CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ENTRADA DOS DESIGNERS DE INTERIORES NO SISTEMA CREA/CONFEA

Encontra-se aberta no site do CONFEA uma consulta pública relacionada à admissão dos designers de interiores no mesmo. Analisando os documentos disponibilizados na referida consulta, apresento aqui minhas observações e considerações para esclarecimento dos doutos Conselheiros.

Inicio com algumas questões de extrema importância e que devem ser analisadas cuidadosamente pelo CONFEA antes de decidir:

PONTO 1:

A entrada dos Designers de Interiores no sistema CREA/CONFEA é um desejo já antigo dos profissionais graduados na profissão, especialmente daqueles que levam a sua profissão a sério e atuam com o devido cuidado e respeito relacionados à sociedade. Esse desejo vem desde, ao menos, o início dos anos 2000.

Mesmo com diversos cursos de nível superior (tecnológicos e bacharelados) já existentes no Brasil, estranhamente o CONFEA reconhecia apenas os cursos técnicos, com atribuições muito reduzidas (baseadas na Decoração apenas) o que não nos interessava afinal, se adentrássemos teríamos a maior parte de nossas competências e habilidades eliminadas sendo que, a Decoração (profissão também muito importante) é apenas uma pequena parte da nossa práxis – dizemos que é “a cereja do bolo” que coroa o final de um projeto de Design de Interiores.

Esse desejo tem a ver com a real necessidade de termos uma profissão fiscalizada por um conselho sério visando a garantia da qualidade dos projetos e, consequentemente, garantir a segurança da sociedade protegendo-a de maus profissionais e daqueles que a exercem sem a devida formação acadêmica.

Existem alguns poucos profissionais que não desejam a entrada. Mas o que esses escondem em seus discursos é o fato de que preferem continuar com suas vidas fáceis, projetos mal feitos e sem assumir suas responsabilidades. Porém estão equivocados afinal, o Código Civil já discorre sobre a “responsabilidade civil”, que afeta a todos os cidadãos. Ninguém está imune a isso.

Porém, outro fator que reforça a necessidade de nossa entrada no sistema CREA/CONFEA diz respeito à possibilidade de emissão da ART para nossos projetos. Após o lançamento da NBR 16.280 (feita de forma equivocada, desconsiderando a participação dos designers de interiores na elaboração da mesma e, se houve participação os responsáveis sequer consultaram a comunidade profissional, os impactos negativos sobre a atuação dos designers de interiores (ao fechar uma quantidade enorme de projetos apenas para profissionais que emitem ART/RRT) foi enorme pois começamos a enfrentar muitas dificuldades na captação de clientes e execução de projetos por falta deste documento.

Houve uma forte campanha irregular e criminosa, por parte do CAU, que colocou os síndicos em pânico. Após isso nossos profissionais começaram a ter sérios problemas nas execuções dos projetos por não possuírem credencial para emitir a ART. Isso também ocorre em mostras, shopping-centers e outros espaços públicos onde somos impedidos de atuar.

Outra dificuldade provocada por essa ausência diz respeito à participação em projetos público-governamentais, nas licitações, pregões e outros relacionados a projetos exigem a emissão da ART sem a qual, somos desclassificados já no início. Com isso, quem perde é o Estado por não contar com os projetos de alta qualidade desenvolvidos pelos profissionais de Design de Interiores. E temos muito a contribuir com os governos, nas três esferas, e com a sociedade.

Isso posto, passo a esclarecer alguns pontos encontrados na documentação disponibilizada na Consulta Pública.

 

QUESTÕES APRESENTADAS NA DOCUMENTAÇÃO DO CONFEA:

PARECER TÉCNICO:

  1. Causa estranheza a argumentação acima, especialmente o trecho “não serem detentores de diploma de Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia ou Meteorologia, o que configura desconformidade com as disposições constantes (…)”. Como, então, o sistema CREA/CONFEA admitia os egressos dos cursos de nível técnico e, Decoração (e, posteriormente, Design de Interiores em seu quadro sendo que os mesmos também não se enquadravam nesses termos? Pode-se alegar que “faz parte da Arquitetura” que outrora fez parte desse conselho, porém essa afirmativa é equivocada conforme será esclarecido na parte final desse documento. Também, que o sistema CREA/CONFEA admitia em seus quadros os técnicos industriais mas vale ressaltar que Design de Interiores não é uma área industrial em 95% de sua formação e/ou práxis.
  2. A inexistência de uma Lei preconizando o registro dos diplomas nos CREAs, bem como a ausência de qualquer menção a isso na Lei n° 13.369/2016 que regulamentou a profissão de Design de Interiores, aconteceu não por nossa vontade e sim por forças externas à profissão, como será esclarecido ao final desse documento. Nossa intenção inicial era (i) criar um conselho próprio – ideia abandonada por causa dos altos gastos públicos envolvidos no ato e a então situação econômica do país – ou (ii) trabalhar na nossa entrada no sistema CREA/CONFEA já no texto da Lei. Porém, o CAU interferiu negativamente e convenceu os parlamentares a derrubar essa ideia. Fato é que muitos parlamentares alegaram que se os designers de interiores tivessem que entrar em algum conselho deveria ser o CAU – demonstrando forte desconhecimento sobre o que é a profissão e participando do lobbie articulado para prejudicar a tramitação de nosso PL – e o do Design também. Para que adentrar a um conselho que, desde antes de sua criação, desejava o fim de nossa profissão e promove constantes ataques irresponsáveis e levianos contra nós?

  1. É importante ressaltar que as Diretrizes Curriculares mencionadas no trecho acima são antigas e não condizem com a realidade internacional da profissão. Assemelha-se muito com as definições da Decoração de Interiores eliminando muitas competências do Design, comum à nossa práxis profissional e presentes nas grades dos cursos do exterior.
  2. Há anos tentamos realizar as atualizações necessárias visando a melhoria dos conteúdos e a qualidade dos cursos de Design de Interiores (grade curricular, carga horária, exigências curriculares, etc) sem sucesso junto ao MEC/CNE/CES. Não há abertura de diálogo nem mesmo com a ABD (Associação Brasileira de Designers de Interiores), maior autoridade nacional sobre a área, que possui o Conselho Acadêmico formado por docentes habilitados em Design de Interiores e altamente qualificados para realizar isso.
  3. O perfil profissional mantém a profissão e seus profissionais presos dentro de uma caixa (internos – “entre quatro paredes”) privando a sociedade e a administração pública dos benefícios da contratação de profissionais especializados e capacitados na melhoria de espaços diversos utilizados pelos usuários. Ressalte-se novamente que isso vai na contramão da realidade internacional da profissão Interior Design.
  4. A existência massiva de disciplinas relacionadas à Arquitetura (que não é Design e pouco tem a ver com o Design de Interiores) e a ausência de disciplinas específicas de Design, engenharias e outras características e inerentes à nossa práxis profissional. Poucos são os cursos que oferecem, por exemplo, a História do Design de Interiores, de forma livre, autônoma e desvinculada da Arquitetura ou, ainda, de forma clara as partes que podem ou não serem alteradas em um projeto sem comprometimento ou riscos às estruturas.
  5. Esses fatos tem a ver com o período em que foi elaborada a primeira Diretriz Curricular para os cursos de Design de Interiores. Quase não haviam docentes Mestres ou Doutores graduados em Design de Interiores aqui no Brasil para realizar esse trabalho junto ao MEC. O referido documento foi elaborado por uma maioria acachapante de não-designers, profissionais de outras áreas que nada tem a ver com o Design e carrega, portanto, forte preconceito e desconhecimento com relação à profissão reduzindo-a baseado em “achismos” (Morin).

