Marcenarias: vamos educar o mercado?

Profiçionalizmo…

Acho que já comentei isso aqui em meu blog mas não me lembro se cheguei a me aprofundar sobre o assunto. Então vamos lá: a bola da vez é a safadeza da maioria dos marceneiros. Mas calma gente, a culpa não é só deles, é também de péssimos e folgados profissionais de design e arquitetura que educaram o mercado dessa forma.

Seguinte: em março, comprei os materiais (madeiras, MDF, ferragens, etc) para fazer dois móveis aqui de casa (cabeceira e painel para TV). Estão guardados lá na loja desde o dia da compra. Até aí tudo bem.

O problema é que eu simplesmente não estou conseguindo um marceneiro que me façam os móveis. A resposta é sempre:

“Não trabalhamos assim, com o projetista fornecendo o material. Nós que compramos o material.”

CraroCreidi, tá me achando com cara de idiota??? SentaLáCreidi!!!

Sabem porque eles não trabalham assim? Então vamos esclarecer as coisas e colocar tudo em pratos limpos.

A verdade é que eles compram os materiais e revendem pelo dobro do preço.

Geralmente o custo calculado por eles para executarem um projeto é formulado assim:

Custo do material + 100% deste custo + mão de obra (100% em cima da soma dos dois anteriores).

Em números para ficar melhor exemplificado:

Custo material: R$ 1.800,00
Custo material repassado ao cliente: R$ 3.600,00
Mão de obra: R$ 5.400,00
Custo final: R$ 9.000,00

Perceberam a safadeza? Isso é uma PUTA falta de respeito tanto com os profissionais – que chamam de “parceiros” e ainda ligam reclamando quando sumimos – quanto com os clientes.

No entanto devo ressaltar aqui a parcela de culpa dos péssimos profissionais que geraram – e mantém – esse tipo de sem vergonhice no mercado: os profissionais de design e de arquitetura. Sim, estes tem culpa também.

Explico:

É fácil desenhar um móvel (até meu sobrinho com suas garatujas o faz). Difícil é projetar um móvel valendo-se de TODAS as etapas que isso exige. Incluindo a COMPRA dos materiais necessários.

Mas os folgados e preguiçosos preferem deixar esse trabalho para os marceneiros. Escolhem o padrão ou textura pela web, por catálogos ou amostras e deixam o resto todo nas mãos dos marceneiros. Os mauricinhos e patricinhas de plantão se recusam a ir sujar suas roupas e sapatos nesse tipo de lojas. Geralmente tem uma visão dantesca desse tipo de ambiente e arrisco-me a afirmar com certeza de que a maioria NUNCA entrou numa loja desta.

Pra que vão perder tempo numa loja de madeiras e MDF se tenho quem faz para mim? “Eu escolho daqui, ele vai lá e compra.”

Ah não posso deixar de citar também que a grande maioria dos projetos que chegam às mãos hábeis dos marceneiros vem irregulares, cheios de falhas e também tem aqueles só esboçados geralmente acompanhados de frases como:

“Você sabe fazer, então resolva a estrutura”.

BURROS!!!
ASNOS!!!!
INCOMPETENTES!!!
IRRESPONSÁVEIS!!!!

Depois tem a cara de pau de reclamar do preço cobrado pelos marceneiros. Tem a cara de pau de apresentar-se como Designers.

Por causa de vocês é praticamente impossível encontrar um marceneiro que faça estes dois móveis aqui para minha casa (já tive esse problema em outros projetos para clientes e tenho certeza que praticamente 100% dos que já tentaram isso não tiveram sucesso).

SE o mercado tivesse sido EDUCADO da maneira correta – por bons e conscientes profissionais – essas coisas não ocorreriam.

Então vamos nos unir e DESEDUCAR essa prática absurda dos marceneiros?

Vamos passar a fazer os projetos COMPLETOS, comprando os materiais e forçando-os a abandonar esse estelionato enrrustido?

Passe a comprar os materiais que serão usados em marcenaria e pare de trabalhar com marceneiros que não aceitam essa forma de prestação de serviços.

Ou vão preferir continuar perdendo clientes por causa do alto custo da execução dos projetos ou por não encontrar um marceneiro decente e ético que produza seus móveis?

Picaretagem via internet

É, tentei não escrever sobre o assunto mas diante da barbárie que o mesmo representa para o mercado e, principalmente, para a classe de profissionais sérios, não posso deixar passar em branco.

Desculpem o palavreado chulo mas, que M* é essa?

É por isso que a nossa profissão não é respeitada e valorizada nesse país.

Dá para trabalhar via internet? SIM. Nunca neguei isso. Desde que se tenha um mínimo de ética profissional e seriedade.

No entanto, enquanto assistimos aos amigos designers gráficos sérios lutarem contra empresas como a WeDoLogos – que prega um estilo de concorrência criativa à preço de banana (ou seja: você faz o projeto da logoMARCA, envia pro site e o cliente escolhe entre os trabalhos enviados. Quem leva, leva por uma ninharia absurda) – descobri dias atrás um site que não faz a concorrência criativa, porém desrespeita completamente as regras básicas de mercado na área de Design de Interiores.

