Lei Cidade Limpa – Londrina-PR

Muito bate-boca baseado em argumentos desnecessários tanto por parte da prefeitura quanto da ACIL e comerciantes por causa da Lei Cidade Limpa que foi (?) recém implantada aqui em Londrina. Baseada na mesma lei que foi implantada em São Paulo, aqui ela tem gerado controvérsias e brigas judiciais que, no meu ponto de vista, são totalmente desnecessárias. Está faltando diálogo no lugar de acusações.

A ACIL, que deveria agir com precaução, deixou até mesmo o corporativismo de lado e agiu de maneira inesperada e inoportuna, posso dizer até mesmo emocional e impensada demais. Seria muito mais útil se tivesse procurado informar-se com as associações das cidades que já passaram pela mesma situação e, antes de cometer os mesmos erros, antecipar-se usando a inteligência.

Do outro lado, a prefeitura que insiste em impor normas e regras sem o devido diálogo entre as partes envolvidas seja para o que for. Por sinal, enta administração e sai administração, a prefeitura continua insistindo nos mesmos erros de seus antecessores. Londrina é a única cidade do mundo que tem rotatórias em forma de “S” – o projetista certamente é um fã eufórico do Airton Senna.

Brincadeiras à parte, tem um blog aqui de Londrina sobre arquitetura e urbanismo que, ao conhecê-lo, gostei muito e acrescentei-o ao blogroll aqui ao lado pela seriedade que – aparentemente – levantava assuntos através de seus posts. Lendo meu reader hoje me deparei com mais um excelente texto de seu autor sobre este assunto da Lei Cidade Limpa e postei um comentário que – claro – deverá ser ou não aprovado pelo mesmo.

Ser aprovado ou não?

Nesse momento fui verificar se o comentário que eu tinha feito num outro post do referido blog, falando sobre as horrendas cabines-cópias-fajutas-vermelhas das cabines telefônicas de Londres – que estão querendo enfiar goela abaixo aqui em nossa cidade sob uma falaciosa historização e romantização de uma pseuda e nunca existente colonização desta minha amada terra por ingleses – tinha sido aprovado.

Para minha surpresa e espanto ele não está lá aprovado.

Então, já que meu post não foi aprovado lá, vamos à uma breve aulinha de história sobre minha amada terrinha: Londrina (que foi o conteúdo do comentário censurado).

No comentário proibido, acrescentei alguns dados REAIS sobre a verdadeira história de Londrina para complementar a excelente análise estética/urbana/climática realizada sobre as tais cabines telefônicas.

Postei com argumentos baseados em fatos também REAIS que Londrina não é nem nunca foi uma “pequena Londres” e que não foram os ingleses que colonizaram esta minha terra amada e sim que eles, através da Companhia de Terras Norte do Parana, estavam apenas abrindo novos espaços para venda terras em toda esta região. Que na vila recém aberta em meio a mata nativa permaneceram apenas sete ingleses gerenciando o escritório de vendas de terras e que, na verdade, quem construiu e fez essa cidade “vingar” foram os imigrantes japoneses, italianos e de outras etinias que migraram para cá atras de seus sonhos.

Também informei que a “Praça  da Bandeira” nada tem a ver com o desenho da bandeira inglesa salvo a triste ironia da forma de seu calçamento. Na verdade, não remete à esta bandeira e sim ao FATO de que por esta ter sido construída num momento em que o Brasil passava por um forte sentimento nacionalista, era “norma nacional ” que todos os espaços públicos onde houvessem o Pavilhão Nacional, seus acessos deveriam direcionar ao mesmo e forçar o olhar dos transeuntes para o este elemento de qualquer lado que chegassem. Por isso existem praticamente em todas as cidades, praças com formato semelhante ao da bandeira inglesa. Mas isso não quer dizer que é uma homenagem à esta. Se assim fosse, quantas “pequenas Londres” teríamos de ter espalhadas por este Brasil? Eu que não vou contar todas.

Olhem bem meu caros leitores, qual forma é melh0r que esta para permitir o acesso por todos os lados e trazer para um mesmo ponto central/focal não concordam?

Como eu sei disso tudo?

Simples: foi o meu avô quem desenhou e construiu aquela praça. Minha família chegou aqui em Londrina logo em seu “iniciozinho”. Além de meu avô que construiu e pavimentou grande parte dessa cidade – sim, os paralelepípedos que hoje se encontram sufocados embaixo de camadas de asfalto foram colocados por ele – tem também a minha bisavó que foi a primeira educadora desta vila Londrina quando ainda nem existia escolas por aqui e ela lecionava na garagem de sua residência. No entanto, nem uma escola com o seu nome existe aqui nesta cidade.

