Abaixo o Splash!

Este ia ser o tema de uma de minhas colunas futuras na revista Lume Arquitetura. Mas diante de alguns acontecimentos recentes resolvi cortá-lo da revista para dar espaço a um outro texto mais sério e contundente. Portanto segue aqui no blog o texto sobre o uso do “Splash” na iluminação.

Para quem não sabe, o termo “splash” é utilizado pelos designers gráficos para designar um elemento gráfico que os clientes deles (especialmente os comerciantes) adoram colocar em suas peças:

É isso mesmo… esse espirro que geralmente vem com inscrições como:

– Imperdível!

– Oferta!

– Grátis!

– Promoção!

Dentre outras palavras ou conjunto de palavras que sempre “puxam o olhar e a atenção do observador”. Não podemos negar que realmente chama, mas isso deve-se a vários fatores dentre os quais podemos destacar:

– busca do cliente pelo menor preço;

– aos olhos mais “esteticamente treinados”, pela bizarrice desse elemento.

Sim, é bizarro, feio, emporcalha e estraga o material. Em Design, um elemento mal planejado ou pensado pode estragar todo o projeto. É o caso do “splash”.

Mas o que isso tem a ver com iluminação? Simples, explico: costumo usar este termo para indicar aquelas aplicações de projetores que lavam as fachadas. Verdinho, lilás, azul, vermelho enfim, seja a cor que for deveriam proibir este tipo de iluminação.

Não, “splash” é bastante diferente do “wall-wash”. Splash estraga enquanto o wall-wash valoriza.

Mais que modismo, isso virou uma praga nas cidades. De empresas privadas a espaços públicos, temos assistido ao aumento vertiginoso deste tipo de aplicação. O resultado disso? O enfeiamento das urbes e o descaso com o meio ambiente. E, para piorar a situação, o “projeto” e instalação disso geralmente foi feito por algum eletricista. Mas tem também muito profissional de engenharia, arquitetura e design implantando este lixo pelas cidades.

Observem atentamente a imagem acima. Onde foram parar os relevos e detalhes arquitetônicos desta construção? Perceberam como a construção ficou “chapada”, esmagada pela luz que não valoriza sua volumetria?

Outro detalhe a destacar é o desperdício de energia elétrica e a poluição luminosa que este tipo de iluminação provoca. É só olhar a potência das lâmpadas normalmente utilizadas nos refletores e projetores  que promovem este efeito. Observe também a quantidade de luz vazando para fora do espaço iluminado e afetando o entorno.

Devemos considerar também o risco de acidentes aos usuários afinal, pela alta potência destas lâmpadas, a temperatura das luminárias é sempre muito alta.

Mais um péssimo exemplo do emprego do “splash”. Porém nesta mesma foto percebe-se um elemento interessante sobre o uso desta técnica: observem a parte mais colorida (azul/lilás). Aqui temos um excelente exemplo do que diferencia o “splash” do “wall-wash”: o posicionamento das luminárias e o direcionamento da luz.

Perceberam como a parte alta da edificação está chapada, lisa? E perceberam como na parte baixa conseguimos – mesmo à distância – perceber melhor seus relevos e formas?

Geralmente o “splash” vem de iluminação aérea (aquela instalada em postes pegando a construção de frente) mas não somente assim. É óbvio que qualquer elemento com volume perderá a sua percepção ao olhar pois as sombras desaparecerão. Já no caso de luminárias instaladas lateralmente ou no chão, o excesso de luz pode distorcer as formas.

É bem diferente deste caso:

Conseguem perceber como, apesar da explosão de luzes e cores, conseguimos perceber a volumetria e texturas das árvores? Isso é a técnica do wall-wash aplicada ao paisagismo.

Nesta outra imagem, conseguem perceber a textura do reboco da parede apesar da quantidade de cores? Isso é wall-wash.

Não há a menor necessidade de fazer uma construção explodir em luz para que ele fique perceptível ou bela à noite afinal, a sombra faz parte da iluminação e o olhar necessita dela para perceber as formas.

Assim, proponho com urgência o movimento ABAIXO O SPLASH!

Estações: Westfriedhof, Munich Germany

Ai, ai…

Quem dera chegue o dia em que possamos realizar projetos publicos como esse aqui no Brasil e que não sejam depredados.

Percebam como os arquitetos Auer – Weber trabalharam o light design e os resultados conseguidos.

É uma pena que aqui no Brasil, um projeto desses não dure mais que um final de semana ou uma saída de um jogo de futebol.

Civilização é outra coisa.

Yellow Goat Design Company

o Yellow Goat Design Company éformado por quatro Designers e que resolveram direcionar bastante o seu trabalho para um nincho específico: peças exclusivas.

Começaram criando peças para lojas, restaurantes, bares e com o tempo, e com suas peças caindo facilmente no gosto do mercado, passaram a desenvolver peças voltadas à residencias também. Há uma série de peças que hoje já são produzidas industrialmente e que pode-se encontrar a venda, apenas na Europa e EUA.

Estes são apenas alguns exemplos. Entre no site do grupo e delicie-se com os outros modelos.

 

Diagonal Hotel – Barcelona, Espanha

Os 240 quartos e demais espaços do Diagonal Hotel em Barcelona, Espanha foram projetados por Capella Architecture.

Percebam três pontos bem específicos:

– mistura de técnicas de Light Design e equipamentos variados

– mistura de materiais

– nas áreas comuns do Hotel, o uso das formas orgânicas.

 

 

 

 

 

 

Um belo projeto tanto de interiores quanto de lighting design.

Visite o site do hotel e conheça mais detalhes.

Softwares para LD

Existem hoje em dia uma variada gama de softwares específicos para o trabalho do Light Designer. Mas o profissional de LD também trabalha com alguns softwares comuns à outras áreas.

A base do projeto é toda desenvolvida no AutoCAD. Aqui é realizada a implantação, elevações, cortes técnicos, elétrica, enfim, toda a parte técnica necessária à implantação correta do projeto.

Já a representação 3D pode ser realizada com softwares como 3DMax ou ainda com alguns dos específicos para iluminação.

Nos softwares específicos temos vários modelos que são distribuídos nas seguintes categorias:

1 – projetos luminotécnicos – arquitetural e cênico
2 – calculadoras
3 – design de produtos – os já conhecidos.

A seguir, alguns exemplos de softwares para vocês:

LabLux

Profissionais de teatro, dança, fotografia, cinema e TV são formados anualmente em dezenas de escolas espalhadas por todo o país. Além da arte em que se envolvem, esses profissionais têm algo mais em comum: o palco. E palcos precisam ser iluminados.

Embora os próprios profissionais de iluminação gostem de dizer que seu trabalho tem muito de arte, eles estão certos de que, como os próprios artistas, eles precisam também de muito técnica.

Técnica que era difícil de ser ensinada e transmitida até bem pouco tempo atrás no Brasil, simplesmente porque os profissionais de iluminação não possuíam uma linguagem padronizada para montar seus projetos – cada um fazia seus desenhos e planilhas à sua maneira, o que dificultava muito a vida dos técnicos que deviam efetivamente montar a cenografia.

Foi partindo desta constatação que o pesquisador Valmir Perez, da Unicamp, decidiu desenvolver um programa cujo principal objetivo é facilitar a compreensão dos processos de execução do desenho de iluminação de palco e de captação de imagem.

O programa é de código aberto, de distribuição gratuita , e oferece também ferramentas para o desenho de plantas de movimentação de atores e de posicionamento dos cenários e adereços.