Já até tinha colocado esse assunto no grupo do blog lá no facebook mas vale a pena voltar ao mesmo por aqui para alertar o mercado e até mesmo os profissionais sobre isso. Depois quando eu escrevo que o mercado está sendo invadido por um bando de prostitutas(os) que só fazem denegrir a profissão, tem gente que vem me xingar nos comentários.

Pra piorar o tal site não apresenta absolutamente nada de currículo das “profiçonaiz” envolvidas. Só uns deseinhos (nem fotos reais são) com os nomes que deixam o site mais com cara de coisa relacionada a moda que a decoração ou interiores.

Mas vejam isso que marravilha:

Valores de projetos:

‎1 Ambiente: R$ 700,000
2 Ambientes: R$ 1.260,00
3 Ambientes: R$ 1.770,00
4 Ambientes: R$ 2.220,00
5 Ambientes: R$ 2.600,00

Achou péssimo isso? As fulanas sem rosto e sem CUrrículo ainda conseguem piorar tudo…

Pois ainda tem promoção de férias no site:

2 ambientes com 5% off – de R$ 1260,00 por R$ 1197,00
3 ambientes com 10% off – de R$ 1770,00 por R$ 1539,00
4 ambientes com 15% off – de R$ 2220,00 por R$ 1887,00
5 ambientes com 20% off – de R$ 2600,00 por R$ 2080,00

Quer mais ainda? Encontrei o anúncio desse absurdo virtual no site da revista Casa Claudia. Tudo com as bênçãos dessa que diz ser a maior e melhor revista da área. LA-MEN-TÁ-VEL!!!! Depois querem que eu acredite que não existe “jabá” para figurar lá dentro…

Me poupe!!!!

Depois que lancei a coisa no facebook, olhando o site hoje, percebi algumas alterações. Dentre elas uma seção de perguntas e respostas onde em uma diz que sim, são designers reais. Logo após, em outra pergunta sobre reforma da casa toda eles dizem que para isso é necessário que a pessoa entre em contato com um escritório de “arquitetura de interiores”.

Pera lá, se realmente fossem Designers e tivessem tido uma formação séria numa universidade também séria saberiam que um Designer de Interiores/Ambientes tem conhecimento e capacidade para fazer a reforma da casa toda (incluindo aqui cozinhas, banheiros, área de serviços que eles não fazem) portanto, não indicariam um escritório real de arquitetura e sim o de um designer. Como se não bastasse o desrespeito com os valores ainda fazem o desfavor de denegrir e menosprezar a classe profissional à qual “dizem” pertencer ao se apresentarem como “dezáiners”.

Outro detalhe é que de Design de Interiores os projetos não tem nada. É apenas o trabalho que qualquer pessoa com um mínimo de bom gosto numa cidade que tenha lojas decentes de móveis e acessórios consegue fazer.

Lançar móveis prontos sobre uma planta baixa de forma “bonitinha” ou “arrumadinha” qualquer um faz. Quero ver é entrar com projeto que exija produção, intervenções mais profundas no ambiente, personalização. Com a “vitrine de parceiros” o que me vem à cabeça é o seguinte: jogam o preço do projeto lá embaixo pois ganham nas RTs dos tais parceiros e, claro, isso eles não dizem no site.

Como se não bastasse isso, a Ro (Simples Decoração) me mostrou lá no face um outro site semelhante que apresenta um tal de “Coach Decorador” – que não faço a menor idéia do que venha a ser isso – e ainda apresenta um selo de certificação de um órgão que nunca ouvi falar em lugar algum.

Pera lá gente. Assim não tem como, assim não dá. Alguém me arranja uma bazuca???

Temos de matar um leão por dia no mercado para conscientizar o mesmo da importância e seriedade de nossa profissão para, do nada, me aperecer um bando “sem cara e sem currículo” e foder – desculpe a palavra mas não cabe outra – com todo o trabalho de anos de profissionais sérios??

Trabalhar via web é possível SIM. Mas por mais distante que esteja o cliente, ao menos uma visita real você tem de fazer se quer que seu projeto seja realmente executado e que tudo saia dentro do planejado. Isso o cliente tem de ter consciência.

Se quando estamos com uma obra, visitando-a diariamente, os parceiros (pedreiros, encanadores, eletricistas, etc) já conseguem aprontar poucas e boas, imagina se você nem der a cara na obra? O que vai virar a bagaça??? 90% dos parceiros não tem leitura de planta baixa e os clientes sempre buscam os preços mais baixos destes.

Sinceramente? Cliente honesto e mercado ético não tem como levar a sério isso.

E onde está a ABD que diz representar e trabalhar em nome dos profissionais para coibir esse tipo de absurdo?

Eu aderi à ABD à convite do Jéthero – que respeito muito – que está na diretoria atual. Mas já estou arrependido pois só estou pagando, pagando e pagando pra não receber absolutamente NADA em troca.

