Luxuria ou futilidade?

Estava rascunhando a algum tempo um post específico falando sobre o livro “A Linguagem das Coisas” de Deyan Sudjic. Desde que li o livro estou rabiscando algo sobre e nunca chego num ponto em que digo para mim mesmo: está digno, fiel ao livro e à visão que tenho sobre o Design…

Mas dias atrás, lendo meu reader, me deparei com um post num blog que me indignou (também porque eu já disse que iria retira-lo de meu reader e ele ainda se mantém lá rsrsrs).

Uma das partes do livro que mais gostei é a que ele diz sobre a deturpação (e desidentificação) que o Design vem sofrendo desde que iniciou a invasão de não designers na área, o que acabou por futiliza-la. A perda da identidade da profissão começou neste ponto. Procurem pesquisar sobre quando foi que surgiu essa porcaria de onda sobre “tendências” no Design e entenderão.

É mais que comum vermos hoje em dia profissionais de outras áreas fazendo suas incursões no Design, especialmente o de produtos. Tem também designers de outras áreas se metendo onde não deve pois não estudou especificamente para aquilo. Tudo isso à custa do certo renome que tem (muitas vezes o jabá $$ mesmo) , então se acham no direito de invadir, impor suas sandices e que todos tem de aplaudir, aceitar e comprar, claro que também elogiando (babando-ovo) com frases de efeito: fantástico, genial, maravilhoso….

É um tal de estilista lançar linha de móveis, arquiteto lançar roupas e mais uma infinidade de combinações estranhas e bizarras às suas raízes acadêmicas que dá medo…

Até parece que virou moda, tendência esse tipo de coisa, #credo.

O resultado disso?

FUTILIDADES que destróem a essência do Design!

Aham, a Rocca lança uma linha nova de metais – que já são caros e belos – e aí vem um imbecil e craveja a peça com cristais, diamantes ou a folheia com ouro e voilá: a futilidade personificada usando erradamente a palavrinha RE-DESIGN!!!

Se esse tipo de coisa for um Re-Design eu não sei mais quem eu sou, onde está o céu e a terra, etc…

Re-Design significa muito mais que simplesmente alterar a cor, textura ou revestimento de um objeto ou produto.

Vamos ser francos gente? Pra que uma coisa dessas folheada a ouro?

Tem público que consome? Sim, mas são mínimos se comparados ao publico normal do nosso mercado diário.

O pior é que este nosso público começa a querer copiar esse lixo e muitas vezes nos vemos em “sinucas-de-bico” por causa disso sabem porque? Porque eles não tem $$ para comprar o original e aí caem nas porcarias das cópias fajutas.

Vemos diariamente essas tendências sendo forçadas por sites, revistas e mídia em geral. Já escrevi aqui sobre tendências e os cuidados que temos de ter com esse tipo de coisa.

Além de não representar a personalidade do cliente e sim apenas um desejo forjado e forçado pela mídia de consumo, as tendências são passageiras. O que hoje é moda, semana que vem já não é mais. E o cliente como fica nisso tudo? Vai ficar com um trambolho demodê ou “over” e sua casa? E quando ele cair na realidade e perceber que este produto não atende às suas necessidades diárias? Que aquilo não tem absolutamente nada a ver com a sua personalidade e está incomodando?

A grande maioria destes produtos feitos por não designers ou por designers de outras áreas se esquecem do principal: atender a necessidade do usuário (função) e a usabilidade. Sim, são estes elementos que devem nortear todos os projetos seja em qual área do design for. E as tendências não tem nada disso, não consideram isso. Tem só desejo de consumo.

Voltando aos projetos estúpidos feitos por “dezáiners”, vejo diariamente um show de horrores pela web e pelas revistas. Sinceramente? Não tem como não acreditar na existência do “jabá” ($$).

Pois é, acreditem ou não, essa mesinha de torno – que eu aprendi a fazer em minhas aulas de técnicas industriais quando estudei no Polivalente lá em Assis Chateaubriand nos anos 70 – foi tempos atrás lançada no mercado por um arquiteto brasuca através de uma marca podero$a.

O que tem isso de novidade??? O que tem isso de Design??? O que tem isso demais que justifique o valor insano que é cobrado por essa peça?

NADA!!!

Nenhuma novidade na forma ou na estética, nenhuma técnica ou tecnologia inovadora seja em materiais ou processo de fabricação ou seja, é um NADA!

Porém ele tem grana pra pagar o “jabá” e colocar esse lixo em lojas de renome por um preço absurdo e também para divulgar em revistas como sendo “dezáine”… é Design o c*

Pra piorar vi dias atras um estilista internacional lançando uma linha de móveis através de uma grande marca internacional… Sinceramente? A pior aluna de minha turma de graduação ainda no 1° mês desenhava coisa bem mais útil e interessante que ele.

