A luz sai dos palcos e espetáculos e vai para a arquitetura com a finalidade de valorizar e enaltecer espaços e elementos da arquitetura.
A característica principal da luz cênica é a sua volatilidade que faz o espectador mergulhar numa dimensão mágica, única. Ela por si só já é um espetáculo à parte em um palco; seja num show, seja numa peça de teatro.
Ali, o LD realiza as suas pinturas cênicas. O palco é a tela onde ele vai brincar com suas tintas, com seus pincéis.
As sutilizas e a sensibilidade deste trabalho chamou a atenção de alguns profissionais que trabalhavam com a iluminação arquitetural. Como aplicar aqueles conceitos, como trazer aqueles efeitos para a arquitetura seja ela interior ou exterior? Destas indagações e de várias outras surgiu o Light Design voltado para a arquitetura. Uma necessidade real de algo diferente e único, fugindo do comercial, do comum.
Portanto, para ser um bom profissional de LD faz-se necessário que o profissional busque informações e esteja atendo ao mundo cênico, seja ele em um palco real ou numa cena de TV e filmes. As concepções e tecnologias estão mudando dia a dia e isso é perceptível, especialmente em cinema e televisão.
Mas este conhecimento não vem apenas através da observação de uma imagem ou cena encontrada em algum tipo de mídia ou numa visita. É bem mais profundo e técnico o que exige do profissional um constante aprimoramento e aperfeiçoamento através de pesquisas, leituras e prática, muita prática.
Como a luz é uma matéria não palpável, você não consegue pegá-la. É só através da manipulação e experimentação que o LD conseguirá alcançar um nível de conhecimento e técnica que o torne apto ao trabalho através das múltiplas facetas e possibilidades que a luz tem e é capaz nos proporcionar.
De nada adiantaria eu ou qualquer outro autor ficar escrevendo laudas e mais laudas descrevendo o comportamento de um facho produzido por um determinado equipamento e uma determinada luz. Você poderia até mesmo conseguir visualizar mais ou menos o efeito, porém restariam muitas dúvidas e distorções. Ao contrário do que acontece quando você manipula e sente e percebe ao vivo o que realmente acontece.
A iluminação cênica tem suas características e peculiaridades. A começar por ela ser um show à parte dentro de qualquer espetáculo. O primeiro versículo do Gênesis da Bíblia: “Deus disse: “Haja luz” e houve luz. Deus viu que a luz era boa…”. É a luz que dará a visibilidade de tudo que se fez para o resultado final da montagem e o encantamento da platéia pelo conjunto de elementos cênicos. Ela complementa a linguagem do espetáculo. Deve agregar novos elementos ao conjunto que se pretende transmitir ao público. A luz atua diretamente no referencial psicológico de cada espectador, provocando em cada um reações diferentes, fruto da própria experiência individual com as cores.
Pensemos que ela acontece na grande maioria das vezes em ambientes fechados e que não sofrem interferências externas. É a caixa escura dos teatros (palco + caixa cênica). Isso facilita e muito o trabalho do iluminador. Porém, quando esta acontece num ambiente externo e exposto às variações do entorno algumas coisa necessitam ser super-dimensionadas para alcançar o mesmo efeito.
Por exemplo: numa caixa cênica quando usamos fog (fumaça) ela tende a manter-se no espaço espalhando-se e dissipando-se vagarosa e lentamente. Já num palco aberto a incidência dos ventos faz com que ela se espalhe, nunca tenha uma direção certa. Logo, necessitamos neste caso de uma maquina mais potente ou mais máquinas espalhadas pelo espaço.
Outra característica é que numa caixa cênica os equipamentos são mais simples de manipular, pois ali dentro contamos com uma gama enorme de acessórios tais como varas, bambolina, cortinas que nos garantes o “esconder” dos mesmos do observador e também, os mesmos estão protegidos das intempéries e agressões. Já num espaço aberto eles ficam expostos à chuva, sol, vento, poeira e vários outros elementos que podem danificá-los, especialmente tratando-se de iluminação arquitetural. Por isso os fabricantes começaram a desenvolver os mesmos produtos com IP alto através de vedações e outros elementos que os protegem. Hoje encontramos a maioria dos equipamentos cênicos em versões para uso externo.
Boas leituras são as que contam a história da iluminação cênica. Nestes materiais encontra-se claramente a evolução das técnicas e equipamentos utilizados. Existem vários arquivos em PDF disponíveis pela web sobre o assunto que valem a pena a leitura.
Na iluminação arquitetural, seja esta de fachadas, interiores, paisagismo, monumentos ou qualquer outro tipo é comum termos de especificar e detalhar nos projetos outros elementos além das luminárias e especificações técnicas. Mais ainda quando a edificação ou espaço a ser iluminado são anteriores ao projeto. Num projeto novo onde o LD trabalha em parceria com arquiteto, engenheiro ou designer isso pode ser corrigido já no momento no momento da concepção arquitetural, porém quando isto não ocorre, acabamos por ter a necessidade de adequar os espaços e as instalações ao projeto de LD.
Um exemplo fácil é um projeto de LD para uma praça pública já existente. Um dos primeiros itens a ser verificado é a realidade das instalações existentes. Isso engloba a verificação de instalações elétricas, se existem pontos onde poderemos instalar os equipamentos ou se terão de ser construídos, o tipo de uso da praça, questões relativas a segurança e vandalismo entre vários outros fatores. O mais comum é termos de projetar também estes espaços para instalação seja este enterrado, sobreposto ao chão, elevado ou suspenso.
Em interiores o mais comum é o uso do gesso onde podemos embutir todo o sistema de iluminação. Porém alguns cuidados devem ser observados como, por exemplo, numa sanca com built-in. Pensemos na manutenção do sistema. Um instalador que venha a fazer algum reparo – que seja uma simples troca de lâmpada – apoiando-se no border da sanca onde o sistema encontra-se “escondido”. Se esta não for projetada de modo que a resistência a choques, impactos e cargas seja maior, corremos o risco de ter um elemento quebrado ou trincado o que demandará mais trabalhos ao usuário: remendo, pintura…
Não digo com isso que teremos de nos atentar a toda a parte de instalação elétrica, por exemplo. Isso deve ser feita pelo engenheiro elétrico responsável pela obra. Porém, é um trabalho que demanda atenção e trabalho conjunto.
Alguns lembretes:
Local |
Ambiente |
Pontos de atenção |
Externo |
Fachadas |
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Praças e parques |
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Monumentos |
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Pontes |
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Vias urbanas |
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Interno |
Residencial |
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Comercial |
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Saúde |
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Industrial |
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Interno efêmero |
Stands |
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Shows |
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Estes são apenas alguns exemplos de pontos de atenção que devem ser observados cuidadosamente pelo LD antes de projetar. A visitação “in loco” do espaço é fundamental para a detecção destes pontos. A atenção neste tipo de detalhe fará, certamente, a diferença em seu projeto.