Não se vê qualquer ação séria e efetiva da ABD para arrumar o mercado, impor normas e tampouco buscar um projeto de regulamentação profissional sério – pois o que estão tentando colocar não vai melhorar em nada e sim manter tudo na mesma zona que está.

Desde que criei este blog venho cobrando da ABD que faça a correta distinação entre decorador, designer e arquiteto porém eles comodamente e covardemente não o fazem. Antes alegavam que por eu não ser associado não tinha direito a exigir nada. Agora, como associado pagante, simplesmente não recebo resposta alguma. O resultado dessa falta de atitude e peito da ABD de enfrentar os problemas de frente? Isso que acabo de relatar neste post é apenas um dos resultados – os outros vocês já conhecem bem e encontram facilmente aqui em meu blog. Isso já é o fundo do poço para os profissionais de Design de Interiores/Ambientes.

Se você é cliente e leu isso tudo, abra seus olhos e exija do seu profissional o seu currículo acadêmico. E se ele colocar valores muito baixos, desconfie da seriedade do mesmo.

Podemos ser pelo social?

“Boa tarde Paulo,

Admiro esta profissão. Paulo por favor gostaria de saber se existe profissionais desta área que faça este trabalho por um preço mais acessível para familias que não tenham uma renda assim tão gordinha (rs). Veja bem, não querendo desprezar a profissão e muito menos este trabalho maravilhoso, digo isto porque me enquadro na questão. Bem que as faculdades poderiam disponibilizar trabalhos extra-curriculares nesta área no último ano de curso com um precinhos bem acessível para famílias de renda mais baixa… Sou de Curitiba, vc saberia informar quem aqui em curitiba faz esse tipo de trabalho? desde já agradeço a sua atenção.”

Recebi este comentário em outro post e não o aprovei para aproveita-lo aqui neste post. Não sei se devo citar o nome mas por via das dúvidas vou manter como anônimo.

Este assunto é muito pertinente e já escrevi em algum post aqui neste blog de forma mais superficial sobre. Porém agora, quero ir um pouco mais fundo.

É bastante comum percebermos nas conversas profissionais altos papos sobre clientes poderosos e cheios da grana com seus mega projetos. Até mesmo durante a formação academica, é comum realizarmos trabalhos baseados em apartamentos e residências destinados à um público alvo bem específico: aqueles que poooodem!!! A formação é voltada para um mercado restrito e acessível para poucos. Então, esse discurso todo, na maioria das vezes, é puro blablablá pois temos de viver com clientes normais. Os professores geralmente não formam seus alunos para a realidade do mercado. Formam um bando de sonhadores, isso sim.

Muito disso tem a ver com as revistas de decoração e um alter-ego comum na classe profissional (designers+decoradores+arquitetos). E não adianta dizer que não pois é sim uma raça petulante e topetuda essa à qual pertencemos profissionalmente. Talvez por necessidades que podem ser motivadas basicamente por duas situações:

1 – vergonha perante a classe (amigos profissionais) em afirmar que trabalham com clientes de classes menos favorecidas;
2 – desconhecimento de um “terceiro mercado” – brincadeira com o terceiro setor, desvalorizado por muitos.

No primeiro caso, temos a necessidade da classe auto afirmar-se constantemente perante a sociedade de que está bem, tem clientes maravilhosos, está com a conta bancária recheada e tal. Tudo isso baseado numa formação errada aliada à um ego gigantesco, megalomaníaco.

Já vi casos em que profissionais soltam nas colunas sociais de que foram pra europa passear quando na verdade, passaram uma semana escondidos em alguma chacara nas redondezas ou alguma praia fora de temporada. Aí só apresentam fotos dentro de espaços e falam que é um restaurante tipico lá nos alpes suíços e blablabla.

Outra coisa bastante comum é percebermos que todos sempre estão bem, cheios de clientes, conta bancaria cheia, montes de TRs recebidas, etc. A verdade é que é pura balela. O mercado, apesar de forte e crescente tem seus altos e baixos como qualquer outro. Tem suas épocas em que não damos conta do volume e outras em que ficamos contando quantas pessoas passam na rua e torcendo: “vai entrar, esse tem que entrar…”

Mesmo o mercado estando em alta, aqueles clientes que aprendemos a trabalhar na faculdade dificilmente irão aparecer pelo simples fato de que os clientes são normais. Aqueles deuses que me darão um lucro MARAVILHOSO, raramente aparecem na verdade. É um ou outro e quando aparecem mais de dois no ano, você está no lucro.

Porém, trabalhar com clientes normais é muito melhor que com esses tão sonhados graúdos por motivos que às vezes custamos a acreditar no que vemos acontecer.