O LabLux é útil não apenas para profissionais de iluminação, lighting designers, fotógrafos e produtores, mas também pode ser utilizado por professores de iluminação em sala de aula, já que a ferramenta oferece a possibilidade de, através do passo a passo, contribuir para a compreensão do processo de desenvolvimento de um projeto de iluminação cênica em todos os seus detalhes.

DIALux 4.2

O software para cálculo luminotécnico DIALux foi atualizado para a versão 4.2, agora conta com interface mais fácil de importação de arquivo DWG, v. poderá agora também manusear o seu projeto em perspectiva e criar vídeos em formato AVI do projeto.

O programa é gratuito e pode ser feito o download clicando aqui (http://www.dial.de/download/dialux/download/4.2.0.2/DIALuxSetup4202.exe).

Se você não conhecia o programa, veja todas as funções que ele oferece desde os cálculos simples até os mais avançados cálculos, como luz natural e programação de iluminação. Outra grande vantagem é a biblioteca de curvas de luminárias de fabricantes.
Relux Professional 2007 – Cálculo rápido (Easylux)

O Relux Professional 2007 traz uma ferramenta para cálculo luminotécnico rápido, na qual é possível obter o resultado do cálculo com a distribuição das luminárias, seja ela configurada por iluminância a ser atingida ou por quantidade de luminárias no ambiente, tudo de uma forma muito prática.

Chamada Easylux esta ferramenta é muito útil para o dia-a-dia na comparação entre modelos de luminárias a serem aplicadas no ambiente, e é acessível através da tela inicial do programa, botão Relux Express >>> Interior ou através do menu Luminaires >>> Easylux…  A única limitação é a de não poder trabalhar com dois modelos por ambiente, o que fora do cálculo rápido o Relux faz normalmente.

O Relux Professional 2007 pode ser baixado gratuitamente no site do desenvolvedor www.relux.ch basta apenas um cadastro.

AGi32

Sem sombra de dúvida o melhor de todos os softwares para iluminação.

Seu preço é meio salgado – em torno de 1.200 dólares – mas os resultados são perfeitos.

Com interface de fácil compreensão, importa arquivos DWG facilitando o trabalho nos projetos que necessitam de vários softwares.
CalcuLux

Desenvolvido pela Philips, este software tem duas versões: Road e Área.

São na verdade, calculadoras específicas para auxiliar na hora dos projetos luminotécnicos.

*Este texto faz parte de minha apostila de LD.

Vantagens da luz – LD

Uma das grandes vantagens em contratar um profissional de Light Design, por um profissional devidamente capacitado e habilitado, é o aproveitamento da plasticidade e, dependendo dos equipamentos utilizados, o lado mutável, ilusório, lúdico que a luz é capaz de nos proporcionar.

Colocar-se diante do mercado, dizendo-se ser, como um Lighting Designer hoje em dia é fácil graças à web. Nela encontramos facilmente as características, fundamentos, discursos e entrevistas de profissionais reconhecidos e que ao lê-las, muitos acabam incorporando no seu discurso no dia a dia profissional. É o caso do trabalho em cenas de luz. Hoje não se ilumina mais um ambiente mas sim as possíveis cenas que nele podem ser montadas.

Porém, o grande diferencial entre um Light Designer e um iluminador é o seu conhecimento técnico e as aplicações não comerciais/comuns/usuais que vemos infinitamente repetidos nos projetos por aí. É a capacidade de leitura dos espaços, adaptar equipamentos, criar novos equipamentos quando necessário.

Muitas vezes, um projeto que um iluminador iria surtar para resolver além de ter um alto custo, um Light Designer consegue resolver num piscar de olhos. Observe as imagens abaixo da mesma fachada:

Perceba que não foi feita alteração alguma nesta fachada. Provavelmente, se um iluminador comum tivesse pego este projeto o cliente teria um alto custo com instalações elétricas, muitas luminárias espalhadas pelo plano, alto consumo energético e, muito provavelmente, ela se pareceria e muito com as fachadas vizinhas.

Já o Light Designer consegue ver além da fachada, colocar a sua pincelada artística e aplicar conceitos e equipamentos que para um iluminador comum é dificil conceber pela simples razão dele desconhecer equipamentos e aplicações.

Taí o que foi usado para esta fachada. Dois projetores de imagens, ligados a um software e só.

 

LEDS – LEDwaves

Eles estão a cada dia melhorando o uso dos LEDs para iluminação. Através de pesquisas, estão desenvolvendo produtos que cada dia mais transformam a iluminação.

Hoje já podemos tranquilamente trocar algumas lâmpadas comuns por LEDS sem prejuízo algum nas variáveis de um projeto de Light Design.

Os produtos abaixo são da empresa LEDwaves, só para vocês terem uma idéia.

Com esta, você substitui as halógenas de 15W.

Esta, pode ser usada no lugar das halógenas de 30W.

Estas substituem as incandescentes de 40 e 55W.

Opção para a PAR20 de 50W.

Opção para a PAR30 de 75W.

Poderosa: PAR38 de 120W.

Street Light: por ser modular, pode substituir desde luminárias com lampadas HQL de 80 a 400W para iluminação pública.

Vale lembrar que o uso dos LEDs nos projetos favorecem a eficiência energética pois o consumo é baixíssimo se comparado às lâmpadas convencionais além de ter uma vida útil mais longa.

 

Brincando com a luz

Tenho visto alguns lançamentos pela WEB bastante interessantes e vou compartilhar neste post alguns com vocês.

Que tal um céu estrelado particular?

Só seu, de ninguém mais… Ou ainda, quem sabe, no quarto de seus filhos?

Pois é! O Laser Cosmos faz isso por você. Trabalhando com laser verde e tecnologia holográfica promove um belo efeito estrelado em suas paredes e tetos.

Já para aqueles que não dispensam um som dançante nem mesmo na rora do banho, o Underwater Light Show é uma bela solução.

Com tecnologia LED alimentado por pilhas, é diversão pura na hora do sua banheira ou até mesmo dentro da piscina.

Se quer algo menos psicodélico, pode optar pela Rose Bath Lights:

Pode ainda optar para seu banheiro pelo LavNav:

Ou então na torneira com o Glow Flow Tap:

Calma, pra quem não tem banheira a opção é o LED Shower Light:

Adam Frank desenvolveu uma luminária usando um equipamento já antigo: as lamparinas a óleo. Porém usando e abusando da gostosa brincadeira de luzes e sombras chegou à Lumen.

Fiona Jean Thompson brincando com acessórios que bem poderiam ser herança recebida da vovó, criou o candelabro a seguir:

Potes com o sol ou a lua dentro?

Esta é a proposta de Tobias Wong. Alimentado por energia solar, basta deixa-lo em local ensolarado que, durante o dia o pote produz uma luz amarelo-alaranjado bem proxima à luz solar. Conforme vai escurecendo e chegando a noite, o pote vai assumindo o branco azulado característico da lua.

Já o Light Bench é a peça ideal para quem deseja dar uma cara nova, tecnológica e sustentávem ao seu jardim. Alimentado com energia solar, traz tecnologia LED RGB dentro de placas de policarbonato no assento e no encosto.

Que tal pegar seus convidados de surpresa com um rechaud feito de gelo?

Esta é a idéia do produto Mathmos Thaw. É uma base para vela daquelas redondinhas usadas normalmente em rechaud. Porém ele vem com uma forma interna (cilindro) que vai para o freezer onde a água formará a cúpula deste rechaud. Conforme a vela vai queimando, esta cúpula vai derretando e a água voltando para o interior da forma.

