Atividades complementares – formação

Dando sequência aos posts relacionados à formação, gostaria de aprofundar um pouco mais aqui sobre um elemento que não é explorado pelas universidades.

Praticamente todos os cursos de Design de Interiores/Ambientes tem em sua Matriz Curricular as atividades complementares, porém estas ficam desconhecidas e/ou escondidas dentro dos ementários não possibilitando ao pré-acadêmico analisar corretamente sobre o que são, na verdade, estas. Já coloquei em outro post sobre estas atividades que, muitas vezes, estas não passam de “embromattion” para fechar a carga horária dada a dificuldade de se conseguir informações sobre o que estas vem a ser na verdade. Geralmente só descobrimos isso durante o curso.

Também tem este post a ver com o carater social que a nossa profissão deve ter já desde a formação e, através disso, além de formar profissionais mais conscientes de seu papel no mundo real – lembrando que este também é composto por pessoas de baixo poder aquisitivo que merecem ter uma vida mais digna e que a nossa profissão não só pode como deve ser utilizada com um carater social e não somente naquilo que aparece em capas de revistas – auxiliar aqueles mais necessitados com o que a nossa profissão puder alcançar.

Pois bem, as IES que oferecem os cursos de Design de Interiores/Ambientes possuem estrutura para estender estas atividades além de seus muros. É comum vermos dentro destas as incubadoras de empresas em várias áreas, menos em Design de Interiores/Ambientes.

No entanto, percebemos que a maioria dos cursos superiores exigem dos alunos o estágio. Então porque não aproveitar  uma idéia como componente curricular que atenda a esta necessidade trabalhando de uma forma socialmente responsável?

Os investimentos para isso por parte das IEs são baixíssimos se comparados aos benefícios sociais e retornos que a mídia pode oferecer.

Basicamente teríamos dois pontos de ação:

1 – desenvolvimento, acompanhamento e execução de projetos voltados a entidades assistenciais (orfanatos, asilos, centros de recuperação, hospitais, etc). Veja bem: não me refiro às casas de repouso e outras entidades particulares e sim aquelas públicas e filantrópicas que carecem de recursos de todos os tipos.

2 – desenvolvimento, acompanhamento e execução de projetos voltados às residências e comércios de populações menos favorecidas.

No primeiro caso, temos a oportunidade de desenvolver projetos que irão atender entidades filantrópicas e assistenciais buscando soluções para seus problemas funcionais através de intervenções no layout, mobiliário, iluminação, cores e texturas, paisagismo, higiene e bem-estar, etc.

Em asilos e orfanatos, por se tratar de ambientes onde os usuários permanecem o dia todo muitos por um longo período e outros até a morte, podemos entrar com ações que visem a melhoria da qualidade de vida dentro destes espaços buscando atender as necessidades de acessibilidade, higiene, segurança, fluxo e organograma, estética, conforto (térmico, acústico, sensorial) entre outros. Estas ações são necessárias para diminuir a sensação de prisão, isolamento, afastamento e rompimento dos laços familiares (abandono), rejeição, inutilidade entre tantos outros sentimentos e sensações ruins.

Nos hospitais, centros de recuperação e creches as ações são parecidas e as finalidades as mesmas, porém aqui, temos um ponto a mais de atenção que está voltada à saúde, pressupondo, assim, projetos mais específicos.

No segundo caso, dar atendimento às pessoas oriundas de classes menos favorecidas buscando soluções para melhorar a qualidade de vida delas e o bem-estar através de projetos simples com custos adequados aos seus orçamentos.

Sempre que vemos imagens dos interiores dessas residências percebemos a falta de noção espacial e de arrumação. Também é comum percebermos um sistema elétrico sobrecarregado, ou insuficiente, ou ineficaz assim como o sistema hidráulico. Além disso é comum percebermos as coisas amontoadas, armários sobrecarregados, falta de espaço para circulação, acidentes domésticos acontecendo rotineiramente por causa destes motivos.

Tanto em um como no outro, são intrínsecas as ações de conscientização e educação ambiental, higiene e saúde coletiva, segurança entre outros tópicos importantes na construção da cidadania e do cidadão.

Uma sala para atendimento/desenvolvimento/administração, uns três computadores para desenvolvimento dos projetos, suporte de mídia e/ou divulgação e um professor orientador. Basicamente esta é a estrutura que a IES tem de oferecer. Nada perto do que isso significa socialmente.

Um ponto a se destacar aqui é que não é difícil encontrar na indústria voltada para a nossa área, parceiros e patrocinadores para uma empreitada desse porte. De tintas e revestimentos, passando por mobiliários e chegando aos acessórios finais de decoração, são produtos fáceis de se conseguir através de patrocínios e parcerias afinal, responsabilidade social e ambiental estão em alta.

Eu particularmente adoraria pegar a responsabilidade de um projeto nesta linha pois não gosto de ações que visam arrecadar fundos que eu não sei como, onde e se serão realmente e corretamente utilizados. Prefiro agir, fazer. Isso faz parte de mim. A necessidade de fazer algo pelo próximo e não simplesmente pagar para que outro o faça por mim.

Ao pessoal que está no meio acadêmico fica aqui uma dica: conversem com seus professores e coordenadores de curso para viabilizar isso na sua IES.

Todos tem a ganhar com isso seja o discente, o docente, a IES, os parceiros e, principalmente, aqueles que realmente necessitam de ajuda.

