DESIGN E CULTURA ou A (DES)CULTURA do DESIGN

Por Renata Rubim*

Ao ler “design e cultura”, o que ocorre na sua mente, que pensamento vem?

A minha experiência me mostra que ainda se confunde bastante design com glamour, sofisticação e, quem sabe, com o desnecessário, o inútil.

Mas design no seu sentido mais intrínseco é justamente o contrário disso, design é simples, básico e completamente necessário. Design está em tudo que nos rodeia desde que acordamos até quando adormecemos. Ninguém vive separado do design. O nosso cotidiano é feito e permeado de design. Design, design, design.

Mas e cultura? O tema cultura tem a mesma importância que o tema design. Um não existe sem o outro. Não há designer inculto. O inculto não será designer porque ele não terá ferramentas essenciais para desempenhar e desenvolver seu trabalho. A cultura é o alimento do designer. E design é, por sua vez, cultura.

Fico constantemente abismada ao constatar que pouquíssimo dos nossos intelectuais tem ideia da abrangência do design. Ao listar áreas culturais serão certamente mencionadas a literatura, as artes visuais, o cinema, o teatro e talvez alguma outra expressão como HQ (História em Quadrinhos), quem sabe.

Outro aspecto que me chama a atenção é o foco usado pela mídia. Foco esse, muitas vezes, distorcido que a mídia em geral tem do design. Se quisermos ler sobre design nos jornais diários ou em revistas semanais, será quase impossível achar algum artigo, reportagem ou matéria fora das páginas e cadernos de decoração ou moda. Muito raramente aparece alguma referência na parte de economia. Impressiona-me que hoje, século XXI, quando estamos imersos num cotidiano permeado de design, não seja dado ao assunto o seu devido valor.

Mas não é assim em outros países e não tem que ser aqui. O meu principal argumento é que se cada um de nós tiver um pensamento humanitário, naturalmente se lembrará do design voltado à medicina, o design voltado às necessidades e carências essenciais, ao meio ambiente, etc. Não se pode desligar uma área de sua cultura original. Um exemplo claro é o da medicina chinesa, ligada à cultura e à filosofia da China.

Kenji Ekuan, um dos mais respeitados designers japoneses, criador da célebre garrafinha do molho de shoyu que todos conhecemos, é um estudioso do budismo. É interessante se olhar com mais profundidade para isso, que pode parecer um paradoxo. Afinal, o budismo é principalmente uma filosofia de vida onde a matéria é
conseqüência de uma série de ações imateriais. Bem, mas Kenji respeita os produtos como se vivos fossem. Não pela sua aparência ou pelo possível luxo, mas pelo que está neles embutido: o processo. Em respeito ao conhecimento e à bagagem que cada componente desse longo e delicado processo possui. Desde o homem rural até o consumidor final, que elege e adquire algo relacionado com a cultura que o rodeia.

Cultura e design andam de mãos dadas. Dançam juntos. São interlocutores, portanto, indissociáveis. Fazer design é se envolver com as diferentes etapas do processo, (início, meio e fim), começando pelas pontas. Falando simplesmente: numa ponta está aquele que investe ou produz e na outra ponta aquele que adquire o resultado final. Mas essa, como todas as linhas, é composta de pontinhos, todos básicos para a sua formação.

Um designer envolvido seriamente com o seu ofício tem interesse em áreas diferentes do repertório cultural, ambiental e social porque se o seu projeto estiver bem inserido na comunidade, significa que há diálogo e interação entre ele e o usuário.

Sendo assim, quem faz design, faz parte de uma sociedade tanto quanto quem faz economia, medicina ou jornalismo. É um integrante de uma determinada cultura ou grupo de pessoas e ocupa um lugar de importância igual, nem maior, nem menor. Nem acima, nem abaixo. Mas, ao lado. Junto.

Pensar design é participar e formar comunidades mais receptivas, adequadas e equilibradas. Por isso, nós designers, temos interesse especial que a comunidade em que estamos saiba o que é design no seu sentido mais amplo. Que quando todos pensarmos design (design thinking), entendermos suas inúmeras possibilidades (design de serviços, por exemplo) e olharmos para as necessidades básicas das pessoas (idosos, deficientes, crianças, carentes, adictos) teremos uma sociedade bem mais humana e bem mais inteligente.