Apenas para constar: se já existe a inserção dos técnicos aprovada por essa plenária, qual a dificuldade ou impossibilidade de inserir os demais profissionais de nível superior, incluindo os bacharéis?

e

Conforme destacado anteriormente, essa é a principal preocupação da academia e dos profissionais sérios de Design de Interiores brasileiros: garantir a integridade das obras por nós realizadas, a certeza da atuação profissional dentro dos limites de nossas atribuições e, principalmente, a segurança da sociedade.

A ABD tem trabalhado muito pera que as faculdades e universidades primem pela qualidade dos cursos. Porém, por ser uma associação e não ter a força de um conselho, a resposta das mesmas é muito baixa. Atuando no meio acadêmico (professor de graduação e pós-graduação) percebo que os cursos, em sua maioria, são fracos, não há investimento das IES nos mesmos, o corpo docente é formado majoritariamente por não-designers entre diversos outros problemas.

Como docente, tento de várias formas convencer as IES, coordenações e colegas professores a melhorar a qualidade dos conteúdos porém, sem sucesso. E, infelizmente temos visto uma piora na qualidade dos cursos e conteúdos: o principal retrocesso diz respeito à recente retirada da exigência dos TCCs/TFGs dos currículos (elemento fundamental para a plena formação acadêmica por agregar em um mesmo trabalho todos os conhecimentos necessários para a prática profissional dos egressos), substituindo-os por atividades inócuas que quase nada acrescentam à formação dos futuros profissionais: os tais “projetos integradores”. Outros problemas também podem ser elencados como exemplo:

  1. Coordenações de cursos feitas por não-designers de interiores;
  2. Pouco investimento em pesquisas e extensões;
  3. Ligação dos cursos aos departamentos de Arquitetura, mesmo havendo departamentos de Design e/ou Engenharias;
  4. Não exigência de orçamentos básicos nos projetos acadêmicos;
  5. Estrutura curricular massivamente focada no ato de projetar, eliminando a reflexão, a análise dos problemas, etc., bem semelhante ao antigo ensino tecnicista que apenas formava operadores de máquinas;
  6. Inexistência da exigência da escrita acadêmica – artigos – para publicação em periódicos científicos;
  7. Baixo incentivo para a participação dos discentes em eventos regionais e nacionais de Design de Interiores ou Design;
  8. A maioria dos cursos não dispõem de ateliês ou oficinas essenciais aos cursos (marcenaria, serralheria, pintura, construção, restauração, iluminação, etc.) além da maquetaria e de materiais – quando há;
  9. Poucos títulos específicos em Design de Interiores disponíveis nas bibliotecas;
  10. A resistência em aumentar a carga horária dos cursos – de 2 para 3 anos – para que os conteúdos sejam melhor trabalhados e outros possam ser inseridos garantindo a plena formação dos estudantes e, consequentemente, melhores profissionais no futuro mercado.

Esses são apenas alguns exemplos dos problemas enfrentados atualmente nos cursos superiores de Design de Interiores brasileiros que utilizei para ilustrar o quão urgente e necessária é a inserção dos designers de interiores no sistema CREA/CONFEA para que tenhamos força afim de pressionar as IES (especialmente as privadas) a não tratarem nossos cursos como mero “caça níquel” – ou menores – e os coloquem em pé de igualdade com os grandes cursos.

Como uma área “nova”, dada a diferença acadêmica entre os técnicos (não mais integrantes dos sistema CREA/CONFEA) e os profissionais de nível superior (tecnólogos e bacharéis), faz-se necessária a instalação de uma Câmara Especializada específica para essa profissão – e suas consequentes comissões – formada por, preferencialmente, acadêmicos e/ou profissionais com experiência na parte jurídica afim de garantir que as necessidades, interesses e qualidade da profissão e de seus profissionais sejam trabalhadas e atendidas através de normas e resoluções próprias. Temos ciência de que isso implica em custos para o sistema porém, tenho absoluta certeza de que temos entre nossos acadêmicos e profissionais pessoas dispostas a atuar gratuitamente nas mesmas – o trabalho remoto, realidade na qual estamos convivendo, é um exemplo de como isso é possível visando diminuir esses impactos financeiros.

As definições das atribuições para os profissionais de nível superior foram prejudicadas durante a tramitação do PL no Congresso Nacional, conforma já descrito anteriormente. No entanto, elas ainda precisam ser depuradas e definidas com maior clareza para que a sociedade possa saber exatamente o que pode fazer um profissional de Design de Interiores graduado.

O texto da Lei 13.369/2016 apresenta atribuições vagas que podem dar margem a interpretações equivocadas que extrapolam as competências dos designers de interiores ou, ao contrário, serem utilizadas para reduzi-las. Ambas leituras são irresponsáveis, levianas e desrespeitosas com a profissão, seus profissionais, a academia e, principalmente, com a sociedade.

Portanto, essa definição clara precisa ser feita, com urgência urgentíssima, através de um documento oficial de um conselho federal, responsável e ético, que possui autoridade legal para tal finalidade.

Todo ato implica em custos. Porém, vale ressaltar que esses serão facilmente cobertos diretamente pela adesão dos profissionais e pela emissão das incontáveis ARTs por esses.

Estima-se que existem hoje no brasil, cerca de 80.000 profissionais atuando no mercado (fonte: ABD) e, aproximadamente, 15.000 em formação a cada ano nas universidades. Acredito ser uma boa entrada de capital para o sistema CREA/CONFEA para cobrir esses custos.

Fora isso há a questão da garantia e segurança ao exercício profissional dos designers de interiores que tem sido, constantemente, alvo de fiscalizações arbitrárias e abusivas do CAU (que não tem poder para fiscalizar não-arquitetos) sofrendo ameaças de todo tipo, humilhações públicas e danos materiais por perda de projetos. Também, a ausência de peritos judiciais graduados em Design de Interiores no sistema judiciário brasileiro o que leva, em casos de processos judiciais, que os projetos de nossos profissionais sejam periciados por arquitetos, que seguem a cartilha do “achismo” implantada pelo CAU quando, ao encontrar alguma alteração que faz parte de nossas atribuições (ex: alteração de pisos e revestimentos de paredes, jardinismo, iluminação, etc) mas que constam, também, da Resolução n° 51, os acusam de exercício ilegal da profissão de Arquitetura.

Esse é um ponto que eu não consigo compreender. Sei que tem a ver com a legislação interna do sistema CREA/CONFEA porém, os bacharéis tem uma formação muito mais ampla que os tecnólogos e técnicos. Entendo que os engenheiros e outros profissionais integrantes do sistema CREA/CONFEA são bacharéis. No entanto, em seus registros e credenciais não constam como tecnólogos. Porque com os bacharéis em Design de Interiores o tratamento deve ser diferente?

Segundo a Resolução n° 1.073, de 2016 (CONFEA), destacada na imagem acima, há distinção entre as formações acadêmicas.

Com relação às atribuições mencionadas na imagem, seguida de uma análise da referida resolução encontra-se que:

Concordo que essas atribuições já nos ajudariam muito por acrescentar elementos faltantes na Lei n° 13.369/2016. No entanto, essas atribuições lançadas por essa resolução são genéricas afim de abarcar todas as profissões tecnológicas do sistema CREA/CONFEA. Não se fala em atribuições específicas dentro de cada modalidade profissional.

Infelizmente, após exaustiva pesquisa nos sites do CONFEA e CREA-SP não consegui acessar a Tabela de Títulos Profissionais do Sistema CREA/CONFEA afim de buscar as atribuições específicas do Design de Interiores. Me recordo que, anos atrás, era fácil encontrar nos sites do sistema uma tabela onde constavam as atribuições dos “técnicos em Decoração”. Em uma tentativa pessoal de ingresso me deparei com atribuições extremamente reduzidas, típicas da Decoração apenas, o que me demoveu da ideia.

E são essas atribuições específicas que necessitam serem revistas e atualizadas afim de garantir a integridade do trabalho dos designers de interiores graduados bem como, a segurança da sociedade.

