né?

Mas eu já! E várias vezes.

Sempre que estou passando por alguma vila – ou bairro popular – e vejo uma obra procuro rodear, observar e se possivel conversar com os pedreiros.

É batata: é raríssimo encontrar uma obra nestes locais que tenha engenheiro, arquiteto ou ao menos um técnico em edificações como responsável. Na maioria das vezes o projeto foi feito pelo pedreiro, as decisões estruturais e construtivas foram tomadas também pelo pedreiro baseadas em seus anos luz de experiência. As instalações elétricas foram feitas geralmente por profissionais do tipo “faz tudo” (pinta, mexe com eletrica, mexe com hidráulica, etc etc etc).

O que não faltam nas vilas são edificações feitas assim. Não à toa a enchurrada de fotos de “absurdos arquitetônicos” que, com tristeza, vejo muitas pessoas compartilhando em seus perfis nas redes sociais sempre acompanhada de frases como “coisa de engenheiro”…

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Quanta ética né não gente?

Vocês acreditam mesmo que aquela coluna do vídeo foi projetada por alguém que domine o assunto? Perceberam que não há ferragem alguma nela?

Pois é, e disso as vilas estão cheias. Este não é um fato isolado…

Porém não vejo são ações dos órgãos (CREA, CAU, IAB, etc etc etc) na intenção de coibir esse tipo de coisa. Até tem algumas coisas que não passam do papel ou noticia de sites e que na prática simplesmente não existem ou, quando existem, são ações esporádicas feitas apenas para alimentar a mídia. Também já ouvi relatos de amigos ligados à estas ações que dificilmente se consegue algum profissional disposto a ceder um tiquinho que seja de trabalho em prol disso.

Em contrapartida, nos condomínio$ horizontai$, em construções mais centrai$ ou bem localizada$ a fiscalização é pesada, dura e cega. Claro, os que estão ali podem pagar as multas ridículas. Por isso os fiscais vivem abarrotados de trabalho…

Já os das vilas… ao que parece são inexistentes.

Mas aí vem a temporada de chuvas… e as casas despencam morro abaixo não apenas por terem sido feitas de qualquer jeito por pedreiros, mas também porque estes órgãos – especialmente CAU e IAB – não ofereceram projetos urbanísticos que são atribuições de seus afiliados. Também dificilmente se vê um arquiteto perambulando pelas vilas, oferecendo projetos a baixo custo ou de graça, entre outras ações que poderiam ser feitas e que, certamente, gradativamente mudariam a visão ruim que parcela da sociedade tem deles.

Mas não, eles preferem brigar com qualquer um… brigam com os paisagistas… preferem brigar com os engenheiros (ad aeternum)… preferem brigar com os urbanistas… preferem brigar com os designers… preferem brigar com os lighting designers e iluminadores cênicos… jajá estarão brigando com os padeiros, açougueiros e quem mais cruzar o seu caminho…

Sabem porque?

Porque projeto pra pobre não dá dinheiro! Imaginem as RTs dos móveis das Casas Bahia… ah ah ah! Além de baixas, ele terá de aguardar as 300 prestações serem pagas para tentar recebê-las.

Assim preferem ficar atacando, denegrindo, acusando falaciosamente outros profissionais e depois se colocando como vítimas.

Tem muita gente precisando dos trabalhos profissionais seja de arquitetos, engenheiros, designers, urbanistas e paisagistas. Vamos parar de hipocrisia e tentar fazer algo de bom e útil pelo nosso país já que nosso (des)governo não faz nada de real?

Quando você quer algo, faça acontecer!

Já escrevi várias vezes que se você quer ser um LD tem de meter a mão nos fios pra levar choque, tem de queimar as mãos nas lâmpadas e assim por diante.

Porém, se você quer der um designer de interiores/ambientes, arquiteto, engenheiro vale o mesmo princípio: meta o pé da obra. Vá sujar e riscar o seu lindo sapatinho espelhado ou sua roupinha de grife.