 

Não sei se estes produtos já se encontram à venda aqui no Brasil, se alguém souber ficarei grato pela informação!

Extensão CESUMAR – 2° semestre

Saiu a lista de cursos de extensão para o segundo semestre do CESUMAR.

Vou ministrar dois cursos:

CONTRATOS E DOCUMENTOS – COMO ELABORAR CORRETAMENTE

MINISTRANTE
PAULO OLIVEIRA
 
OBJETIVO GERAL
Conscientizar os profissionais sobre os principais pontos de atenção quanto a elaboração de documentos e a necessidade de que estes sejam muito bem elaborados.

CRITÉRIOS
Freqüência de 80%, participação e desenvolvimento dos trabalhos em sala.

REQUISITOS
Trazer os modelos adotados pela empresa para serem discutidos em sala de aula.

PÚBLICO ALVO
Acadêmicos, professores, profissionais das áreas de Design, Arquitetura e Engenharia e demais interessados.

VAGAS
30

CARGA HORÁRIA
16 horas/aula

AULAS
01 e 08|Novembro

INSCRIÇÕES 
http://www.cesumar.br/inscricao/inscricao/extensao/inscricao_form.php

AULAS
Sábados, das 8h às 12h e 14h às 17h30

INVESTIMENTO 
ALUNO DO CESUMAR 1x R$ 65,00
COMUNIDADE 1x R$ 75,00 
EX-ALUNO DO CESUMAR 1x R$ 65,00
FUNCIONÁRIO DO CESUMAR 1x R$ 65,00
PROFESSOR DO CESUMAR 1x R$ 65,00

DISCIPLINAS
ACOMPANHAMENTO E EXECUÇÃO
ADENDOS E ANEXOS (PÓS-CONTRATOS)
CONTRATOS – MODELOS E MODALIDADES
DESIGN – PRODUÇÃO OU DIREITOS?
ÉTICA CONTRATUAL
IMPORTÃNCIA E NECESSIDADE
INTERIORES, ARQUITETURA E LIGHT – EMPREITADA OU OBRA?
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
RISCOS

LIGHT DESIGN I

MINISTRANTE
PAULO OLIVEIRA

OBJETIVO GERAL
Apresentar o trabalho, mercado, campos de atuação, referências técnicas e metodologia projetual de um Light Designer.

CRITÉRIOS
Freqüência de 80%, participação e desenvolvimento dos trabalhos em salas de aula. Projeto final de curso.

REQUISITOS
Conhecimentos básicos de iluminação e AutoCAD.

PÚBLICO ALVO
Acadêmicos,professores, profissionais das áreas de Design, Arquitetura e Engenharia e demais interessados na área de Light Design.

VAGAS
30

CARGA HORÁRIA
48 horas/aula

AULAS
06, 13, 20, 27|Setembro, 04 e 11|Outubro
Sábados, 8h às 12h e 14h às 18h

INSCRIÇÕES 
http://www.cesumar.br/inscricao/inscricao/extensao/inscricao_form.php

INVESTIMENTO
ALUNO DO CESUMAR 1x R$ 180,00 
COMUNIDADE 1x R$ 200,00 
EX-ALUNO DO CESUMAR 1x R$ 180,00 
FUNCIONÁRIO DO CESUMAR 1x R$ 180,00
PROFESSOR DO CESUMAR 1x R$ 180,00 

DISCIPLINAS
APLICAÇÕES BÁSICAS E EFEITOS
EQUIPAMENTOS I – LÂMPADAS
EQUIPAMENTOS II – LUMINÁRIAS
EQUIPAMENTOS III – ESPECIAIS E TECNOLOGIAS
ESTUDO DE CASOS – OBSERVAÇÃO, ANÁLISE CRÍTICA E CONSTEXTUALIZAÇÃO
ILUMINAÇÃO ARQUITETURAL
ILUMINAÇÃO CÊNICA
INTRODUÇÃO AO LD
LIGHT EM EVENTOS – CÊNICO, SHOWS, EVENTOS DIVERSOS
LIGHT INTERIOR E EXTERIOR – COMERCIAL
LIGHT INTERIOR E EXTERIOR – RESIDENCIAL
NORMAS TÉCNICAS
SOFTWARES PARA LD

Festival of Lights – Berlin

É gente, a moda está pegando mesmo e agora é a vez de Berlin nos brindar com um uma nova edição do festival de Light Design, nos mesmos padrões da Luminalle e da Lumière…

Este já aconteceu duas vezes e agora, em sua terceira edição, será realizada entre os dias XX a XX de outubro de 2008.

A seguir umas imagens das edições anteriores:

Para saber mais: http://www.city-stiftung-berlin.eu/index.php

Leds Orgânicos

Já havia postado aqui, bem no início deste blog uma pequena matéria sobre isso, mas vale a pena “sugar” esta da revista ABCDesign.

 

Recebo muitas sugestões de produtos aqui para a revista. A maioria é legal, mas normal.

Quando recebi esta sugestão da OSRAM, achei bem mais interessante. Leds Orgânicos ou OLEDS.

Com uma nova composição para os diodos produtores de luz, os leds orgânicos mantém as qualidades de eficiência de energia, baixa voltagem e design livre de mercúrio, mas, além disso, possui algumas propriedades impressionantes: a fonte não é uma coleção de pontos de luz individuais, mas uma superfície uniforme geradora de luz.

“Será possível usar OLEDs como fontes de luz flexíveis ou transparentes”, garante Guilherme Sartori, gerente do departamento de Semicondutores Óticos da OSRAM. “Um OLED transparente em um telhado poderá transmitir luz natural ao interior da residência durante o dia. No entanto, à noite, quando ligado, fornecerá uma iluminação artificial fascinante”.

Outra diferença em relação à iluminação convencional é a fonte que gera luz. Graças à própria estrutura, será possível não apenas produzir OLEDs muito finos, mas também escaláveis, ou seja, manipulá-los da maneira que for mais conveniente.

Seria possível transformá-los em telas de televisão com poucos centímetros de espessura, ou algumas divisórias e paredes poderão ser substituídas por OLEDs na nova Era das luzes.

“Quando um funcionário de uma empresa quiser fazer uma reunião, por exemplo, poderá acender quatro paredes inteiras de luz no meio do escritório e criar uma mini-sala, sendo que as paredes serão coloridas e ninguém, do lado de fora, enxergará o seu interior”, exemplifica Sartori.

As possibilidades vão além. Estão em estudo aplicações para estas novas fontes de luz na indústria automotiva, criando uma perfeita integração de todos os elementos que compõe a iluminação dentro do pára-brisa.

Ou seja, bem interessante…

Hoje, a utilização desse material ainda não é viável financeiramentea, mas a empresa acredita mas em um futuro próximo essa idéia deve se difundir. Especialistas prevêem que o mercado deve valer milhões em 2015. Quem está dando o primeiro passo para a utilização do OLED é o designer Ingo Maurer.

Conhecido no mundo todo por utilizar a iluminação como obra de arte, o alemão apresentou no Light&Building 2008, uma das maiores feiras de iluminação do planeta, a luminária Early Futures, que tem formato de mesa e demonstra o enorme potencial dos LEDs orgânicos. Maurer utilizou placas com uma área de 132 x 33 milímetros para uma luminosidade de 1000 cd/m2 (candela por metro quadrado).