Como sempre, a VERDADE dói em alguns pois terão de assumir seus erros e mentiras. Então é melhor deixar quieto, ignorar a verdade e sufocar os que tentam mostra-la. Além de claro, pagar bem para ter matérias jornalísticas apoiando cegamente essas MENTIRAS disseminando a desinformação e deseducando a sociedade.

Mas eu tenho este meu delicioso espaço para poder compartilhar estas histórias com vocês não é mesmo? E melhor: sem sofrer censura dessa gente que só busca desinformar.

Pô prefeitura, faltou um Designer pra fazer o logo?

 

Bom, mas voltando ao tema do tópico, como não sei se meu novo comentário será aprovado lá naquele blog, então vou transcrevê-lo aqui e, claro, acrescentar mais alguns dados já que o espaço me permite isso (e sei que vocês adoram me ler demorada e longamente ahahahah).

Percebo que,

o que tenta ser imposto pelos comerciantes, pela ACIL e pelos publicitários com relação à Lei Cidade Limpa, é uma forma de acomodação. E isso é facilmente percebido pelos “argumentos” postados nos comentários em diversos sites e blogues que vem tratando do “assunto da moda” aqui por estas bandas.

O problema maior? A desinformação que forma a base dessa acomodação.

Ora meus caros, com desculpas como “atrapalhar o trânsito” ou que os clientes “não vão achar determinada loja” entre tantos outros mais no mesmo sentido, só demonstram que vocês não estão dando o devido valor e respeito nem aos seus próprios clientes nem à nossa cidade que os sustenta e abriga.

Para quem tem o costume de ir a São Paulo como eu, sabe perfeitamente que este tipo de argumento é irreal e absurdo. São Paulo continua “andando” e os clientes continuam “achando” o que procuram da mesma forma que antes da lei e sua cidade emporcalhada pelos horrendos frontões sem contudo, provocar qualquer destes “problemas” elencados por vocês  pela web.

A resposta para estas e tantas outras indagações é simples: usar das ferramentas disponíveis no mercado. Principalmente o Design (e suas vertentes lighting, interiores, gráfico e produtos)  buscando uma solução visualmente agradável e dentro da Lei em questão.

São Paulo aprendeu rápido a recorrer a esta ferramenta. Então, porque os londrinenses tem de ficar choramingando e não tratam de aproveita-la?

Não tenho visto grandes alterações até o momento. A maioria das edificações que já tiveram seus frontões retirados, acabaram desnudadas expondo o descaso “por trás das fachadas”.

 

Foto: Lilian Oyama

Para os que desconhecem, a ferramenta mais utilizada atualmente em todo o mundo é o Lighting Design (não é mera iluminação). Este, quando projetado por profissionais especializados, tem efeito muito mais atrativo tanto durante o dia quanto à noite.

Londrina tem edifícios e áreas que merecem um bom projeto de Lighting Design mas o que vemos – aos montes – são aqueles horríveis “splashes” de luzes verdes, violetas, amarelas e assim por diante como se isso desse algum valor ao negócio. Porém o efeito disso – já mostrado em pesquisas – é exatamente o contrário pois, entre outros pontos, além de ofuscar pelo excesso de luz, distorce a marca da empresa ao alterar a sua cor tornando-a, por vezes, irreconhecível.

Já locais – se existem 10 aqui em Londrina é muito – onde a iluminação foi corretamente planejada e projetada, tende a chamar a atenção dos passantes seja pelo destaque focal, pela beleza, pela suavidade, pelo elemento surpresa, pela tecnologia empregada entre tantas outras.

É claro estou aqui “vendendo o meu peixe”, como profissional especializado em Lighting Design que sou, mas sim – e acima de tudo – trazer novos horizontes e educar o mercado e seus gestores.

Também não posso deixar de observar o seguinte:

Dias atrás passando pela rua São Paulo, percebi que numa das quadras a maioria dos frontões já haviam sido retirados. Porém, o que mais me chamou a atenção não foram as fachadas nuas e horríveis pelo descuido do que estava “embaixo do tapete” e sim, a rede elétrica pública emporcalhando e que – agora sem os frontões – acabou ficando totalmente exposta, tornando-se também o ponto focal para o observador.

