Presente de Natal à ABD

IRRESPONSÁVEIS!

Não encontro outra palavra para expor o que senti ao acessar o site da revista Casa Claudia para ver qual é a do tal “Curso de Decoração“.

Sobre as revistas já nem falo mais absolutamente nada sobre o fato delas irem – na maioria dos casos – na contramão de nossa profissão. Desrespeitam descaradamente e auxiliam na prostituição do mercado ao propor que qualquer um pode “virar” Designer ou Decorador num estalar de dedos bastanto para isso que se tenha bom gosto.

Mas o que mais me chocou nisso foi o vídeo da primeira aula. Logo de cara temos uma amostra do quão séria e dedicada à nossa profissão é aquela associaçãozinha chamada ABD – e jamais ABDI.

Para minha não surpresa, eis que em poucos segundos de vídeo aparece ninguém menos que o Negrete – digníssimo presidente da tal associaçãozinha – ensinando aos leigos como ser um Decorador. Não é de duvidar que este mesmo grupelo tenha se colocado de fora – em “nome de todos nós Decoradores e Designers – do Projeto de Regulamentação do Design. Mais uma vez, eles demonstram que são um grupo que prostitui e desrespeita a nossa profissão, bem ao contrário do que pregam.

Se lutam realmente pelo respeito e regulamentação da profissão de Designer de Interiores e Decoradores, deveriam sim postar-se totalmente contra este tipo de coisa e não vender-se para aparecer na mídia.

Observando as outras aulas percebi que outros profissionais aparecem dando tembém as suas “dicas”. Profissionais estes que respeito pela excelência de seus trabalhos, mas francamente, aparecendo ali, estão auxiliando a prostituição de nossa profissão e deveriam repensar seriamente as formas que andam utilizando para manter-se na mídia. Não precisam deste tipo de coisa uma vez que seus trabalhos já são reconhecidos.

Na segunda aula, falam sobre proporções – ergonomia. Isso é uma coisa que aprendemos em sala de aulas, muito estudo, muita análise e não em uma aulinha de pouco mais de 2 minutos onde aparecem algumas dicas – distâncias mínimas e confortáveis – que as donas de casa pegam e aplicam de seu jeito.

E a moda? É impressionante como forçam a barra sobre as tais tendências – o que está na moda e por vir. Com isso se esquecem de passar ao leigo internauta de que não devemos tratar os modismos relacionados à interiores da mesma maneira que tratamos a moda que vestimos. É moda de cortina, de tapete, de cores, de revestimentos, isso é IN, aquilo é OUT e por aí vai. No entanto, nada ou quase nada se vê falar sobre a identidade do morador e usuário. Se essa moda “serve” ou não para ele. Se essa “moda” vai ficar bem ou não para ele. Se essa “moda” é usual ou não para ele. O que vale é que “está na moda”. ECA!

Tudo bem que ao final de algumas das aulas a apresentadora fala algo como “em caso de dúvida converse com o seu decorador”. Mas isso só não basta para tirar o descrédito dado à nossa profissão – Decorador e Designer – quando se propõe um curso neste estilo. Talvez esteja aí a grade diferença e ponto chave para entender as ações dessa associaçãozinha:

Pela falta de regulamentação, qualquer um pode denominar-se de uma hora para outra Designer de Interiores. O que mais vemos são Decoradores usando o titulo Designer sem ter formação para tal. Inclusive essa associaçãozinha que de uma hora para outra mudou seu nome de Decoradores para Designers de Interiores.

Tudo bem que o nosso trabalho – Designers – é bem mais sério e profundo do que o apresentado nestas vídeos-aulas pois mexemos com coisas que um Decorador não mexe e nem pode pois nao tem qualificação para tal e que em matéria de decoração apenas, realmente, qualquer dona de casa é capaz de fazer. Mas colocar tudo isso como um grande “oba oba”, tá liberado, é desrespeitar totalmente os profissionais das áreas de Interiores, sejam estes Decoradores ou Designers.

Isso se chama IRRESPONSABILIDADE.

Isso se chama DESRESPEITO aos profissionais.

Isso se chama PROSTITUIR o mercado e a profissão.

7 comentários sobre “Presente de Natal à ABD

  1. Pingback: Presente de Natal à ABD : decoracao

  2. Valeu pessoal,
    o que temos de conseguir, assim como eu e a Maria Alice estamos conversando por e-mail, é formar um grupo sério e crítico sobre essas coisas que afetam diretamente a nossa profissão e “botar a boca no trombone”.
    Eu já ha bastante tempo “dei a cara à tapa” no que diz respeito à ABD e outras coisas relacionadas à nossa profissão. Mas um aqui e outro acolá apenas não tem força alguma. A partir do momento em que outros profissionais assumirem a responsabilidade de zelar pela sua profissão, incluindo neste grupo os blogueiros, creio que conseguiremos melhorar o mercado e, especialmente, fazer com que o povo tenha um mínimo de ética profissional.
    O problema da “prostituição” já começa dentro da academia onde os alunos não são preparados coerentemente sobre o que vão enfrentar no “mundo real”, poucas universidades falam sobre ética, geralmente são baba ovos da ABD, porém nada questionam a esta por mais que sejam expostos problemas graves e muitas incoerências dessa associação.
    Mas é isso, se conseguirmos nos unir – ao menos os blogueiros – creio que já conseguiremos avanços significativos.

    Vinicius, se quiser pode “sugar” este post para seu blog.

    abraços a todos

  3. Parabéns pelo texto. A gente precisa valorizar pessoas que têm essa sua visão crítica desse nosso mercado, vilipendiado, vendido, sapateado, prostituído de verdade por toda a mídia, pelos leigos e pela própria associação que deveria cuidar de seus associados ao invés de manter como um grande clube de deslumbrados.
    Enquanto não nos colocarmos como profissão séria, continuaremos a ser desrespeitados por todos, incluindo Clientes, fornecedores e mídia. Enquanto darmos “aulinhas de decoração” e dicas através de revistas, seremos desqualificados e pequenos.
    É preciso dar um basta nesta situação e mostrar a quem pensa que é alguma coisa por exibir uma carteira da ABD que é possível ser mais que puxa-saco de “estrela”.

    Um grande abraço!

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  5. Olá Paulo. Apesar de ser arquiteta e ter a profissão regularizada, compartilho com você todo o problema para com o reconhecimento do nosso trabalho por parte da mídia e, em parte, por consequência das informações incorretas transmitidas, por parte da população em geral. Brigo, discuto, entro em atrito algumas vezes, mas pouco adianta. No entanto, não devemos desistir e devemos, ao menos, tentar expor nosso trabalho de acordo com o que achamos correto. Pelo menos, é assim que tento fazer.
    E, mudando de assunto, parabéns pelo blog. Como serei eu a escrever um post para você na ciranda de blogs, estou que leio os posts antigos e estou gostando muito. Até!

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