O tempo de vida da luminária é de aproximadamente 2.000 horas. Para Maurer, “a Early Future representa um estágio importante na transição do objeto abstrato para iluminação funcional projetada”. Não há mais dúvidas, os LEDs orgânicos vieram para ficar

Obrigada ao Rubens Nogueira (assessor da OSRAM) por ter conseguido as fotos!
Sugado: Revista abcDesign

Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira

Muita gente reclamou quando fiz meu primeiro post sobre a Ponte Estaiada de São Paulo. No entanto, se escrevi aquelas impressões foi pelo simples fato de ter observado uma imagem do teste de iluminação.

Teste de iluminação nem de longe quer dizer finalização da mesma. Todo o aparato é colocado para funcionar e os técnicos. junto com os Light Designers, fazem então os ajustes, a afinação da iluminação e, em alguns casos, como o da ponte, acréscimos ao projeto original.

Mas depois de tudo acertado, iluminação afinada e finalizada, realmente o projeto de Light Design está belíssimo e em muito pouca coisa lembra a imagem daquela outra foto postada noutro post.

Estive em Sampa mês passado e pude visitar a Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira. Tanto de dia quanto de noite ela impressiona pela sua imponência. É muito grande aquilo e conforme ia passando com o carro por sua pista ficava imaginando o peso total de todo aquele concreto. Confesso que dá um certo frio na barriga.

Agora que o projeto de Light Design está “fechado”, realmente aquelas sombras e elementos não iluminados que comentei foram corrigidos e percebe-se faces iluminadas corretamente e todas as formas da ponte.

Pena que na web ainda não existam imagens realmente boas da ponte. Mas na revista Lumière (ed 121) saiu uma matéria sobre o projeto com fotos dignas.

O projeto é do escritório Luz Urbana (Plinio Godoy e Paulo Candura)

Iluminação e Arte

Iluminar peças de Arte não se faz da mesma forma que ambientes residenciais ou comerciais. Obras de arte são objetos, em sua maioria bastante sensíveis, e devem ser tratadas com zelo e cuidados especiais.

Toda peça de arte é confeccionada com materiais que são frágeis, delicados. A mistura luz + material na maioria das vezes acaba em resultados desagradáveis se o projetista não tiver domínio e conhecimentos sobre os efeitos negativos da luz sobre materiais.

Este cuidado também deve ser tomado quando o projeto é para ambientes pois a luz estraga sim  os materiais sobre os quais é lançada. Quem é dono de lojas sabe bem do que estou falando: aquelas peças em exposição na vitrine que saem “queimadas” depois de um tempo em exposição.

Dias atrás um lojista daqui me chamou para uma consultoria em sua loja de colchões. Todas as peças estavam desbotando rapidamente e naquelas onde haviam fachos concentrados, percebia-se uma marca de forma circular exatamente onde o facho de luz incidia. As lâmpadas e luminárias utilizadas em sua loja estavam deteriorando os produtos.

Não é nada difícil encontrarmos até mesmo dentro de casa, bancadas de madeira ou pedras também com essas marcas, perda de brilho, ressecamento enfim, vários eventos que nos indicam que algo não está bom ou funcionando direito.

Se esse tipo de dano acontece em materiais como madeiras e pedras, imagine então o que a luz não é capaz de fazer com estofados, cortinas e especialmente com os objetos de arte, com as tintas, pigmentos, tecidos…

O que a maioria das pessoas não sabem ou não levam em consideração é o fato de que as lâmpadas emitem uma alta carga de raios UV, especialmente os UVA. Estes raios são nocivos a qualquer material –  até mesmo a nós tanto que usamos bloqueadores no verão. Porém, a moda e beleza de certas lâmpadas e luminárias acabam por direcionar facilmente ao erro projetual quando não se leva em consideração este fator ou até mesmo de técnicas e equipamentos que visam diminuir o efeito dos raios UV sobre as peças de arte.

É, refiro-me aqui ao mesmo raio UV do sol e que temos de nos proteger especialmente no verão.

Nas normas técnicas internacionais, os objetos de arte estão divididos em três categorias de acordo com suas características compositivas, porém vamos usar aqui uma outra mais simples:

Pouco sensíveis: metal, pedra, vidro, cerâmica, jóias e peças esmaltadas.
Nesses materiais não se aplica uma quantidade máxima de lux/ano, porém deve-se levar em consideração o calor radiante.

Moderadamente sensíveis: pinturas (óleo, tempera), couros naturais, tecidos com tinturas estáveis, chifre, osso, marfim, madeiras finas e lacas.
Para esses materiais já temos de observar que durante o ano todo as peças podem receber no máximo 150 lux (360.000 lux/hora/ano) e o calor radiado não deve atingir as peças.

Extremamente sensíveis: pinturas (guache, aquarela e similares), desenhos, manuscritos e impressos, selos, papéis em geral, fibras naturais, algodão, seda, rendas, lã, tapeçarias, couro tingido e peles e peças da história natural.
Para esse grupo, temos de usar no máximo 50 lux (120.000 lux/hora/ano) e também evitar o calor radiante.

O quadro abaixo (I) tipifica com maiores detalhes os tipos de materiais e os cuidados necessários.

Para cada categoria descrita acima, existe um nível máximo tanto de luz quanto de incidência de raios UV como se pode ver. Há também um tempo máximo de exposição anual que esses materiais suportam e que devem ser respeitados.

O calor radiante ao qual me refiro é aquela sensação de calor que temos quando paramos embaixo de uma lâmpada, especialmente dicróicas e ARs. Para verificar se a iluminação de sua obra está correta quanto a isso, basta colocar a sua mão sobre a superfície da mesma. Se sentir calor em sua pele, apague a luz e reveja o projeto luminotécnico, pois certamente a sai obra está sendo danificada pela iluminação.

Quem já visitou museus entende perfeitamente o que coloco aqui. Os museus tinham até um tempo atrás um período de visitação curto que mal dava para vermos tudo ou quando chegavamos a alguma peça, a mesma já está com a luz apagada. Isso se devia àquele tempo máximo de exposição anual colocado acima. (120.000 lux/hora/ano). Eles tinham de dividir essa radiação máxima anual pelo tempo de exposição diária. Assim chegavam ao tempo máximo de exposição possível sem que a luz viesse a danificar as peças.

Para entenderem melhor esta parte sobre lux/hora/ano vou colocar aqui alguns exemplos:

Uma obra em guache, da categoria Extremamente Sensíveis: ela pode ficar exposta com a luz incidente por no máximo 4 semanas/ano ou 12.000 lux/hora/ano.

Uma obra à óleo, da categoria Moderadamente Sensíveis: poderá ficar exposta 10 semanas/ano ou receber 42.000 lux/hora/ano.

Uma escultura em madeira, da categoria Pouco Sensíveis: poderá permanecer exposta à luz por 20 semanas ou receber 84.000 lux/hora/ano.

E um detalhe importantíssimo: os casos acima referem-se às normas para museus e galerias de arte onde a aplicação de filtros que reduzem a radiação UV são obrigatórios pela inexistência de equipamentos adequados.

Hoje, estes mesmos equipamentos utilizados pelos museus e galerias de arte estão num ponto tal de tecnologia que vemos alguns museus e galerias abertos praticamente 24 horas por dia. Esta mesma tecnologia pode e deve ser usada em residências e espaços comerciais onde existam peças de arte expostas.

Para uma melhor compreensão das novas tecnologias vou seccionar os equipamentos:

Lâmpadas (fontes de luz): hoje já dispomos de lâmpadas ou fontes de luz que não emitem a radiação UV. Porém são materiais ainda caros e na maioria das vezes tem de ser importados. As mais fáceis de encontrarmos são as dicroleds (dicróicas com leds) que tem emissão zero de UV. Mas a Osram está com uma nova linha de lâmpadas halógenas (linha energy saver) que tem emissão zero de raios UV e quase zero de calor. Há ainda a fibra óptica. Porém tem de ser aplicado na base (fonte de luz) um filtro.