Na sequência desse documento ora em analise encontra-se uma tabela com a descrição das atividades específicas propostas para os designers de interiores de nível superior (texto copiado do documento):

1) Gestão, supervisão, coordenação, orientação técnica.

2) Coleta de dados, estudo, planejamento, anteprojeto, projeto, detalhamento, dimensionamento e especificação.

3) Estudo de viabilidade técnico-econômica e ambiental.

4) Assistência, assessoria, consultoria.

5) Direção de obra ou serviço técnico.

6) Vistoria, perícia, inspeção, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria, arbitragem.

7) Desempenho de cargo ou função técnica.

8) Treinamento, ensino, pesquisa, desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, divulgação técnica, extensão.

9) Elaboração de orçamento.

10) Padronização, mensuração, controle de qualidade.

11) Condução de serviço técnico.

12) Condução de equipe de produção, fabricação, instalação, montagem, operação, reforma, restauração, reparo ou manutenção.

13) Execução de produção, fabricação, instalação, montagem, operação, reforma, restauração, reparo ou manutenção.

14) Operação, manutenção de equipamento ou instalação.

15) Execução de desenho técnico.

Compete, ainda, aos tecnólogos em design de interiores, sob a supervisão e direção de Engenheiros ou Engenheiros Agrônomos:

I- execução de obra ou serviço técnico;

II- fiscalização de obra ou serviço técnico; e

III- produção técnica e especializada.

E, na sequência, a observação:

Oras, as Engenharias, Agronomia e demais profissões integrantes do sistema CREA/CONFEA possuem suas atribuições específicas, registradas por resoluções próprias, dadas suas características e especificidades.

As atribuições negritadas na tabela e indicadas que “extrapolam as atribuições estabelecidas pela Resolução n° 313/1986” nada mais são atribuições compartilhadas por profissões já existentes e definidas dentro do sistema CREA/CONFEA. Como bem destacado em outras resoluções do sistema, o Design de Interiores faz parte da Engenharia Civil porém, por ser uma profissão multidisciplinar, ele tem diversas matizes que se comunicam com outras Engenharias como a de Produção, Mecânica, Elétrica e Industrial, além da Agronomia, no caso do Jardinismo. Isso nem de longe significa avanço sobre atribuições ou sombreamento (isso é discurso de mentes subdesenvolvidas e corporativistas) e sim, co-laboração, co-criação, trabalho em equipes multidisciplinares bastante comuns nos maiores mercados internacionais. É uma característica do DESIGN que é muito bem aproveitada mundo afora pois só traz benefícios para todos os envolvidos.

Então, não há motivos para questionar ou barrar tais atribuições sob o risco de AMPUTAR a profissão e incitar uma forte rejeição por parte dos profissionais na entrada ao sistema CREA/CONFEA.

 Conforme já descrito acima, as atribuições constantes da Resolução n° 473/2002 já nos amparam de forma grandiosa garantindo o exercício de atividades, baseadas em nossas habilidades e competências, até então frágeis por causa das alterações impostas na Lei 13.369/2016.

Vale reforçar que o texto original do PL diferenciava as formações acadêmicas, mesmo que de maneira ainda frágil. Isso se deu por indicações da equipe parlamentar responsável pela tramitação sob a alegação de que “textos complexos são de difícil aprovação no Congresso Nacional”. Além disso tivemos muitos problemas durante a tramitação e, pior, com os vetos presidenciais que derrubaram, principalmente, a exigência de formação acadêmica para o exercício profissional.

Por fim, resta fazer uma proposição de alteração nesse trecho da proposta: alterar a abreviação para “Tecg. em DInt”.

Aqui no Brasil a sigla DI já é utilizada, desde os anos 1960, pelos profissionais de Desenho Industrial. Erroneamente foi adotada por alguns profissionais de Design de Interiores de renome e popularizou-se infelizmente.

Já existem movimentos buscando alterar a sigla de DI para DInt (Design de Interiores) por diversos profissionais e, especialmente, por grupos acadêmicos e de informação, como o Projeto DIntBR (Design de Interiores Brasil – @designdeinterioresbr no instagram) que trabalham de forma séria para elaborar materiais e atividades com conteúdos de qualidade sobre o Design de Interiores afim de desmistificar, valorizar, dar visibilidade e informar a sociedade sobre o que é e o que pode fazer realmente esses profissionais. Projeto esse do qual sou criador, fundador, mentor e presidente.

Aliás, vale aqui indicar a vocês a Revista DIntBR:

Primeira edição: https://designdeinterioresbr.design/2020/04/10/revista-dintbr-ano-i-ed-n-1/

Segunda edição: https://designdeinterioresbr.design/2020/07/10/revista-dintbr-edicao-n-2-ano-i/

Tal alteração não acarretará danos aos profissionais já atuantes no mercado afinal, trata-se apenas de um simples trabalho de reposicionamento de marca: investimento baixíssimo e fácil para quem já está consolidado no mercado (somente não adere aquele(a) profissional que não deseja sair de sua zona de conforto e, claramente, não liga para a visão mercadológica e social sobre a sua profissão) e, fundamental, para aqueles que ainda estão em busca de seu caminho profissional ou nos bancos da academia.

Além do fator mais importante: a academia tem trabalhado arduamente em cima da construção da IDENTIDADE PROFISSIONAL do Design de Interiores. Isso implica em reescrever a História da profissão de forma autônoma através de pesquisas sobre a existência de nossa práxis profissional na História da humanidade. Sem uma identidade profissional autônoma, independente e plena nenhuma profissão alcança o devido respeito frente ao mercado ou apoio jurídico em questões legais.

Não somos uma sub-profissão ou algo meramente “complementar”.

Somos uma profissão!

Portanto, indica-se aqui a abreviatura “Tecg. em DInt”, oficialmente.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Finalizando, acrescento algumas informações relacionadas ao tema que são importantes para que os Conselheiros do CONFEA compreendam a real situação:

PONTO 2:

O Design de Interiores tem a sua raiz etimológica no DESIGN. Não à toa que trazemos no nome de nossa profissão o termo “DESIGN”. Como tal, o Design de Interiores não trata apenas de uma “evolução” da Decoração e sim, da aplicação dos métodos, ferramentas e abordagens do Design visando a melhoria dos diversos espaços utilizados direta ou indiretamente pelos usuários.

Isso vai muito além das questões estéticas – uma visão equivocada e distorcida sobre a profissão – relacionadas aos projetos. Temos como “espinha dorsal” de nossa práxis, tal qual o DESIGN, a ERGONOMIA que consiste, resumidamente, em analisar os espaços e seus usuários, identificar os problemas na relação usuário x espaço e buscar as melhores soluções para os mesmos garantindo a segurança, bem-estar e saúde dos usuários. E a Ergonomia não tem a ver apenas com a questão física: ela é composta de três grandes áreas de pesquisa: física, organizacional e cognitiva. E destas, nascem outras mais específicas como a ergonomia da iluminação, por exemplo.

Os designers de interiores possuem conhecimentos, habilidades e competências para atuar em diversos nichos de mercado onde os objetos base dos projetos não são arquitetônicos – esse é apenas utilizado quando o projeto refere-se a uma edificação arquitetônica. Dentre esses objetos base variados que os designers de interiores podem trabalhar estão: Design de transportes (aeronaves, embarcações ferroviários e automotivos), Design de indústrias (chão de fábrica, projetos de produtos, etc), Design urbano (equipamentos, acessórios, iluminação, jardinismo, baixios de viadutos, feiras livres, etc), Design efêmero (desfiles, festas, estandes, etc), SET Design (teatro, televisão, filmes, shows, etc), Ensino (docência, pesquisas, autoria, editoriais, etc), Design público (postos de saúde, hospitais, escolas e creches, institucionais, etc) entre diversas outras possibilidades de atuação em segmentos do mercado visando sempre a segurança, a saúde e o bem-estar dos usuários através da  qualidade dos projetos. Segue a lista básica:

Habitação, Hotelaria, Restauração, Turismo, Distribuição, Indústria, Administrações, Bureaux, Serviços, Sanitário, Hospitalar, Cultural, Educacional, Pesquisa, Esportivos, Social, Design efêmero, Eventos, Museografia, Cenografia.