O desenho do produto e o desenho do espaço

* Yvonne Mautner

A idéia deste ensaio é construir relações entre a produção de mercadorias e a produção do espaço urbano. Para isso, explorei as contradições entre as propostas de apropriação coletiva de parcelas do espaço da reprodução – a moradia – relativas às atividades domésticas tradicionalmente incorporadas à moradia, e a reapropriação individual delas por meio da utilização de equipamentos domésticos produzidos industrialmente. O movimento modernista alemão mostrou-se um campo fecundo para estudo destas contradições ao se projetar mundialmente por meio de nova linguagem formal tanto para a produção industrial dos objetos como do espaço.

A disputa entre o espaço coletivo e a mercadoria no modernismo

Dos produtos industriais, o que mais diretamente foi associado a mudanças na estruturação do espaço urbano, é, sem dúvida, o automóvel. A moradia como produto industrializado que deveria, como aventavam arquitetos modernistas, ser produzida em série como o automóvel, não chegou a cumprir este destino, devido às peculariedades de seu processo de produção (1). Porém, de forma bem mais sutil que o automóvel, os equipamentos que povoam o interior da moradia também concorreram para as resultantes espaciais das cidades contemporâneas.

As propostas dos arquitetos do movimento modernista alemão aliaram os resultados do avanço técnico-científico das primeiras décadas do século XX ao projeto de uma nova ordem social, fermentada nos anos conturbados da República de Weimar, dando início em larga escala à industrialização da construção e à racionalização do desenho do interior da moradia. Estruturaram no espaço externo da habitação uma dimensão coletiva (2) do cotidiano que, por um lado, deslocava do seu interior algumas atividades e equipamentos (3) (lavanderia, lojas cooperativas, creche, jardim de infância) criando, por outro, no exterior das edificações dos novos conjuntos habitacionais, espaços para as atividades esportivas e de lazer (ver nas imagens ao lado a planta de Bruchfeldstrasse e afoto de Westhausen).

O projetar pelo e para um coletivo não foi apenas uma metáfora, os arquitetos envolvidos tiveram de fato seus interlocutores: os sindicatos, que desempenharam um papel importante no delineamento e execução das políticas habitacionais do entre-guerras na Alemanha. Em 1924, o sindicato operário ADGB, o sindicato de empregados AFA-Bund e o sindicato dos funcionários ADB fundaram uma Sociedade Anônima para o Alojamento dos Operários, Empregados e Funcionários: a DEWOG, que passou a ser a promotora de operações de habitação social, pública, tendo sido a própria construção assumida por organismos de origem sindical (4) (Kopp,1984:43).

Esta nova dimensão coletiva que se imprimiu na organização espacial de vários dos conjuntos de habitação social implantados por arquitetos modernistas em Frankfurt, Berlim, Stuttgart e outras cidades alemãs, estabeleceu-se paralelamente ao extraordinário desenvolvimento da indústria de bens duráveis no entre-guerras (que se afirmou definitivamente no pós segunda guerra, nos Estados Unidos e Europa) (5).

A difusão destes bens duráveis, contribuindo no interior de cada moradia para a simplificação e redução do trabalho doméstico, acabaria por diminuir a importância dos espaços projetados para uma “intensa vida associativa fundada em equipamentos coletivos”. O movimento na direção da “des-domesticação” e coletivização de tarefas caseiras, levando à outra divisão de trabalho entre o homem e a mulher e a novas propostas espaciais urbanas, engendrado ainda no século XIX por utópicos socialistas e por militantes feministas (Hayden,1981) acabou sendo interceptado, pelo processo de generalização da forma mercadoria, isto é, pela gradual predominância dos valores de troca sobre os valores de uso na organização da produção, penetrando também no âmbito da própria reprodução (6).
Parte do trabalho passaria a ser realizado individualmente no interior de cada moradia (resultado do aprimoramento e difusão dos aparelhos e gadgets domésticos) e parte passaria, com o tempo, a se constituir em mercadoria comprada no mercado de serviços.

Liselotte Ungers (1983) em seu livro A procura de uma nova forma de morar, Siedlungen dos anos 20, ontem e hoje, relativiza o impacto das novas propostas dos modernistas alemães se comparadas àquelas dos arquitetos soviéticos:

“O projeto das plantas das moradias dos conjuntos (Siedlungen) modernistas não era tão revolucionário a ponto de erigir um ‘novo homem’ para habitá-las. Não se foi tão longe, como na mesma época, os arquitetos e planejadores soviéticos, que de acordo com seu ideário político, queriam reduzir a unidade habitacional a dormitórios e um nicho de cozinhar (Kochnische), enquanto todas outras funções como cozinhar propriamente dito, comer, lazer, formação e educação eram retirados da esfera individual e colocados sob responsabilidade social. Desta forma intentava-se preparar o caminho para o socialismo e, ao mesmo tempo, dar condições de liberar a mulher do trabalho doméstico para incorporá-la ao processo produtivo” (Ungers, Liselotte,1983:224)

A cozinha de Frankfurt, desenhada por Ernst May e Grete Schütte-Lihotzky, “onde os equipamentos de cozinha transformados em produtos industriais farão sua entrada na habitação mínima da nova arquitetura” (Kopp,1990:56), é ao mesmo tempo o desdobramento de experiências anteriores (7) e a instauração de um modelo de cozinha que passará a ser adotado, com variações locais, como solução de projeto universal para a simplificação dos serviços domésticos. E, longe de constituir um ‘projeto revolucionário’, no sentido das experiências dos arquitetos russos, propõe a fusão de um novo espaço com o potencial de recursos oferecidos pelos novos equipamentos produzidos industrialmente para o interior da habitação (a seguir a ilustração do ‘novoespaço’ e da cozinha de Frankfurt):