Lentes: as lentes foram desenvolvidas primeiramente para colorir (disco de cor) e posteriormente para aplicações técnicas em museus (filtros). São discos que podem ou não alterar a cor da luz, mas que tem em sua composição – ou aplicado à superfície – uma camada de PVB que reduz ou bloqueia a radiação UV.

Luminárias: existem varias que já prevêem a instalação de filtros e lentes mas a maioria das comuns – estas que você tem em sua casa – não podem ser adaptadas para receber este tipo de complemento. Existem algumas que já tem em seu espelho refletor filmes ou outros revestimentos que absorvem a radiação UV.

É fácil percebermos que os museus e galerias estão mudando seus projetos luminotécnicos. Para um leigo pode parecer que o trabalho foi apenas estético, mas na realidade eles vem sendo desenvolvidos para eliminar os riscos às peças. Hoje os grandes museus e galerias tem optado pelo uso dos LEDs ou da fibra óptica seja por sua qualidade na reprodução de cores ou pela emissão zero de radiação.

E esta tecnologia toda já está disponível também para os espaços residenciais e comerciais.

Um fator muito importante que é preciso ressaltar aqui é que se o seu projeto luminotécnico não foi desenvolvido tomando estes cuidados procure apagar as luzes que incidem sobre as peças. Deixe para acendê-las apenas quando você recebe visitas ou, no caso de ambientes comerciais, aplicar um sensor de presença que fará a luz acender somente quando alguém estiver próximo à peça. Com isso você irá garantir uma vida mais longa à tua obra de arte diminuindo os riscos de perda ou dano.

Mas lembre-se que mesmo assim, a troca das lâmpadas e equipamentos normais por estes especiais é essencial.

Outro fator bastante comum são os reflexos que ocorrem sobre a superfície das peças. Este erro acontece já na fase do projeto onde o ângulo de incidência não foi corretamente calculado ficando muito acima ou abaixo dos 30° no caso de telas em paredes.

Já em peças tridimensionais temos de levar em consideração que a mesma necessidade de no mínimo três focos de luz para que a mesma apareça como realmente é. Se colocamos apenas um foco superior temos uma visão bastante dramática com pontos de muita luz e outros de sombra total. Se colocamos um ponto atrás da peça, ao observarmos pela frente veremos a silhueta da peça e perderemos toda a textura. Se colocarmos um frontal teremos uma frente acesa e o resto apagado com uma luz chapada que nos faz perder a sensação de volume.

O ideal neste caso é adotarmos uma iluminação triangular onde temos uma luz de fundo fraca, uma superior forte e uma frontal fraca que servirá para preenchimento. Ou então optamos pelo sistema utilizado em estúdios de TV onde temos a luz de fundo e dois pontos frontal-lateral que banhará a peça por igual porém sem deixar a sensação de chapada.

Uma outra opção é deixar o objeto de arte ser banhado indiretamente pela luz do ambiente sem ter um foco direto sobre o mesmo. E colocar um foco direto para ser aceso apenas quando há visitas, por exemplo.

Outra ponto muito importante que não posso deixar de ressaltar é a influência da luz sobre as cores. As lâmpadas tem duas características que precisam ser observadas neste ponto: IRC (índice de reprodução de cor e a TC (temperatura de cor). O IRC diz a capacidade de fidelidade na reprodução das cores dos elementos iluminados. Quanto mais próximo do 100 mais corretas e reais serão as cores do elemento iluminado. A TC diz respeito àquela tonalidade da luz que vai do amarelo âmbar (quente) até o branco azulado (fria). O ideal neste caso é utilizar uma lâmpada o mais neutra possivel, com TC proximo dos 4000K (kelvin). É a mais próxima da luz do dia. Com estes cuidados, o seu vermelho nao irá virar laranja ou roxo por exemplo.

Se você tem condições de alterar o seu projeto de Light Design faça-o o quanto antes. Caso contrário, procure uma consultoria com um profissional de Light Design para verificar como você pode diminuir os efeitos nocivos da luz sobre as suas obras de arte.

Saudações iluminadas!!!

Paulo Oliveira

 
Quadro I – Categorias Moderadamente Sensíveis e Extremamente Sensíveis

CAT 1 / Materiais: pastéis, cores sensíveis ou de origem desconhecida, aquarelas, guache, tintas de impressão, tintas orientais, papéis tingidos, objetos tingidos da história natural, fotografias coloridas antigas e polaróides, sépias, tintas amarelas e vermelhas de origem desconhecida e qualquer produto similar de origem ignorada.
ISO 1, 2 e 3 / Pigmentos: laca amarela, pretos complexos, tinturas vegetais e índigo em algodão, índigo em aquarelas, quercina, carmim, aquarelas em papel, açafrão, azul flor-do-dia, vermelho curtume.

CAT 2 / Materiais: polpa de madeira, papéis de baixa gramatura, fotografias com revelação a base de prata, slides coloridos modernos, cybachromes, fotografias coloridas da década de 90 em diante.
ISO 4, 5 e 6 / Pigmentos: tinturas tradicionais, vermelhão, amarelo índio, principais vermelhos brilhantes (carmim, alizarina e garança).

CAT 3 / Materiais: papel de jornal de ótima qualidade, tintas à base de carbono, grafite, carvão, pigmentos de terra (ocres, óxido de ferro), giz, lápis vermelho, marrom, preto, crayons, foto P&B, gelatinas fotográficas, processos fotográfico com banho de ouro, selênio e outros processos permanentes, plásticos, polietileno e resinas sintéticas.
ISO 7 e 8 / Pigmentos: aquarelas, guaches e pastéis modernos e de alta qualidade, cádmio vermelho moderno, ultramarino, amarelo, amarelo cobalto, índigo e garança em lã.

 

Texto desenvolvido a partir da apostila “Iluminação de Museus, Galerias e Objetos de Arte” do professor Luís Antônio Greno Barbosa, da Universidade Estácio de Sá – RJ.

 

Tira dúvidas – Light Design

Como estão ocorrendo vários comentários com dúvidas, mas estes ocorrendo em tópicos de assuntos diversos, resolvi abrir este espaço para que possam colocar suas dúvidas sobre Light Design em um só espaço.

começo transportando para cá uma dúvida postada por Kamila Rebeca:

“gostaria de saber como é feita a iluminação para expositor de jóias, sendo que se eu tentar colocar diretamente uma luz do teto ao expositor (de vidro) este não ficará bom, e a luz não irá iluminar como deveria. como se faz para que por dentro do vidro mesmo ou por pontos estratégicos as jóias fiquem bem iluminadas??”

 

Declaração para a Instituição Oficial da Profissão do Designer de Iluminação de Arquitetura

Em 27 de outubro de 2007, na cidade de Londres, Inglaterra, na sessão plenária da PLDC – The Professional Lighting Design Convention – Foi aprovada e proclamada a “Declaração para a Instituição Oficial da Profissão do Designer de Iluminação de Arquitetura”

O texto em língua portuguesa encontra-se abaixo e na coletância de arquivos do Laboratório de Iluminação, endereço http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Diversos/Declaracao_portugues_01.pdf
O endereço do site da PLDA – Professional Lighting Designers’ Association é o http://www.pld-a.org/31.0.html

Declaração para a Instituição Oficial da Profissão do Designer de Iluminação de Arquitectura.