O cliente graúdo tende a desvalorizar o seu trabalho enquanto profissional (já que nem eu nem você é da roda que frequenta as revistas, etc). Choram horrores sobre o preço do projeto e te fazem na maioria das vezes derrubar o preço em quase (ou até mais que) 50%. No entanto, não medem esforços em pagar R$ 30.000,00 num sofá, R$ 1.200,00 no metro de um tecido, R$ 25.000,00 num lustre da moda ou daquela marca bãmbãmbãm e assim por diante. É comum – falando-se de RTs – que eles, em suas viagens, façam compras e não digam que tem um profissional fazendo o projeto ou que especificou a tal da Eames e, assim, bye bye RTs. Isso sem contar que a maioria acha que sabe e entende de tudo, manda alterar coisas sem consultar  profissional, bate o pé dizendo que as obras de Dali são do periodo da renascença entre varias outras coisinhas. O que te resta é um sentimento de frustração, de ter sido usado e abusado enquanto profissional. Ah, e tem também a posterior indicação do “foi feito por”. Esqueça, raramente acontece.

Num meio termo entre o primeiro e segundo casos, temos os clientes normais. Estes são os que mais irão aparecer e existem muitos profissionais que vivem somente do trabalho para estes. São bem mais fáceis de trabalhar. Não vou ser hipocrita ao dizer que eles não choram também por um precinho mais em conta afinal, seus orçamentos são mirrados, geralmente os projetos vem picados – hoje a sala, depois a cozinha, depois o quarto do casal e assim por diante. No entanto, eles percebem quando estão abusando do profissional aí, no máximo pedirão um parcelamento maior. E pagam certinho, sem atrasos e chororôs.

Estes clientes dificilmente interferem no projeto sem consultar o profissional pelo simples fato de que a pouca verba disponível tem de ser muito bem aplicada. Não gastam com fuleirices. Podem até sonhar com aquela seda para o sofá, porém sabem que as crianças irao destruí-la em pouco tempo e que não terão grana tão fácil para substituí-la tão logo. Suas escolhas são mais conscientes e mais práticas. São excelentes clientes.

No segundo caso especificamente, temos aqueles clientes marginalizados pela classe. São os de baixa renda. Aqui entram em cena duas coisas básicas: o lado humanitário e social versus o topete da classe.

No ano passado fui convidado para ministrar uma palestra numa universidade aqui do Paraná e enquanto esperava dar o horário fui ver uma exposição dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos do ultimo ano do curso de Interiores. Começava pelos mega apartamentos, claro. Mas, lá para o final da fila estava o que me emocionou, me prendeu a atenção e me fez parar para analisar esta situação específica que escrevo agora: porque não podemos trabalhar com estes clientes? Eles não merecem?

Eram quatro projetos feitos em cima de moradias populares, daquelas de conjuntos habitacionais mesmo. As soluções encontradas pelos alunos para estas micro residências eram mil vezes melhores do que as dos mega apartamentos que eu tinha acabado de ver. Melhores em todos os sentidos, incluindo-se aqui o estético – pra quem pensa que pobre só gosta de coisa feia.

As questões orçamentárias foram esmiuçadas de tal forma que ficava claro que uma familia com renda de R$ 1.500,00 por mês conseguiria dar conta e honrar os investimentos, incluindo os honorários do profissional.

Em um deles, a estudante abriu mão de seus honorários pelo simples fato de perceber a real necessidade da familia em questão e conseguiu, através de doações com empresários, muitos dos materiais – alô Lar doce lar e construindo um sonho!!!

É nesse ponto que escrevo a vocês hoje. Onde está o lado humano e solidário das pessoas?

Em algumas comunidades do orkut, especificamente nas de arquitetura, é comum vermos profissionais sentando o sarrafo nos dois quadros citados acima. O argumento? Nenhum embasado o suficiente que mereça destaque aqui. No entanto, percebe-se que os comentários dizem respeito apenas ao lado estrelinha deles: aparecer na mídia – independente se às custas da desgraça alheia. Lamentável.

Creio que, enquanto profissionais, enquanto seres humanos e pertencentes à uma sociedade temos sim o dever de fazer algo pró bem estar geral, e isto inclui essa parcela da sociedade mais necessitada.

Quantos de vocês já fizeram algum trabalho voluntário para alguma instituição carente? Uma creche ou asilo que necessita de reparos, moveis, equipamentos, etc? Quantos de vocês já se dispuseram, após ter finalizado a compra acompanhando aquele cliente,  chamar o dono da loja e expor alguma situação para ver se e como ele poderia ajudar? Nem que seja com aquele resto de tecido…

Existem mil maneiras de tornar o nosso design algo valioso e que efetivamente seja útil: ajudar a quem precisa. Como podem ver, pode-se doar este trabalho como também cobrar por ele de forma mais branda.

Um outro ponto bastante interessante é que estes micro projetos nos forçam os limites do conhecimento nos obrigando a buscar soluções impensadas em um projeto comum. Pensar uma sala com 12m² é fácil. Pensar em uma com  6m² é muito mais complicado. Pensar e escolher entre varias marcas de pisos e revestimentos pra um cliente que pode pagar é uma coisa. Fazer isso para um cliente que tem o orçamento apertado e que nos força a pesquisar e conhecer novos materiais até mesmo alternativos é outra competamente difrente. Comprar todos os moveis novos é uma coisa. Reaproveitar e restaurar o existente é outra.