*Renata Rubim
Designer de superfícies e consultora de cores. Colabora com a difusão do design em projetos industriais e educativos. Em palestras e workshops pelo Brasil e América Latina compartilha conhecimento adquirido ao freqüentar a Rhode Island School of Design, Providence, USA, com bolsa Fulbright. Escreveu “Desenhando a Superfície”, Ed. Rosari, SP, primeiro no Brasil sobre o tema. Seu escritório atende a clientes de diferentes segmentos. Recebeu os prêmios Bornancini 2008 e Idea/Brasil 2009, com parcerias. Participou da Bienal Brasileira de Design 2010 e da Cowparade Porto Alegre.

COMO PRECIFICAR PROJETO, CONSULTORIA E ACOMPANHAMENTO DE OBRAS?

Bom, muita gente me escreve dizendo que não consegue entender a forma como precifico meus projetos. Então resolvi apresentar um resumão da forma tradicional de precificação.

Basicamente existem quatro tipos de remuneração para os profissionais de Design de Interiores e Lighting Design:

1 – Projeto: é a contratação do profissional, através de contrato, onde o profissional realizará todos os procedimentos necessários para a implantação do mesmo (da concepção à entrega do ambiente finalizado).

2 – Consultoria: A consultoria ocorre quando o cliente solicita uma orientação sobre alguma coisa relativa ao seu espaço. Não implica necessariamente na elaboração de projetos nem na especificação de produtos. Apenas a indicação de melhores soluções para os problemas, alertas sobre possíveis erros. Pode ser a Consultoria simples, que visa atender situações emergenciais ou a Consultoria Completa, geralmente utilizada por escritórios parceiros.

3 – Hora Técnica: São aqueles serviços não contemplados no Projeto. Pode ser o acompanhamento do cliente à uma loja para auxilia-lo na escolha de algum elemento, por exemplo.

4 – Administração da Obra: são os honorários destinados à cobrir os custos do profissional para o acompanhamento das obras garantindo, assim, o bom andamento das mesmas e o correto atendimento às especificações projetuais.

Existe também a Reserva Técnica – ou RT – que é a comissão paga por fornecedores. Porém esta prática é bastante controversa uma vez que muitos profissionais não avisam seus clientes sobre a existência da mesma levando o cliente a pagar duas vezes pelo mesmo serviço. Outro elemento que deve ser destacado sobre essa prática é que nem sempre os produtos especificados são os melhores considerando a amizade entre profissional/fornecedor e o valor em % paga pelas lojas. A que paga mais, geralmente leva.

Os valores de cada uma destas formas de remuneração dependem da região onde o profissional está atuando. A média nacional para 2012, segundo a ABD, são:

Projeto: varia de R$ 32,00 até R$ 86,00 por m² dependendo da região, da dimensão e do tipo de projeto (residencial, comercial, etc).

Consultoria simples: de R$ 150,00 a R$ 250,00.

Consultoria Completa: de R$ 750,00 a R$ 1.500,00.

Hora Técnica: de R$ 85,00 até R$ 175,00.

Administração de obras: de 10 a 15% do valor total da obra.

RT: em média, 10% a 20% sobre o valor total da compra.

Lembro que estes são valores mínimos e máximos delimitados através da observação dos valores apresentados pela ABD e dos cobrados por profissionais.

Lembre-se que não cobrar por projetos ou cobra valores muito abaixo do mercado (dumpping) são ações criminosas e podem ser punidas caso você seja descoberto(a).

Espero que ajude a vocês!!!

Home Staging???

Já sei que muitos vão tentar afirmar que esse trabalho é uma das competências (por Lei) dos arquitetos e engenheiros. Mas calma, antes de atirar pedras e vir com trololó, não vou me referir à parte estrutural ok? Se insistirem em englobar o todo que esse tipo de parceria pode gerar em serviços tudo bem.

Fica aqui registrada então a denúncia de reserva ilegal (e criminosa) de mercado, que fique bem claro, e que as autoridades competentes façam a sua parte punindo (dentro da LEI) os que defendem isso.

No exterior, essa parceria com os corretores de imóveis e imobiliárias (e até mesmo com particulares) é chamada de “Home Staging”. Diferente do que muitos (dentre os poucos que conhecem esse trabalho) possam pensar, esta técnica não visa somente uma mera “encenação do imóvel ocupado ou vazio” ou seja, dar uma arrumada, redistribuir os móveis com um layout melhor. Esta técnica pode e deve ser aplicada de maneira mais ampla.

Digamos que você leitor tem uma casa e quer vendê-la. Já parou para analisar que qualquer benfeitoria realizada na mesma aumenta o seu valor no mercado? Já percebeu que todo possível comprador torce o nariz para qualquer manchinha que tiver na parede ou riscadinho no piso?