Reconhecida e declarada em Sessão de Plenário da Convenção de Design de Iluminação Profissional (PLDC), em Londres, Reino Unido, a 27 de Outubro de 2007. A 27 de Outubro de 2007, a sessão de plenário da PLDC (a Convenção de Design de Iluminação Profissional) reconheceu e anunciou a Declaração para a Instituição Oficial da Profissão do Designer de Iluminação de Arquitetura, conteúdo que consta no seguinte texto. No seguimento deste marco histórico, a sessão de plenário apela a todas as associações, organizações e publicações, directa e indirectamente relacionadas com a Iluminação, para que divulguem o texto da Declaração, e para que a publicitem junto de todas as instituições educativas, escolas dos diversos ramos do Design e dos cursos de Arquitetura e Engenharia, bem como junto dos respectivos membros dessas associações e instituições.

Prefacio
Reconhecido que está, que são as qualidades especificas, o conhecimento e o saber, a perícia e a experiencia que constituem a instituição da profissão; Visto que o conhecimento sobre Luz e Iluminação, sobre as suas ferramentas, o seu controlo e manipulação se desenvolveu de forma complexa e diversificada; Reconhecido que está, que o impacto que a Luz tem nos seres humanos é do elementar senso comum, e que tem hoje bem mais ramificações para alem da área visual e perceptiva, complexa esta à partida; Visto que as responsabilidades daqueles que lidam com o Design e a especificação de Iluminação para o ambiente humano se desenvolveram de forma muito significativa, Assim e consequentemente, a Sessão de Plenário da Convenção de Design de Iluminação Profissional anuncia que a Declaração para a Instituição Oficial da Profissão do Designer de Iluminação de Arquitetura é um facto a ser oficializado por cada um dos Governos Nacionais e por todas as instituições internacionais que lidem com o reconhecimento de profissões e actividades independentes.

Artigo 1
O Design de Iluminação é a arte e ciência de Iluminar o ambiente humano. Designers de Iluminação são aqueles profissionais que têm a capacidade de aplicar esta arte e ciência a projectos, ajudando ao sucesso destes.

Artigo 2
O Design de Iluminação é uma profissão e uma disciplina distinta de todas as outras da área da Arquitectura, do Design de Interiores e de Equipamento, do Paisagismo, do Urbanismo bem como da Engenharia Electrotécnica.

Artigo 3
Os Designers de Iluminação são parte integrante do desenvolvimento do projecto de Arquitectura. Estes cooperam coordenando a sua actividade profissional junto das outras especialidades relevantes no mesmo projecto, actuando como garante do seu sucesso integral.

Artigo 4
Os Designers de Iluminação são responsáveis pelo design de uma parte do ambiente humano e assim responsáveis pela forma como esse mesmo design é apresentado e pelas suas consequências sobre o design de terceiros. São responsáveis pelo bem-estar das pessoas que usufruem destes espaços submetidos ao processo de design, pelo garante da forma adequada como se deverão sentir nestes espaços, pela eficácia dos utilizadores em levar a cabo tarefas de elevada exigência visual, bem como pela garantia de segurança, todas estas dentro dos limites de influencia que uma Iluminação submetida ao processo de design oferece, ao espaço e aos seus usuários, ou aos objectos iluminados e os seus utilizadores.

Artigo 5
Os Designers de Iluminação são tidos com responsáveis pela sustentabilidade do seu projecto de design.

Artigo 6
Os Designers de Iluminação não são parte da cadeia de fornecedores de um projecto de arquitectura, no entanto, estes tem uma forte ligação a este processo. Os Designers de Iluminação cooperam com todos os intervenientes desta cadeia, desde fabricantes, empreiteiros, representantes oficiais e instaladores, dentro dos limites do seu código de ética, com o objectivo de fazer beneficiar o utilizador final, o cliente e o projecto na sua totalidade.

Artigo 7
O Design de Iluminação tem todas as qualificações exigidas para o seu reconhecimento oficial. Este é leccionado a nível académico, é composto por massa critica de profissionais que o praticam, é sujeito a códigos de deontologia bem como a uma pratica profissional efectiva.

 

ABIL – Associação Brasileira de Iluminação

A ABIL – Associação Brasileira de Iluminação – é uma associação de cunho cultural e social criada para estimular o conhecimento da história da luz e divulgar a produção mundial das técnicas e arte de iluminar, priorizando a conservação de energia.

As ações da ABIL buscam orientar os profissionais e o público a utilizar os conceitos de uma melhor qualidade de vida por meio da iluminação adequada, respeitando o meio ambiente e economizando energia. Isto se aplica de maneira global, visando oferecer soluções em iluminação dentro de um conceito novo de urbanismo no qual o ser humano e o cidadão serão contemplados.

Entre as metas para 2008 estão a ampliação da atuação da associação no mercado e do número de associados, e enfatizar os projetos sociais promovidos pela associação tais como o ‘Luz Solidária’.

http://www.abil.org.br/

Expressão ou Impressão? De quem é a razão?

por Valmir Perez

Arte – palavra de significado controverso que sugere inúmeras polêmicas e discussões. Para uns, a arte é a aptidão de aplicar habilidades e conhecimentos na materialização de idéias. Para outros, apenas uma atividade do espírito humano sem sentido prático, ou ainda o conjunto de técnicas, regras e preceitos para a realização de uma atividade criativa.

O que significa esse termo para nós humanos que o utilizamos nas mais variadas atividades quando queremos exprimir, por exemplo, níveis e estados tecnológicos, tais como quando dizemos que o estado da arte dos aparelhos e equipamentos de cirurgia intra-uterina ainda não permitem determinadas intervenções? Ou quando dizemos que fulano de tal é um artista no que faz, ou que tal automóvel, equipamento, etc. são uma obra de arte? Nesses casos, não estamos subjetivamente sugerindo que a arte é a culminância da ciência e da técnica em determinada área do conhecimento?

Pois, se é assim, se essa palavrinha de quatro letras significa tudo isso, não seria então óbvio supor que seu estudo se fizesse necessário desde a infância? Que se aprendêssemos suas nuances, seus mistérios e suas técnicas desde a tenra idade não estaríamos mais preparados para enfrentar o mundo, uma profissão, uma carreira? Não seríamos mais livres no pensar e no agir?

E por que o estudo das artes na maioria das escolas brasileiras, sejam elas públicas ou particulares, é tão tímido, tão sem sal? Será que ainda não nos demos conta da importância da velha e sempre nova arte? Pois se grande parte da nossa evolução como seres humanos depende de como nossos sentidos visuais, táteis, auditivos, etc. apreendem o mundo, não estaria faltando alguma coisa em nossa educação? Em nossa formação?

A arte, para os artistas da luz

E para nós, que somos artistas da luz, o que significa essa palavra, esse conceito, essa coisa meio indefinida que preenche nossas vidas, atinge nosso humor alegrando nossos dias, que nos faz pensar sobre nossas existências de maneira mais profunda, que nos deixa impacientes, pensativos, lívidos, lacrimejantes e às vezes revoltados; o que ela nos diz, por que ela nos interessaria?

Penso que se nos interessássemos pela arte e por tudo o que ela pode “significar”, provavelmente nossa razão e intuição se fortaleceriam, pois sairíamos de um estado de passividade em relação aos acontecimentos, de um sono profundo que às vezes nos deixa entorpecidos, sem reação contra os absurdos da vida e da história. Sentiríamos a vida de outra forma, com mais amplitude e profundidade. Vivemos no mundo e, na maioria das vezes, não questionamos nem como as coisas são, nem por que são e muito menos para onde vão. Uma vida voltada ao ter e muito pouco ao “ser”.

