Dando sequencia à série de posts sobre materiais, vamos finalizar esta parte sobre madeiras e derivados.
Diante de algumas necessidades e demandas do mercado, outros produtos foram sendo desenvolvidos tendo como base a madeira maciça. De questões como valor (barateamento) aos ligados diretamente à sustentabilidade, vários foram os que moveram a indústria à desenvolver novos materiais.
Dentre os principais derivados da madeira atualmente temos:
AGLOMERADO
O aglomerado é uma chapa com miolo composto de resíduos de madeira como pó e serragem. No processo de fabricação são adicionados resina e cola. Após a prensa se transforma em painel de madeira.
Não possui um acabamento dos mais bonitos mas pode receber qualquer tipo de revestimento.
É bastante utilizado na fabricação de móveis de baixa qualidade. Geralmente a montagem é feita com cavilhas e cola pois o uso de pregos e parafusos não é recomendado devido ao risco de ocorrerem rachaduras.
Encontramos no mercado chapas no tamanho-padrão de 2,75 m x 1,83m e espessuras que variam de 0,6 mm a 30 mm .
Material com baixíssima resistência à água.
MDF
MDF é a abreviação de Medium Density Fiberboard ou Fibra de Média Densidade.
É um painel de fibras de madeira e tem composição homogênea em toda a superfície e em seu interior. Bastante resistente e estável, características que tornam possível obter excelentes acabamentos onde quer que este material seja aplicado.
Dentre as chapas, é o material que mais se aproxima da madeira maciça com relação às possibilidade de manuseio e uso, que são muitas: pode ser pintado, laqueado, cortado, lixado, entalhado, perfurado, colado, pregado, parafusado, encaixado, moldurado. Apesar de todos estes processos que ele pode vir a passar, permite sempre um excelente acabamento tanto com equipamentos industriais quanto com ferramentas convencionais para madeira.
Encontramos no mercado chapas que variam em espessura (3, 6, 9, 18, 20, 25, 30 e 35mm). Cada uma tem uma aplicação específica e seu uso depende da observação das características e propriedades de cada fabricante.
O MDF tem nas faces maior densidade que a camada interna.
Se você não sabe como ele é produzido, este vídeo da Masisa irá te mostrar:
De um modo geral temos propriedades em comum entre todos os fabricantes:
Flexão Estática: O mesmo processo da madeira maciça. (ver post anterior)
Tração Perpendicular: O mesmo processo da madeira maciça. (ver post anterior)
Tração Superficial: quando submetemos a superfície à uma força de tração aplicada perpendicularmente ao plano da face, para promover o arranque de uma determinada área da camada superficial.
Arranque de Parafuso: É a resistência que um corpo oferece ao arrancamento de um parafuso, colocado na superfície ou topo, quando submetido a uma força de tração. No entanto, arrancamanto não deve ser confundido com espanamento. Com o tempo, por ser um material poroso, é normal que o buraco comece a aumentar ante o esforço.
Importante:
Este é um material que não resiste à ação da água e nem aos cupins.
Ao absorver a água, as fibras que compõem a chapa incham. Se este for um processo permanente ou que ocorra sistematicamente o material certamente será danificado.
Se o ambiente onde o móvel for instalado estiver contaminado por cupins, estes certamente irão atacar o móvel também pois trata-se de madeira.
O MDF não é mais ou menos resistente que os outros materiais derivados da madeira maciça. O que pode torna-lo mais ou menos resistente são detalhes técnicos: projeto do móvel, execução e ferragens utilizadas.
Como todo material, o MDF também sofre interferências de fatores externos. Calor e frio provocam o inchamento e achatamento do material. Portanto, muito cuidado ao projetar grandes áreas. Para evitar aberturas nas juntas de placas, o ideal é que se projetem juntas de dilatação ou a aplicação de frisos para escondê-las.
O MDF é encontrado com ou sem revestimento:
– Com revestimento melamínico em Baixa Pressão (BP)
– Com revestimento Finish Foil (FF)
– Ou sem revestimento, pronto para aplicação de Lâminas de Madeira, Laminados de Alta-Pressão ou Pintura e Impressão.
MDP
MDP é a abreviação de Medium Density Particleboard, ou Painel de Partículas de Média Densidade.
Difere-se do MDF por ser formado por partículas de madeira em camadas, ficando as mais finas nas superfícies e as mais grossas no miolo. O processo de fabricação é o mesmo que o do MDF.
O consumo de madeira para a fabricação do MDP é menor que na fabricação do MDF tornando-o, portanto, mais ecologicamente correto.
Suas principais características são:
– Alta densidade das camadas superficiais, garantindo acabamento superior nos processos de impressão, pintura e revestimentos;
– Produção através de 3 camadas: colchão de partículas no miolo e camadas finas nas superfícies;
– Homogeneidade e grande uniformidade das partículas das camadas externas e interna;
– Propriedades mecânicas superiores: melhor resistência ao arrancamento de parafuso e menor absorção de umidade e empenamento; Porém não é imune à ação da água.
