Tenho visto ja a um bom tempo pessoas tentando definir ou explicar o Design de Interiores/Ambientes. Porém percebo que tais visões encontram0-se sempre distorcidas por vários fatores tácitos ou explícitos.
Então, lá vou eu tentar resumir um pouco essa bagaça e tentar botar ordem na casa.
Estou bem sem tempo agora, portanto vou apenas lançar algumas idéias que podem servir como direcionamentos para debates e pesquisas sobre o assunto ficando, portanto, bem longe de querer bater o martelo sobre este assunto.
Sobre o projeto de regulamentação do Design, Interiores/Ambientes foi excluído do projeto como já exposto aqui neste post.
Mas vamos desenvolver a análise sobre os pontos que provocaram essa exclusão:
1) ABD
A ABD insiste em não fazer a distinção correta entre os profissionais que são associados a ela. Ali, encontramos Designers, arquitetos, engenheiros, decoradores (sim há muita diferença) e pessoas não formadas em POHHA nenhuma. Assim, ela lança o status “Designer” para qualquer um. A impressão que fica é: pagou a mensalidade, és dezáiner (SIC).
É óbvio que a ABD não vai se mecher nesse sentido. Afinal, as estrelinhas são, em sua maioria, arquitetos. E se a ABD fizer esta distinção, certamente muitas estrelinhas irão se sentir ofendidas e sairão da associação. E, associação sem estrelinhas, é o mesmo que associação sem crédito na praça.
Esta semana mesmo vi uma arquiteta paisagista se apresentando na TV como “Designer de Exteriores” (PASMEM!).
É o KCT!
É paisagista ou arquiteta e ponto final.
Assim, fica mais fácil$$ para a ABD manter-se calada comodamente. Faz vista grossa sobre este e diversos outros detalhes e só se mexe quando a água bate na propria bunda – caso aconteceu no caso da Brandalise.
Sobre a avaliação dos cursos indicados pela ABD, pelo que se percebe, qualquer lixo entra naquela lista. E também há o caso de que a própria ABD estimula as diversas formações dando status igual a elas. Sem contar que tem cursos que aparecem no site da ABD como reconhecidos que tem qualidade altamente questionável seja pela estrutura curricular, ementário e corpo docente.
Eu, sinceramente, estou perdendo o crédito – novamente – na ABD. Jéthero, me perdoe dizer isso mas essa é a verdade. Acreditei em você, por isso me associei. Mas vejo que você não passa de mais um voto vencido lá dentro, infelizmente, como sempre aconteceu com quem tentou levar a VERDADE lá para dentro.
Isso já está cansando.
2) Outras associações
ADP, ADEGRAF e tantas outras associações das outras áreas que existem no Brasil. São válidas sim e estas – ao que parece – agem com mais dignidade que a ABD, lutando por seus profissionais representados.
No entanto, é um descabimento ter de ler profissionais de Design Gráfico ou Produto – apenas – tentando definir o que é ou onde se encaixa Design de Interiores/Ambientes dentro da raiz DESIGN.
Nem vale à pena repetir aqui as asneiras que tenho lido. Isso se deve a um simples fator: eles não são da área, não a conhecem profundamente como conhecem as suas próprias. Acabam se deixando levar por “achismos” (Morin) e disseminam estes absurdos como se verdades fossem.
Devo ressaltar aqui também o preconceito de alguns com relação à Interiores/Ambientes. Ressalto que preconceito = pré-conceito de algo, desconhecido com exatidão.
3) Design
Se formos analisar friamente, hoje não existe mais essa de Produto ou Gráfico puro. O que existe, na verdade, é o Design e as suas possíveis especialidades.
Vejam bem, esta imagem vem de um PDF da ADEGRAF explicando alguns dos porquês da necessidade da regulamentação:
Como se vê, Design é uma área permeável, multi, intra e transdisciplinar. Assim como ela influencia e/ou avança sobre outras áreas, também sofre influências destas.
É impensável hoje em dia alguém afirmar que a área de produto lida apenas com produtos. Isso é MENTIRA!!! Assim como Gráfico também não lida apenas com Gráfico.
Para desenvolver um produto, por exemplo, invariavelmente, o profissional terá de lidar com outras “disciplinas” – vamos chamar assim – à saber alguns exemplos bem rápidos:
– do produto vem a concepção desenho (gráfico) e detalhamento geral do objeto, o conhecimento técnico, estrutural, materiais, texturas, etc.
