Este final de semana tive aula da pós com o Guinter Parschalk – do Studio IX – no módulo de percepção visual.
Foi uma mega aula onde consegui entender algumas coisas nesse campo. Talvez por eu já atuar especificamente com lighting consegui entender perfeitamente o porque deste módulo e qual a sua aplicabilidade no dia a dia.
A maior dificuldade para quem trabalha exclusivamente com iluminação, especialmente fora dos grandes centros, é conseguir fazer com que os clientes entendam o que é o projeto de lighting e como ele ficará depois de pronto e instalado.
Fonte: OliverMedia
Num projeto arquitetônico ou de Interiores temos o recurso das maquetes físicas e virtuais onde os clientes conseguem sentir os ambientes e estruturas facilmente. Da forma arquitetônica, aos mobiliários, revestimentos, acabamentos, cores e texturas, tudo já é possível ser representado virtualmente hoje em dia através de programas de 3D.
No caso da iluminação, nem mesmo o AGI32 que é considerado o melhor software para iluminação é incapaz de traduzir em imagens o que virá a ser realmente o projeto depois de instalado e em funcionamento.
Por mais perfeita que fique a maquete ela não conseguirá demonstrar as características da iluminação de forma precisa. E nesse caminho, o cliente certamente terá uma concepção errada do projeto. Por exemplo: na imagem acima, certamente os efeitos de luz que vemos não são os proporcionados pelos equipamentos especificados. Podem estar próximos, mas não são efetivamente a representação do produto final real.
A luz é um elemento imaterial, não paupável. Você não a pega, não a sente tatilmente falando (salvo o calor). Imagine então um cliente que não tem a concepção estética e o conhecimento sobre iluminação que nós temos. Fica realmente difícil.
A luz é um elemento essencialmente sensorial. Uma vez que o cliente não a sente na hora que está vendo o projeto, dificilmente conseguirá entendê-la. Daí a dificuldade de entendê-la mesmo através de maquetes.
Então, o foco deste módulo de percepção visual foi, além de nos brindar com belíssimas imagens de projetos e produtos que utilizam os elementos da percepção visual (ilusão de ótica, falso tridimensional, etc), nos forçar a elaborar a apresentação de um projeto para ser apresentado a um cliente onde, através de imagens, vídeos, manipulação de equipamentos ao vivo e outros materiais de referência, este projeto se torne compreensível aos olhos do cliente. Que através desta apresentação ele consiga entender melhor o que será feito sem que percamos tempo batendo em cima de uma maquete que ele não vai entender, ou entender poucas partes.
Através desta apresentação, conseguimos levar o observador a criar a volumetria, perceber as texturas, ambientar-se no espaço e, perceber a luz de forma mais efetiva. Se esta apresentação for realizada em alguma loja de iluminação que disponha de um estúdio para demonstração melhor ainda pois assim ele terá a possibilidade de sentir a luz.
Um outro ponto que ele destacou foi a importância de pegar o cliente e sair dar uma volta noturna de carro. Passando por espaços que possuem projetos de lighting instalados, o cliente consegue entender melhor o que é o lighting design de fato. Quais as diferenças e vantagens deste em relação aos projetos de iluminação tradicionais.
Ninguém pode negar que em uma rua ou avenida, qualquer ponto de luz que destoe do entorno chama a atenção. Aqui perto de casa uma empresa colocou um projetor simples banhando uma palmeira de pequeno porte. A rua é bastante movimentada dia e noite e também bastante escura. No entanto, é impossível passar por aquele ponto sem olhar para a empresa durante a noite. Eu não sei do qual a área dessa empresa pois a placa está “apagada”, mas sei que ali tem uma palmeira iluminada de forma simples mas que a noite é um elemento surpresa numa rua escura.
Talvez venha daí a minha dificuldade em trabalhar aqui em Londrina: não existem projetos de lighting aqui, somente de iluminação. Não há referencial físico em lighting design aqui em Londrina e região. Com isso, quando os clientes me procuram, vem esperando um projeto de iluminação e quando apresento o lighting acabam ficando receosos. Por isso a minha atuação profissional ser essencialmente fora daqui.
Um outro ponto que acho até engraçado nisso tudo é que quando falamos da raiz cênica do LD eles de pronto imaginam aquele tipo de iluminação utilizada em festas de casamento, de 15 anos, bailes, etc. E não é fácil tirar isso da cabeça deles não…
Ao menos dos que não viajam para grandes centros.
Confesso que eu cometia algumas falhas sim nas apresentações dos projetos mas depois desse módulo creio que conseguirei demonstrar com maior clareza o que é e como ficará um projeto de LD.