Diverso Design 2010 – Biônico

Saiu a programação completa do Diverso Design 2010 que esse ano tem como tema o Design Biônico:

Segunda 13/09

Abertura (19h)
Design Biônico – Inspiração no Natural.

Oficinas (19h30 Às 22h30)

– Customização Automotiva – Parte I.
(Fabrício E. Fujishima)
Local: Oficina/Prédio da Oficina

– Street Art – Parte I.
(Marcelo Campos da Paixão)
Local: Sala de Desenho 2/Teatro

– Tye Dye e Flores – Parte I.
(Carmen Laranjeira)
Local: Sala de Desenho 1/Teatro

– Expressão Corporal.
(Camila Paes)
Local: Estudio Fotográfico/Teatro

Terça-Feira 14/09

Oficinas (19h30 Às 22h30)

– Customização Automotiva – Parte II.
(Fabrício E. Fujishima)
Local: Oficina/Prédio da Oficina

– Street Art – Parte II.
(Marcelo Campos da Paixão)
Local: Sala de Desenho 2/Teatro

– Tye Dye e Flores – Parte II.
(Carmen Laranjeira)
Local: Sala de Desenho 1/Teatro

– Tipografia Estrangeira.
(Rafael Arrivabene)
Local: Sala 64/Teatro

– Design de Calçados
(Flavio Cardoso Ventura)

Debate (19h às 22h30)
“Design Biônico”.

Quarta-Feira 15/09

Palestras (19h às 22h30)

19h – Falando em público.
(Franco Junior)

21h – Design Automotivo.
(Luigi Comini)

Quinta-Feira 16/09

19h – Design e Mercado de Animação.
(Quiça Design)

21h – Design de Interiores.
(Rômulo Cavalcanti)

Sexta-Feira 17/09

Encerramento (19h)
Prêmio “Diverso Design”.

Local: Teatro Edson Celulari
Rua Rubens Arruda, nº 3-33
Bauru – SP
Custo R$ 30,00 (todas as palestras e 1 ou 2 oficinas)
As inscrições podem ser feitas diariamente na Rua Cussy Jr, 4-55 das 20h30 às 21h ou na hora do evento. Lembrando que o valor é referente ao pacote fechado com todas as palestras e oficinas, em caso de avulso o valor é de R$ 15,00 por dia.
www.diversodesign.com.br

Não existe designer melhor do que a natureza. (Alexander McQueen)

Via: designZando

Arte urbana – embelezamento urbano

Sempre que ando pela rua, procuro observar a cidade, perceber algumas alterações no skyline, nas ações urbanísticas. Enfim, meu olhar se dirige atento para algo que esteja sendo feito para melhorar a estética urbana.

Entretanto, na maioria das vezes, surpreende as poucas ações implementadas neste aspecto, cujo investimento deveria ser uma das prioridades nas administrações municipais em razão das conseqüências significativas no contexto social, cultural, econômico e político da cidade, conferindo-lhe uma identidade urbana própria.

Inevitavelmente, não posso deixar de considerar que, ao caminhar pelas ruas de minha cidade, minha Londrina, observo que ela tem sido abandonada por tantos anos. De um lado, o descaso que deteriora a cidade, tornando-a feia, decadente. Por outro lado, ações meramente maquiadoras que iludem os cidadãos que nela vivem.

Ao tomar Londrina como exemplo, coloco isso como forma de protesto contra as demais administrações públicas. Poucas são aquelas que realmente se preocupam com sua cidade e com o bem estar de seus moradores, no que diz respeito ao embelezamento urbano. A maioria dos investimentos é realizada segundo os interesses imediatistas decorrentes do jogo de poder, de quem pode mais. Não se preocupam com a cara da cidade, com sua identidade que faz orgulhar cada um de seus moradores. Isto tem a ver também com os proprietários de imóveis, não só com a administração pública.
 

O descaso por parte das administrações públicas e dos proprietários dos imóveis é o responsável pelo lixo urbano com o qual temos sido obrigados a conviver diariamente.

Alegra-me o fato de que desde alguns anos tenho visto em poucas cidades brasileiras algumas ações sérias orientadas para o embelezamento urbano.