Sim, é bem isso mesmo. As pessoas quando buscam um imóvel novo tem preferência por aqueles que não lhe trarão trabalho assim que o adquirir. Poucos são os que buscam algo para entrar em reforma, principalmente as pesadas.

Assim, temos nesse nicho de mercado mais uma área para os profissionais de Design de Interiores/Ambientes.

Como? Vou explicar.

É certo que uma casa mal arrumada, com uma distribuição ruim dos móveis acaba gerando uma visão poluída (e distorcida) dos ambientes para o possível comprador. Ele (a grande maioria) não consegue visualizar os espaços e suas possibilidades especialmente quando o imóvel ainda está habitado e consequentemente cheio dos móveis do atual morador. Então, aqui está o primeiro meio de trabalho neste mercado: arrumação.

Mas não ficamos só nisso. Quando somos chamados para este serviço devemos fazer uma vistoria completa no imóvel. Devemos estar atentos a absolutamente tudo, dentro e fora do imóvel. SE, e somente SE, houverem problemas estruturais, aí sim devemos chamar profissionais qualificados (arquitetos e engenheiros) para resolvê-los. O restante (não estrutural), podemos trabalhar livremente no imóvel:

– Verificar se a pintura está ok ou se precisa ser renovada/retocada.

– Verificar as condições dos pisos e revestimentos e se necessário propor alterações.

– Verificar se as instalações elétricas e hidráulicas estão ok,e propor as alterações nevessárias.

– Verificar a situação dos armários embutidos que permanecerão no imóvel.

– Verificar os gessos.

– Verificar o paisagismo (quando houver).

– Entre várias outras coisas.

Percebam que para cada item destes é um trabalhão danado.

E é assim que este DEVE ser feito. Este é o verdadeiro Home Staging.

Tem alguns sites e profissionais (incluindo já aqui no Brasil) que pregam que devemos apenas “dar um tapa”, ou seja, mascarar os problemas, torná-los imperceptíveis ao possível comprador. Em resumo: ele que se exploda depois com o azedo abacaxi fantasiado de doce e suculento morango que o venderam.

Isso não é ser profissional. É ser desprovido de qualquer ética e respeito pelo mercado e pelas pessoas.

Muitos podem se perguntar: vale a pena investir antes da venda? Vou contar uma historinha:

Uma conhecida minha de Ribeirão Preto ficou desempregada e recebeu o seu FGTS. Como estava difícil arrumar um novo emprego (por causa de sua já adiantada idade) ficou pensando em como investir de forma segura e rentável aquele dinheiro. Um dia andando pela cidade, viu num dos bairros uma casa popular à venda num dos conjuntos mais disputados da cidade e teve uma idéia. Não me recordo os valores exatos agora, mas lembro-me perfeitamente da relação entre eles. Comprou-a por aproximadamente R$ 17.000,00. Sobrou um dinheirinho e ela resolveu ajeitar a casa antes de vendê-la. Chamou uns pintores, deu uma arrumada no jardim, gramou o terreno, reformou o banheiro e a cozinha (troca de revestimentos, louças e metais). Investiu pouco mais de R$ 5.000,00 nisso tudo. Quando chamou um corretor ficou pasma ao ver que ele avaliou o imóvel em mais de R$ 30.000,00.

O que ela fez? Vendeu, comprou outra, reformou, arrumou e vendeu e comprou outras e assim por diante. Hoje vive (e muito bem) fazendo isso. Mas como ela não é designer nem arquiteta, faz apenas para ela mesma. Me falou ainda esta semana pelo telefone (sim, já se dá ao luxo de contratar minha consultoria) que está atualmente mexendo com 12 imóveis ao mesmo tempo. Melhor que a realidade de muitos profissionais.

Agora, imaginem vocês, meus leitores acadêmicos/profissionais, o nicho de mercado sensacional que é este.

Imaginem vocês, meus leitores corretores/imobiliaristas/clientes, as vantagens que este tipo de prestação de serviços podem trazer para vocês.

E isso não deve ser aplicado apenas às residências e apartamentos. Uma historinha de um outro amigo pessoal:

Ele comprou um apartamento dele em 2003 por aproximadamente R$ 43.000,00. Fez uma reforma pesada e o valor não subiu quase nada. Com o passar do tempo acabou assumindo como síndico do condomínio. Nisso começou a perceber as absurdas gambiarras que o ex-síndico vinha fazendo e resolveu que estes problemas todos deveriam ser tratados com seriedade. Claro que, de início, os proprietários colocaram-se contra por causa do investimento necessário. Primeiro refez toda a parte elétrica e de iluminação das garagens (lighting). Os moradores perceberam que a conta de luz do condomínio diminuiu muito. Depois refez a pintura das paredes e tetos do Hall, escadarias e circulações. Na primeira visita de um corretor, este confidenciou a este meu amigo que agora, com essas pequenas melhorias, o valor do apartamento já ultrapassava os R$ 65.000,00. Os proprietários gostaram e perceberam que investir é sinal de lucrar. Resolveram então melhorar a área externa (portão de pedestres/acesso). Tiraram o telhadinho ridículo que não protegia ninguém e fizeram uma entrada decente (projeto meu executado por uma engenheira parceira). O valor do apartamento subiu para R$ 90.000,00. Alteraram a calçada implantando uma calçada verde com paisagismo, dentro da norma de acessibilidade municipal. Aumentou ainda mais o valor. Implantaram um sistema de segurança com acesso por tags e senhas individuais e câmeras de segurança. Hoje, o valor dos apartamentos está mais de R$ 150.000,00. Sempre tem corretor tocando o interfone desesperado para saber se tem algum apartamento à venda no prédio. Outro detalhe: antes eram 4 proprietários e 8 inquilinos. Hoje são 10 proprietários e 2 inquilinos no edifício. Todo esse trabalho foi feito com a minha consultoria em alguns momentos e projeto em outros. Agora, estão se preparando para uma reforma geral das fachadas e dos telhados, incluindo uma possível alteração para telhados verdes, tudo feito sob a minha concepção e supervisão (e executados por profissionais parceiros qualificados para tal).

O que isso tudo tem a ver com Home Staging?

Serve para mostrar que não apenas os proprietários, mas também os síndicos devem começar a repensar as suas decisões sobre investimentos nos imóveis, incluindo nas áreas comuns, no caso de condomínios.

Isso é mercado, isso é valorização de um bem seu (ou de todos, no caso dos condomínios) e que o mercado sabe reconhecer.

Serve também para mostrar que, apesar do termo “home”, este trabalho é bem mais amplo e não está atrelado apenas aos espaços interiores das edificações.

OBS> e não me venham falar em direito autoral em residências e edifícios com mais de 10 anos (que são as que mais necessitam desse tipo de serviço) onde os proprietários já pagaram ao autor pelo DIREITO de fazer o que quiser com o SEU imóvel. Inclusive, botar “na chom”, caso algum birrento insista em atormentar e atrapalhar o processo alegando que “só ele, por ser autor, tem direito de alterar”. Isso é reserva de mercado. Isso é CRIME! O direito autoral já está lá registrado no acervo técnico, nas fotos, registros e plantas ok?

Então, vamos que vamos. Temos muito trabalho a fazer.

E a sociedade tem muito a ganhar conhecendo e investindo no trabalho sério dos Designers de Interiores/Ambientes, especialmente os proprietários e corretores de imóveis.

Parcerias sérias só faz bem a todos.

Picaretagem via internet

É, tentei não escrever sobre o assunto mas diante da barbárie que o mesmo representa para o mercado e, principalmente, para a classe de profissionais sérios, não posso deixar passar em branco.

Desculpem o palavreado chulo mas, que M* é essa?

É por isso que a nossa profissão não é respeitada e valorizada nesse país.

Dá para trabalhar via internet? SIM. Nunca neguei isso. Desde que se tenha um mínimo de ética profissional e seriedade.

No entanto, enquanto assistimos aos amigos designers gráficos sérios lutarem contra empresas como a WeDoLogos – que prega um estilo de concorrência criativa à preço de banana (ou seja: você faz o projeto da logoMARCA, envia pro site e o cliente escolhe entre os trabalhos enviados. Quem leva, leva por uma ninharia absurda) – descobri dias atrás um site que não faz a concorrência criativa, porém desrespeita completamente as regras básicas de mercado na área de Design de Interiores.

Já até tinha colocado esse assunto no grupo do blog lá no facebook mas vale a pena voltar ao mesmo por aqui para alertar o mercado e até mesmo os profissionais sobre isso. Depois quando eu escrevo que o mercado está sendo invadido por um bando de prostitutas(os) que só fazem denegrir a profissão, tem gente que vem me xingar nos comentários.

Pra piorar o tal site não apresenta absolutamente nada de currículo das “profiçonaiz” envolvidas. Só uns deseinhos (nem fotos reais são) com os nomes que deixam o site mais com cara de coisa relacionada a moda que a decoração ou interiores.

