Bom, é mais que necessário fazer algumas considerações sobre a Expolux. Então vamos ao trabalho:
1 – Crescimento da feira
Para quem visitou as edições anteriores pode notar como esta feira cresceu. Ótimo isso pois é um sinal claro de que o mercado da iluminação está sólido e crescendo. Confesso que me assustei um pouco com o crescimento, mas no sentido positivo pois pude constatar que sim, o mercado de iluminação já está independente.
Para quem não foi, acesse esse link e veja a planta da feira, com os expositores.
2 – Divisão na feira
Um dos pontos positivos – e que eu sempre torci para que acontecesse – é a separação da Expolux da Feicon. Digo isso pois esta separação é sadia para o mercado de iluminação e mostra o quanto este segmento vem crescendo e tornando-se independente.
A feira amarrada à Feicon, acontecendo nos mesmos dias e no mesmo espaço, sempre atrapalhou a visitação de quem foi atras de equipamentos de iluminação.
Tudo bem que alguns aleguem que comercialmente é melhor pois aproveita o fluxo de visitantes da Feicon que é bem maior. Mas essa suposta vantagem é irreal pois quem vai atras de cimento não vai atras de fios, lâmpadas, luminárias, etc.
Conheço muitas pessoas que foram à Feicon e nem entraram na área da Expolux. Viram que tinha essa outra feira colada (separada apenas pela cor do carpete) mas não entraram.
Portanto, por causa desse pensamento burro, algumas empresas não participaram da Expolux 2012.
Bom, só posso dizer uma coisa: perderam!!!
Perderam a oportunidade de estar num espaço onde todos os visitantes estavam focados no mercado de iluminação.
Perderam a oportunidade de ajudar na solidificação da nossa área e mostrar que sim, hoje temos vida própria e independente.
Perderam a oportunidade de calar a boca e não ficar provocando a cizânia, afastando outros possíveis expositores.
É uma pena que algumas empresas que eu trabalho com seus produtos tiveram esta visão burra. Sinal de um departamento de marketing mais burro ainda e falido.
Espero que na próxima edição isso não volte a acontecer e que todas as empresas estejam ali na feira. Que a administração da Expolux tenha percebido a importância desta separação física da Feicon para o mercado de iluminação e mantenha assim.
As empresas que boicotaram a Expolux só deixaram espaço livre (estandes) para os chineses e seus produtos…
3 – Chinesas
Sinceramente eu me assustei com a quantidade de empresas chinesas na feira. Vou pontuar algumas coisas sobre isso:
– impossibilidade de comunicação: com todo o barulho, ficou impossível tentar conversar com qualquer um deles que, só falavam inglês ou chinês.
– disputa: me senti um frango numa arena sendo caçado por todos eles, disputado no tapa… você estava conversando com um e o outro do lado já tentando te puxar para o estande dele…
– 25 de março: pois é, foi assim que me senti… numa grande 25 de março da iluminação… uma mega variedade de produtos e muita tecnologia de ponta mas, visivelmente, sem qualidade alguma…
#EuHeim
=0
4 – Cópias
Me assustou também a quantidade de cópias descaradas de designs famosos e vencedores de prêmios internacionais… Para piorar a situação algumas cópias muito mal feitas e com materiais de péssima qualidade.
O Brasil precisa rever com urgência questões sobre direito autoral e patentes. Assim como está não dá.
5 – Clientes
Algumas coisas me deixaram extremamente irritado na Expolux. O que é um “cliente”? Vou narrar um acontecido num dos estandes de uma marca famosa.
Cheguei e fui recebido por uma recepcionista sorridente com um “bem-vindo”. Comentei que eu era profissional e precisava do catálogo da marca e ela me direcionou a um balcão no centro do estande. Ali dois atendentes de prontidão.
Cheguei ao rapaz, me apresentei e solicitei um catálogo. A resposta:
– Pois não senhor, qual o cnpj de sua loja?
Respondi que eu não era lojista e sim projetista. Ele me cortou a fala com um:
– O nosso catálogo é só para clientes.
Já imaginando onde tudo iria parar, respondi que eu era cliente da marca pois sempre especifiquei os produtos dela em meus projetos e ele me cortou novamente, porém com cara de desdém e impaciência:
– O nosso catálogo é apenas para clientes.
Respondi então que eu sou cliente, afinal sou eu quem especifica os produtos para o consumidor final e ele me cortou novamente já bem grosseiro:
– Eu já falei que não tem catálogo pra você pois são apenas para clientes.
Aí soltei em alto e bom som dentro do estande:
– Parabéns! São ações idiotas como a sua que fazem uma empresa como essa perder clientes.
Virei as costas e fui saindo quando fui abordado pela recepcionista perguntando o que estava acontecendo. Expliquei o acontecido, quem eu era e que fiquei extremamente irritado com aquela situação. Descaso total com os profissionais pro uma empresa que se diz séria. Ela então chamou o responsável pelo estande e expliquei novamente toda a situação. Desta vez, dei uma carteirada nele quando dei-lhe meu cartão e disse que sou colunista da Lume Arquitetura além de blogueiro reconhecido e respeitado. Qual a resposta?
– Lamento senhor Paulo, mas o nosso catálogo é só para clientes.
Isso porque o fulano é um diretor da empresa…
Outra nesse estilo:
Num outro estande de uma empresa que está crescendo bastante, fiquei impressionado com os produtos. Belos, práticos, versáteis…
Um rapaz veio me atender, me apresentei e ele ficou me mostrando algumas peças mais específicas, os carros chefe da coleção. Até aí tudo bem.