Ao contrário do que muitos imaginam – e imaginam exatamente porque imaginam sem conhecer o que estão imaginando – o conhecimento e o envolvimento com a arte não transformam seres humanos em românticos babões. Essa visão distorcida é apenas um resquício do romantismo ingênuo que passou por aqui na época de nossos tataravôs.

No século XIX, a elite brasileira importava cultura européia, que chegando aqui se distorcia, aportando num país que acabara de sair do status de colônia e de apenas subserviência. A arte é muito mais abrangente, muito mais elevada do que apenas versos simplórios de amor platônico, que imagens bucólicas de casinhas de fazenda e que retratos de déspotas do poder.

Os movimentos artísticos e a evolução do pensamento humano

A arte é uma alavanca, uma ferramenta imensa de progresso. Uma alavanca que movimenta o peso da velharia, do que está mofado, abrindo portas, inclusive para que a ciência possa entrar num ambiente mais arejado – ou alguém duvida que a liberdade que temos hoje em nosso comportamento, vestimenta, vida sexual, etc. não foi conseqüência do movimento Hyppie das décadas de 60 e 70, que surgiu impulsionado pela música, que é uma forma de expressão e arte?

Falando sobre movimentos que balançam os espíritos e os fazem acordar de eras antigas, podemos pensar a iluminação como arte, pensar que ela também pode ser um instrumento de reflexão, assim como a arquitetura, que em determinados momentos históricos também contribuiu para que a letargia fosse dispersa, para que o mundo respirasse a acordasse em espaços novos, mais confortáveis, mais humanos.

Para falar sobre esse assunto, penso que primeiramente seria interessante entender que os movimentos na história da arte se apresentam com características senoidais; ondas que ora batem em praias de liberdade, ora em praias de escravidão, ora caem na escuridão da inquisição medieval, ora renascem trazendo de volta valores humanos. Ora a arte é engajada, politicamente atuante, ora tímida, alienada, suntuosa por fora e vazia por dentro.

Para dar maior embasamento, gostaria de situar os leitores num momento histórico das artes bastante decisivo, cuja relevância e reflexos sentimos até o momento. Época de grandes rupturas, em que as regras clássicas já não satisfaziam espíritos mais lúcidos. Estou falando dos movimentos que se iniciaram em fins do século XIX e início do século XX na Europa.

Dentre esses movimentos, dois deles se destacam por nos fazer perceber que a liberdade que encontramos na arte é única, e que, mesmo aparentemente opostas em suas visões e sentidos, grandes idéias sempre se complementam. Estou falando dos movimentos impressionista e expressionista.

Em uma rápida análise das características desses dois movimentos artísticos, podemos idealizar ao menos um pouco o que mentes e corações brilhantes desvendaram, desmitificaram e criaram para a posteridade. O que nos legaram e o que podemos fazer com esse legado para transcender por vez, o nosso tempo.

Um de um jeito, outro de outro

O que chamamos de Expressionismo é a arte alemã de fins do Século XIX e início do século XX. Seus dois maiores centros foram os Fauves (feras) na França e o alemão Die Brücke (a ponte). Os dois movimentos iniciaram suas atividades por volta de 1905 e acabaram por determinar a força que impulsionaria o Cubismo na França, por volta de 1908 e a corrente Der Blue Reiter (O cavaleiro azul), na Alemanha de 1911.

A corrente expressionista na arte pictórica surge como resposta de alguns artistas de cunho mais romântico ao movimento impressionista. O Expressionismo é a antítese do Impressionismo. A expressão é um movimento que vai do interior para o exterior; no Expressionismo o artista imprime sua emoção nos objetos, na criação. Já no Impressionismo o artista se vê absorvido pelo mundo externo, os objetos se imprimem em sua consciência e, por conseguinte, em sua obra. O artista se abre para receber as impressões externas e aplicá-las em sua arte.

Para melhor entendimento poderíamos acrescentar que, no Impressionismo, o artista se coloca numa posição passiva, de puro espectador passivo, o que sugere uma atitude mais sensitiva. Por outro lado, o artista expressionista quer deixar a sua marca no mundo, suas emoções transbordam em sua criação e os objetos ficam carregados com a sua vida interior.

A atitude expressionista é volitiva, chega às raias da agressividade, é a imposição do artista sobre o mundo que o rodeia. Interessante notar que mesmo que o artista receba passivamente a realidade (Impressionismo) ou se coloque em choque contra ele através de reações ativas, cujo movimento é centrífugo (Expressionismo), essas duas correntes de pensamento e criação se baseiam na realidade do mundo. São correntes essencialmente realistas. A possibilidade simbolista é excluída.

O sonho e as visões oníricas não são, de maneira alguma, objetos de atenção e discussão, nem do artista que passivamente se deixa envolver pela realidade externa e nem por aqueles que assumem a responsabilidade de influenciar o externo através de suas ações criativas. Nas palavras de ARGAN 1:

“O Expressionismo se põe como antítese do Impressionismo, mas o pressupõe: ambos são movimentos Realistas, que exigem a dedicação total do artista à questão da realidade, mesmo que o primeiro a resolva no plano do conhecimento e o segundo no plano da ação. Excluí-se, porém, a hipótese Simbolista de uma realidade para além dos limites da experiência humana, transcendente, passível apenas de ser vislumbrada no símbolo ou imaginada no sonho. Assim se esboça daí uma arte engajada, que tende a incidir profundamente sobre a situação histórica, e uma arte de evasão, que se considera alheia e superior a história. Somente a primeira (a tendência Expressionista) coloca o problema da relação concreta com a sociedade e, portanto da comunicação; a segunda (a tendência Simbolista) o exclui, coloca-se como hermética ou subordinada à comunicação, ao conhecimento de um código (justamente o símbolo) pertencente a poucos iniciados.”

Estudando mais especificamente a técnica e ideal dos impressionistas, percebemos que existia a busca pela captação do momento fugaz da natureza da luz sobre as formas, sobre os objetos, numa tentativa de recriar a “impressão” causada pelas luzes e reflexos captados pelos seus sentidos visuais. Pintavam diretamente sobre a tela branca, utilizando na maioria das vezes uma paleta de cores puras, através de pinceladas justapostas, criando alterações da cor percebidas como segundos e terceiros cromatismos.

Numa tentativa de fazer um paralelo entre a pintura e uma obra de iluminação impressionistas podemos supor que o iluminador terá que observar as luzes e reflexos da luz na natureza e nos objetos e recriar suas impressões dessa luz e reflexos na tridimensionalidade, através de fontes, equipamentos, filtros etc. artificiais, mas misturando matizes, formas, alterando ângulos de incidência, intensidade, luminosa, etc. Isso, embora seja apenas uma suposição e não uma regra, pode servir como um exemplo aproximado da técnica.

Já os expressionistas, cuja arte se deixa levar pelos reflexos instintivos, buscavam a subjetividade dramática, a explosão dos sentimentos através da deformação das formas, da utilização de cores irreais e agressivas, numa tentativa de dar “forma” aos medos, à solidão, à miséria humana, aos vícios. Em alguns casos, como o de Gauguin e algumas obras de Van Gogh, fazer transbordar a intensidade da natureza selvagem, dos instintos animais e dos povos primitivos. Na iluminação poderíamos, numa tentativa de exprimir esses ideais, usar os recursos artificiais projetando imagens distorcidas, com cores extremamente saturadas e inconvenientes, criando efeitos dramáticos e “misteriosos” através das sombras, etc.