 

Foto: Lilian Oyama

FICA A DICA:

Se a lei prevê uma cidade limpa, menos agressiva e poluída visualmente então a prefeitura, como gestora principal, tem de fazer a sua parte também.

A ACIL e os comerciantes – mas também toda a sociedade – devem se unir e exigir a imediata (também dentro do prazo da Lei afinal a Lei é igual para todos não é mesmo?) eliminação do abastecimento “aéreo” através dos postes e fiações suspensas através de um projeto de iluminação pública eficiente ( também projetado por especialista e não por uma equipe que insiste em errar nos projetos urbanísticos) incluindo a implantação de cabeamentos subterrâneos promovendo assim o embelezamento urbano de nossa já tão sofrida e deteriorada Londrina que a Lei Cidade Limpa trata.

Se é para deixar a cidade realmente limpa e mais bonita, então que tal encerrar as guerras e dar as mãos trabalhando juntos por isso?

Certamente todos irão ganhar com isso.

Quem passou e quem passa hoje pela rua São Bento em São Paulo (na verdade pela cidade toda) sabe do que estou falando. É uma rua comercial que hoje respira e atrai muito mais clientes do que em sua fase poluída que só atraía marginais, tornando-a um local ermo dentro do centro da cidade. Hoje consegue-se olhar para cima e perceber a cidade que existe acima, coisa que antes era impossível. Também é possível ver a extensão toda da rua o que também era impossível antes. Quando passávamos por lá, a sensação de estar sufocando era constante pois os frontóes de um lado da rua quase se encontravam com os do outro lado em alguns pontos. Isso só era bom para uma coisa: esconder-se da chuva.

Porém, vejam bem nobres empreendedores: agora sem os frontões os transeuntes terão de buscar abrigo onde?

Claro, dentro de suas lojas e isso significa o que?

Heim, heim, heim?

Potenciais vendas inesperadas!!!

Querem coisa melhor que isso?

Estão percebendo como podemos transformar pedras em diamantes? Basta para isso querer e agir?

Embelezamento Urbano é uma soma de ações e, neste caso específico podemos destacar:

A despoluição visual (em todos os níveis e elementos) + A recuperação e renovação urbana + O respeito pela história local + O respeito pela cidade e seus usuários.

Tudo isso tendo como ponto principal o bem-estar e a qualidade de vida urbana.

Portanto, vamos agir com mais serenidade de ambos lados visando esta qualidade de vida que tanto sonhamos e lutamos para mante-la, ao menos, respirando?

Estou aqui à disposição para os empresários que desejarem realmente algo de qualidade e que valorizará o seu empreendimento.

Também estou à disposição da ACIL para conversar com seus diretores e associados sobre o assunto mostrando como o Design pode e deve ser utilizado como ferramenta pró-empreendedorismo e valorização empresarial.

Também estou à disposição dos publicitários para mostrar-lhes como o Design (feito por DESIGNERS REAIS) pode ajuda-los a ampliar o leque de produtos que vocês oferecem agregando qualidade e valorizando os seus produtos para que consigam cobrir as “perdas” provocadas por esta Lei.

Também estou à disposição da mídia para ajudar a apontar o que realmente vale a pena e que seja realmente importante neste e em outros assuntos relacionados à nossa cidade e, principalmente, como o Design pode e deve ser aproveitado para a melhoria e embelezamento urbano e para a vida de qualquer pessoa.

Também estou à disposição para ajudar a prefeitura e a Copel a repensar seus projetos urbanos através do Design, transformando gradualmente a nossa Londrina numa cidade referência não através de matérias elaboradas mas sim com materias que mostrem que aqui realmente se investe em qualidade de vida de forma correta e coerente.

É, estou aqui à disposição.

ainda sobre ilusão e percepção visual

Já postei vários projetos aqui que, através da luz, buscam alterar a percepção do que vemos sejam construções, elementos urbanos ou interiores.

Com equipamentos pesados e caros conseguimos efeitos absurdos assim como com equipamentos simples.

Tudo dependerá da capacidade criativa do Lighting Designer.

Aqui, apresento um projeto de fotografia que usa o light graffiti de uma forma surreal ao alia-lo com outro elemento artístico: o stencil.

Se pararmos para pensar, isso não é nada difícil de ser transportado para o universo do LD. Basta os equipamentos certos que consegue-se essa ilusão “maluca de bela” ajudando a embelezar áreas abandonadas das cidades.

Vejam as idéias:

É claro que para conseguirmos estes efeitos no LD será necessário um elemento fundamental: o mapeamento.