 

PONTO 3:

O Design de Interiores não é – nem nunca foi – uma “especialidade” da Arquitetura como é conhecido de forma totalmente equivocada. Isso se deu, aqui no Brasil, por forças externas ao Design de Interiores, que buscavam garantir um nicho de atuação para seus profissionais que não encontram trabalho em sua própria profissão.

Isso ficou evidente no processo de tramitação do nosso PL que buscava a regulamentação de nossa profissão. Por desconhecimento dos parlamentares somada à força lobista manipuladora do CAU, tivemos graves alterações no texto original que resultou em uma Lei (13.369/2016) fraca em muitos aspectos.

No entanto, é importante destacar: lancei a vários representantes do CAU – inclusive ao então presidente em uma das audiências públicas realizadas na Câmara dos Deputados – a pergunta básica: “o que é Design?”. Nenhum deles soube responder. Fica a questão: se não sabem o que é Design, como podem ousar alegar que os arquitetos são “por essência” designers e interferir nessa profissão que é independente e autônoma no restante do mundo?

Analisando Conselhos, Associações e Escolas de Design (e suas especialidades) mundo afora, em nenhuma encontramos as especialidades do Design ligadas aos departamentos de Arquitetura. Isso acontece apenas aqui no Brasil. Nesse sentido é importante trazer informação, como exemplo, de que na França a profissão de Interior Design já é regulamentada pela “Loi n° 77-2” de 3 janeiro de 1977! Também, que há uma clara distinção entre Arquitetura e Design de Interiores, diretamente do CFAI (França) que trata desde a escola até a diferença na formação acadêmica dessas duas diferentes profissões feita em comum acordo entre os representantes da Arquitetura e os do Interior Design.

Esse problema foi acentuado quando o referido Conselho lançou a Resolução n° 51 onde, pegaram as definições e atribuições internacionais do Interior Design e as colocaram como uma, até então desconhecida internacionalmente, “arquitetura de interiores” tornando-as exclusivas aos arquitetos que, destaque-se, tem um mínimo de conhecimentos e conteúdos específicos sobre em suas formações acadêmicas. Nas palavras do então presidente do CAU, em uma das audiências, a “Arquitetura é uma profissão generalista”. Como pode, então ousar atentar contra uma profissão de conhecimentos tão específicos? O que restou a nós, designers de interiores? Apenas a Decoração? Lembro que essa Resolução irresponsável também afetou os profissionais do sistema CREA/CONFEA além de mais 17 profissões que nada tem a ver com a Arquitetura.

Interessante que eles não admitem que qualquer pessoa não graduada em Arquitetura fale qualquer coisa sobre a profissão DELES. Sentem-se profundamente ofendidos quando isso acontece mesmo que a crítica seja construtiva. Porém, se acham no direito, sem ter qualquer outra formação específica, de falar e impor qualquer coisa sobre as profissões DOS OUTROS.

Nesse sentido, importa aqui destacar a recomendação da DELIBERAÇÃO CEAP Nº 141/2020:

Como já descrito acima, “todos os interessados” deve ser composto apenas e tão somente aos membros do sistema CREA/CONFEA e profissionais (graduados) e representantes legais do Design de Interiores de nível superior – alvo desse processo em análise.

Qualquer outro posicionamento – especialmente os contrários – que venham de entidades ligadas a outras profissões que não fazem parte do Design de Interiores ou do Design devem ser, preferencialmente, desconsideradas por tratarem-se de ações corporativistas, baseadas em “achismos” (Morin), que visam abarcar um nicho de mercado para seus profissionais que não tem formação acadêmica para tal além de continuar causando danos à profissão do designer de interiores e desrespeitando outra profissão, ferindo seu próprio código de ética deliberadamente.

Encerrando esse ponto, caso os Conselheiros do CONFEA queiram saber o que é Design de Interiores, que perguntem a profissionais GRADUADOS EM DESIGN DE INTERIORES. Isso é importante pois, qualquer opinião externa de pessoas não graduadas, conforme bem descreve Edgar Morin em seu texto “Os sete saberes essenciais para a Educação do futuro”, deve ser entendida como mero “achismo” e, consequentemente, desconsiderada.

Caso seja de interesse dos integrantes do Conselho, estou à disposição para uma vídeo conferência afim de esclarecer melhor esses pontos e dirimir eventuais dúvidas que ainda persistirem.

 

Atenciosamente,

PAULO ROBERTO GONÇALVES DE OLIVEIRA

Graduado em Design de Interiores. Especialista em Ensino Superior. Especialista em Projetos de Iluminação (Lighting Design).

Autor do Blog Design: Ações e Críticas

Presidente do Design de Interiores Brasil.

Editor da Revista DIntBR.

Você é designer mesmo? Tem certeza disso?

Resolvi escrever melhor sobre este assunto aqui em meu blog por causa de algumas mensagens privadas e comentários que recebi nas postagens em meu Facebook e Instagram por causa desta imagem que postei (não sei a autoria).

Confesso que, me assustou o desconhecimento e a leviandade de muitos. De outros profissionais até dá para entender a falta de noção e/ou desconhecimento.

Mas de DInts, é IMPERDOÁVEL.

Não vou me aprofundar, detalhar ou dar aula de graça sobre estes assuntos. Vou apenas lançar alertas sobre coisas que vem me incomodando faz tempo nas redes sociais.

Bom, vamos lá.

Quando projetamos um determinado espaço, enquanto designers de interiores/ambientes, devemos pensar no uso que será feito do mesmo por todos os usuários, especialmente quando falamos de espaços comerciais, institucionais e de serviços. Neste texto apresentarei questões relacionadas às práxis projetuais do Design – raiz de nossa especialidade. Algumas conhecidas pelos DInts, outras nem tanto – deixando clara falhas na formação acadêmica pela maioria das escolas que precisam ser estancadas com urgência urgentíssima (mas isso é assunto para outro texto sobre perfil mínimo necessário dos professores de DInt que escreverei ainda este mês).

É bastante comum ouvirmos falar em programa de necessidades e briefing – favor ignorar os achismos (Morin) daqueles que afirmam que estas duas ferramentas são a mesma coisa pois não são. Programa de necessidades é uma ferramenta QUANTITATIVA. Briefing é QUALITATIVA. São complementares e em alguns aspectos parecidos, mas não a mesma coisa. Ressalte-se que, parecido não é o mesmo que igual (Google it!).

Além do briefing e do programa de necessidades, os designers trabalham com outras ferramentas/abordagens específicas da área. E somente através da correta aplicação destas e da análise atenta dos dados das mesmas é que temos condições de entender a dimensão do(s) problema(s) relacionados à estrutura e uso dos espaços projetados. Em suma, parafraseando Paul Rand, “Design de Interiores é uma disciplina que soluciona os problemas existentes na interface “usuários <> espaços” ocupados”.

Para começar, nenhum projeto pode ser considerado como Design se não atende à todos os 3 eixos da Ergonomia (pilar da profissão). Não se trata apenas de dimensionamento e, tampouco de acessibilidade/mobilidade. Estes são apenas recortes pequenos dentro desta ciência, típicos daqueles reducionistas que – mais uma vez – “acham” que sabem do que estão falando. Se, durante o levantamento do briefing e do programa de necessidades não é realizado o correto levantamento ergonômico – do espaço e dos usuários – o projeto certamente terá erros. E erros ou problemas ergonômicos, nem o(a) melhor PHD em Estética do universo consegue esconder. Eles afloram no decorrer do uso dos espaços. E, após o levantamento, assim como os anteriores, deve-se atentar para a correta e atenta análise de todos os dados coletados aplicando os resultados no projeto.

