Ha dois meses tive aula da pós (do IPOG) e dessa vez o módulo foi sobre a famigerada e odiada METEPE (Metodologia e Técnicas de Pesquisas).
Apesar do receio inicial geral da turma com relação à disciplina, conseguimos atingir um nivel bastante interessante nas propostas dos trabalhos desenvolvidos.
Entrei com três idéias para a Monografia e saí com cinco… Está difícil escolher pois são temas distintos e polêmicos dentro de áreas distintas do universo do LD. Mas este não é o foco deste post.
Foi interessante perceber como as pessoas tem dificuldade em focar um elemento dentro de um tema e, por vezes, resistem quando alguém tenta mostrar que não existe um foco e sim vários no que foi apresentado. Tentam se justificar e não prestam atenção no que está sendo apontado.
Pelas nossas profissões (arquitetura e Design) serem bastante criativas – e exigirem muito disso da gente – acabamos por “viajar na maionese” jogando tinta demais sobre a tela. No entanto, quando vamos escrever um artigo temos de ser extremamente específicos e focados. Interessante notar que nos outros módulos mais práticos isso não tina aparecido ainda na turma.
Vou exemplificar usando o meu grupo e o que aconteceu nele. Escolhemos como área, “Iluminação e Terceira Idade”. Na hora de recortar o tema foi um auê geral pois cada um apontava uma coisa. Da acessibilidade ao tipo de lâmpada com características menos danosas aos idosos, rolou de tudo:
– Segurança
– Acessibilidade
– Características fisiológicas dos idosos
– tipos de lâmpadas mais adequadas
– tipos de luminárias mais adequadas
– tipo de iluminação mais adequada
– efeitos psico-fisiológicos da luz na terceira idade
– adequação projetual de espaços voltados à terceira idade
Enfim, idéias não paravam de borbulhar em nossas cabeças. Mas analisando as idéias acima, começamos a perceber que mesmo assim, cada uma nos davam margem para vários focos, ou artigos distintos, que é o caso do curso.
Depois de horas debatendo, conseguimos focalizar em um problema e escolher um objeto:
Area:
Iluminação e Terceira Idade.
Tema:
Melhoria da qualidade de vida para pessoas da terceira idade através da implantação de iluminação artificial adequada em residências institucionais.
Imagem: joaobem
Parece ainda bastante aberto o tema não é mesmo? Porém, ele já está bem fechado e isso fica claro nos itens seguintes descritos no trabalho:
Problemas:
1 – Como trabalhar a iluminação artificial para as pessoas da terceira idade que já não tem a mesma percepção visual e espacial do jovem e do adulto.
2 -As necessidades de adequação do projeto de iluminação artificial para idosos visando saúde, segurança e bem-estar.
Hipóteses:
1 -A ausência de projetos de iluminação artificial específica para a terceira idade nas instituições.
2 -Os cuidados com o bem estar dos idosos e o desconhecimento sobre a iluminação adequada.
3 -O alto custo para implantação de um projeto de iluminação adaptado.
Objetivo Geral:
1 -Identificar as necessidades fisiológicas de idosos para que através da adequação da iluminação artificial possa melhorar sua qualidade de vida.
Objetivos Específicos:
1 -Verificar os pontos deficientes da iluminação artificial nos ambientes;
2 -Coletar dados para viabilizar a elaboração de projetos adequados;
3 -Demonstrar que o custo inicial para implantação de um projeto de iluminação adaptado para idosos tem retorno a curto prazo.
Metodologia:
Imagem: djibnet
Não entenderam nada? Claro, isso aqui é apenas uma cópia do powerpoint da apresentação. Vamos entender melhor como se daria este trabalho de pesquisa:
Dentro de todos os recortes que o grupo fez vinham ligados de uma forma ou de outra às questões sociais, especialmente aquelas ligadas a entidades assistenciais que carecem de recursos.
Ponto 1 – clientela:
Trabalharemos apenas com entidades não privadas e sim aquelas mantidas pelo estado (ou que o estado tenta manter).
Mas o que fazer?
O foco do curso é a iluminação, logo, recortamos mais ainda o tema especificamente em cima da iluminação e excluímos todo o resto. Qualquer coisa que não tenha a ver com iluminação estava em definitivo descartado.
Veja bem, o projeto de interiores existente é mantido, porém a análise fica sobre como a iluminação interfere e interage com este também,
Ponto 2 – O que fazer exatamente?
1 – Através de pesquisas bibliográficas, buscar elementos e dados para
2 – realizar uma avaliação da iluminação instalada no ambiente visando
3 – detectar erros, falhas e problemas buscando e propondo
4 – soluções e ajustes no sistema de iluminação que
5 – atendam as necessidades dos usuários.
Clareou?
Perceberam como conseguimos focar em um determinado problema?
Não?
Pois bem, o que isso quer dizer é que formataríamos – caso este fosse um projeto real – um modelo avaliativo para os sistemas de iluminação existentes especificamente nos espaços voltados a guarda e cuidados de idosos em situação de risco.
De posse destes dados coletados nessa análise, pode-se então seguir adiante para a proposta de melhoria através de projeto que vise atender as reais necessidades dos idosos usuários do espaço. Mas isso já não entra na proposta nem no artigo. É apenas um direcionamento para o trabalho pós-artigo. E também, por se tratar de um espaço mantido pelo estado, busca-se então no projeto, além do bem-estar dos usuários, elementos que visem ajustar o custo/benefício: um projeto de excelente qualidade, a baixo custo, de fácil manutenção. É a tão falada viabilidade econômica da gestão pública.
Entendeu agora?
Mas porque de ser assim tão fechado?
Porque no curso, a construção de artigos monográficos tem um limite de páginas. Então, se abrirmos demais o tema corremos o risco de falar sobre muitas coisas sem ser aprofundado em quase nada ou seja, muito blablabla para pouco resultado.
Houveram alguns casos de grupos que não conseguiram ser tão específicos e acabaram com seus temas dando margem para muitas suposições.
Outro ponto interessante foi a metodologia de avaliação utilizada pela professora Glaucia Yoshida:
Foi montado na frente da sala uma banca (duas mesas) onde cada grupo era avaliado por esta banca composta de 3 membros-alunos do curso. Inicialmente era esta banca que avaliava, inquiria, apontava problemas sobre os projetos. Após isso, abria-se para o restante da turma que quisesse fazer alguma pergunta. E a professora fazia as suas considerações finais.
Cada membro desta banca recebia um papel com elementos que deveriam ser avaliados no projeto:
1 – Tema (englobando a área e o recorte, se foi bem recortado)
2 – originalidade e execução (se é exequível, dentro da realidade, etc)
3 – apresentação (clareza na apresentação, firmeza nos argumentos)
Muito interessante a metodologia empregada pela professora Glaucia e os resultados obtidos.
Bom, é isso, finalmente consegui finalizar este post que estava aqui nos rascunhos desde o dia seguinte da aula.
Espero que os ajude.