Esses exemplos (e eles são isso mesmo: apenas exemplos e idéias particulares) não podem ser levados ao status de regra, mas servem apenas para criar na mente do leitor imagens aproximadas desses conceitos.

E eu com isso?

Mas o que isso tem a ver com a gente? Que interesse têm os designers de iluminação se os expressionistas botam a boca no trombone, e através de suas criações exprimem suas emoções latentes, seja através do jogo de contraste entre luzes e sombras, cores ousadas, deformando objetos e seres, enfim, colocando pra fora os sentimentos mais profundos, a alma em movimento nas obras?

E o que importa se, por outro lado, os impressionistas, esses cientistas da física e da cognição, esperam horas e horas até que a luz ideal encontre suas telas, misturando tintas “vivas” para enganar os olhos de quem vê o conjunto, pintando várias vezes o mesmo tema, em horas, dias, estações e anos diferentes, apenas para perceber e se impressionar com a luz?

Podem ter certeza que temos muito a ver com isso! Em nossas obras, expressas através das intensidades das luzes, cores, sombras, das deformações sobre espaços e objetos e tudo o mais que a iluminação “fabrica” com suas intervenções, criamos mundos que sensibilizam. Idéias subjetivas que se concretizam.

Sabendo disso, conhecendo os mecanismos, a mecânica, os princípios dessas técnicas, podemos movimentar essas forças emocionais, essas energias inteligentes, esses turbilhões de sentidos. Isso nos torna, também, responsáveis pelas interações com o nosso tempo, com a história presente e futura. Nesse caso, nossa responsabilidade aumenta, pois, podem ter certeza, não existe arte que não seja engajada, que não participe e não sobreviva de alguma crença.

Mesmo aqueles artistas que se dizem totalmente livres, e, de forma alguma engajados, já estão aí engajados numa forma de pensar e de agir. Em algumas épocas iremos encontrar artistas que pensavam dessa forma, e que achavam que sua arte estava acima de qualquer coisa que fosse mundana. Esses artistas contribuíram enormemente para a decadência moral e ética dos povos, por simplesmente pensar que a arte está sempre acima do bem e do mal.

Que negócio é esse de arte engajada?

Geralmente, quando se fala sobre arte engajada, já vem à mente das pessoas a idéia de que “artista engajado” é aquele que levanta a bandeira de uma idéia política e começa a pintar cartazes de propaganda, freqüentar reuniões às escondidas e falar mal do governo, qualquer que seja ele. Não é nada disso! Isso é outro preconceito que nasceu em algum ponto atrás, na história, e faz os mais reticentes fugirem da discussão. Pior ainda, faz gente inteligente se tornar avessa à atividade de pensar seu tempo, sua história e seu futuro.

Mas e daí? – questionarão alguns – o que é que eu posso fazer se meu trabalho como designer de iluminação é apenas criar beleza, conforto; é apenas criar luzes que irão iluminar os palcos, as exposições, as lojas e shoppings? Isso é um engano! Não criamos apenas beleza e conforto, como criamos também consciência estética, de harmonia, de respeito humano, ecológica em seu sentido mais abrangente; criamos e somos mesmo responsáveis por criar e contribuir na criação de espaços e ambientes mais humanos, de beleza estética em teatros, em espaços públicos.

Somos também responsáveis pelos recursos que nos são colocados à disposição, principalmente quando são recursos públicos, pertencentes ao conjunto da sociedade. Somos responsáveis se nos deixarmos corromper por esse dinheiro ou se nos tornarmos os que corrompem.

Na atualidade, onde os artistas da luz encontram o materialismo e o mercantilismo fortemente enraizados no dia a dia, acentuados pela visão do ganho pelo ganho, a pressão para um engajamento maior contra os absurdos da vida é muito vigorosa, mas não impossível de ser dissipada, pois a sutileza pode ser a nossa arma, nossa saída. A arte pode ser a saída. Nosso posicionamento ético é a melhor saída.

Pressões sociais, econômicas, políticas sempre existiram e ainda são muitas. Artistas de verdade sempre foram aqueles que, de alguma forma, quebraram algemas. Essas algemas possuem formas diferenciadas, dependendo da época e dos lugares elas podem ser políticas, religiosas, de preconceito estético, de preconceito racial, de preconceito econômico etc. Artistas de verdade sempre souberam nesses momentos de crise avaliar a importância de seus trabalhos. Dizer “sim” e “não” com a cabeça erguida, com a consciência à frente de seu tempo, com os olhos num futuro mais grandioso.

Impressionistas, como Monet, Renoir, Manet, Pisarro, Courbet; expressionistas, como Van Gogh, Edvard Munch, Gauguin e muitos outros, contribuíram fortemente para que hoje pudéssemos praticar a arte, qualquer arte, de forma mais livre. Esses homens, esses artistas, em suas épocas, tiveram que arrebentar as algemas que os mantinham e às sociedades, presas ao passado, aos preconceitos.

Seria injusto afirmar que os artistas impressionistas, cujas obras estavam mais focadas em problemas visuais e cognitivos, não estavam engajados, não lutavam contra essas pressões. Da mesma forma seria também injusto afirmar que expressionistas estavam mais preocupados com seus próprios problemas emocionais do que com os de suas sociedades.

Eram artistas engajados, que acreditavam que a arte clássica já não bastava para elevar os espíritos humanos, impulsioná-los a um futuro luminoso, mais livre. Lutaram por vezes batalhas terríveis, com perdas financeiras, familiares, passando por humilhações e muitas vezes vilipendiados por mentes contrárias à evolução dos povos.

O artista moderno

O engajamento do artista não está circunscrito apenas ao que ele defende como arte, mas ao que ele defende e acredita como direito à vida, à evolução, à busca de sociedades mais justas, como respeito a si mesmo. O artista contemporâneo, o artista da luz, da arquitetura, da pintura, ou seja, de qualquer arte, não deve pensar em engajamento apenas como questão de princípio ético, mas acima de tudo, e urgentemente, como questão de sobrevivência.

Fica fácil perceber que pela nossa própria insanidade, pela nossa própria ganância, pela nossa própria preguiça e desrespeito à natureza, estamos contribuindo seriamente para a destruição do planeta. Somos uma espécie ameaçada. Nossa maior ameaça é a nossa covardia em pensar que tudo pode ser resolvido sem a nossa participação.

Mas são nesses tempos de crise que as oportunidades de crescimento pessoal e humano são mais abundantes. Os poemas mais belos foram escritos à luz das velas, no silêncio da pobreza. As mais lindas histórias de amor acontecem em momentos de despedida e o heroísmo aflora aos sons ensurdecedores dos bombardeios aéreos.

Artistas de verdade não se deixam intimidar pelas situações, pelos riscos. Impressionistas e expressionistas somos todos nós, basta estar vivo, atuar no mundo, acreditar que o futuro nos pertence e que não está pronto, mas sendo construído diariamente por nossas próprias escolhas.

1 ARGAN, GIULIO C. Arte Moderna. São Paulo: Editora Schwarks Ltda, 2002. p. 229.

Valmir Perez
Lighting Designer
Laboratório de Iluminação
Unicamp
www.iar.unicamp.br/lab/luz
http://valmirperez.blogspot.com/
http://imprensanaprensa.blogspot.com/

Este texto foi originalmente publicado na Revista Lume Arquitetura n. 31 – especial de 5 anos.