Mas não para por aqui. Creio que já deu para perceber que cada abordagem tem uma finalidade específica. Como estamos trabalhando (no exemplo deste texto) com espaços comerciais, institucionais e de serviços, existem outras abordagens que devem ser realizadas afim de entender a complexidade do “negócio” bem como, dos usuários fixos e visitantes.

O Design de Serviços é uma ferramenta utilizada para conhecer e entender todo o funcionamento, logística e qualidade de uma empresa – pública ou privada – que oferece algum serviço material ou imaterial ao público. Desde questões internas (logística, layout, funcionários, etc) às externas (experiência e reação do público, mídia, etc), esta ferramenta busca identificar os elementos positivos e negativos, muito além da estética e ergonomia. O Design de Serviços adentra no cotidiano do empreendimento para entender o seu funcionamento de uma forma ampla, atento a detalhes. Especialmente, às respostas dos clientes sobre o todo oferecido pela empresa.

E sim! Tem muita coisa do dia a dia da empresa que se o designer não detectar e corrigir, de nada vai adiantar fazer o proprietário gastar fortunas. Se o serviço é ruim, nem mesmo centenas de milhares de reais irão garantir a sobrevivência. Dois exemplos simples:

– Atendimento inicial (recepcionista/telefonista) que sempre está com a cara/voz trancada, brava, trata os clientes de forma seca. Isso só afasta os clientes, por mais belo que seja o espaço ou a qualidade dos produtos/serviços oferecidos.

– Localização (e seus complicadores). Também não adianta gastar fortunas em uma obra mal localizada, distante, em um bairro não seguro, sem estacionamento, sem segurança. A insegurança e desconforto (ansiedade) dos clientes os afastarão do local.

E sim! Isso é trabalho do designer de interiores. Partindo da premissa de que Design é investimento, de que adianta investir em algo fadado a quebrar por causa de um serviço ruim?

O Design Thinking aparece para acolher, agrupar, analisar, compreender todos os dados coletados para identificar corretamente os problemas e propor soluções para os mesmos. Por exemplo, a dona da casa pode ter a impressão que sua sala é “feia” e o contrata para deixa-la com cara de revista. Porém, ao passar por todos estes filtros percebe-se que o problema real era apenas a falta de organização, ou um layout nada atrativo, entre outras respostas inesperadas.

Devemos nos atentar, especialmente, à correta análise de todo o escopo do projeto através do Design Thinking e do Design de Serviços. Caso estas ferramentas (abordagens) do Design não sejam aplicadas ou aplicadas de forma incorreta, os projetos correm o risco de serem finalizados com erros diversos.

Por isso o BRIEFING jamais deve ser tratado apenas como uma conversa inicial e algumas outras trocas de informações com o cliente. Ele deve ser COMPLETO e COMPLEXO, abrangendo todas as possibilidades relacionadas ao projeto.

Se não há análise através das abordagens específicas do Design, não é Design de Interiores e sim, apenas Decoração.

 

Revestir2019 > Dia do Designer de Interiores

Pois é pessoal, a Expo Revestir 2019 está chegando!

E como todo ano, a ABD realizará o fórum DIA DO DESIGNER DE INTERIORES durante a feira.

Este ano será no dia 14/03, a partir das 14:00h.

Para meu deleite pessoal – e claro, de todos vocês – este ano teremos a presença do designer italiano FERRUCCIO LAVIANI, proprietário do Studio Laviani.

Enquanto, durante a faculdade, os professores focavam nos nomes da moda e nos levavam a fazer trabalhos sobre estes, sempre busquei verificar se eram só aqueles – sempre e somente aqueles – profissionais que realizavam projetos de excelência no mundo. Para minha grata surpresa vi que não! Existiam (e existem!) diversos outros profissionais de altíssima qualidade que passavam despercebidos em nossa academia pois os professores parecem favorecer apenas aqueles que estão na moda – uma pena!

Nestas pesquisas, encontrei o excelente trabalho do Ferruccio e me apaixonei de pronto. Desde então, o sigo nas redes sociais e através do site de seu estúdio.

É surpreendente a versatilidade de seus trabalhos que transita entre Arquitetura, Arte e Design.

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E é isso tudo e muito mais que ele vem apresentar para os participantes do fórum na Expo Revestir deste ano!

E você, vai perder?

Eu não!

Anote na sua agenda e venha! Além do Fórum, tem a feira que é sempre fantástica!

Serviço:

Transamerica Expo Center
São Paulo, SP 12-15 Março 2019 / 10h às 19h

DESIGN PARA PESSOAS: CADÊ A TUA RESPONSABILIDADE SOCIAL?

Semana passada recebi de presente pelo Facebook o link para a tese de doutoramento da Cecília Carvalho, defendida na Universidade do Porto, que pode ser baixada clicando aqui.

“Mas o que é que o design tem a ver com os pobres?” muitos devem estar se perguntando não é mesmo? Pois bem, esse foi um dos questionamentos fundamentais que a levou a trilhar por esse tema em sua pesquisa.

Em “Utopia nas margens: o papel do design na co-criação de alternativas num contexto de exclusão social”, ela trata das questões relativas à comunicação destinada aos menos favorecidos com relação aos seus hábitos alimentares: conhecimento sobre alimentação saudável, investigação sobre problemas alimentares e delineação de propostas visando reverter o déficit alimentar dessa população carente.

Design para pessoas

É exatamente sobre isso que venho me questionando já há um bom tempo: qual o pape do DInt nesse contexto? Dentro e fora da academia vejo incontáveis projetos sem qualquer lastro com a pegada – ou responsabilidade – social de nossa área. Até mesmo nos projetos de TCC ou artigos inscritos em eventos científicos pouquíssima coisa se vê nesse sentido.

Quando aparece alguma atividade nesse sentido, não sei se por erro de estratégia ou por real motivação, deixa a entender que que tal ato não se trata de responsabilidade social e sim, apenas, de busca de holofotes sobre uma suposta pegada social visando alcançar a mídia num claro ativismo elitista de “fazer o bem” para aplacar a sua consciência e mostrar à plateia como se é “caridoso(a)”.

Começando de leve: Alguma vez já se preocupou realmente com as condições de vida de sua empregada doméstica (ou diarista) além do pagamento mensal que faz a ela e dos presentes toscos dados em datas festivas?

Não! A responsabilidade social não busca isso e nem deve buscar esse reconhecimento. Se assim for realizada não é nada além de uma forma mascarada de massagear seu próprio ego. Ela deve ser espontânea, gratuita e capaz de entrar onde estão as pessoas que realmente precisam de ajuda, que perderam a noção de seus direitos e cidadania, que não tem acesso a informações das mais variadas sobre o que afeta a sua vida (pessoal ou comunitária) e estão em um estado de dormência, anestesiados por tanto sofrimento que os faz acreditar que aquela é a única realidade disponível para eles.

Vocês por acaso sabem que existem pessoas residentes nas periferias de suas cidades que NUNCA saíram de seus próprios bairros, que desconhecem suas próprias cidades? Que acreditam que aqueles serviços públicos de péssima qualidade “é o que tem disponível e não tem como melhorar”? Que aquela péssima infraestrutura (falta de saneamento, asfalto, distribuição de água e energia, lixões a céu aberto, etc) a eles ofertada é o suprassumo? Que sofreram e sofrem tanto que o conformismo e derrotismo já corroeu suas almas, suas vidas, retirando destes qualquer desejo ou força para lutar pelo que lhes é de direito?  Pois sim, existem aos milhares de pessoas que vivem nessa condição, infelizmente.

Ou será que você acredita que aquele morador de rua – que você passa e desvia seu corpo e olhar – está ali porque quer?

