É…
Depois quando eu digo que a mídia mais desinforma que informa tem gente que acha ruim…
Também quando digo que existem profissionais que para tentar parecer o que não são ficam inventando frases ou repetindo coisas óbvias perdidos entre palavras toscas e da moda, tem gente que surta e vem me xingar…
Ainda mais quando vejo gente de outras áreas falando sobre – e como se fosse – design, aí ferrou de vez. É um show de asneiras que merecem ser replicadas para mostrar o quão fúteis e desinformadas são algumas pessoas e, especialmente a mídia – que se diz especializada.
Sinceramente? Tô nem aí. Falo mesmo. Não me calo e tampouco me deixo amordaçar diante de absurdos.
Recebi uma newsletter hoje e creio que bastava apenas o banner. Teriam sido muito mais felizes. Mas não. No afã de querer mostrar-se imponente e importante, acabaram colocando no corpo da mesma comentários mais que desnecessários de profissionais de renome no cenário… midiático.
Nem vou me ater demais a comentar algumas partes, minha ironia já bastará.
“A tendência é conforto, qualidade e bem estar. É a opção por ambientes para serem vividos, com a personalidade do morador.”
Sério mesmo? Será que um profissional que afirma isso pode ser considerado realmente que é formado na área? Estranho, pois se assim fosse saberia claramente que esses elementos elencados acima não são meras tendências mas itens essenciais em qualquer projeto que prime pela qualidade e pela realização dos sonhos do cliente. Com uma frase assim, tenho pena dos clientes que que são forçados à engolir projetos que não refletem sua personalidade e sim a de um projetista qualquer que fica correndo atrás de “tendências” pra parecer “up” e “bunito” nas mídias… UAU!!!
Descobriu as américas!!! Merece um Nobel né gente!!!
Confesso que fiquei PANTONE 18-1537 depois dessa…
“(…)o equilibrio das dimensões estão em alta. Os espaços pequenos estão sendo bem aproveitados.(…)”
Impressionante!!!
Juro que de 18-1537 fiquei 17-1612 depois dessa….
“É forte a tendência por todos os materiais que dão sensação de conforto e bem estar, passando a sensação de praticidade. (…) Tudo o que gira em torno desse conceito é tendência: o de tornar a vida mais prática. (…) e que tragam essa sensação de conforto e bem estar. (…)”
Por acaso alguém aqui se esqueceu que o bicho homem já saiu das cavernas ha muito tempo e que isso não é novidade alguma? Que ha muito tempo a praticidade, conforto, bem-estar são intens imprescindíveis seja num projeto arquitetônico, num de interiores ou ate mesmo no de um hair “dezáine”??? Olhem a repetição do mesmo discurso dentro de um mesmo parágrafo…
PAREI!
Agora virei um belo exemplar do 17-1588 da cartela PANTONE.
“A funcionalidade e a integração dos ambientes são grandes tendências para 2011.(…)”
Tudo bem, integração de ambientes nem é tão velho assim, pois há cerca de 10 anos este conceito vem sendo aplicado. Mas a funcionalidade só está entrando “na moda” agora? Pra que serviram as aulas das disciplinas que tratavam sobre fluxograma, programa de necessidades ou coisa similar?
Tou de 18-5622, gostaram do modelito?
“(…) Hoje, mas do que nunca, procuramos o material de alta qualidade. (…)”
Só hoje? Aí ferrou de vez…
18-1012 na cabeça!
Pois é gente, é bem por aí. Desinformação pura e deslavada para quem quiser. É sem dúvida uma poderosa ferramenta promovendo a prostituição não só das áreas de arquitetura e design mas também de várias outras.
Já postei aqui sobre tendências em nossa área sendo bem realista com 99% do mercado. Seguir tendências não serve para realizar os sonhos dos clientes.
Nós, da área de Interiores, não somos modistas nem fashionistas #pelamordedeus!!!
Somos responsáveis pela criação de um lar ou de um negócio que, dentre tantas coisas, deve:
– ser durável;
– ser confortável;
– promover o bem-estar;
– e, principalmente, atender as necessidades fundamentais e reais dos clientes – e nao modismos impostos.
Também não podemos esquecer que o projeto deve refletir a personalidade do usuário e não do projetista ou de algum bam-bam-bam qualquer que fica por aí impondo modismos desnecessários e, muitas vezes, fúteis.
Tudo bem, entendo que novidades são sempre bem vindas seja numa nova cor de tinta, uma nova padronagem ou tipo de tecido e até mesmo naquele revestimento de última geração para móveis que acabou de sair do laboratório da NASA e que a indústria está desesperada para vender mas, calma lá gente. Isso tem cliente certo, não é para qualquer um e, nem todo mundo gosta dessas coisas.
Ecletismos, vintage, retrô e tantos outros nomes só devem ser aplicados se o cliente realmente gosta e se faz parte de seu estilo. Isso me lembra um trecho do livro “Terapia do Apartamento” (Maxwell Gillingham-Ryan) quando ele fala sobre os clientes que chegam com recortes de revistas dizendo querer exatamente aquilo. O que ele faz? Simples:
Primeiro o profissional deve buscar perceber do cliente o porque dele querer aquilo que deseja – se é por estar na moda ou por gosto mesmo – e, em seguida, permitir ao cliente apontar exatamente o que mais gosta no ambiente da(s) foto(s). Assim poderá captar o estilo deste cliente e, a partir disso, elaborar um projeto que realmente seja a “cara” dele, não das revistas da moda.
Quando isso não é feito, o projeto torna-se muitas vezes um terreno bem cuidado porém árido, impermeável, impessoal.
Por sinal, observem como estas tendências tem deixado os projetos com a mesma cara não é? Já pararam para analisar a mesmice que acaba predominando?
Inevitavelmente vem a dúvida: os projetistas estariam reféns de uma lógica tosca do mercado das tendências ou isso não passa de um mero ócio criativo?
Sem contar que isso também interfere de forma negativa em qualquer tentativa de regulamentação profissional de nossa área, mais que necessária e urgente hoje em dia.
Eu heim…
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