Talvez, neste aspecto, a mais forte ação venha da cidade de São Paulo ao implantar de forma corajosa a “lei dos outdoors”, como ficou conhecida. Para quem conheceu a cidade de São Paulo antes e depois desta lei com certeza concorda com que eu afirmo aqui. Todo aquele excesso em poluição visual foi eliminado e hoje existem regras claras sobre o uso de outdoors, painéis e fachadas de empresas. Com isso, hoje conseguimos ver uma cidade que desvela sua arquitetura belíssima, antes escondida atrás dos grandes frontões das lojas. As ruas do centro parecem até que estão mais largas, arejadas, iluminadas uma vez que não temos mais aqueles excessos de painéis e frontões que avançavam o espaço aéreo das calçadas como é o caso da Rua São Bento onde, de uma ponta, nas imediações do Largo São Francisco, hoje se pode ver claramente o Mosteiro de São Bento lá na outra ponta, coisa que antes era impossível.
Ao dirigir por suas grandes avenidas também percebemos uma mudança salutar com a eliminação dos outdoors. Deste modo conseguimos perceber melhor a cidade sem estas barreiras visuais.

 
A falta de visão urbanística e pouco caso por parte das administrações públicas são os responsáveis pelo enfeiamento urbano. Tudo é “duro e seco” onde cabe a desculpa de que qualquer alteração encarece demais o orçamento (muitas vezes super faturado).

É lastimável que este modelo de intervenção incisiva na estética urbana não esteja sendo seguido por todas as cidades, mesmo por aquelas que, por investimentos irrisórios, apenas se preocupam com uma mera aparência superficial.   É um ponto para se pensar seriamente, especialmente em cidades dotadas de uma arquitetura de diversos estilos como é o caso de Curitiba.

Outro ponto a se destacar, ainda em São Paulo, é a construção da Ponte Estaiada. Além da grande utilidade para o fluxo do trânsito, é de uma beleza plástica impressionante. Quem já a viu “ao vivo e a cores” sabe bem do que estou falando. É sem sombra de dúvida um dos grandes marcos da cidade. Pergunto-me: para que insistir em modelos duros e feios se é possível optar pela plasticidade artística que irá, sem sombra de dúvida, valorizar e embelezar o espaço urbano? E não venham me falar aqui em altos custos pois todos sabemos de como estas obras na maioria das vezes são super faturadas.
 

Os padrões adotados nos viadutos (planos, lisos, sem vida) vem cooperar diretamente com o enfeiamento urbano. Ações simples e outras mais complexas poderiam ser aplicadas solucionando este elemento urbano.

Por falar em beleza plástica, entra aqui a arte urbana que pode ser inserida em grandes obras como também em pequenas intervenções. Estas podem ser através de ações paisagísticas, esculturas, grafites, iluminação pública e várias outras.

Seja no espaço urbano público ou ainda no privado, ações usando arte urbana beneficiam e muito o embelezamento urbano.

Praças, avenidas, viadutos, parques, prédios públicos e privados podem contribuir sim para este fim. Nas edificações particulares – grandes edifícios comerciais por exemplo – vemos exemplos belíssimos nas áreas de acesso ao mesmo seja com uso de fontes, esculturas ou qualquer outra intervenção. Aquelas laterais esquecidas de edifícios que estão sofrendo com a ação do tempo e o conseqüente desgaste também são excelentes telas para serem usadas pelos artistas da arte urbana.
 

A Ponte Estaiada em São Paulo, é um excelente exemplo de como a inserção de um elemento extra num projeto de um viaduto comum faz toda a diferença.

Além do embelezamento urbano não podemos nos esquecer da questão cultural que a arte proporcionará aos transeuntes que conhecerão as várias linguagens da arte. É através da arte que o ser humano formata o seu senso artístico, estético, inicia e amadurece o seu processo de análise e crítica que poderá ser aplicado no seu mundo real.

Um excelente exemplo de arte urbana usando esculturas é o trabalho desenvolvido por William Pye que já postei aqui no blog. Ele trabalha com a água como elemento principal de suas obras. Suas obras encontram-se espalhadas por vários pontos do mundo e são referências em embelezamento urbano. Além da plasticidade traz o benefício ao corpo por ser um elemento relaxante.
 

 Obra de William Pye. Movimento, leveza e beleza.

Um outro grupo que vem trabalhando com esculturas usando algum elemento base é o Colombo Construction Corp – também já apresentado aqui no blog. Eles trabalham esculturas usando o fogo como elemento principal. Usado com moderação e cuidados torna-se um belíssimo exemplo dada a plasticidade das chamas que dependendo da direção e força do vento, nunca repetirão a mesma forma.

O The Art Office  – também apresentado aqui no blog – trabalha com esculturas com materiais tradicionais porém fugindo das formas normais brincando com orgânicos, cores e texturas.