Apesar de na faculdade ganharmos conhecimentos, não existe nada melhor que a prática de obra para tornar estes conhecimentos realidade em nossa vida profissional – que francamente não deve resumir-se a horas de CAD ou pesquisas pela web.

Pois é, falo de embrenhar-se na obra e sair carregado de pó de cimento, cal e gesso.

Falo de sair com a roupa manchada de tintas e vernizes.

Falo de atolar o pé na lama e detonar com o sapatinho bonitinho.

Falo de parar de ficar bancando pose dentro de um escritório e ir ver qual é a realidade de uma obra. E não me refiro aqui àquelas visitas “the flash” que a maioria dos profissionais fazem às obras.

Falo de ir passar o dia – se necessário – dentro da obra.

Falo de pegar os instrumentos e ferramentas que os parceiros utilizam e usá-los também.

Eu hoje a tarde numa obra.

Falo de pegar uma marreta – quantos de vocês sabem o peso real, no braço, delas? – e uma talhadeira e sair abrindo paredes para que o cronograma seja cumprido.

Pode até nem ser por causa do cronograma e sim por uma questão de certeza da qualidade final. Nesse caso (foto) mandei tirarem 5mm do reboco e quando vi estavam tirando mais de 3cm. Mandei parar e eu mesmo fui fazer o serviço.

Se não fosse feito como pedi, a instalação da escultura do Jadir não ficaria boa – por isso o recorte tem de ser preciso. (Depois posto a foto do pronto.)

Tou com o braço direito doendo pacas e sei que ainda vai doer por mais uns 3 dias. Mas está bem feito. Estou feliz e satisfeito.

Porém um ponto mais que importante disso é que você aprende a valorizar a árduo trabalho dos parceiros. Gente, duvido que metade de vocês já tenham feito o que eu fiz hoje a tarde aqui em Londrina ou qualquer coisa parecida. O que tenho visto de profissionais dando pitti com pedreiros, eletricistas, encanadores e pintores em obras por nada chega a assustar. Porém são os profissionais que só passam fazer uma visitinha, explicam mal e porcamente o projeto e depois vem dar uma de estrelinha poderosa e indignada.

Vi dias atrás um arquiteto surtado por causa de uma textura que não ficou como ele queria. A cena era: ela a mais de 2 metros de distância da parede gritando com o pintor “faz assim… não seu asno, pro outro lado (…)”. Porém dava saltos acrobáticos pra desviar dos respingos da tinta do rolo pra nao sujar a roupitcha de griffe dele.

Se sabe tão bem como é, porque não pegou o rolo e fez ao menos um pedaço pra mostrar ao pintor – que não tem bola de cristal – como deve ser feito para chegar ao efeito desejado? Porque não foi com uma roupa de obra prevendo que poderia se sujar? Eu quando especifico uma textura diferente pesquiso muito bem a técnica e vou na obra testar com o pintor antes da aplicação. Só libero a aplicação depois que percebo que ele já está dominando bem a técnica.

Sinceramente?

Profissional que faz esse tipo de grosseria com os parceiros pra mim é NADA!

Ah tudo bem… já sei que tem gente aqui dizendo que eu meti o pau (ou dei pitti) nos pedreiros num post tempos atrás. Sim, mas releiam o post e perceberão que é uma situação muito específica. Certamente, se eu não tivesse essa vivência de obra, não teria percebido as cacas que eles estavam fazendo.

Então gente – especialmente vocês que estão estudando ainda ou estão começando, já assumam essa postura de VIVER a obra e não apenas visitá-la. E os já atuantes no mercado procurem mudar isso em seu cotidiano também. Pois cobrar a administração de obra sei que TODOS vocês cobram né safadinhos???

Os parceiros irão te respeitar muito mais e você ao perceber a dureza e dificuldade na execução dos trabalhos deles idem.

Os clientes irão te respeitar ainda mais e falarão mais e melhor de você pois perceberão que você tem total domínio sobre o que está acontecendo.