Mas vejam isso que marravilha:

Valores de projetos:

‎1 Ambiente: R$ 700,000
2 Ambientes: R$ 1.260,00
3 Ambientes: R$ 1.770,00
4 Ambientes: R$ 2.220,00
5 Ambientes: R$ 2.600,00

Achou péssimo isso? As fulanas sem rosto e sem CUrrículo ainda conseguem piorar tudo…

Pois ainda tem promoção de férias no site:

2 ambientes com 5% off – de R$ 1260,00 por R$ 1197,00
3 ambientes com 10% off – de R$ 1770,00 por R$ 1539,00
4 ambientes com 15% off – de R$ 2220,00 por R$ 1887,00
5 ambientes com 20% off – de R$ 2600,00 por R$ 2080,00

Quer mais ainda? Encontrei o anúncio desse absurdo virtual no site da revista Casa Claudia. Tudo com as bênçãos dessa que diz ser a maior e melhor revista da área. LA-MEN-TÁ-VEL!!!! Depois querem que eu acredite que não existe “jabá” para figurar lá dentro…

Me poupe!!!!

Depois que lancei a coisa no facebook, olhando o site hoje, percebi algumas alterações. Dentre elas uma seção de perguntas e respostas onde em uma diz que sim, são designers reais. Logo após, em outra pergunta sobre reforma da casa toda eles dizem que para isso é necessário que a pessoa entre em contato com um escritório de “arquitetura de interiores”.

Pera lá, se realmente fossem Designers e tivessem tido uma formação séria numa universidade também séria saberiam que um Designer de Interiores/Ambientes tem conhecimento e capacidade para fazer a reforma da casa toda (incluindo aqui cozinhas, banheiros, área de serviços que eles não fazem) portanto, não indicariam um escritório real de arquitetura e sim o de um designer. Como se não bastasse o desrespeito com os valores ainda fazem o desfavor de denegrir e menosprezar a classe profissional à qual “dizem” pertencer ao se apresentarem como “dezáiners”.

Outro detalhe é que de Design de Interiores os projetos não tem nada. É apenas o trabalho que qualquer pessoa com um mínimo de bom gosto numa cidade que tenha lojas decentes de móveis e acessórios consegue fazer.

Lançar móveis prontos sobre uma planta baixa de forma “bonitinha” ou “arrumadinha” qualquer um faz. Quero ver é entrar com projeto que exija produção, intervenções mais profundas no ambiente, personalização. Com a “vitrine de parceiros” o que me vem à cabeça é o seguinte: jogam o preço do projeto lá embaixo pois ganham nas RTs dos tais parceiros e, claro, isso eles não dizem no site.

Como se não bastasse isso, a Ro (Simples Decoração) me mostrou lá no face um outro site semelhante que apresenta um tal de “Coach Decorador” – que não faço a menor idéia do que venha a ser isso – e ainda apresenta um selo de certificação de um órgão que nunca ouvi falar em lugar algum.

Pera lá gente. Assim não tem como, assim não dá. Alguém me arranja uma bazuca???

Temos de matar um leão por dia no mercado para conscientizar o mesmo da importância e seriedade de nossa profissão para, do nada, me aperecer um bando “sem cara e sem currículo” e foder – desculpe a palavra mas não cabe outra – com todo o trabalho de anos de profissionais sérios??

Trabalhar via web é possível SIM. Mas por mais distante que esteja o cliente, ao menos uma visita real você tem de fazer se quer que seu projeto seja realmente executado e que tudo saia dentro do planejado. Isso o cliente tem de ter consciência.

Se quando estamos com uma obra, visitando-a diariamente, os parceiros (pedreiros, encanadores, eletricistas, etc) já conseguem aprontar poucas e boas, imagina se você nem der a cara na obra? O que vai virar a bagaça??? 90% dos parceiros não tem leitura de planta baixa e os clientes sempre buscam os preços mais baixos destes.

Sinceramente? Cliente honesto e mercado ético não tem como levar a sério isso.

E onde está a ABD que diz representar e trabalhar em nome dos profissionais para coibir esse tipo de absurdo?

Eu aderi à ABD à convite do Jéthero – que respeito muito – que está na diretoria atual. Mas já estou arrependido pois só estou pagando, pagando e pagando pra não receber absolutamente NADA em troca.

Não se vê qualquer ação séria e efetiva da ABD para arrumar o mercado, impor normas e tampouco buscar um projeto de regulamentação profissional sério – pois o que estão tentando colocar não vai melhorar em nada e sim manter tudo na mesma zona que está.