“No projeto da habitação mínima os arquitetos não se limitaram a reproduzir em dimensões reduzidas as habitações tradicionais, pelo contrário, desenvolveram em parte devido a novas determinações técnicas, uma nova proposta de espaço. Pode-se dizer que eles partiram menos de premissas ideológicas radicais do que de conceitos de igualdade social: “moradia racionada” (Ration Wohnung) para todos, procurando enfrentar as limitações materiais através da racionalização da construção, planejamento cuidadoso, estética gestáltica, que respondessem à sua tarefa em seu tempo. Essas habitações exigiram dos moradores mudanças em suas práticas cotidianas – seja devido à nova e desconhecida organização do espaço, seja pela necessidade de mobiliar os pequenos cômodos com móveis leves e modernos em vez dos móveis “burgueses” aos quais estavam acostumados” (Ungers, Liselotte, 1983:224)

Esta ambigüidade resultante da incorporação simultânea nos projetos modernistas de ideais socialistas e dos resultados do desenvolvimento capitalista é discutida por Tafuri, em Projecto e Utopia (1985), enquanto parte integrante de uma contradição mais geral na produção intelectual e arquitetônica na Alemanha no período entre-guerras. As Siedlungen são consideradas utopia realizada, porém alheias aos processos de reorganização global da produção: ilhas ordenadas e organizadas (mortas) em meio à vitalidade da produção de um novo espaço metropolitano. A produção intelectual, por sua vez, estaria permeada pelo diálogo com o capital  (abstração tecnológica e sujeito produtivo universal) ou com as massas (abstração revestida de significado ético). No confronto das forças sociais atuantes no período (socialistas, social-democratas e liberais), convivem projetos coletivos e de expressão individual ou tradicional, e ainda no mesmo período, assiste-se ao movimento de incorporação dos princípios socialistas à economia capitalista:

“O contra-ataque capitalista … assume para si e redefine os elementos fundamentais da estratégia ‘socialista’. Socialismo como acumulação acelerada, reconstrução industrial, intervenção estatal no ciclo econômico, mas sobretudo como defesa do trabalho vivo (…). O Sozialismus do grande capital alemão entre 1918 e 1921, garante assim uma relação orgânica, no concreto, com a organização operária, política e sindical. E é inevitável que esta fase seja inexoravelmente abandonada quando, destituído qualquer perigo de organização autônoma a nível operário, o capital possa reassumir diretamente a gestão e a organização social do próprio ciclo”. (Cacciari, Massimo (1972) Sur probleme dell’organizzazione.Germania 1917-1921, Marcilio, Padua, in Tafuri,1985:51).
O processo associado de suburbanização e produção em massa nos EUA

Nos Estados Unidos, durante a ascensão da ‘cidade capitalista densa’ (8) (1870 a 1930), que conjugou, o aumento da concentração da população urbana e constantes inovações tecnológicas, o movimento das ‘feministas materialistas’ (material feminists) viveu sua época mais ativa. As campanhas pelo trabalho doméstico socializado e remunerado (1868) foram concomitantes à promoção pelos arquitetos de espaços urbanos residenciais coletivos nas cidades do Leste por meio dos primeiros edifícios construídos para as classes alta e média, como também de edifícios modelo, os tenements, para os pobres. Hayden aponta em seu livro, The grand domestic revolution (1981), o impacto poderoso dos agentes do processo combinado da suburbanização e da produção em massa sobre as concepções de cidade dos movimentos de vanguarda de urbanistas e feministas, que caminhavam para propostas de reorganização urbana bem distintas da casa isolada nos subúrbios das cidades. O início dos anos 1920 assistiu à miniaturização da tecnologia de grande escala desenvolvida para hotéis, flats, restaurantes e sociedades cooperativas de serviços domésticos, que incorporaram à arquitetura equipamentos coletivos como os compartimentos de refrigeração, aspiração de pó, e sua transformação em mercadoria a ser “plugada” em tomadas suburbanas.

Estes movimentos de vanguarda foram desgastados por anos de lutas e perseguições e campanhas de difamação (red-baiting) e terminam vencidos pela implantação das políticas habitacionais contidas no Relatório da Comissão Hoover (1931): Home Building and Home Ownership  apoiadas por construtoras, banqueiros e industriais, e que advogava propriedades residenciais suburbanas unifamiliares. Na década de 1960, os subúrbios já continham uma porcentagem maior da população urbana nacional que as áreas centrais. Na década de 1970, sete em dez famílias moravam em casas unifamiliares (Hayden,1981: 9 e 25), base do consumo individualizado de automóveis e de todos os equipamentos domésticos. Vale a pena citar uma passagem de Kenneth Jackson (1985), relatando como, na recessão entre 1929 e 1933 (onde cai de 95% a produção habitacional), era mantida a visão da casa própria para o povo americano, por meio das campanhas dos programas hipotecários da Federal Housing Administration:

“A ‘casa modelo’, em particular, tornou-se um objeto de marketing popular, especialmente mais para o fim da década. Cada novo loteamento e casa modelo dos subúrbios, geralmente incluía uma casa ideal, escala um para um, repleta com os últimos equipamentos domésticos. Em 1935, a General Electric Company financiou um concurso de arquitetura para uma pequena habitação unifamiliar. Aos 2.040 participantes era requisitado listar os equipamentos da GE a serem incorporados ao projeto; um dos arquitetos propôs 76 aparelhos” Jackson1(1985) :187.