É, me refiro exatamente ao mesmo tipo de trabalho que postei tempos atrás sobre mapeamento arquitetural aqui neste post.

Ah quem dera se no Brasil nossos governantes fossem sérios e tivessem um mínimo de bom gosto implementando obras que visem o embelezamento urbano…

Imagens via: oddstuffmagazine

Embelezamento urbano

É impressionante como ações simples podem melhorar o ambiente urbano. Seja colocando apenas um foco de luz em uma árvore da rua, pintando um muro ou qualquer outra intervenção pequena, os resultados podem ser surpreendentes.

O artista Aakash Nihalani nos dá uma bela mostra com esta instalação:

Como se vê, uma ação simples acabou conseguindo resultados positivos.

Aqui em Londrina seria uma boa uma vez que quando estamos dirigindo não sabemos se olhamos para a sinalização (quase inexistente ou escondida), para os pedestres ou para os buracos no asfalto.

Brincadeiras sérias à parte, ao menos acaba-se aquele visual duro e feio das placas de sinalização que emporcalham todos os cruzamentos de nossas cidades. Tão emporcalhado que as vezes temos de ficar um tempão procurando a placa certa diante do amontoado delas existentes num único cruzamento.

Arquitetura em Dubai

 Burj al Arab

 Haha Hadid Architecture Center

 Dubai Oman

 Dymanic Tower

Jumeirah Palm

Palm Trump Hotel

Dubai é a maior cidade e emirado dos Emirados Árabes Unidos. É a capital do emirado de mesmo nome. Tem cerca de 1.570.000 habitantes. Pertenceu a Abu Dhabi até 1833. Diz-se que Dubai possui 30% dos guindastes de construção do mundo. O petróleo representa apenas 3% da economia e o turismo 33%. Crescimento do PIB em torno de 19% (mais que o dobro da China). Para quem sabe admirar e reconhecer a boa arquitetura. Dubai cidade dos Emirados Árabes, pretende mesmo ser um ícone mundial por ser uma cidade jovem e com uma arquitetura moderna. O Dubai pode exercer todas as suas ambições de grandeza ao longo de sua costa, cujas vistas aéreas impressionam por parecer uma cidade virtual, tamanha tecnologia e perfeição das suas construções. A ousadia e autenticidade fazem da arquitetura uma obra de arte.

sugado: 4DECOR

Arte urbana – embelezamento urbano

Sempre que ando pela rua, procuro observar a cidade, perceber algumas alterações no skyline, nas ações urbanísticas. Enfim, meu olhar se dirige atento para algo que esteja sendo feito para melhorar a estética urbana.

Entretanto, na maioria das vezes, surpreende as poucas ações implementadas neste aspecto, cujo investimento deveria ser uma das prioridades nas administrações municipais em razão das conseqüências significativas no contexto social, cultural, econômico e político da cidade, conferindo-lhe uma identidade urbana própria.

Inevitavelmente, não posso deixar de considerar que, ao caminhar pelas ruas de minha cidade, minha Londrina, observo que ela tem sido abandonada por tantos anos. De um lado, o descaso que deteriora a cidade, tornando-a feia, decadente. Por outro lado, ações meramente maquiadoras que iludem os cidadãos que nela vivem.

Ao tomar Londrina como exemplo, coloco isso como forma de protesto contra as demais administrações públicas. Poucas são aquelas que realmente se preocupam com sua cidade e com o bem estar de seus moradores, no que diz respeito ao embelezamento urbano. A maioria dos investimentos é realizada segundo os interesses imediatistas decorrentes do jogo de poder, de quem pode mais. Não se preocupam com a cara da cidade, com sua identidade que faz orgulhar cada um de seus moradores. Isto tem a ver também com os proprietários de imóveis, não só com a administração pública.
 

O descaso por parte das administrações públicas e dos proprietários dos imóveis é o responsável pelo lixo urbano com o qual temos sido obrigados a conviver diariamente.

Alegra-me o fato de que desde alguns anos tenho visto em poucas cidades brasileiras algumas ações sérias orientadas para o embelezamento urbano.