Doar eu prefiro  fazer para instituições pois estas realmente necessitam e suas verbas são sempre escassas para cobrir coisas muito mais importantes como por exemplo, remédios, água, luz, alimentação. Até posso doar para alguma família desde que, comprovadamente, estas não tenham a menor condição de pagar pelo trabalho. E tem mais uma coisa: quando estes pagam por algo, valorizam. Quando vem de graça, “cavalo dado não se olham os dentes”.

Você pode cobrar em dinheiro como pode fazer uma permuta: o projeto em troca de algum trabalho que alguém da família sabe fazer.

Você pode realizar um projeto de reforma total ou parcial ou mesmo uma consultoria dando dicas de como melhorar a habitação usando o que eles tem, corrigindo a ergonomia, verificando as instalações e corrigindo os erros.

Isso vai depender de cada cliente, de cada necessidade e de você mesmo. E o melhor: estes clientes sim tem orgulho em dizer que a casa está mais bonitinha, ajeitadinha, aconchegante graças ao seu trabalho, pra qualquer um que perguntar. E, dentro destes “qualquer um”, certamente existem alguns que dispõem de orçamento para um projeto melhor.

Pense sobre isso.

Abaixe o seu topete e deixe o seu lado humano respirar. Se não quer ou consegue fazer sozinho converse com algum colega profissional façam juntos.

Proposta de Projeto (II)

Itens de uma proposta de projeto

“Uma proposta simples, básica e fundamentada precisa assumir compromissos claros e objetivos. Se quem a elabora tem conhecimento da solicitação do contratante e do trabalho, não precisa ter receio de redigir compromissos e obrigações. Este receio é diretamente proporcional à falta de conhecimento ou da capacidade de atender a uma determinada solicitação.”

Se o brieffing não foi bem feito, certamente você encontrará dificuldades para formatar uma proposta ao seu cliente. Conhecer exatamente o que o cliente deseja faz-se fundamental assim como a assinatura de uma única proposta. Caso a proposta inicial não cubra as necessidades do cliente, certamente você terá de fazer alguns adendos ou aditivos de contrato posteriormente. Isso gera custos para o cliente além da sensação de despreparo de sua parte.

Portanto atente-se para os itens principais de uma proposta bem elaborada:

Cabeçalho da proposta

Aqui entra, em ordem:

A – o seu logotipo ou nome do escritório/profissional

B – número da proposta – essencial para arquivo e fácil localização posterior

C – data

D – quem é você

E – a quem é dirigida a proposta (nome, endereço, telefone, e-mail, etc)

Por exemplo:

PROPOSTA N° 0154/09 – 21/04/2009

CONTRATANTE: (o cliente)

Inscrito no CPF/CNPJ sob número xxx.xxx.xxx-xx

Com endereço à Rua xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – Curitiba – PR. Telefone (xx)  xxxx-xxxx, e-mail: xxxx@xxxx.xx.xxx

CONTRATADO: (você)

Inscrito no CPF/CNPJ sob número xxx.xxx.xxx-xx

Com endereço à Avenida xxxxxxxxxxxxxxxxxxx – Londrina – PR.

Telefone (xx) xxxx-xxxx, e-mail: xxxx@xxxx.xx.xxx

Feito isso, passemos ao corpo da proposta propriamente dita:

1-      Referência da proposta:

Aqui deve ser deixado bem claro, de maneira resumida, quem é quem e sobre o que se trata a proposta. Como especificar o que se trata a proposta? Simples. Aqui você não deve estender-se demasiadamente pois na etapa seguinte sim é que você irá esmiuçar e detalhar a proposta. Por exemplo:

Proposta para execução de projeto de Design de Interiores e Ambientes para uma residência em alvenaria – contendo 3 quartos sendo 1 suíte, duas salas, varanda, cozinha, área de serviço, 3 banheiros, garagem e quintal – já construída (ou em fase de construção) localizada na Rua XXXX, n° XX, Bairro XXX, na cidade de XXXX, Estado XX.

2 – Metodologia de trabalho:

Aqui vem a parte chata e demorada de uma proposta, afinal é aqui que você deverá especificar todo o seu trabalho a ser executado. É através dessa parte que o cliente irá compreender o todo que engloba o que será feito.

A melhor opção, sem sombra de dúvidas, é apresentar a edificação por cômodo indicando o que será feito em cada um. Mais ou menos assim:

Suíte: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, desenvolvimento de cama, cômoda e bancada banheiro, especificação de cortinas/persianas, mobiliários, acessórios, box, louças e metais.

Quarto 1: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, desenvolvimento de bancada de estudos, especificação de cortinas/persianas, mobiliário e acessórios.

Quarto 2: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, desenvolvimento de bancada de estudos, especificação de cortinas/persianas, mobiliário e acessórios.

Sala 1: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, desenvolvimento de estante para home theater, especificação de cortinas/persianas, mobiliário e acessórios.

Sala 2: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, desenvolvimento de 01 mesa de centro, 02 mesas laterais e 01 aparador, especificação de cortinas/persianas, mobiliário e acessórios.

Cozinha: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, desenvolvimento de 01 mesa de jantar para 8 pessoas, especificação de cortinas/persianas, mobiliário e acessórios.