O modelo de urbanização americano, de multiplicação de subúrbios, baseado na casa própria, isolada em bairros residenciais, e no automóvel, será a base perfeita para receber a produção acelerada de equipamentos domésticos empreendida pela grande expansão industrial do entre e pós-guerra. A implantação da casa própria suburbana, enquanto política nacional de habitação nos Estados Unidos, ofereceu uma idéia do pós-guerra I à sociedade do pós guerra II. Parcelamento do preço e dedução de impostos, oferecidos pelo Estado a proprietários de casa própria na era do pós-guerra II, derrotou históricas aspirações feministas, porém, possibilitou o grande boom dos construtores especulativos, dos produtores de eletrodomésticos e de automóveis. As mulheres tendo sido expulsas dos empregos assumidos durante a guerra, passaram para a nova vida de esposas suburbanas contribuindo para o aumento da taxa de natalidade e o consumo de massa. Empresas construíram milhões de casas unifamiliares, sem cuidados de implantação, de provisão de espaço comunitário ou de participação de arquitetos nos projetos. Estas casas eram verdadeiras caixas a serem entupidas de bens de consumo produzidos em massa (Hayden,1981:23).
Capitalismo luterano ou indomado?

O embate entre uma produção industrial “planejada” e o livre rolar das forças do mercado, que se materializa na guerra ideológica entre a União Soviética e os Estados Unidos, respectivamente, após a Segunda Guerra Mundial, será um profícuo campo de debates sobre qual deveria ser a amplitude e natureza desta produção.

O interesse em mencionar esta discussão, mesmo se de forma breve, deve-se ao fato de ela não ter repercutido ao longo deste século somente no campo das políticas econômicas, porém de ter penetrado também no âmbito da formação de quadros técnicos para a produção de mercadorias e do espaço urbano. O próprio princípio da economia de materiais, do desperdício consumista e algumas premissas dos atuais movimentos ecológicos ligadas à organização da produção já eram questionados no início do século XX. A discussão se abrigava muitas vezes no confronto entre a “racionalização”, o utilitário (necessários aos projetos sociais) e a “liberdade criadora”, a arte, (refúgio único da expressão individual), mantendo em esferas separadas o princípio modernista de reprodutibilidade e socialização da arte e o da diversificação para a “individualização” do consumo (9).

Ainda antes da Primeira Guerra Mundial, o problema da produtividade industrial era abordado na Alemanha por meio da racionalização e tipificação dos objetos a serem produzidos em série (10). Na mesma época, nos Estados Unidos, o problema era colocado de forma diversa: a produtividade era considerada na totalidade do processo produtivo, isto é, por meio das relações entre a organização científica do trabalho na fábrica e a configuração formal do produto. Ford (1863-1947), por exemplo, estudou a cadeia de montagem em função do modelo “T”, e vice-versa, em um processo que resultaria na primeira grande vitória da produção em massa, e por quase um século, permaneceria o epítome do capitalismo “moderno”.

Em 1907, Muthesius (1861-1927) faz a famosa conferência sobre A Importância da ArteAplicada (Die Bedeutung des Kunstgewerbes) na Escola Superior de Comércio de Berlim. Nesta época o Kunstgewerbe alemão ainda seguia as modalidades formais dos estilos decorativos herdados da tradição e gosto da era vitoriana: neo-egípcio, neo-grego, neo-gótico, neo-chinês, neo-renascentista etc.
 
Muthesius atribui os sucedâneos e imitações às “pretensiosas atitudes de parvenu” de uma determinada classe social, a dos “burgueses melhor situados”, obcecados pelo desejo de “aparentar mais”. Muthesius observa, portanto, assim como o fazia também Veblen (10), os objetos de um novo ponto de vista: associando-os a uma classe; expõe também, na mesma conferência de 1907, implicações de ordem econômico-produtivas: “…gasta-se (mal) antes de mais nada, um colossal patrimônio nacional em matéria prima, agregando-se a ele um trabalho inútil”. Um ano após, Loos (1908) usa praticamente o mesmo argumento para negar a legitimidade a todo objeto decorado:  “A ornamentação é força-trabalho esbanjada, e portanto saúde mal gasta… Hoje em dia isto significa também material mal gasto e por último, capital esbanjado”. (12)

Discursos similares ao de Muthesius adotam também outros artistas e arquitetos, como Behrens (1863-1940), R. Riemerschmid (1868-1957), Schumacher (1869-1947). Estas e outras adesões fizeram nascer em Munique, em 1907, uma nova associação, o Deutscher Werkbund, cuja finalidade era a de estabelecer no trabalho industrial uma contínua colaboração entre indústria, arte e artesanato. Em 1914, Muthesius e Van de Velde tornam-se oponentes no Werkbund, o primeiro defendendo a racionalização e tipificação e o segundo “a liberdade criadora do artista”. O conflito entre a desconsideração e a necessidade da norma que disciplina a dinâmica produtiva, entre a Konstanz (constância) e a Veränderung (mudança) ainda estará em discussão no Werkbund suiço em 1954 (Maldonado,1977).

A importância desta discussão, é que seus protagonistas prevêem nela a aproximação de uma encru¬zi¬lhada no capitalismo moderno: “a produção industrial apontará para a disciplina ou turbulência do mercado? ela se dirigirá a um aprofundamento controlado ou a uma expansão incontrolada? para uma estratégia de poucos ou de múltiplos modelos de produtos?” ( Maldonado,1977:39-45).

