Skyline

Dias atras estava conversando com um amigo sobre a elaboração de um evento. A conversa estava animada, divertida, com vários surtos criativos e idéias até que percebemos que para isso tudo acontecer necessitaríamos de um elemento básico: o skyline da cidade.

Este é um dos principais elementos de eventos deste tipo. Parei o carro numa região alta da cidade e, já ao entardecer, percebemos que, apesar de Londrina ser uma bela cidade, ter um skyline interessante, faltam elementos de destaque e tudo é muito chapado, quadradinho, parecido. Se olharmos atentamente e desconsiderarmos as cores das edificações, tudo é muito igual.

Pensamos então em outra cidade: Maringá. Lá existe aquela maravilhosa catedral em forma de nave espacial, existem também dois prédios que se destacam facilmente no skyline, e só…

Vamos a Curitiba então? Infelizmente esta verdade se faz presente até mesmo na “cidade modelo”. Lembro-me de quando morei lá que, ao voltar da faculdade ou do trabalho sempre tinha à minha frente o skyline central. E também é a mesma coisa: quadradinhos, retinhos, iguaizinhos…

Voltando a Londrina começamos a pensar na cidade e esquecemos do projeto. O que acontece? Até mesmo os mega lançamentos são todos, iguais, tem a mesma casca, é quadradinho, caixotinho, sem graça.

Para piorar, o skyline noturno é triste. Tirando as luzes das janelas, não se vê um projeto de Light Design que faça com que o empreendimento se destaque na paisagem urbana. A única coisa que vemos são os esqueletos fantasmagóricos refletidos na sobra da iluminação pública (péssima por sinal).

Por falar em iluminação pública, nem mesmo os parques, praças, monumentos e árvores recebem uma iluminação de destaque e acabam transformando-se em áreas de risco, tráfico e prostituição.

O que acontece?

O que passa na cabeça de quem faz este tipo de projeto?

Será que falta “o dedo e o olho” de um Designer?

Será que a capacidade criativa secou?

Será que isso é algum tipo de LEI imposta por alguma associação ou órgão que diz que TEM DE SER ASSIM, CAIXOTINHO, QUADRADINHO E SEM GRAÇA?

Aí resolvemos ir até o estacionamento do Shopping Catuaí onde temos uma bela visão da área dos condomínios horizontais da cidade. Crentes de que encontraríamos referências na paisagem noturna, nos decepcionamos. Novamente apenas luzes vindas das janelas e aquelas das ruas.

No outro dia tivemos de ir novamente ao shopping comprar alguns materiais e, novamente nos aproximamos do beiral que nos favorece esta visão privilegiada. Mas novamente a decepção foi enorme.

Até mesmo dentro dos condomínios de residências – que são individuais, cada um faz a sua como quer e pode – percebemos a tímida (pra não dizer nula) exposição de criatividade projetual. Isso tudo sem falar naqueles bem comerciais mesmo onde um mesmo projeto é reproduzido quantas vezes couber dentro do terreno.

O que parece é que nada se cria, tudo se copia, realmente.

A impressão é que os únicos pontos que valem uma pirada ao aplicar uma pitada de Design são as entradas e salões das áreas comuns.

Comecei a dar uma olhada geral no país e tristemente constatei que a criatividade realmente anda em baixa na arquitetura brasileira. O que vemos são projetos isolados, feitos por algum maluco que ousou romper o código de enfeiamento urbanistico vigente e que, por isso mesmo, não foi seguido pelos outros profissionais.

Quando vemos algo de inusitado, criativo, legal mesmo, geralmente este se encontra afogado, imerso num paredão de concreto sem graça, quadradinho, caixotinho… Logo, desaparece. Por algum tempo o projeto é festejado, elogiado, ganha prêmios, destaque e projeção e pensamos: dessa vez vai mudar algo.

Ledo engano…

Em São Paulo começamos a perceber algumas alterações neste sentido, especialmente às margens do rio Pinheiros e na região da Av. Berrini onde algumas construções estão saindo fora deste padrão.

Porém, ainda estamos longe de ter um skyline interessante como os de várias cidades estrangeiras.

Quem sabe um dia…

Quem sabe um dia numa outra geração…

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