Quando fui incentivado para escrever este blog fiquei pensando sobre a melhor maneira de apresentar o Design de forma concisa, objetiva e clara. Sinceramente, não sou muito fã de colocar um amontoado de fotos de produtos e os nomes de lojas onde são comercializados e os respectivos preços. Entendo que isso não significa apresentar adequadamente o Design ao mercado. Ao contrário, esta maneira distorcida de reduzir o Design a uma comercialização tácita e leviana de produtos leva os leigos a compreendê-la como uma mera vitrine de consumo sem a menor fundamentação. Desta forma o Design torna-se refém de uma inversão mercadológica voltada para a criação de necessidades quase sempre “desnecessárias”. Entendo que uma mídia (e este meu blog faz parte desta) não pode resumir sua atuação ao interesse comercial, mas sobretudo informar corretamente.
Uma das minhas maiores preocupações desde meu ingresso na área do Design relaciona-se com o desconhecimento generalizado sobre o que vem a ser o Design. Para que serve o Design afinal de contas? Deparamo-nos constantemente com pessoas falando sobre Design. Entretanto, em seus discursos, demonstram claramente que não conhecem o que ele seja na realidade e deixam claro que não tem qualquer formação acadêmica em Design. Vemos também pessoas usando o termo Design para nomear quaisquer profissões que absolutamente nada tem a ver com o Design propriamente dito. Portanto, levo este blog por este caminho: busco conscientizar sobre o que é e para que serve o Design ao mesmo tempo que apresento alguns produtos e esclareço um pouco mais sobre as reais áreas do Design e a sua necessária formação acadêmica para o exercício profissional.
De início, convém esclarecer alguns aspectos. Muitas pessoas reclamam sobre nomear esta profissão com um termo estrangeiro. O fato é que, por incrível que pareça, não existe uma palavra na língua portuguesa que compreenda o todo do Design. Projetista? Não apenas isso. Desenhista? Muito mais que isso. Artista? Bastante criativo também. Arquiteto? Um pouco disso também. Engenheiro? Em algumas coisas sim. O Design é um complexo jogo multidisciplinar que agrega em si muitas outras áreas, da filosofia à engenharia. Se observarmos ao nosso redor, vivemos cercados pelo Design. Esta tela pela qual me lê, por exemplo, apresenta-se como fruto de áreas do Design: gráfico, interação, web, produto – isso sem contar a área a acadêmica na qual mergulho a cada post por mais simples que seja.
A área é Design e o profissional é Designer. Ainda, a título de exemplo, Design Gráfico (profissão) e Designer Gráfico (profissional).
Ultimamente temos visto uma enxurrada de “X” design como já coloquei anteriormente. No entanto, a aplicação do termo Design em algumas profissões apresenta-se incorreta pelo simples fato de não haver projeto do produto final e, principalmente, reduzir-se apenas a uma técnica. Logo, pintar unhas não tem absolutamente nada a ver com Design (mesmo se considerarmos o desenho), assim como misturar tintas e dar tesouradas no cabelo também não é Design. Receitas de seja lá o que for também não é design. É preciso ter consciência de que Design não é sinônimo de artesanato ou mera técnica. Também não se forma um designer em cursos de finais de semana ou de poucos meses ou ainda que ensine a utilizar softwares, mesmo que de última geração.
Aproveito então este post para explanar brevemente sobre quais são então, na verdade, as áreas principais do Design. Todas que apresentarei agora são “filhas” do Design (Desenho Industrial). Baseado nas necessidades mercadológicas o Design foi se especializando em diferentes áreas. Assim como ocorre na engenharia e na medicina com suas especialidades, da mesma forma, a complexidade do Design levou a compreender que um só profissional não conseguiria trabalhar com tudo. Portanto, dividiu-se o Design em áreas.
Design de produtos:
Design Gráfico:
Design de Embalagens:
Design de Interiores/Ambientes:
Esta área, pode-se dizer, é uma evolução da Decoração. Além de trabalhar a estética do ambiente como o decorador faz, o profissional de Design de Interiores/Ambientes vai mais além: ele foi habilitado em sua formação acadêmica para executar intervenções mais profundas nos ambientes que visam a melhoria da qualidade de vida do usuário final. Além da escolha de almofadas, acessórios e cores, o profissional é capaz de resolver os espaços através da aplicação de conhecimentos como ergonomia, conforto térmico, acústico e luminoso, semiótica, projeto de mobiliários, adequação e correção de fluxos, redesign arquitetônico e outros tantos mais. É um profissional cada vez mais requisitado já no momento do início de um projeto arquitetônico, trabalhando junto ao arquiteto. Também está aparecendo cada dia mais nas reformas de edificações já prontas pela sua facilidade em retrabalhar e readequar os ambientes para novos usos. Engana-se quem pensa que um Designer de Interiores/Ambientes trabalha apenas com ambientes residenciais. Este profissional está apto a trabalhar com ambientes comerciais, corporativos, clínicas, cenografia, eventos, stands, desfiles e editoriais de moda, interiores de automóveis, barcos e aviões ente outros. Da simples troca de almofadas, passando por uma redistribuição dos móveis até uma intervenção mais ampla com troca de pisos e algumas alvenarias, você pode contar com este profissional.
Design de Interação:
Lighting Design:
Design de Moda:
Existem ainda outras áreas específicas que estão desvinculando-se e formando seus próprios campos. Todas as áreas conversam entre si, trabalham juntas e às vezes com os mesmos projetos e produtos. Outras vezes, num mesmo produto, cada um desenvolvendo o seu foco.
Como se pode ver, o Design é uma ferramenta fundamental hoje em dia seja no campo corporativo ou pessoal.
A verdade é que não se vive sem Design hoje em dia.