Ainda nas esculturas vi recentemente um belíssimo exemplo que é a do Anish Kapoor para o Millennium Park, Chicago. Trata-se de uma estrutura que imita uma gota de mercúrio tanto na forma quanto nos reflexos. Em seu reflexo podemos ver o skyline local e os transeuntes numa gostosa brincadeira que nos remete àqueles salões de espelhos, dos antigos parques de diversões.

Devemos também levar em consideração a questão do mobiliário e equipamento urbano como fator de embelezamento urbano. Hoje, os designers têm produzido produtos lindos e funcionais para este fim, mas percebe-se um certo comodismo por parte das administrações públicas em manter sempre o padrão comum nos projetos o que faz com que todos os espaços, apesar de algumas particularidades, acabem sempre com a mesma cara, o mesmo estilo. E por vezes, com orçamentos mais caros do que se fossem usados outros equipamentos novos, que visam à acessibilidade, sustentabilidade, embelezamento urbano.

Na área plástica em 2D temos o grafite onde vemos uma variedade de uso e aplicação cada dia maior. Não me refiro aqui à pichação. Grafite é bem diferente, onde vemos desenhos que geralmente nos remetem muito à arte POP, por vezes ao Cubismo e muitas vezes beirando o kitsch. É a arte das ruas com pitadas de um surrealismo fantástico. Por vezes o lúdico se faz presente numa deliciosa brincadeira entre a cena representada e o entorno imediato ou à realidade urbana. Talvez seja correto afirmar que o responsável por tornar conhecida e respeitada esta arte tenha sido Jean-Michel Basquiat.

O grafite sempre traz uma forte veia crítica, política e cidadã. É um manifesto público.

Obra do grafiteiro brasileiro Nunca na fachada do Taste Modern Museum.

Engana-se quem acredita ser esta forma de representação algo destinado apenas aos muros. Um de seus principais focos é trazer cor ao cinza-concreto predominante das cidades. Hoje vemos grandes paredes e fachadas de edifícios grafitadas. Recentemente o museu Tate Modern, de Londres, rendeu-se a esta arte e convidou seis dos mais renomados grafiteiros do mundo para realizarem intervenções em sua fachada. Dentre estes estavam dois brasileiros: Os Gêmeos e Nunca.

Ainda nesta linha temos também a Colagem utilizada na maioria das vezes em muros e tapumes de construções. Esta arte tem muito a ver com os designers gráficos uma vez que a maioria dos materiais são publicitários ou seja, cartazes de empresas, produtos, serviços. Mas também vemos constantemente aplicações de artes gráficas, imagens produzidas por computador ou à mão livre.

Nas ações paisagísticas temos os jardins, praças, parques e canteiros que podem ser trabalhados de diversas maneiras. Seja com flores, folhagens, fontes ou qualquer outro elemento, estas ações agregam ao ambiente a tranqüilidade e aconchego em meio ao caos urbano.

Já na iluminação pública podemos destacar as áreas como praças, parques e edificações que com um projeto adequado de lighting design passarão a contribuir e muito com o embelezamento urbano. Aqui não vale aquela iluminação comum que vemos por aí mas sim intervenções que se destacam seja na forma ou na cor, dentro do espaço urbano.

Duas imagens que demonstram bem como o uso da iluminação pública pode ser trabalhado de forma plástica e diferente, trazendo beleza e segurança ao espaço urbano. A primeira traz uma praça com uma instalação artística. A segunda nos mostra como o simples uso da luz pode transformar a estrutura seca e rude de um viaduto.

O uso de instalações artísticas usando a luz como matéria principal tem favorecido os espaços públicos com um belo efeito visual ao mesmo tempo que ilumina o entorno. Mas o uso da luz como ferramenta de embelezamento urbano não fica restrito às instalações artísticas. Ela entra também, e especialmente, na área do Light Design de fachadas. Nossas cidades são tristes por vezes porque temos ruas fechadas por edifícios mal iluminados. E não é por falta de arquitetura. Vemos prédios lindos totalmente apagados durante a noite.
 

Uma instalação com canhões de luz num passeio público.

No uso da arte urbana ou arte de rua, pode-se optar por um projeto fixo ou ainda abrir a oportunidade de uma rotatividade nas obras expostas dependendo do caso.

Portanto devemos olhar o espaço urbano como uma grande tela em cinza, crua, ainda a ser trabalhada artisticamente. Basta querermos.

Artigo escrito para a revista Mary In Foco.