Talvez, neste aspecto, a mais forte ação venha da cidade de São Paulo ao implantar de forma corajosa a “lei dos outdoors”, como ficou conhecida. Para quem conheceu a cidade de São Paulo antes e depois desta lei com certeza concorda com que eu afirmo aqui. Todo aquele excesso em poluição visual foi eliminado e hoje existem regras claras sobre o uso de outdoors, painéis e fachadas de empresas. Com isso, hoje conseguimos ver uma cidade que desvela sua arquitetura belíssima, antes escondida atrás dos grandes frontões das lojas. As ruas do centro parecem até que estão mais largas, arejadas, iluminadas uma vez que não temos mais aqueles excessos de painéis e frontões que avançavam o espaço aéreo das calçadas como é o caso da Rua São Bento onde, de uma ponta, nas imediações do Largo São Francisco, hoje se pode ver claramente o Mosteiro de São Bento lá na outra ponta, coisa que antes era impossível.
Ao dirigir por suas grandes avenidas também percebemos uma mudança salutar com a eliminação dos outdoors. Deste modo conseguimos perceber melhor a cidade sem estas barreiras visuais.

 
A falta de visão urbanística e pouco caso por parte das administrações públicas são os responsáveis pelo enfeiamento urbano. Tudo é “duro e seco” onde cabe a desculpa de que qualquer alteração encarece demais o orçamento (muitas vezes super faturado).

É lastimável que este modelo de intervenção incisiva na estética urbana não esteja sendo seguido por todas as cidades, mesmo por aquelas que, por investimentos irrisórios, apenas se preocupam com uma mera aparência superficial.   É um ponto para se pensar seriamente, especialmente em cidades dotadas de uma arquitetura de diversos estilos como é o caso de Curitiba.

Outro ponto a se destacar, ainda em São Paulo, é a construção da Ponte Estaiada. Além da grande utilidade para o fluxo do trânsito, é de uma beleza plástica impressionante. Quem já a viu “ao vivo e a cores” sabe bem do que estou falando. É sem sombra de dúvida um dos grandes marcos da cidade. Pergunto-me: para que insistir em modelos duros e feios se é possível optar pela plasticidade artística que irá, sem sombra de dúvida, valorizar e embelezar o espaço urbano? E não venham me falar aqui em altos custos pois todos sabemos de como estas obras na maioria das vezes são super faturadas.
 

Os padrões adotados nos viadutos (planos, lisos, sem vida) vem cooperar diretamente com o enfeiamento urbano. Ações simples e outras mais complexas poderiam ser aplicadas solucionando este elemento urbano.

Por falar em beleza plástica, entra aqui a arte urbana que pode ser inserida em grandes obras como também em pequenas intervenções. Estas podem ser através de ações paisagísticas, esculturas, grafites, iluminação pública e várias outras.

Seja no espaço urbano público ou ainda no privado, ações usando arte urbana beneficiam e muito o embelezamento urbano.

Praças, avenidas, viadutos, parques, prédios públicos e privados podem contribuir sim para este fim. Nas edificações particulares – grandes edifícios comerciais por exemplo – vemos exemplos belíssimos nas áreas de acesso ao mesmo seja com uso de fontes, esculturas ou qualquer outra intervenção. Aquelas laterais esquecidas de edifícios que estão sofrendo com a ação do tempo e o conseqüente desgaste também são excelentes telas para serem usadas pelos artistas da arte urbana.
 

A Ponte Estaiada em São Paulo, é um excelente exemplo de como a inserção de um elemento extra num projeto de um viaduto comum faz toda a diferença.

Além do embelezamento urbano não podemos nos esquecer da questão cultural que a arte proporcionará aos transeuntes que conhecerão as várias linguagens da arte. É através da arte que o ser humano formata o seu senso artístico, estético, inicia e amadurece o seu processo de análise e crítica que poderá ser aplicado no seu mundo real.

Um excelente exemplo de arte urbana usando esculturas é o trabalho desenvolvido por William Pye que já postei aqui no blog. Ele trabalha com a água como elemento principal de suas obras. Suas obras encontram-se espalhadas por vários pontos do mundo e são referências em embelezamento urbano. Além da plasticidade traz o benefício ao corpo por ser um elemento relaxante.
 

 Obra de William Pye. Movimento, leveza e beleza.

Um outro grupo que vem trabalhando com esculturas usando algum elemento base é o Colombo Construction Corp – também já apresentado aqui no blog. Eles trabalham esculturas usando o fogo como elemento principal. Usado com moderação e cuidados torna-se um belíssimo exemplo dada a plasticidade das chamas que dependendo da direção e força do vento, nunca repetirão a mesma forma.

O The Art Office  – também apresentado aqui no blog – trabalha com esculturas com materiais tradicionais porém fugindo das formas normais brincando com orgânicos, cores e texturas.