Depois de uns 15 minutos dentro do estande, solicitei o catálogo. Ele me disse que estavam sem catálogo ali pois a gráfica tinha atrasado a entrega. Continuamos a conversa e ele então se apresentou corretamente como sendo o designer responsável pelas criações.
Nisso, chegou um outro rapaz do estande, cortou a nossa conversa e tascou:
– Fulano, pega um catálogo para este cliente (apontando para outro cara).
Ele me pediu licença, saiu e voltou com um catálogo e entregou para o outro cara.
Fiquei olhando para ele sem dizer uma única palavra até ele se tocar e se lembrar do que tinha acabado de me falar menos de 3 minutos antes…
Aí veio a frase:
– Olha senhor Paulo, o nosso catálogo é apenas para clientes…
Virei as costas e saí do estande.
Bom, vamos analisar essa situação:
Clientes não são apenas os lojistas. No rol de clientes existem também os profissionais, projetistas que são quem especifica as peças para o consumidor final comprar onde? Nas lojas.
Assim, eu, como projetista e especificador, sou um cliente das marcas também. O catálogo impresso é de extrema importância para que apresentemos os produtos para os nossos clientes (consumidores finais deles) bem como para termos acesso às informações técnicas dos produtos – item fundamental para projetarmos.
Mas infelizmente existem empresas que tem um departamento de marketing idiota que não vêem assim. Para estes departamentos, clientes são apenas os vendedores lojistas.
Vale lembrar que, nos dois casos, nenhum consumidor final vai chegar numa loja e comprar um candeeiro de cristal, que custa boas dezenas de milhares de reais, para colocar sei lá onde, sem o acompanhamento de um especificador.
6 – Catálogos
Infelizmente muitas empresas estão eliminando os catálogos impressos. Agora o que mais se ouve é:
– Acesse o nosso site e lá encontrará todas as informações sobre os nossos produtos.
Isso ao mesmo tempo em que nos entregam um panfletinho mequetrefe e mal feito… Essa frase parece que foi criada em conjunto pois ouvi isso em vários estandes…
Porém devo ressaltar que o catálogo impresso é de extrema importância para o projetista. É muito mais fácil estarmos com um catálogo aberto sobre a mesa enquanto projetamos pois ali temos todas as referências sobre o produto que são necessárias para a especificação. Imagine você com AutoCAD aberto, mais a planilha de especificação, mais um monte de páginas de fabricantes tendo de ficar rodando e rodando e rodando atras daquela peça…
É bem diferente do lojista que abre o site e pesquisa uma peça específica para um cliente.
Se existe vida inteligente nesses departamentos de marketing eles deveriam rever essa posição e fazer as diretorias serem menos sovinas, mão de vaca, e voltarem a fornecer estes catálogos impressos.
7 – Decoração
Infelizmente, apesar de muita coisa linda, o que predominou nos estandes foi a iluminação decorativa. Ótimo para decoradores, arquitetos…
Mas muito pouco se viu de iluminação técnica, aquela que realmente interessa para nós Lighting Designers. Vou fazer alguns posts durante a semana apresentando algumas coisas técnicas que vi por lá.
Algumas empresas investiram sim pesado nesse segmento e apresentaram peças excelentes. Porém o domínio da parte técnica ficou com as indústrias de lâmpadas.
Mas o domínio foi para a iluminação decorativa.
8 – Encontros
Durante a visita pude me encontar com diversos amigos e profissionais..
Acácia Caitano (Philips)
Wilson Sallouti (Fasa)
Maria Clara De Maio (Lume) e Malu Junqueira
Valmir Perez (LabLuz/Unicamp) – infelizmente a foto não saiu..
Jamile Tormann (IPOG) – fugiu antes de tirar foto comigo rsrsrs
Alexandre (LightingNow) – vou fazer um post específico sobre o estande rsrsrs
Tinha muita gente legal que encontrei por lá.
Valeu por encontra-los, todos vocês! Pelos papos rápidos ou conversas mais extensas.
9 – Lume Arquitetura
Como é bom estar em família!!!!
Um espaço lindo, mais que agradável, onde pude me encontrar com diversos profissionais de respeito além, é claro, de finalmente conhecer pessoalmente esta minha nova família: a equipe da Lume Arquitetura.
Maria Clara, Nelson, Kátia… Enfim, este pessoal todo que já faz parte de minha vida e que amo de paixão!!!
Destaco também a presença do Valmir Perez que estava lá lançando o seu livro “LUZ e ARTE – Um Paralelo Entre as Ideias de Grandes Mestres da Pintura e o Design de Iluminação”. É claro que adquiri um para mim e recebi uma bela dedicatória dele.
O mais engraçado é que, tanto o Valmir quanto a Maria Clara e o pessoal da Lume, apesar de não nos conhecermos pessoalmente, a sensação é que já éramos amigos pessoais e reais de longa data.
Também tive a oportunidade de conhecer pessoalmente a Malu Junqueira, uma mega profissional, queridíssima, que passou pelo estande e pudemos bater um excelente papo sobre associações, profissão, formação, etc.
Agradeço todo o carinho com que fui recebido no estande da Lume Arquitetura por essa equipe brilhante que faz a maior e melhor revista sobre LD do país!!!
10 – Reconhecimento
Confesso que me assustei um pouco em alguns estandes com isso. Foram vários os que entrei e, sem me apresentar, vinha alguém me cumprimentar com frases como:
– Seja bem-vindo senhor Paulo Oliveira, colunista da Lume!
O tratamento que recebi em vários estandes foi bárbaro.
Carinho, atenção, respeito, reconhecimento, elogios…
Nossa, não imaginam como isso me fez bem!!!
Bom, é isso pessoal.
Estas são as minhas impressões que eu precisava compartilhar com vocês sobre a Expolux 2012.
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