O histórico de Maldonado sobre a discussão do início do século, a respeito da hegemonia da técnica ou da arte, da “norma” ou da “liberdade” nos produtos industriais que vão formar a cultura material de uma sociedade, mostra os defensores da racionalização e tipificação como representantes do fordismo europeu, um “fordismo culpado”, ou talvez, um capitalismo luterano, que tornou ambígua a ideologia do produtivismo na Europa. Maldonado, em seguida, compara a ambigüidade das posições alemãs com a objetividade de Ford expressa em My life and work, do qual cita:
“Se o plano construtivo de um produto foi bem estudado, as modificações serão poucas…, no entanto, no processo de produção, as mudanças serão freqüentes e espontâneas… Para mim é motivo de orgulho que cada peça, cada artigo que produzo seja bem trabalhado, forte, e que não se veja necessidade de substituí-lo. Todo bom automóvel deveria durar como um bom relógio… No passado sempre namorei com a idéia de um modelo universal”. (Maldonado, 1977:46)

Nos Estados Unidos, no entanto, o fordismo não sai vencedor na produção capitalista depois de 1930, menos ainda a defesa da utilidade da função ante o decorativismo, a maquilagem. Ainda nos anos 1920, o modelo “T”da Ford começa a sentir a competição da General Motors, mais caro, porém mais ao gosto do público. O mesmo passa a ocorrer com outros produtos, e vai se transformar em um fenômeno generalizado após a crise de 1929. Diz Maldonado:

“uma coisa é certa: enquanto antes da crise a indústria americana nos setores automobilístico e de eletrodomésticos estava orientada para uma política de poucos modelos de grande durabilidade, ela se orienta após a crise para uma política de muitos modelos de pouca durabilidade. E se antes da crise a forma dos produtos é concebida respeitando as exigências da simplicidade construtiva e funcional, depois dela sucede o contrário. Trata-se do nascimento do styling”.

A expansão do mercado consumidor realizada originalmente pelo barateamento propiciado pela repetição de um modelo, acabou por se difundir por meio de outros artifícios e novas técnicas de sedução mercadológica e produção industrial: o styling aparece como o precursor da obsolescência programada, a pesquisa de mercado como o horizonte formal da mercadoria e o marketing como o desbravador de novos nichos de consumo.

 
(1) Ball, Michael(1988) Rebuilding Construction; Clarke,Linda (1992); Mautner,Yvonne (1991).

(2) “A casa alugada desaloja a casa de família herdada, cessa a domiciliação amarrada a um lugar e começa um novo nomadismo dos indivíduos, favorecido pela rápida progressão dos meios de transporte. Assim como a tribo perdeu suas terras, a família perde sua casa. O poder do laço familial retrocedeu diante do direito público da cada indivíduo. As condições de produção social permitem que o indivíduo independente troque de lugar de trabalho, por sua livre vontade, a liberdade de locomoção aumenta enormemente. A maior parte das antigas funções da família torna-se presa da socialização gradativa;” Gropius,Walter (1997:147). Artigos de Gropius da década de 1930.

(3) O aspirador de pó percorre uma trajetória exemplar, pois nasce como um serviço, ou como um equipamento coletivo, passando a ser posteriormente desenvolvido enquanto produto individualizado: “Mais eficientes que aparelhos de limpeza manuais eram as máquinas a vácuo, movidas a eletricidade. Estas foram desenvolvidas ao mesmo tempo na Inglaterra e França  por volta de 1902. Movidas por eletricidade ou parafina, as máquinas eram grandes e operadas por companhias que as alugavam com os operadores. Os serviços eram utilizados principalmente em edifícios grandes, como lojas de departamentos e teatros, mas eram também ocasionalmente usados individualmente para limpeza doméstica. Uma alternativa à mobile vacuum plant era uma instalação permanente com saídas para cada cômodo. Sistemas como este foram instalados no Frick Building em Nova York em 1902 e logo após na Câmara dos Comuns em Londres; instalações permanentes para uso doméstico eram propagandeadas nos Estados Unidos, seu custo porém as restringiu certamente para os muito ricos” Forty (1987):176.

(4) ADGB (Allgemaine Deutsche Gewerksschaftbund), AFA-Bund (Allgemeine Freie Angestelltenbund), ADB (Allgemeine Deutcshe Beamtenbund) e DEWOG (Deutsche- wohnungfürsorge Aktien Geselshchaft für Beamten, Angestellten und Arbeiter). Sobre a necessidade de uma nova forma de projetar, tanto no plano social como arquitetônico, consultar o capítulo III de Kopp,1990:42)

(5) No fim do século XX o uso eletricidade já era praticamente compulsória para operar toda uma nova classe de mercadorias, os eletrodomésticos. Em 1913, metade do comércio mundial em produtos eletro-químicos estava em mãos da Alemanha (AEG e Siemens & Halske-Schukert, que trabalhavam em colaboração desde 1908); a outra metade com os Estados Unidos, na GE (uma associação entre a Thomas- Houston & Edison Co). A generalização do consumo de eletricidade possibilita a difusão dos aparelhos eletrodomésticos, dos quais, por exemplo, o aspirador de pó, que começa a ser difundido nos anos 1910, chega a seu desenho mais conhecido, o modelo Hoover 150, (realizado pelo desenhista industrial Henry Dreyfuss para a American Hoover Suction Sweeper Company) nos anos 30. O seu primeiro modelo clássico, na melhor tradição fordista, perdurou de 1916 a 1936, (ambos são ilustrados ao lado, Forty (1987) p:177 e 180).

(6)Marx, (1867) Capital, volume 1,The Pelican Marx Library, Harmondsworth, 1976.