Um profissional sério e que respeite o seu cliente acatar e aceitar pacificamente este tipo de imposição demonstra claramente que não entendeu absolutamente nada durante os anos de faculdade.

Se este é incapaz de mostrar ao cliente a futilidade de determinados modismos, também cabe a mesma afirmativa anterior.

São pouquíssimos os profissionais de outras áreas que realmente conseguiram fazer Design.

Não é à toa que o Design continua sendo confundido com artesanato, especialmente aqui no Brasil.

Vamos parar de idiotices e de dizer amém pra tudo que esta mídia tosca e desinformada (movida por $$) tenta impor como “IN”?

Vamos centrar a nossa atenção no usuário e não nas revistas? Afinal fomos formados para isso e não para consumir deliberadamente porcarias.

E a mídia especialzada?

Ja ha bastante tempo venho analisando os materais “especializados” nas áreas de Interiores e Lighting e sempre faço aquele exercício que já postei aqui sobre análise, crítica e leitura projetual. Porém aqui entram vídeos, reportagens e outros materiais que nos dão maiores informações sobre o que está (ou nao) sendo mostrado.

O que posso denominar como “normal” e corriqueiro é encontrar erros crassos dentro destas matérias. Não me refiro aqui aos erros dos reporteres apenas mas sim, e princialmente, dos projetistas sejam estes designers, arquitetos, etc.

Das poucas que se salvam entre as revistas estão a Lume Arquiteturae a Lumière que são realmente muito especializadas. Indico a leitura e assinatura sem qualquer ressalva negativa.

Porém, o que mais gosto de ver é quando uma revista mais geral tenta abocanhar e encampar de tudo um pouco em suas páginas ou sites. Aí o bixo pega.

Recebi estes dias uma newslwter de uma dessas revistas e uma materia me chamou a atenção pois falava sobre iluminação.

Acessei o site e fui ver a matéria. Meio a contragosto pois ja imaginava quais os prováveis figurões estariam presentes. Na mosca!!! Dos 5 que pensei, a matéria referia-se a dois deles.

(Jabá Lígia… Jabá… rsrsrs)

Pois bem, comecei a assistir o tal vídeo e fui ercebendo algumas coisas:

1 – A repórter nao tranmite muita segurança e domínio sobre oassunto iluminação.

2 – Percebi que no primeiro projeto haviam muitos elementos mais importantes do que os que foram mostrados.

3 – Não ficou claro a quem se destinava a matéria: público comum ou profissionais. O texto pendia hora pro mais técnico e hora pro mais “popularzão”.

4 – Quando passou para o segundo ambiente é que a coisa pegou, e feio. Até metade da apresentação deste projeto as imagens estavam bonitas e nao se percebiam erros projetuais. Porém, quando passou  da metade as coisas erradas saltavam aos olhos de quem entende pelomenos um poco de iluminação. Porém, nem a reporter e tampouco os editores devem ter conhecimentos sobre para eixar passar um lapso desse tamanho.

Em resumo: plantas de chao de jardim sendo iluminadaspor spots com lâmpadas (creiam) AR111 instaladas a no maximo 20cm dos pés das plantas.

Creio eu que o efeito (realmente belo) deve ter aguçado o olhar dos editores e liberaram tudo. Porém, puxando para o lado técnico, quem conhece a lampada AR111 sabe muito bem que ela é uma das que mais projetam calor na direção do facho. Que são estas mesma lâmpadas que sempre dõ problemas em vitrines por mancharem (queimarem) peças expostas. E também, que a indicação do fabricante mostra alta irradiação de UV. Porém pa quemse aprofunda um pouco sobre iluminação ou light design, ou ate mesmo aqueles que já manipularam esta lâmpada sabem que a distancia minima de montagem recomendada é de 2,80m do objeto a ser iluminado. E mesmo à esta distância é sempre recomendado que se coloque a mão sobre o objeto para verificação se o mesmo não está esquentando com a luz.

O que eu quero dizer com isso?

Que em dois meses no máximo as plantas terão de ser todas trocadas pis estarão morrendo e sofrendo por causa da luz. Porém o projeto de iluminação difiilmente será alterado, mas a plantas? Existem inumeros viveros por aí…

Bom, se é erro de projeto ou erro de reportagem não posso afirmar com certeza pois a reporter apenas indicou “spot com lâmpada AR111” o que dificulta uma análise mais realista.

Porém, pelas imagens não se percebe nenhum elemento de proteção, contenção ou bloqueio tanto do calor emitido quando dos raios UV.

Bom, fica aqui o meu alerta, especialmente aos profissionais e acadêmicos: não acreditem em tudo o que vêem nas tais “mídias especializadas”. Sejam mais técnicos que visuais e percebam os detalhes.

Para a mídia, ainda precisam aprender muito sobre as áreas de Interiores, lighting, etc. E por favor, sejam mais cuidadosos na seleção de conteudo.

Saudações!!!!