Desde que criei este blog venho cobrando da ABD que faça a correta distinação entre decorador, designer e arquiteto porém eles comodamente e covardemente não o fazem. Antes alegavam que por eu não ser associado não tinha direito a exigir nada. Agora, como associado pagante, simplesmente não recebo resposta alguma. O resultado dessa falta de atitude e peito da ABD de enfrentar os problemas de frente? Isso que acabo de relatar neste post é apenas um dos resultados – os outros vocês já conhecem bem e encontram facilmente aqui em meu blog. Isso já é o fundo do poço para os profissionais de Design de Interiores/Ambientes.

Se você é cliente e leu isso tudo, abra seus olhos e exija do seu profissional o seu currículo acadêmico. E se ele colocar valores muito baixos, desconfie da seriedade do mesmo.

Quanto custa decorar?

Bom, um presente para vocês.

Olhando o blog da Maria Alice Miller encontrei este texto abaixo muito interessante. É uma excelente leitura para quem tem dificuldades na hora de negociar com os clientes os valores do projeto. Mas também, um lembrete de que projetar é bem mais que o simples ato de vender uma mercadoria. Isso inclui muitas variáveis que devem ser levadas em consideração antes de soltar o orçamento. É também uma leitura prática para aqueles que, assim como eu, sempre encontram clientes que tentam te forçar a “jogar” um preço sem saber exatamente do que se trata o projeto.

Depois que li o texto, entrei em contato com ela solicitando autorização para posta-lo aqui, o que ela me respondeu prontamente de forma positiva.

Maria Alice é mais uma que, assim como eu, é bastante crítica com o mercado e com o que anda rolando no meio profissional seja no âmbito pessoal ou no relacionado às associações.

Indico a todos a leitura do blog dela – que também entra para a barra de blogs aqui à direita.

Boa leitura!

Maria Alice Miller – dezembro/2008 – www.casacomdesign.com.br

Com a difusão do trabalho dos designers de interiores nos últimos anos através da proliferação de revistas de decoração e também de mostras, muita gente se interessou por ter uma casa bonita, confortável e “na moda”. É um sinal do crescimento do país, interessante tanto para as empresas do setor quanto para os profissionais da área. Contudo creio que ainda há muito a ser esclarecido sobre como é o trabalho dos profissionais de interiores e, dentre as diversas questões que precisam se tornar mais claras, uma das mais importantes, e complexas, são os valores envolvidos em um trabalho de interiores.  Mais que esclarecer quanto aos honorários dos profissionais – que podem variar enormemente, como os de qualquer outro grupo de profissionais liberais – acho necessário tornar mais transparente a “pergunta-chave” com a qual vezes sem conta as pessoas nos abordam: “quanto vai custar?”. Seja uma reforma, uma decoração nova ou um simples acerto num ambiente que não está satisfatório, todo mundo quer saber sobre os valores envolvidos.  Não é uma pergunta fácil de ser respondida, pelo simples fato de que cada projeto é um projeto, cada espaço é um espaço, e cada Cliente é um Cliente. Existem inúmeras variáveis que podem tornar o valor final de um trabalho viável ou inviável para quem o solicitou, mas creio que cabe alertar que estes valores não precisam ser necessariamente os vistos nas revistas e mostras, onde todos se esmeram em apresentar os melhores produtos possíveis, de revestimentos a equipamentos de última geração. Por outro lado, também não se pode pensar que o valor de um trabalho de interiores, que resulte em um espaço esteticamente aceitável, seja tão baixo quanto muitos ainda pensam que seja. Há que ter planejamento e um orçamento preparado para tal, ainda que não se trate de um trabalho muito sofisticado.  A primeira coisa a saber quando se procura por um profissional de interiores, é que prestamos um serviço, e que portanto, não podemos determinar o valor dele sem saber o que vai ser feito. Não é o mesmo que entrar em contato com uma loja que fornece um produto e perguntar qual é o seu valor, mas iniciar um contato com alguém que pode ajudá-lo a transformar sua residência ou espaço de trabalho num espaço muito agradável. Somente a partir do contato com o Cliente e seu espaço é que começamos a analisar diversos fatores que influem no quanto deve ser investido.