(7) Como a Bauhaus Küche, cozinha projetada para o Haus am Horn em 1923, ou a cozinha projetada por Bruno Taut em 1927, ainda como exemplos únicos ou artesanais da racionalização doméstica do trabalho (Kopp,1990:56). É importante lembrar também a experiência concomitante americana relatada em livro de Christine Fredericks (1921) traduzida para o alemão em 1922 e que serviu como base de pesquisas realizadas na Alemanha para “taylorização” do trabalho doméstico na cozinha

(8) Nesta época, feministas materialistas percebem que várias decisões sobre a organização da sociedade futura eram incorporadas no ambiente construído. Por isso, apontavam as transformações espaciais do trabalho doméstico sob controle do movimento como um ponto chave de ligação com campanhas de eqüidade social, justiça econômica e reforma urbana (Hayden,1981:10)

(9) Tafuri (198-:79) diz que a Siedlung Siemensstadt, em Berlim, planificada por Sharoun, é um exemplo de ruptura do movimento modernista. Se Gropius e Bartning se mantêm fieis à construção do conjunto como cadeia de montagem, aos “blocos” arquitetônicos, os “objetos” de Sharoun e Häring se contrapõem a estes na recuperação da “aura” benjaminiana nos edifícios por eles projetados para o conjunto.

(10) Riemerschmid, Richard (1868-1957), um dos fundadores do Deutsche Werkbund, colabora com seu cunhado Karl Schmidt, marceneiro, no design de móveis para produção industrial. Os primeiros modelos são expostos em 1905 na Exposição de Dresden. ThePenguin Dictionary of  Design and Designers (1984:412), Penguin Books, England

(11) Assim como Th. Veblen (1857-1929) em seu livro The theory of the leisure class, publicado em 1899.

(12) Quanto a Loos, aqui entrando nas criticas ao funcionalismo na arquitetura, Benjamin chama a atenção para uma “nova pobreza” na arquitetura e urbanismo, tomando como exemplo o “reducionismo estético e a proibição formal” de Loos, considerado o arquiteto da tabula rasa e do “calvinismo”. Contra esta visão mais formalista da arquitetura modernista ver Quando o modernismo era uma causa e não um estilo de Anatole Kopp.

(13) Maldonado,Tomas(1977) El diseño industrial reconsiderado, Coleccion Punto y Linea, Ed G. Gili, Barcelona. Styling: cosmética de produto, atividade que permanece na superfície, na pele do produto. A preocupação estética de se separa do resto dos fatores que intervêm na determinação da configuração de um produto industrial: análise de necessidades, factibilidade técnica de produção, disponibilidade de materiais, normas, redução de custo.
Bibliografia

BALL, M. Rebuilding Construction: Economic Change and the British Construction Industry. London: Routledge,1988.

CLARKE, Linda. The production of the built environment: peculiar or backward? Bartlett International Summer School Proceedings 6, University College London,1985.

COLUCCI JR., José) O design na era da integração, Dissertação de Mestrado, FAUUSP), 1988.

Das Paradies kommt wieder. Museum der Arbeit, Hamburg, 1993:23

FORTY, Adrian. Objects of desire. Thames & Hudson, 1987.

GROPIUS,Walter Bauhaus: Novarquitetura. S.Paulo: Ed. Perspectiva,1997, 5ª. edição, p:147.

HAYDEN, Dolores. The grand domestic revolution. London: MIT Cambridge, Mass, 1981.

________________. Redesigning the american dream,  NY, London:W.W. Norton & Company 1984.

JACKSON, Kenneth T. Crabgrass Frontier-The Suburbanization of the United States. NY, Oxford: Oxford University Press, 1985.

KOPP,Anatole. Quando o moderno não era um estilo e sim uma causa. São Paulo: Nobel/Edusp, 1990.

LOOS, Adolf (1908) Ornament und Verbrechen (Ornamento e Delito), Prachner Verlag (Sondereinband – 2000)

MALDONADO,Tomas El diseño industrial reconsiderado. Barcelona: Coleccion Punto y Linea, Ed G. Gili, 1977.

MARX, (1867) Capital, Volume 1, The Pelican Marx Library, Harmondsworth, (1976).

MAUTNER,Yvonne  “A periferia como fronteira de expansão do capital” in Deák, Csaba & Schiffer, Sueli (orgs.) O processo de Urbanização no Brasil. São Paulo: Fupam, Edusp, 1999.PAMPLONA,Telmo. Desenho da Ruptura – Modernidade na Implantação da Indústria. São Paulo 1900-1920  Tese de Doutorado FAU/USP, 1992.

TAFURI, Manfredo Projecto e Utopia. Lisboa: Ed. Presença, 1985.

The Penguin Dictionary of  Design and Designer. England: Penguin Books, 1984.
UNGERS, Liselotte Die suche nach einer neuen Wohnform.  Stuttgart: Deutsche Verlags-Anstalt, 1983.

Fonte: Revista AGIPROP

Desenhistas de nada

 

Hoje enquanto almoçava, assistindo a TV vi uma triste passagem no quadro Vídeo Game. Dois casais foram chamados da platéia e as meninas teriam de fazer uma “tatoo” com canetinhas nos meninos. O tema escolhido foi TUBARÃO.

 

Foi de doer o resultado da brincadeira. Lamentável mesmo.

 

O que ficou claro ali e que facilmente percebemos no dia a dia no contato com alunos é que a educação de hoje em dia simplesmente vem destruindo qualquer capacidade de desenho que possa existir nos alunos. E a informática tem muita culpa nisso tudo.