Nosso país tem sérios problemas causados pela péssima administração e gestão pública (modelo arcaico e burocrático) aliado à corrupção que não se restringe apenas aos políticos e gestores. É má distribuição de renda, de recursos, de serviços, de TUDO! E você aí pensando que não tem nada a ver com isso ne? Que não tem como mudar pois o país é assim, o sistema é assim ou seja lá quantas desculpas mais você pode arranjar para isentar-se de sua responsabilidade sobre os problemas acima elencados e tantos outros mais que afligem a nossa população.

Conheço muitos DInts que NUNCA sequer pensaram em passar perto de uma área periférica de suas cidades. Seja pelo justo medo da violência ou por acreditar realmente que aquela caridade prestada onde for já basta para fazer a sua parte. Queridos, doar 1 litro de leite em alguma campanha não basta. Só para apaziguar consciências humanas ocas. Fazer aquela visita de seu grupo (seja lá de que for) 1 vez por ano a um asilo ou orfanato não é caridade.

Para muitos, a caridade se resume apenas a uma parte do que ela realmente significa. Para esclarecer, utilizarei exemplos baseados no significado da palavra segundo os dicionários;

Muitos acreditam numa visão cristã sobre “Amor a Deus e ao próximo: a caridade é uma das três virtudes teologais.” ou, como dizem no popular, “Amor ao próximo: agir por pura caridade”. E ainda “aquilo que se oferece a; esmola, favor, benefício: fazer a caridade”.

A responsabilidade social de nossa profissão ultrapassa essa visão pequena e egocêntrica e pequena. Ela deve ser tratada, ainda na caridade, como a “disposição para ajudar o próximo; tendência natural para auxiliar alguém que está numa situação desfavorável; benevolência, piedade.” Deve, portanto, ser uma coisa natural em cada um de nós, incorporada em uma prática diária e inconsciente que nos torna capaz de observar o mundo e a sociedade ao nosso redor, não apenas aquela a qual pertencemos pois essa não precisa de nós para além de estética e status. Devemos, por obrigação moral, ajudar e servir ao próximo que realmente necessita do Design.

Cecília, em sua pesquisa, chegou a um ponto onde tenho certeza, a maioria de vocês sequer imaginavam que o Design pudesse atuar: a qualidade da alimentação. Também tenho certeza que muitos que chegaram até aqui ainda pensam: mas isso é problema para o nutricionista resolver. Ledo engano caros “disáinhers”. Se não entenderam durante os anos de estudo e de mercado, o Design está em TUDO.

Segundo Paul Rand, “Design é uma disciplina que soluciona problemas”. Então, a detecção dos reais problemas relacionados à alimentação passa sim por ferramentas e abordagens do Design, como Design Thinking, Design de Serviços, diferença clara e correta entre Briefing e programa de necessidades e outras tantas mais. Se não aprendeu isso na academia, volte lá e reclame com seus professores e coordenadores de curso pois tua formação definitivamente pouco teve a ver com DESIGN.

O Design é sim uma ferramenta POLÍTICA! E é somente através deste olhar holístico que conseguimos perceber o mundo – além das bolhas que nos cercam e vivemos – afim de propor as ações e mudanças necessárias. Não só propor mas doar-se por causas justas – especialmente as humanitárias – correndo atrás e lutando para que estas se tornem realidades e sejam concretizadas de forma efetiva e não apenas paliativas num ato ignorante de “empurrar com a barriga” o problema para frente e depois, lá na frente, repetir o mesmo ato e assim consecutivamente sem nunca resolvê-lo.

O Design deve presente nas políticas públicas, no desenvolvimento, na economia, na educação, na segurança, no meio ambiente, nas cidades, enfim, em TUDO que afete as interações:

Usuário <> espaço

Usuário <> serviços

Usuário <> acesso a direitos

Usuário <> cidadania

Usuário <> qualidade de vida

Usuário <> existir

Usuário <> usuário

Se tua caridade se resume a ações para aparecer nas colunas sociais como benfeitor(a) de uma determinada ação ou vausa, ela não é caridade. Você só quer aparecer mesmo com seus brindes com champanhe e poses para fotos, nada além disso.

Se o teu Design se resume a projetos que nunca chegam aos que realmente necessitam, lá nas favelas e periferias, me desculpe pessoa mas de nada ele serve. Você realmente não aprendeu ou entendeu NADA sobre o que é Design.

Duas excelentes dicas de leitura – que tenho certeza a maioria sequer ouviu falar na academia ou na vida profissional que tenho certeza irão abrir seus olhos, coração e mente para o papel real do Design:

Design para um mundo complexo, Rafael Cardoso. Ed. Ubu.

O designer humilde, Charles Bezerra. Ed. Rosari.

Resta colocar, por fim, que o Design tem um papel fundamental de buscar interagir ao máximo com o tudo e todos, de propor soluções para melhorar essa interação entre as diversas pontas desse complexo mundo em que vivemos visando alcançar positivamente, principalmente, aqueles que realmente necessitam.

Não. Lar doce lar, Decora e outros programas similares que vemos em diversas mídias e formatos, que tantos idolatram, pouco tem a ver com a verdadeira responsabilidade social do Design e do Design de Interiores.

E não, pessoas. Aqueles jantares beneficentes que você paga fortunas para participar não chegam aos pés do real significado de responsabilidade social do Design. Aquilo só serve para enganar a sua consciência isentando-se de encarar de frente a realidade do que é ser um designer realmente responsável com o social.

 

 

 

DInts: o que aconteceu com muitos de vocês?

Vou me ater e me dirigir aqui diretamente aos DInts e LDs, pois são minhas áreas profissionais. Porém, o que escreverei nas linhas a seguir vale para TODAS as outras áreas que trabalham com criatividade, com desenvolvimento e, principalmente, com o cuidado e bem-estar humano: medicina, arquitetura, engenharias, educação, direito, psicologia, etc.

Vi com tristeza, nas últimas semanas, inúmeros colegas de profissão – e até acadêmicos – agindo de forma estranha e NADA compatível com a função de nossa profissão. Cegos para diversos problemas reais e importantes, fazendo-os seguir por um caminho que coloca em risco não apenas a segurança institucional de nossa nação enquanto Estado Democrático de Direito mas, acima de tudo, a segurança de nosso povo e vida de milhões que TAMBÉM fazem parte desta nação – nosso povo.

O QUE ACONTECEU COM VOCÊS? ALGUÉM CONSEGUE ME EXPLICAR?

Nossa profissão é, acima de tudo, uma área técnico-criativa que exige domínio de conhecimentos e ferramentas que nos possibilitam observar e abordar os problemas por diversos ângulos sempre em busca da melhor solução para eles. E esta solução não deve atender as necessidades de apenas um usuário ou um grupo de usuários e sim, de TODOS os usuários envolvidos. Caso isso não aconteça, o projeto falhará ao errar por falta de atenção colocando os outros em riscos – até de vida. Caso você resolva escolher as preferências e necessidades de um grupo, certamente estará deixando de lado as necessidades de outros grupos que também fazem parte do todo. Pelos discursos que li e ouvi, vale ressaltar que a ideia propagada contra direitos de minorias em prol de um direito igualitário e comum a todos é perfeita, mas apenas se vivêssemos em um país evoluído, educado, respeitoso onde todos teriam o direito de ser o que são independente se A, B ou C não gostam. Mas esta NÃO É a nossa realidade. Estamos anos luz distantes dessa realidade e as manchetes dos jornais nos mostram isso diariamente, infelizmente. Então, o correto seria escolher a solução que melhor se adeque para atender aos problemas de TODOS, dentro do possível. E sim, era possível mas ignoraram isso.