Uma das primeiras variáveis avaliadas que influenciam no “quanto” é mesmo o Cliente: seu estilo de vida, seus desejos e aspirações. Muitos olham para fotos de revistas ou espaços de mostras com desejo de se transportarem para lá. Como isso não é possível pois o ambiente que dispomos não é o mesmíssimo da revista ou da mostra, torna-se necessário avaliar com calma o que atraiu a pessoa naquela imagem. É útil mostrar ao profissional que visuais o agradam mas, mais que isso, é importantíssimo ter em mente que o profissional pode auxiliá-lo a ver inadequações que, inicialmente, não foram percebidas. E é necessário ouvir o profissional neste ponto. Um exemplo prático: a cozinha americana, aberta para a sala, é um dos apelos mais fortes dos interiores atuais, mas nem todos sabem que uma cozinha configurada desta forma implica em possuir sala e cozinha sempre arrumadas, (o que pode ser inviável e até bastante incômodo em determinados casos), eletrodomésticos dos mais bonitos (e normalmente de alto valor), e de alta qualidade, para que não contaminem a sala com ruídos, fumaça e odores desagradáveis. Muitas donas de casa se encantam pela imagem e se esquecem que, no seu dia a dia, tal cozinha pode ser na verdade um desconforto mais que um prazer. Portanto, cabe a nós, profissionais que somos, mostrar que o tipo de vida que se leva determina em alta medida a forma como sua casa deve ser configurada. E com isso se determina também o tipo de projeto que será realizado, o que implica num gasto maior ou menor. Se a dona de casa que tem crianças insistir em ter uma cozinha integrada ao living, é possível criá-la com um investimento maior, contemplando ótimos eletrodomésticos e revestimentos adequados para a sala contígua, ou, pelo menos, uma bela porta de correr entre os ambientes, mas certamente será fundamental se preparar para um dispêndio maior do que se fosse realizado um trabalho em uma cozinha e uma sala não integradas.  A segunda variável é o espaço objeto do trabalho. Às vezes as pessoas moram em casas não-definitivas, isto é, espaços por onde se passa, sem a intenção de permanecer nele. Estão neste caso os solteiros, descasados, casais jovens, e uma série de outras pessoas. Em espaços assim, nem sempre vale a pena investir num ótimo revestimento para piso, teto e parede, pois normalmente isto não é valorizado em uma futura venda. Mesmo assim, é possível se ter uma moradia bonita, desde que se saiba em quais peças investir. E, muitas vezes, pessoas que estão em situações deste tipo resistem a procurar um profissional pois entendem que só uma “reforma total” daria bom resultado. Às vezes isto é verdade, mas às vezes não. Somente uma análise da situação pode resolver a dúvida. Nestes casos, a categoria de decoração desejada é de importância capital: é possível ter uma casa elegante com uma base simples, mas torna-se complicado desejar muita sofisticação numa moradia transitória.

O espaço também determina o trabalho necessário a ser executado. Já presenciei situações em que imóveis recém adquiridos tiveram que ser repassados pois o proprietário não possuía recursos para torná-los habitáveis. Algumas obras mínimas devem ser executadas quando se adquire um imóvel antigo e, às vezes, o preço baixo destas servem justamente para compensar as benfeitorias que o novo morador terá de executar, sob pena de não poder ocupá-la. E há quem não se lembre disso e destine todo o dinheiro que possui na compra, não restando nada para as obras fundamentais. Mesmo que não se trate de uma casa antiga, a maior parte das pessoas investe todos os recursos que possuem na compra do melhor imóvel possível, e isso normalmente significa uma ótima localização, espaços amplos, mais vagas na garagem, infra-estrutura do edifício. No entanto, se esquecem por exemplo que, quanto maior o imóvel, mais terá que ser investido neste espaço para torná-lo bonito. Também por este motivo às vezes não é possível transformar o imóvel adquirido na sua “casa dos sonhos”, pois nunca há folga no orçamento mensal para criá-la: o condomínio é alto, as despesas mensais com o estilo de vida são altas, outros gastos consomem todos os recursos do proprietário e realmente não há sobras para investir na casa. Desta forma, na hora da decisão de compra, talvez valesse mais a pena investir em um espaço menor, em outra localização ou um condomínio com menos infra-estrutura, reservando ou prevendo de alguma forma recursos para decoração, mesmo que esta ocorra somente anos após a compra desse imóvel. Claro, este conselho só se aplica a quem pretende ter o interior de sua casa bem arrumado.  A terceira variável para determinar quanto custa decorar é a categoria de decoração pretendida pelo Cliente. Quanto mais simples for o resultado desejado, em geral o valor envolvido na decoração torna-se menor. No entanto, muitos Clientes confundem o que chamamos de “simples” com “barato” e, definitivamente, em design, estas palavras não são sinônimos.