Varanda: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, especificação de cortinas/persianas, mobiliário e acessórios.

Área de serviços: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, especificação de cortinas/persianas, mobiliário e acessórios.

Garagem: layout, troca de piso, pintura de paredes, iluminação, especificação de mobiliário e acessórios.

Isso fica bem mais claro se colocado em uma tabela. Facilita a leitura e delimitação.

Um fator importante aqui é especificar se haverá ou não desenho e detalhamento de mobiliário específico ou se será tudo adquirido em lojas. Esse detalhe pode entrar no final desta apresentação/parte ou juntamente com a descrição do item Projeto Executivo. Mas saiba que havendo a contratação desse serviço, o mesmo deverá ser feito por você mesmo e não por lojas de modulados ou marceneiros.

Outra questão importante para a formação de seu preço é a quantidade de móveis que você terá de criar especificamente para esse projeto. Um projeto com mobiliário comprado em lojas nos toma relativamente pouco tempo, mesmo os comprados em lojas de planejados. Já aqueles que você tem de criar, desenhar, detalhar e especificar toma bastante tempo. Portanto cuidado para não deixar a tua proposta aberta o suficiente para que o cliente possa vir a exigir uma quantidade enorme de móveis específicos quando você não levou isso em consideração no momento do fechamento do preço da proposta.

Você pode criar uma lista de mobiliários à serem desenvolvidos depois de conversar com seu cliente e inseri-la aqui nesta parte. Por exemplo:

Desenvolvimento de mobiliário:

Banheiros: 3 bancadas

Quartos: 2 bancadas de estudo, 1 cama casal, 1 cômoda

Cozinha: mesa para 8 pessoas

Sala 1: 1 estante/hack para home theater, 1 mesa de centro

Sala 2: 1 aparador, 1 mesa de centro, 2 mesas laterais

Qualquer peça a mais que as especificadas acima serão tratadas em instrumento particular à parte e com valores próprios.

Agindo assim, você estará se garantindo e assegurando que não haverá abusos por parte do cliente pois qualquer tentativa dele de “ganhar” algum prêmio extra estará fechada por esta cláusula contratual informando-o de que ele terá de pagar por cada item extra.

3 – Apresentação dos trabalhos:

Aqui você deverá especificar cada etapa do trabalho:

01. Estudo Preliminar – Brieffing, estudos preparatórios, relatórios, desenhos esquemáticos, e demais documentos em que se demonstra a compreensão do problema e a definição dos critérios e diretrizes conceituais para o desenvolvimento do trabalho;

02. Projeto Conceitual – desenhos de lançamento das propostas anunciadas no Estudo Preliminar, acompanhadas de cálculos e demais instrumentos de demonstração das propostas apresentadas no projeto; inclui-se instruções a serem encaminhadas aos responsáveis pelos projetos de instalação elétrica, ar condicionado e automação, como a indicação da composição dos comandos e modo de operação dos mesmos, que evidenciem as diferentes possibilidades de uso dos sistemas propostos; compreende também a compatibilização, atividade em que se justapõem as informações técnicas e as necessidades físicas relativas às determinações do projeto de Design de Ambientes e as decorrentes dos demais projetos integrantes do trabalho global (arquitetura, estrutura, instalações elétricas e telefônicas, hidráulicas, de ar condicionado, de sonorização e sprinklers, interiores e exteriores, paisagismo, etc), com a finalidade de garantir a coexistência física e técnica indispensável ao perfeito andamento da execução do projeto;

03. Projeto Executivo – concretização das idéias propostas no Projeto Conceitual devidamente compatibilizadas a partir da integração do projeto de Ambientes com todos os sistemas prediais envolvidos no trabalho. Inclui-se as informações técnicas pertinentes à correta integração dos ambientes e demais equipamentos aos detalhes da arquitetura, bem como os dados do equipamento especificado, para a concretização dos conceitos estabelecidos no projeto. Os desenhos referentes móveis (desenho e detalhamento), equipamentos, revestimentos, materiais e acabamentos deverão ser inseridos no Projeto Executivo ou complemento deste (Memorial Descritivo), para que haja perfeita compreensão das dimensões físicas e da forma de instalação dos mesmos no edifício.

Parágrafo único: os desenhos serão apresentados em escala 1/50.

04. Supervisão Técnica – atividade de acompanhamento da execução das obras do edifício ou empreendimento, para constatação da correta execução de suas determinações e apresentação de modificações ou adaptações tecnicamente convenientes, quando necessário e pertinente. Ficam acordadas 3 visitas técnicas semanais à obra durante o andamento da execução da mesma.

Na prática, lembre-se – e avise ao seu cliente também – que só se passa de uma fase para a outra após o “de acordo”, que sinaliza por parte do cliente a compreensão do projeto e autorização para dar seqüência à próxima etapa.

4 – Prazo de entrega:

Aqui entra a sua capacidade de organizar-se. A planilha (cronograma) deve ser ampla o bastante pra que você possa trabalhar sem atropelos, mas também curta o bastante para que o cliente não comece a te ligar cobrando o projeto.