Existem interferências no meio do caminho que podem desviar a nossa atenção levando-nos a errar. De alterações não autorizadas por nós, propostas e realizadas pelos próprios clientes em conversas com pedreiros ou amigos àquelas feitas por vendedores, são várias interferências que ocorrem e, caso não estejamos atentos e acompanhando de perto a obra, podemos ter graves problemas no futuro. Nos últimos dias vi a disseminação de ruídos pegando em pontos frágeis e mal resolvidos da maioria da população (como religião, família, educação, etc) com a clara intenção de desviar a atenção de vocês daqueles pontos que guiavam para outra verdade grave: esquecer que neste projeto existe um público alvo imenso, com todas as cores, bandeiras, níveis sócio-educacionais, ideologias religiosas, etc.

Sim, nossa profissão que carrega o sério e valoroso nome de DESIGN é uma atividade política. Este debate se faz presente em TODAS as etapas de nosso labor diário onde temos a obrigação de ouvir e atender as demandas de nossos clientes e fornecedores, mesmo que não concordemos com as mesmas. Ao mesmo tempo, devemos respeitar as normas e legislação vigente que afetam diretamente nosso trabalho. Sem esse debate democrático e essa capacidade política de articular todos os elementos de um projeto, o mesmo está fadado ao fracasso total.

Posto isso tudo, só me resta uma coisa a fazer, PERGUNTO:

Onde foi parar a capacidade de elencar o PROGRAMA DE NECESSIDADES, utilizado para identificar os problemas, as possibilidades e as necessidades reais aplicando, para isso, os devidos filtros, estando atento à capacidade de realização dos elementos necessários, estando atento às normas e legislação vigente eliminando os riscos aos usuários através da correta atenção dos mesmos?

Também preciso questioná-los sobre onde foi parar a sua capacidade básica – fundamental e essencial no Design, de nosso labor profissional – de BRIFAR? Onde foi parar a capacidade de coletar, estudar e analisar minuciosamente TODOS os dados necessários para desenvolver os projetos da forma mais segura, correta e adequada aos nossos clientes visando o bem-estar DE TODOS os envolvidos? Pelo que ficou claro, a atenção de vocês ficou fixada em apenas um ponto e vocês ignoraram conscientemente (pois burros sei que não são) todos os outros problemas acobertados por um detalhe aparentemente grave (e não é) que apontam claramente para um projeto desastroso, que não atenderá questões e necessidades mínimas para solucionar TODOS os problemas que presentes nesse pacote de projeto.

Preocupam-se tanto com a segurança optando por não ter mais que gastar “blindando as vidraças” que não perceberam que mais de 90% da população – aquela pobre que mais sofre e precisa de segurança diariamente – não tem a menor condição nem de colocar grades em suas casas. Também não percebem nem pensaram em soluções para os graves problemas – da segurança à economia – que acometem outros usuários, os faz sofrer, chorar e sangrar TODOS OS DIAS.

Será que vocês entenderam algo nas aulas sobre SEMIÓTICA, aquela matéria básica que trata de símbolos, linguagens e metalinguagens – incluindo as subliminares? Não se recordam de nada sobre arquétipos?

Igualmente, preciso tentar entender onde foi parar os conhecimentos sobre MARKETING e VISUAL MERCHANDISING que tanto utilizamos em projetos comerciais, principalmente para SEDUZIR E ENCANTAR os clientes através de técnicas de exposição para que eles entrem e comprem as ideias (produtos) de nossos clientes? Inacreditavelmente, percebi que muitos foram dragados pelo “canto da sereia” de uma forma sutil onde, através de manobras e práticas de persuasão absolutamente desconectadas com a realidade, da mesma forma de um empresário que quer destruir seu concorrente para que reine sozinho. Não perceberam que entraram numa jogatina suja onde “os fins justificam os meios”?

Onde foram parar os “pseudos intelectuais” com sua “superior capacidade de pensar”? Onde está a filosofia que tanto berram dominar ao citar, através de frases em posts de facebook ou Instagram? Cadê a capacidade básica de “suspender o juízo” e analisar, de fora e sem predefinições, dois – ou mais – lados de um mesmo problema para conseguir tomar uma decisão pragmática baseada, principalmente, na melhor solução que é a ÉTICA? Vale lembrar que esta palavra não serve só para o que lhe é ético conforme suas conveniências pessoais. Se assim o for, não é ética e sim, charlatanismo e hipocrisia.

Onde vocês enfiaram os conhecimentos sobre DESIGN THINKING, DESIGN DE SERVIÇOS, Técnicas de Conservação e Restauração, escolha e especificação de materiais, análise de correlatos e tantos outros conhecimentos necessários aos projetos?

Para que então foi inserido na LEI N° 13.369/2016 que devemos, entre outras coisas, “zelar pela segurança dos usuários“? E, entende-se por “usuários”, TODOS os usuários daquele espaço e não apenas quem define a cor, o estilo, os horários, etc. Isso entrou na nossa Lei só para enfeitar e ficar bonito? Apenas para trazer uma suposta “responsabilidade”?

Por falar nisso, alguma vez ouviram falar sobre RESPONSABILIDADE SOCIAL?

Isso tudo me lembra de uma senhora que, em público, falou que os tapetes são mais importantes que a Ergonomia. Será que vocês se deixaram esvaziar tão fácil assim? Será que a formação acadêmica de vocês foi realmente sólida em princípios básicos de Design ou ficou apenas na troca de vasinhos e cortininhas? Será que vocês simplesmente passaram pela academia e não aprenderam a pensar, refletir, analisar e criticar sobre os problemas que envolvem os projetos, os usuários, a cidade, a vida? Será que vocês não aprenderam que as ferramentas, técnicas e abordagens do Design não servem apenas para projetos mas sim, para serem aplicadas também na vida diária fora dos escritórios?

E sobre RESPONSABILIDADE AMBIENTAL (também conhecida erroneamente como sustentabilidade)? Perderam a capacidade de analisar as propostas de projeto que vão claramente contra o meio ambiente, afetando fauna, flora, rios e pior: populações que vivem nestas áreas? Que esta mesma responsabilidade ambiental deve ser estendida também para as questões de preservação das poucas áreas de reservas que temos e não podemos permitir que a mineração as destruam?

Nos últimos dois meses tentei, incansavelmente, alerta-los sobre os caminhos que estavam trilhando:

– sobre todos os problemas presentes mas acobertados pela “estética” e “marketing”, apontando que haviam outras soluções mais viáveis, sensatas e, principalmente, fora mais adequadas.

– que os erros já cometidos nos projetos devem servir para aprendermos, melhorar nossas técnicas e práticas e não para serem ignorados. Na História da humanidade isso é muito claro.

– Desenhando, incontáveis vezes, que é nosso dever mostrar aos nossos clientes que para um projeto ter sucesso faz-se necessária a urgente UNIÃO de todos os usuários visando o bem comum e não de birras, picuinhas, egocentrismos, etc.

– Às vezes orbitei em meu umbigo mas não por mim e sim para exemplificar o sofrimento real vivido por milhões de pessoas que, como eu, são diferentes. E, nesse grupo tem de crianças a idosos, de todas as classes sociais, profissões, ideologias e crenças.

PARABÉNS A VOCÊS! Este projeto protótipo de péssima qualidade de um projeto mal elaborado e apoiado por vocês não passa de uma UTI implantada em um galpão abandonado há mais de 30 anos sem fazer, ao menos, uma limpeza no local. Só se esqueceram que vocês também estão como potenciais pacientes dessa mesma UTI e serão atendidos por pseudos médicos e pseudos enfermeiros sem especialização ou experiência alguma, que utilizarão equipamentos, insumos, medicamentos e técnicas de quase 50 anos atrás. E lembrem-se: não pode chorar ou reclamar senão… piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii….

DESIGNERS, O QUE ACONTECEU COM VOCÊS?