 

Tanto em uma quanto na outra a visível falta de referências gráficas e pictóricas ficou claramente visível. Nenhuma foi capaz de expressar nem ao menos a conhecidíssima barbatana dorsal. Para piorar, tentaram desenhar o bicho inteiro.

 

 

 

Me lembro que no meu jardim de infância as professoras nos ensinavam a desenhar peixinhos usando como referência a letra L minúscula. Era fácil e ali aprendíamos que era possível intentar o peixe que quiséssemos.

 

Depois outras formas básicas nos eram ensinadas: nuvens, árvores, casinhas e pessoas “de palitinhos” e mais uma infinidade de formas que nos levaram facilmente a soltar o traçado, o risco, a mão.

 

 

A semiótica nos apresenta o mundo – que o vemos gráfico – de forma escrita e também por símbolos simples como o desenho simples de uma cadeira. Porém o que se percebe é que tanto os elementos da semiótica como, principalmente o de desenho parecem estar desaparecendo da educação.

 

É uma constante nos fóruns de Design e Arquitetura postulantes ao curso perguntando se tem de saber desenhar a mão. E a paúra dos THEs – as medonhas prévias?

 

 

A maioria opta por gráfico porque “tudo é feito no computador”. Alunos de séries iniciais reclamam quando o professor pede trabalhos à mão e, não difícil acontecer, alguns insistem em entregar os trabalho feitos no PC.

 

Muitos quando tentam entregar algo feito à mão deixam claro seu protesto e entregam trabalhos mais parecidos com garatujas.

 

 

O que acontece com o desenho?

 

Onde foi parar o desenho?

 

Onde foi parar a sensibilidade da análise, estudo e observação das formas, das referências, das estruturas?

 

Onde foi parar a capacidade dos professores do ensino de base em ensinar ao menos o básico do desenho?

 

Onde foi parar as garatujas que o ser humano foi um dia capaz de fazer?

 

Teremos de voltar à pré-história e, como primatas ainda não desenvolvidos, começarmos tudo do zero?

 

 

Será que é preferível agir como o Pequeno Príncipe e a sua “cobra que comeu o elefante”, diante dos clientes?

 

Mais aulas de desenho

Encontrei no Orkut mais um blog excelente sobre desenhos.

Trata-se do blog Arte Sequencial, do professor Fabio Vicente.

Neste blog ele disponibiliza algumas aulas sobre técnicas básicas de desenho, com dicas e macetes muito interessantes. Vale a visita e fazer as aulas por ele mostradas.

Aula 1: Desenho – Traçado

Uma aula básica, com o básico para quem quer começar a desenhar: o traçado, traço.

Aula 2 – Escalas Tonais

Aqui ele trabalha com as escalas tonais, como usar os materiais (lápis) fazendo escalas do claro para o escuro.

Aula 3 – Traçado – variações.

Aqui ele avança nos estudos sobre o traçado usando desenhos mais complexos.

E assim por diante. É um material bastante didático e útil para quem está começando na área e também para quem quer melhorar o traço em seus projetos. São pequenos detalhes que por vezes deixamos de lado mas que fazem toda a diferença no resultado final.

Desenho e detalhamento de móveis

 

Uma das maiores dificuldades e que também muito tempo na hora de projetar, além de gerar muitos problemas na execução de um projeto são os móveis à serem confeccionados especificamente para o ambiente.

O principal problema ou falha – para o projetista – está no desenho e detalhamento.

Muitos profissionais não levam em consideração ou não dão a devida importância à parte de detalhamentos. E é esta parte do projeto que irá concretizar e enfatizar a qualidade do mesmo. É esta parte que fará a diferença no resultado final.

É comum vermos profissionais entregando esboços, croquis ou até mesmo projetos bastante falhos, com falta de informações aos marceneiros e montadores. Muitos entregam pranchas com elevações, cortes e uma perspectiva básica. Tudo devidamente cotado. E apenas isso.

Porém, para que o projeto seja confeccionado devidamente e com qualidade, outros detalhes devem ser mostrados no projeto: outras formas de expressão, detalhamentos minuciosos, para garantir que tudo saia exatamente como imaginado, criado e planejado.

Detalhes ergonômicos devem ser tratados com o devido cuidado e atenção.

Primeiro temos de ter consciência de que será preciso fazer um desenho detalhado de todas as peças que comporão o produto final. Estes desenhos tem de ser cotados, com cortes e vistas. Não basta apenas as elevações e cortes gerais do produto final. Sem isso podem ocorrer erros crassos na execução.

Devemos também mostrar detalhes pertinentes ao funcionamento e manuseio do produto. Isso é fundamental para quem está confeccionando o seu produto. E também para o cliente conseguir visualizaro que terá em mãos posteriormente.

Além da perspectiva manual, faz-se necessário hoje em dia o uso das perspecticas em 3D que facilitarão a visualização do produto final por quem a estará confeccionando.

Devemos também não nos esquecer das perspectivas explodidas. Estas devem ser bastante claras para que o executor possa visualizar e entender perfeitamente como deverá ser feita a montagem, onde entra e encaixa-se cada elemento. Na imagem acima – cadeira de Mauricio Azeredo – não há uso de ferragens. São apenas encaixes. Porém, quando existem parafusos e outros metais e ateriais, estes devem fazer parte da perspectiva explodida.

Quando trabalhamos com juntas, as mesmas devem ser milimetricamente detalhadas para que não haja erro na execução.