É importante deixar claro que não devemos prescrever datas fechadas e sim usar dias corridos após o “de acordo”. Isso se deve ao fato de que o cliente pode segurar e demorar para assinar o “de acordo” por dias. Você tendo colocado uma data específica certamente terá de correr contra o tempo para dar conta de finalizar a etapa.

Vejamos dois exemplos:

A – com data fechada:

O cliente assinou a proposta no dia 01/01/2009. Nessa proposta temos as seguintes datas de entrega:

Estudo Preliminar (EP): 25/01/2009

Projeto Conceitual (PC): 01/03/2009

Projeto Executivo(PE): 01/04/2009

Digamos que você passou para o cliente o PC no dia 20/02/2009. Aí você entra em “stand-by” aguardando que ele assine o “de acordo” pra que você possa dar seguimento no projeto. No entanto ele acabou tendo de fazer uma viagem do dia 22/02/2009 até o dia 15/03/2009 e, chegando aqui a sua mãe falece e lá se vai mais uma semana no mínimo de enrrolação. Chegamos então à data de 22/03/2009. Aí ele assina tudo e te entrega no dia 23/03/2009. Você conseguirá fechar todo o executivo até o dia 01/04/2009, incluindo as novas alterações que ele solicitou? Certamente que não.

B – Com prazo corrido:

Imagine a mesma situação com a seguinte especificação:

O cliente assinou a proposta no dia 01/01/2009. Nessa proposta temos as seguintes datas de entrega:

Estudo Preliminar (EP): 25 dias após a assinatura desta proposta.

Projeto Conceitual (PC): 35 dias após do “de acordo” no Estudo Preliminar.

Projeto Executivo(PE): 30 dias após o “de acordo” no Projeto Conceitual.

Usando essa prerrogativa, se o cliente quiser ficar um mês segurando a proposta ele pode ficar e isso não irá atrapalhar o seu trabalho. Não irá te sobrecarregar e você terá os seus necessários dias de trabalho garantidos.

5 – Preço e condições de trabalho:

Aqui é onde o seu cliente geralmente vai correr para olhar: o preço da proposta. Portanto esta parte tem de ser muito bem elaborada e você deverá ficar atento às reações do mesmo nesse momento. Você pode ser maleável na negociação dos prazos estendendo-os em mais parcelas porém cuidado com os “descontos”.

Geralmente, usa-se a fórmula 40+30+30 assim sendo:

40% na assinatura da proposta

30% no “de acordo” do Projeto Conceitual

30 % no “de acordo” do Projeto executivo.

Outros preferem a fórmula 20+30+50:

20% na assinatura da proposta

30% no “de acordo” do Projeto Conceitual

50 % no “de acordo” do Projeto executivo.

Existem ainda outras fórmulas, porém vale ressaltar que cada caso é um caso e, como já coloquei acima, você pode aumentar as parcelas a serem pagas pelo cliente dependendo da necessidade/realidade do mesmo.

Algumas pessoas caíram no erro de colocar uma das parcelas para o final da obra (confesso que no início fiz isso), ato da entrega da obra pronta, finalizada. Porém existe um sério risco de a obra atrasar, ser interrompida e você ficar à ver navios até sabe-se lá Deus quando.

Um ponto muito importante à destacar aqui é que o valor de projeto é uma coisa e valor de acompanhamento e execução é outra.

Valor de projeto diz respeito ao seu trabalho de gestação, criação, lançamentos e fechamentos do projeto. Ele não cobre a execução e acompanhamento. É o valor pago pelo trabalho intelectual.

Valor de execução e acompanhamento é aquele que você deve receber por acompanhar os trabalhos durante a execução da obra. É o pagamento de “peão de obra” mesmo, o trabalho braçal. Este valor gira em torno de 10% do valor total da obra que está sendo realizada e é realizado mensalmente após o início da execução encerrando-se ao final da mesma.

Portanto, o valor de projeto deve ser pago até antes da finalização da obra e tome cuidado para não deixar o seu cliente levar dois pagando um.

Mais um ponto que deve ser destacado nessa parte da proposta diz respeito aos retrabalhos de etapas já superadas e inserções/alterações de coisas. A partir do momento que o cliente assina o “de acordo” qualquer alteração por ele proposta deverá ser tratada em documento à parte desta proposta.

6 – Prazo de validade:

Sim, assim como um produto tem seu prazo de validade, esta proposta também deve ter o seu. Caso contrário, o cliente poderá pegar a sua proposta e um ano depois vir solicitar a execução do projeto com os valores escritos ali na proposta.

7 – Despesas reembolsáveis:

Tudo o que você tiver de despesas relativas ao projeto em questão são passíveis de serem reembolsadas pelo cliente. Quem já pegou algum cliente numa cidade que não é a sua sabe bem do que estou falando. Não se trata apenas das copias e plotagens mas de várias outras coisas:

A – plotagens e cópias xérox

B – correios

C – outros levantamentos e projetos complementares

D – taxas públicas quando necessário

E – despesas com transporte, hospedagem, alimentação, pedágios, etc.