O MDP é especialmente indicado para a produção de móveis de linhas retas ou com formas orgânicas, desde que não exijam usinagens em baixo relevo, entalhes ou cantos arredondados. Para estes casos o melhor é o MDF.
Principais aplicações: Portas retas, laterais de móveis, prateleiras, divisórias, tampos retos, tampos pós-formados, base superior e inferior, frentes e laterais de gavetas.
Também não é resistente à água e pode sofrer contaminação por cupins.
O MDP é encontrado com ou sem revestimento:
– Com revestimento melamínico em Baixa Pressão (BP)
-Com revestimento Finish Foil (FF)
– Ou sem revestimento, pronto para aplicação de Lâminas de Madeira, Laminados de Alta-Pressão ou Pintura e Impressão.
OSB
OSB significa Oriented Strand Board, ou Painel de Tiras de Madeira Orientadas. É um produto de grande resistência mecânica, versatilidade e qualidade absolutamente uniforme. Por suas características é tratado como um painel estrutural.
O OSB é um painel de madeira impregnado com resina sintética, feita de três camadas prensadas com tiras de madeira ou strands, alinhados em escamas, de acordo com a EN 300 OSB (Norma Européia).
Dependendo do tipo da liga, ele pode ser usado em condições secas (OSB/2) ou úmidas (OSB/3 e OSB 4), de acordo com o DIN 68800-2 (Norma Alemã) que fala sobre a preservação da madeira. A aplicação de cola líquida assegura um equilíbrio do conteúdo de umidade similar à umidade predominante de 8 +/- 3%.
Vantagens que o OSB oferece:
– inexistência de espaços vazios em seu interior;
– inexistência de nós soltos ou fendilhados;
– sem laminação;
– qualidade consistente e uniforme;
– tem espessura perfeitamente uniforme e calibrada (menos perdas);
– maior resistência a impactos;
– excelentes capacidade de isolamento termo-acústico;
– rigidez instantânea no uso para “steel-framing construction”;
– preço mais competitivo e atrativo;
– visual esteticamente atrativo e agradável.
Principais aplicações: paredes, tetos, base de pisos para a aplicação de carpetes, pisos de madeira, ladrilhos, etc; tapumes e barracões de obras; Pallets tipo container.
Encontramos no mercado algumas variedades (de chapas para diferentes aplicações) deste produto. A empresa Global Wood, por exemplo, disponibiliza as seguintes variações:
– LP TechShield são painéis de LP OSB revestidos em uma das faces com foil de alumínio que garante uma menor absorção do calor proveniente dos raios solares. O LP TechShield pode ser aplicado sobre telhados ou em paredes, melhorando o desempenho térmico das construções.
– Top-Form é um painel OSB específico para uso em fôrmas de concreto. Bitolado e esquadrejado, apresenta resistência mecânica e baixos índices de inchamento.
– OSB Canteiro tem o aspecto natural do OSB. Sua alta resistência, à ação das chuvas, assegura durabilidade e boa aparência durante toda a obra.
– OSB tapume é utilizado na montagem de tapumes, barracões de obras e bandejas de proteção.
– OSB Indu-Plac é um painel produzido com resinas potentes. Apresenta uma variedade de espessuras que permitem diversos usos.
– OSB Home Plus Estrutural possui bordas seladas com impermeabilizante, garantindo maior resistência à umidade. Otimiza materiais e mão-de-obra, tendo a opção de encaixe macho-fêmea e garantia estrutural de 20 anos para o sistema steel-framing, além da garantia anti-cupim por 10 anos.
As espessuras das chapas variam de acordo com o tipo das mesmas. Mas de uma maneira geral encontramos chapas de 8 a 30mm.
LAMINADO
Vou deixar para falar sobre eles no post sobre pisos ok?
É bom sempre ressaltar que para a durabilidade da aplicação destes produtos temos de considerar sempre:
– condições térmicas e de umidade do ambiente projetado
– qualidade do projeto
– qualidade e especialização da equipe de produção
– ferragens utilizadas (um dos próximos temas desta série de posts)
Bom pessoal, por hora é isto. Espero que ajude vocês em seus projetos.
Até o próximo post onde falarei sobre os seguintes revestimentos:
– laminado melamínico
– laminados AP, BF e FF
– laminado formplast !!!
See you!!!
;-))
Gostei da suas explicações.Parabéns.
Pingback: Retrospectiva 2012 | Design: Ações e Críticas
Olá Paulo
Vi alguns materiais novos, mas não descobri o nome. Trata-se de uma espécie de MDF não sei exatamente, com uma cobertura como Glossy. Parece um vidro em sua aparência. Vi lojas usando este tipo material. Brilha e dá um reflexo muito grande. No primeiro momento pensei em se tratar de Bisote ou vidro temperado, mas não é. Você saberia o nome comercial deste material? Pensei que fosse vidro colado em MDF, ou alguma técnica diferente, porém não pude perguntar para os trabalhadores. Saberia de algum material desta classe?
discussão*
Muito bons seus posts!! Uso diariamente para discusão interna do local de meu trabalho para que assim possamos resolver muitas de nossas dúvidas. Parabéns!!