Outro detalhe importante, são as ferragens (parafusos, dobradiças, soldas, etc) que devem ser facilmente visualizados no desenho, a sua locação e, por vezes, forma de colocação/aplicação. Estes itens, além de detalhados nos desenhos, devem fazer constar em um memorial descritivo.

Creio que com estas dicas rápidas eu consiga contribuir um pouco mais com o seu trabalho. Lembro que este tipo de detalhamento não se faz necessário apenas em projetos de móveis, mas sim de qualquer outro produto ou equipamento desenvolvido especificamente e também em gesso, projeto luminotécnico, hidráulico e outros que se fizerem presentes no projeto.

Bom trabalho!!!

Mais sobre perspectivas e desenhos

Continuando as dicas sobre desenho e perspectivas, seguem indicações de alguns sites interessantes sobre o assunto:

Um site bastante didático. Online você encontrará aulas sobre Aspectos Teóricos, Temáticos, Passo a passo, Downloads de aulas, Galerias e muitas outras informações.

É um site bastante genérico e que mostra como as coisas funcionam. Para quem é curioso nato com eu é uma boa pedida. Na parte de desenho, tem aulas disponiveis online numa linguagem bastante simples sobre perspectivas, desenhos gerais e vários outros. Vale uma visitinha.

Os DEZ MANDAMENTOS – Na avaliação do Desenho de Observação

Um site bem simples, porém com dicas bem interessantes sobre enquadramentos, papéis, pontos de fuga, luz e sombra, texturas, verticalidade, profundidade, texturas, croquis entre outros.

CENTRAL DE QUADRINHOS

Um site voltado para as HQs mas que tem dicas bem interessantes que cabem nos desenhos utilizados por nós Designers. Destaque para Perspectivas enfileiradas e Subidas e Descidas.

IMASTERs

Entendendo a Perspectiva – coloco este link aqui pois de nada adianta querer desenhar em perspectiva se não formos capazes de entender o que ela é e representa.

DESENHISTAS AUTODIDATAS – Blog

Um blog bem interessante mantido pelo Renato. Muito material, vídeos, dowloads sobre os diversos tipos de desenho.

Problemas com a perspectiva?

Navegando encontrei o site da Yvonne Tessuto Tavares, chamado Perspectiva Quadrilátera.

Para os estudantes que estão aprendendo, ou os profissionais que por utilizar demais o computador para agilizar os trabalhos e com isso acabam perdendo um pouco do traço livre, este site traz ótimas dicas sobre as varias formas de desenhar em perspectiva.

No próprio site você pode acompanhar aulas ou então, fazer o download do livro dela em PDF.

Vale a pena!

Entendendo a perspectiva

Olá Pessoal! Neste artigo iremos conhecer um pouco sobre perspectiva e suas variações. Com ela podemos criar diversos ambientes e trazer mais dramaticidade à a sua cena.

A perspectiva não é nada mais que uma grande ilusão que nossa percepção visual fabrica para que possamos entender a profundidade, volume e distância dos objetos. 

Se pegarmos um objeto, nesse caso um quadrado, e o colocarmos um de seus lados em outra direção, parecerá à nossa visão que ele terá dimensões diferentes, ou seja, o lado mais próximo de nós parecerá maior do que o lado mais distante.
 
Para representar a perspectiva fazemos uso destes elementos básicos:

Ponto de Fuga (PF): É a direção ao qual o objeto estará se dirigindo, se aprofundada.

Linha do Horizonte (LH): Linha imaginária que separa o lado superior e inferior da visão. É também o local onde se localiza o Ponto de Fuga.

Para melhor visualização da Linha do Horizonte e Ponto de fuga, iremos fazer uso da Perspectiva Linear e Oblíqua.

Perspectiva Linear

 

Como podemos ver na figura acima, o objeto foi criado fazendo uso do Ponto de Fuga. Este objeto está acima da Linha do Horizonte, a que se refere ao centro de nossos olhos, o que faz entender que o mesmo está acima de nós.

Podemos dispor de outras possibilidades, tais como:

 

Resumindo, a Perspectiva Linear trabalha apenas com um único Ponto de Fuga.

Perspectiva Oblíqua

Fazendo uso dessa perspectiva conseguimos criar sensações de profundidade e volume em um desenho geométrico. Porém há uma limitação: só é possível ver dois lados do objeto formado. Nesse caso chamamos isso de perspectiva bidimensional, ou, 2D. E como poderíamos aumentar essa noção de profundidade e maior visão de outros lados? Criando um objeto em 3D, ou seja tridimensional. Exemplo:

 

Além disso nós podemos criar sensações mais vertiginosas, com masis profundidades e mais intensas. Para isso, adicionamos mais pontos de fuga. E não será sobre a linha do horizonte, mas fora dela. Exemplo:

 

Como podemos ver, a tri dimensão nos dá a sensação de altura, largura e profundidade concomitantemente.

Fazendo uso de guias como estas, também podemos nos aventurar a criar ambientes com luz e sombra, sempre respeitando a localização da luz. Exemplo:

 

Na figura acima vemos que a luz se torna uma referência para o término da sombra do objeto. Também na figura abaixo temos essa noção:

 

Os dois exemplos acima são exemplos básico que constituem a luz e sombra. Para um melhor entendimento é importante que você observe melhor tudo que está ao seu redor, treinando assim sua percepção visual.

No próximo artigo veremos na prática como criar um ambiente em perspectiva no Corel Draw Fazendo uso de linhas guias.

Grande abraço!

 

Por: Wellington Carrion, Imasters