8 – Autoria e Responsabilidade Técnica:

A parte relativa à Responsabilidade Técnica eu vou tratar especificamente na parte III deste texto. Já sobre a Autoria, vamos lá…

O Direito Autoral é regido pela Lei Nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. Ela resguarda os direitos do autor de qualquer obra de cunho artístico ou intelectual. E isso inclui nossos projetos apesar de que é um pouco complicada a aplicação desta lei em obras de design, arquitetura e outras correlatas por não serem vistas exatamente como uma obra artística. No entanto ela é uma obra intelectual. Por isso temos também a Propriedade Industrial (Lei Nº 9.279, de 14 de Maio de 1996).

No caso de desenvolvimento de mobiliários ou outros equipamentos específicos – como luminárias – para um projeto, estes podem/devem ser patenteados. Isso vai depender muito de você profissional. Fazer a patente não é tão difícil como muitos imaginam. No entanto a patente só ocorrerá se o produto desenvolvido for realmente exclusivo e não houver nada igual no mercado.

Porém isso não precisa estar vinculado à esta proposta em detalhes. O que você deve fazer constar em uma ou mais cláusulas é que os desenhos exclusivos são de sua autoria e a sua reprodução ou posterior confecção de novas peças está proibida, salvo no caso do cliente pagar por uma nova peça.

Outro elemento que deve estar coberta na proposta com relação aos Direitos Autorais diz respeito às cópias de seu projeto por outras pessoas. Quem já não presenciou um cliente com uma revista nas mãos dizendo que quer exatamente aquela sala? Pois é, isso é o mesmo que pirataria de CDs e DVDs. E você tem a obrigação de esclarecer o seu cliente quanto a isso. Caso seja feita a sala que ele quis e o autor real do projeto fique sabendo, você correrá um sério risco de ser processado por cópia não autorizada. Assim como esse dispositivo contratual atestará que o projeto em questão é de sua autoria, foi gestado, criado e desenvolvido por você e, caso alguém venha a copia-lo, você estará no direito de processar quem o copiou.

Um bom texto para leitura sobre o assunto encontra-se neste link.

9 – Elementos preliminares:

Aqui nesta parte você deverá definir as bases necessárias para que o trabalho seja iniciado e tenha o andamento perfeito.

É aquela parte das obrigações do contratante (cliente) e do contratado (você) e das disposições iniciais.

Nas iniciais temos a geração do brieffing, entrevista e programa de necessidades que são fundamentais para qualquer início de trabalho.

Já nas obrigações deve constar tudo que o contratante deverá cumprir para que você tenha condições de realizar o trabalho com segurança como, por exemplo: entrega das plantas baixas e todos os documentos necessários, contratação de outros profissionais quando necessário, não intervenção “in loco” na obra sem o seu consentimento, pagamento das despesas já descritas na proposta e outras que porventura venham a ocorrer, entre outras coisas mais.

Já da sua parte entram elementos como a correta observância dos prazos, atendimento às necessidades, indicação (lista) e mediação na contratação de profissionais, lojas e fornecedores, assumir a responsabilidade técnica, autoria e acompanhamento da execução da obra entre outras coisas.

10 – Disposições finais:

Aqui entram os dispositivos de encerramento da proposta como por exemplo:

– A não criação de vínculo empregatício entre contratante e contratado;

– “De Acordo” – especificação de como funciona este dispositivo;

– rescisão, interrupção, transferência da obra;

– multas;

– custos de trabalhos extras – aqueles que não estão contemplados nesta proposta;

– outros assuntos pertinentes.

Aqui também deve entrar a cláusula compromissória que é aquela que elege o foro legal. Como já coloquei em outros posts, procure utilizar as Câmaras de Mediação e Arbitragem como a que eu uso em meus contratos:

“As partes elegem o TRIBUNAL DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM DO PARANÁ, CÂMARA DE LONDRINA, como órgão do INSTITUTO JURÍDICO EMPRESARIAL, com sede na Avenida Bandeirantes, nº116, Londrina, Estado do Paraná, CEP:86.020-010, para solução de toda e qualquer dúvida ou controvérsia resultante do presente contrato ou a ele relacionado, de acordo com as normas de seus regulamentos, renunciando expressamente a qualquer outro foro por mais privilegiado ou especial que seja.”

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11 – Aprovação da proposta:

É a parte final onde devem constar:

– texto que o contratante ateste estar de acordo com as clausulas e condições do contrato/proposta;

– a data e local da assinatura da proposta;

– todos os dados do contratante e sua assinatura;

– todos os dados do contratado e sua assinatura;

– dados e assinaturas das testemunhas (quando houver)

As assinaturas vão na última página mas todas as páginas devem ser rubricadas por você e pelo cliente. Depois disso feito, é só fazer o registro – ou reconhecimento de firma – em cartório do contrato/proposta e mandar ver no projeto e na execução da obra posteriormente.

Um outro detalhe é que se você não possui papel timbrado não se esqueça de usar o rodapé para indicar o seu endereço, telefones para contato, e-mail, site, etc.