– do gráfico temos toda a parte de representação gráfica necessária para a apresentação e entendimento do objeto, cores e grafismos, etc
– das engenharias vem a parte estrutural, resistencia dos materiais, produção, etc
– da psicologia vem tudo o que engloba a parte sensorial, perceptiva, usabilidade, conforto, etc
– da administração vem todo o processo produtivo, vendas, etc
Da mesma forma podemos fazer a análise acima com relação ao Gráfico ou a qualquer outro tipo de Design.
Como se vê, não existem mais áreas dentro do Design, o que existem são as especialidades que dialogam entre si. O que acontece é que cada profissional é quem escolhe como e com o que trabalhar.
4) Design de Interiores/Ambientes
Este faz parte da arquitetura?
Pode até fazer, mas é um elo tão infimamente ridículo que resume-se apenas à edificação. O uso que se fará desta e como se dará este uso.
As imagens abaixo ( também do PDF da ADEGRAF) reforçam esta minha visão:
Existe alguma diferença no método de desenvolvimento de projetos entre um Designer de Interiores/Ambientes e outros Designers?
Não! É exatamente a mesma coisa. Tudo gera em torno de um problema (o ambiente e seu uso) e na busca da melhor solução para ele (o produto final).
As dificuldades de inserção ou diálogo com equipes multidisciplinares é a mesma. E, da mesma forma, estas equipes acham que sabem/entendem o sufuciente sobre Design a ponto de acreditar que não necessita de um profissional desta área junto delas. Porém, aquelas que já perceberam esse erro e assumiram profissionais de Interiores/Ambientes como membros das mesmas estão obtendo resultados fantásticos, antes impensáveis.
Com relação à sua participação na área DESIGN, esta se faz bem mais presente pois o que o profissional desta área busca é a solução de problemas assim como qualquer outra área do Design. Não é o mero ajeitar de peças dentro de um espaço buscando a disposição mais “bonitinha”. É bem mais que isso.
– Projeto de mobiliários: sim, o Designer de Interiores/Ambientes é capaz de realizar projetos de mobiliarios da mesma forma e padrão que um designer de produtos faz. A diferença é que este produto pode ser confeccionado como peça exclusiva (que também acontece no DP) ou seriada. O projeto é o mesmo.
– No trabalho com cores e texturas entra a parte gráfica. Sim, pois não é raro vermos grafismos em projetos sejam na pintura de uma parede, na paginação de um piso, na composição têxtil de um jogo de cama ou panejamento (têxtil), entre outros alémde que sempre nos vemos desenvolvendo novos padrões de texturas para superfícies.
– Superfícies? Porque não? Afinal sempre nos vemos trabalhando com materiais diversos buscando a melhor solução estética para alguma coisa através do tratamento das diversas superfícies de um projeto (produto final).
– Materiais também pois nos vemos constantemente pesquisando e até mesmo desenvolvendo novos materiais ou aplicações para os já existentes.
– Produtos novamente pois é bastante comum – especialmente na área de lighting ou num projeto de iluminação (que faz parte de Interiores) – desenvolvermos luminárias, suportes e outras partes para servir de suporte para o projeto ou até mesmo para ser a peça central do projeto. Aqui inclui-se até mesmo alteração/inserção de elementos arquitetônicos.
– Gráfico mais uma vez que engloba toda a parte de apresentação de um projeto – dos rabiscos na concepção ao desenho final do projeto executivo.
Enfim, se formos esmiuçar tudo ainda cabem diversas transições entre-áreas do design que formam o Design de Interiores/Ambientes. Esta lista ficaria bastante extensa. Assim ocorre em qualquer outra área do Design. Pegue um caderno aí (ou o word) e procure fazer isso com a sua área e perceberá o quanto ela é maleável, dialoga e por vezes usa especialidades de outras áreas sem que você se dê conta.
Assim, se for para falar ou tentar definir sobre Design de Interiores/Ambientes, que o façam os Designers desta área.
Portanto, reitero aqui a minha posição: regulamentem o DESIGN.
Depois, dentro do Conselho, regulamenta-se as especialidades.
Sou a favor da regulamentação do DESIGN faz tempo!! Sempre digo que antes do “interiores”, “gráfico”, “produtos”, etc….há o “DESIGN”, portanto para que haja coerência a regulamentação tem que ser do DESIGN, o que vem depois são especialidades da mesma profissão. abraço!
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Muito boa tua esplicação, enfrento um pouco de dificuldade para explicar a leigos o que realmente é o design (seja ele em qual area for).
Gabriela
isso foi só um esboço. Pretendo transformar isso em artigo após terminar meu trabalho final da pós. Aí sim o farei melhor embasado.
Mas bom saber que te ajudou.
abs