Ocorre que o bom design atende a determinados parâmetros e, no mercado brasileiro, se oferecem muitos móveis de baixo custo e péssimo design. A quantidade de peças com bom design é ínfima, e seus valores costumam ser maiores. É difícil para um profissional trabalhar com móveis mal concebidos e obter um bom resultado em um ambiente, portanto, é preciso investir em peças boas, mesmo que poucas. Ao contrário de outros itens que fazem parte de um espaço – como os revestimentos por exemplo, que existem em profusão de variedade e de preços – móveis e adornos com bom design têm oferta reduzida em nosso país, e isso complica muito nosso trabalho. Às vezes um bom quadro ou uma boa luminária chama mais atenção em um espaço do que tudo mais o redor, e portanto vale investir neste item e adquirir outros com valor menor. Apenas um profissional de interiores sabe como fazer isso, mas às vezes é difícil explicar esta abordagem aos Clientes. E, como resultado, às vezes ocorre de um bom trabalho ficar realmente “menor” ao se fixarem os quadros nas paredes – em situações em que estes não são escolhidos segundo o critério do projeto, mas de acordo com seu valor.

Além destes pontos básicos que implicam fortemente no valor total envolvido num trabalho de decoração, existem muitos outros que são analisados em um trabalho de interiores. Ao procurar por um profissional de interiores é importante que o Cliente seja claro, fale de suas dúvidas, seus desejos, o que espera, o que teme e, se possível, quanto deseja despender. É de vital importância haver um ótimo relacionamento entre Cliente e profissional para que se possa tornar um espaço economicamente viável para o bolso e realmente estético, bem concebido, dentro dos parâmetros do design de interiores.

Sinto muito, te enganaram!

Gostei tanto da sinceridade deste post ddo pessoal da BADE que resolvi trazê-lo na íntegra pra cá. Espero que curtam também.

Você comprou uma pintura parecida com essa aí de cima em uma daquelas lojas de decoração e presentes para colocar na parede da sua casa? Se comprou, saiba que você levou gato por lebre e ainda está pagando o maior mico.

Essas “obras de arte” são uma enganação armada para levar o precioso dinheirinho de pessoas bem intencionadas que pensam que ela é uma pintura.

Na verdade esses quadros não passam de produtos feitos em série, distribuídos por todas essas lojas e não valem absolutamente nada! Nada mesmo, até uma tela em branco é mais valiosa que eles, porque nela ainda pode ser pintado algo que valha a pena.

Portanto, nunca compre um quadro se o vendedor lhe perguntar qual a cor do seu sofá ou da sua parede e lhe oferecer um que vai combinar porque tem os mesmos tons.

Não é assim que se compra um quadro e se você pensa que quadro é objeto de decoração, melhor não tê-lo.
Usando um pôster com a reprodução de uma foto famosa ou de uma pintura de um artista famoso você vai estar pagando muito menos, fazendo um papel mais relevante para a humanidade e ficando livre de pagar um mico achando que tem um quadro quando não é um quadro.

Por um quadro fajuta você pode ser obrigado a gastar de $ 250 a R$ 450. Por esse mesmo valor você consegue comprar uma obra autêntica, única e original de um artista verdadeiro.

E aonde você encontra? Nas ruas, em espaços públicos, casas de cultura, bibliotecas e todos os outro lugares que normalmente e freqüentemente promovem exposições.

Aí você fala: mas eu não entendo nada de arte! Sem problema, vá pela sua intuição, escolha a tela que lhe faz bem.

Tenha em mente que nas lojas de decoração que vendem aqueles quadros eles entendem menos ainda, tanto que se propõem a vender algo que não é uma pintura como se fosse.

E não se preocupe com a sua decoração. Qualquer pintura razoável fica bem em qualquer parede e independe da cor e dos móveis.

Quanto ao tema, também fique à vontade: pode ser uma paisagem, uma natureza morta (para quem não sabe, aquelas frutas em cima de uma mesa ao lado de um jarro é uma natureza morta clássica), um retrato, um floral ou um conceito. Vale a mesma regra para o estilo: pode ser moderno, clássico, acadêmico, vanguarda, conceitual, contemporâneo etc.

A regra é simples: gostei, então eu levo.

Uma última dica: se for possível você conhecer o artista, para que ele fale sobre o trabalho, verá que automaticamente você vai criar um conceito de valor afetivo pela obra que ultrapassará o quanto pagou e, conseqüentemente, o quanto vale. Para terminar esta postagem, seria legal enfocar também a moda das mandalas e das esculturas de parede, mas é melhor terminar por aqui, o assunto vai ficar longo e muito cabeludo…

Os links abaixo mostram o trabalho de alguns artistas pinçados de uma busca bem superficial no Google. Aproveite!

Flávio Fernandes
Crovadore

Márcio Camargo

 

Sugado: Decorando Tudo

 

* E deixo mais uma dica: as Galerias nem sempre são espaços inacessíveis aos menos abastados. É possível sim encontrar obras belíssimas com valores razoáveis e acessíveis.