Ainda nas esculturas vi recentemente um belíssimo exemplo que é a do Anish Kapoor para o Millennium Park, Chicago. Trata-se de uma estrutura que imita uma gota de mercúrio tanto na forma quanto nos reflexos. Em seu reflexo podemos ver o skyline local e os transeuntes numa gostosa brincadeira que nos remete àqueles salões de espelhos, dos antigos parques de diversões.

Devemos também levar em consideração a questão do mobiliário e equipamento urbano como fator de embelezamento urbano. Hoje, os designers têm produzido produtos lindos e funcionais para este fim, mas percebe-se um certo comodismo por parte das administrações públicas em manter sempre o padrão comum nos projetos o que faz com que todos os espaços, apesar de algumas particularidades, acabem sempre com a mesma cara, o mesmo estilo. E por vezes, com orçamentos mais caros do que se fossem usados outros equipamentos novos, que visam à acessibilidade, sustentabilidade, embelezamento urbano.

Na área plástica em 2D temos o grafite onde vemos uma variedade de uso e aplicação cada dia maior. Não me refiro aqui à pichação. Grafite é bem diferente, onde vemos desenhos que geralmente nos remetem muito à arte POP, por vezes ao Cubismo e muitas vezes beirando o kitsch. É a arte das ruas com pitadas de um surrealismo fantástico. Por vezes o lúdico se faz presente numa deliciosa brincadeira entre a cena representada e o entorno imediato ou à realidade urbana. Talvez seja correto afirmar que o responsável por tornar conhecida e respeitada esta arte tenha sido Jean-Michel Basquiat.

O grafite sempre traz uma forte veia crítica, política e cidadã. É um manifesto público.

Obra do grafiteiro brasileiro Nunca na fachada do Taste Modern Museum.

Engana-se quem acredita ser esta forma de representação algo destinado apenas aos muros. Um de seus principais focos é trazer cor ao cinza-concreto predominante das cidades. Hoje vemos grandes paredes e fachadas de edifícios grafitadas. Recentemente o museu Tate Modern, de Londres, rendeu-se a esta arte e convidou seis dos mais renomados grafiteiros do mundo para realizarem intervenções em sua fachada. Dentre estes estavam dois brasileiros: Os Gêmeos e Nunca.

Ainda nesta linha temos também a Colagem utilizada na maioria das vezes em muros e tapumes de construções. Esta arte tem muito a ver com os designers gráficos uma vez que a maioria dos materiais são publicitários ou seja, cartazes de empresas, produtos, serviços. Mas também vemos constantemente aplicações de artes gráficas, imagens produzidas por computador ou à mão livre.

Nas ações paisagísticas temos os jardins, praças, parques e canteiros que podem ser trabalhados de diversas maneiras. Seja com flores, folhagens, fontes ou qualquer outro elemento, estas ações agregam ao ambiente a tranqüilidade e aconchego em meio ao caos urbano.

Já na iluminação pública podemos destacar as áreas como praças, parques e edificações que com um projeto adequado de lighting design passarão a contribuir e muito com o embelezamento urbano. Aqui não vale aquela iluminação comum que vemos por aí mas sim intervenções que se destacam seja na forma ou na cor, dentro do espaço urbano.

Duas imagens que demonstram bem como o uso da iluminação pública pode ser trabalhado de forma plástica e diferente, trazendo beleza e segurança ao espaço urbano. A primeira traz uma praça com uma instalação artística. A segunda nos mostra como o simples uso da luz pode transformar a estrutura seca e rude de um viaduto.

O uso de instalações artísticas usando a luz como matéria principal tem favorecido os espaços públicos com um belo efeito visual ao mesmo tempo que ilumina o entorno. Mas o uso da luz como ferramenta de embelezamento urbano não fica restrito às instalações artísticas. Ela entra também, e especialmente, na área do Light Design de fachadas. Nossas cidades são tristes por vezes porque temos ruas fechadas por edifícios mal iluminados. E não é por falta de arquitetura. Vemos prédios lindos totalmente apagados durante a noite.
 

Uma instalação com canhões de luz num passeio público.

No uso da arte urbana ou arte de rua, pode-se optar por um projeto fixo ou ainda abrir a oportunidade de uma rotatividade nas obras expostas dependendo do caso.

Portanto devemos olhar o espaço urbano como uma grande tela em cinza, crua, ainda a ser trabalhada artisticamente. Basta querermos.

Artigo escrito para a revista Mary In Foco.