Já escrevi várias vezes que se você quer ser um LD tem de meter a mão nos fios pra levar choque, tem de queimar as mãos nas lâmpadas e assim por diante.
Porém, se você quer der um designer de interiores/ambientes, arquiteto, engenheiro vale o mesmo princípio: meta o pé da obra. Vá sujar e riscar o seu lindo sapatinho espelhado ou sua roupinha de grife.
Apesar de na faculdade ganharmos conhecimentos, não existe nada melhor que a prática de obra para tornar estes conhecimentos realidade em nossa vida profissional – que francamente não deve resumir-se a horas de CAD ou pesquisas pela web.
Pois é, falo de embrenhar-se na obra e sair carregado de pó de cimento, cal e gesso.
Falo de sair com a roupa manchada de tintas e vernizes.
Falo de atolar o pé na lama e detonar com o sapatinho bonitinho.
Falo de parar de ficar bancando pose dentro de um escritório e ir ver qual é a realidade de uma obra. E não me refiro aqui àquelas visitas “the flash” que a maioria dos profissionais fazem às obras.
Falo de ir passar o dia – se necessário – dentro da obra.
Falo de pegar os instrumentos e ferramentas que os parceiros utilizam e usá-los também.
Falo de pegar uma marreta – quantos de vocês sabem o peso real, no braço, delas? – e uma talhadeira e sair abrindo paredes para que o cronograma seja cumprido.
Pode até nem ser por causa do cronograma e sim por uma questão de certeza da qualidade final. Nesse caso (foto) mandei tirarem 5mm do reboco e quando vi estavam tirando mais de 3cm. Mandei parar e eu mesmo fui fazer o serviço.
Se não fosse feito como pedi, a instalação da escultura do Jadir não ficaria boa – por isso o recorte tem de ser preciso. (Depois posto a foto do pronto.)
Tou com o braço direito doendo pacas e sei que ainda vai doer por mais uns 3 dias. Mas está bem feito. Estou feliz e satisfeito.
Porém um ponto mais que importante disso é que você aprende a valorizar a árduo trabalho dos parceiros. Gente, duvido que metade de vocês já tenham feito o que eu fiz hoje a tarde aqui em Londrina ou qualquer coisa parecida. O que tenho visto de profissionais dando pitti com pedreiros, eletricistas, encanadores e pintores em obras por nada chega a assustar. Porém são os profissionais que só passam fazer uma visitinha, explicam mal e porcamente o projeto e depois vem dar uma de estrelinha poderosa e indignada.
Vi dias atrás um arquiteto surtado por causa de uma textura que não ficou como ele queria. A cena era: ela a mais de 2 metros de distância da parede gritando com o pintor “faz assim… não seu asno, pro outro lado (…)”. Porém dava saltos acrobáticos pra desviar dos respingos da tinta do rolo pra nao sujar a roupitcha de griffe dele.
Se sabe tão bem como é, porque não pegou o rolo e fez ao menos um pedaço pra mostrar ao pintor – que não tem bola de cristal – como deve ser feito para chegar ao efeito desejado? Porque não foi com uma roupa de obra prevendo que poderia se sujar? Eu quando especifico uma textura diferente pesquiso muito bem a técnica e vou na obra testar com o pintor antes da aplicação. Só libero a aplicação depois que percebo que ele já está dominando bem a técnica.
Sinceramente?
Profissional que faz esse tipo de grosseria com os parceiros pra mim é NADA!
Ah tudo bem… já sei que tem gente aqui dizendo que eu meti o pau (ou dei pitti) nos pedreiros num post tempos atrás. Sim, mas releiam o post e perceberão que é uma situação muito específica. Certamente, se eu não tivesse essa vivência de obra, não teria percebido as cacas que eles estavam fazendo.
Então gente – especialmente vocês que estão estudando ainda ou estão começando, já assumam essa postura de VIVER a obra e não apenas visitá-la. E os já atuantes no mercado procurem mudar isso em seu cotidiano também. Pois cobrar a administração de obra sei que TODOS vocês cobram né safadinhos???
Os parceiros irão te respeitar muito mais e você ao perceber a dureza e dificuldade na execução dos trabalhos deles idem.
Os clientes irão te respeitar ainda mais e falarão mais e melhor de você pois perceberão que você tem total domínio sobre o que está acontecendo.
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