VERGONHA

DÉCOR SOCIAL – uma iniciativa que vale a pena apoiar.

decor social

Poucas vezes vi uma iniciativa ligada ao Design de Interiores que realmente chamasse a minha atenção e despertasse o meu desejo real de ajudar. E esta, sem sombra de dúvida, é uma das mais belas que já vi por seu caráter social – uma das funções do DInt que é negligenciada nos diversos níveis: da academia aos profissionais. É um projeto que realmente impacta a vida das pessoas envolvidas sejam elas os profissionais e fornecedores envolvidos mas, especialmente, dos beneficiados.

Apresento a vocês o Décor Social:

A Decór Social é uma Associação sem fins lucrativos com o objetivo de reformar e decorar abrigos que acolhem crianças e adolescentes por meio da mobilização voluntária de arquitetos, designers, decoradores, paisagistas, e com apoio de marcas, lojas, jornalistas, veículos, empresários, formadores de opinião e sociedade em geral.

Esse projeto nasceu da inquietude e indignação de seus fundadores. Da intenção de mudar a vida daqueles esquecidos pela sociedade. De transformar o ambiente em que essas pessoas vivem, despertando sensações, promovendo o bem estar por meio da decoração e elevando a autoestima.

TEM COMO MISSÃO, PROVER A ESSES INDIVÍDUOS UM AMBIENTE DIGNO, UM VERDADEIRO LAR.

A ideia da Decor Social começou lá atrás, a partir da iniciativa de uma de suas fundadoras, a designer de interiores Katia Perrone que, atuando de forma voluntária na Associação Ma. Helen Drexel, fez uma reforma em um dos lares por conta própria. Logo percebeu que, de forma solitária, seria muito difícil fazer a revitalização dos espaços das casas abrigo. Em um encontro com o colega arquiteto Vicente Parmigiani, decidiram fazer um projeto social nos moldes de uma “Mostra de Decoração”, contando com a parceria dos profissionais do portal Diário do Arquiteto, de Simone Goltcher, que voluntariamente se uniram à causa. Assim nascia o projeto DAdobem. Sob a coordenação de Katia e Vicente, foram entregues 03 lares graças a uma grande rede do bem, com mais de 50 profissionais, 180 empresas e fornecedores parceiros.

Com os lares entregues e as crianças e adolescentes tendo suas vidas impactadas pelo novo ambiente das casas, Katia e Vicente decidiram seguir com o modelo de projeto e fundar uma ONG. Convidaram a economista Andrea Bonventi e a designer de interiores Lucy Amicón, e juntos lançaram a DECOR SOCIAL“.

O desenvolvimento dos projetos segue as etapas:

  1. É selecionada a Instituição a ser beneficiada;
  2. Recruta-se os Profissionais e os selecionados participam do sorteio dos ambientes;
  3. Inicia a Campanha de Captação de Recursos via crowdfunding;
  4. Realiza-se a execução do projeto de reforma e montagem dos ambientes pelos profissionais;
  5. Entrega do Projeto finalizado para a Instituição e realização do Evento de Inauguração.

Você pode participar como profissional ou fornecedor, basta cadastrar-se no site. Profissionais doam o projeto e execução das obras, os fornecedores  doando materiais, equipamentos e mão de obra.

As instituições que desejam ser beneficiadas também podem se cadastrar através do site neste link.

Se você não tem tempo ou disposição para ajudar, pode doar dinheiro para o projeto através de e opções que você encontra clicando aqui.

Ou ainda através da campanha de crowdfunding do projeto na plataforma kickante.

Veja abaixo uma sequência de trabalhos já realizados por eles:

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É o tipo de projeto que eu sonho ver espalhado por todo esse nosso país – e até fora – levando alegria, segurança e cuidado a aqueles que tanto precisam. E também amor, MUITO AMOR!

Siga, divulgue a apoie o projeto através das redes sociais:

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LinkedIn

Parabéns a todos os envolvidos. O mundo precisa de mais pessoas como vocês. No que eu puder ajudar, estou aqui.

Pela beleza e qualidade do projeto, ganharam um selo com link direto aqui na lateral de meu blog.

Se me pedissem para resumir este projeto em uma frase eu diria que

“É o DInt sendo usado para fazer o bem e levar amor e cuidado a quem precisa!”

TCC: VALOR INSTITUCIONAL APLICADO À COORDENAÇÃO DAS AGRÁRIAS INSPIRADO EM AMACIO MAZZAROPI.

Fazia tempo que eu queria postar esse TCC que orientei, desenvolvido pelo meu ex-aluno Miguel Prado Silva.

Sabe aquele trabalho que dá orgulho orientar, que você vê a cada semana o crescimento do aluno como pessoa e como profissional, que fica evidente o amadurecimento intelectual e que te deixa a certeza de que sim, este aluno está preparado para o mercado?

Pois é, este é o caso.

Não pude postar antes pois ele me pediu para participar do Láurea Máxima Brasil de Design de Interiores, concurso acadêmico da ABD. Ele não foi selecionado entre os finalistas da categoria tecnológico mas tenho certeza que despertou paixão em todos os jurados com este belo e excelente projeto.

Segue o escopo do projeto:

Vê-se constantemente nas IES o cuidado excessivo com áreas comuns onde o nome e o padrão de qualidade das mesmas são facilmente perceptíveis. No entanto, estes cuidados tendem a diminuir conforme adentramos às áreas que não estão diretamente aos olhos do público. É comum que as coordenações e secretarias de cursos não recebam o mesmo cuidado que uma reitoria ou pró-reitorias, por exemplo (à exceção de coordenações de cursos da área criativa). Nesse sentido, percebe-se que estes espaços são, de certa forma, deixados de lado tendo de conviver com mobiliários e equipamentos reaproveitados. Isso gera um olhar de estranheza em todos os envolvidos pois, por mais que os cursos sejam de excelência e tenham diversos títulos recebidos, o descaso com estes espaços e com a qualidade de trabalho nos mesmos apontam para outra direção não refletindo coerentemente os valores declarados pelas IES. Não seriam estes espaços dignos de um melhor tratamento e cuidado tendo em vista que são o cartão de visitas destes cursos? Esta é a questão essencial deste TCC. Infelizmente faz parte do penúltimo grupo de alunos que teve TCC na instituição onde eu lecionava.

O objeto base utilizado na elaboração deste TCC é uma sala de aulas de 121,37m² que fora destinada pela IES para servir como Secretaria e Coordenações dos cursos do Departamento das Agrárias que agrega os cursos de Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia. É uma sala no piso térreo, na ala frontal da edificação, localizada no Campus II. Por ser face Leste, este espaço recebe insolação direta nas janelas durante o período da manhã e tem uma ventilação natural cruzada facilitada pela disposição das janelas em paredes opostas.

Além dos três coordenadores, trabalham ali três professores de apoio aos coordenadores e duas secretárias: uma para serviços internos e outra para atendimento ao público, totalizando cinco funcionários fixos e três com horários livres. O uso do espaço considera, como já descrito, aspectos de secretaria de cursos e de coordenações: neste local são desenvolvidas todas as atividades de gestão acadêmicas, administrativas e financeiras dos cursos; possui área de espera/atendimento a alunos, corpo docente e visitantes, para armazenamento de documentos e materiais diversos relativos aos cursos e de TCCs, exposição de troféus e premiações recebidos pelos cursos, realização de reuniões, atendimento para professores e convidados externos e área de lanches rápidos – copa.

No levantamento inicial foram detectados problemas gerais que atrapalham o desenvolvimento das atividades por todos que frequentam o espaço. Ficou constatado que não há separação física entre os setores o que prejudica as atividades de todos; visualmente, os coordenadores ficavam expostos e em seus atendimentos, não existe privacidade; o mobiliário já antigo e que não atende as necessidades de armazenamento e guarda segura de documentos nem permite a construção de uma barreira de acesso para o público externo; Acrescente-se ainda, a inexistência da Identidade Visual – seja dos cursos ou da IES – aplicada dentro do espaço. Estes fatores promovem uma desorganização geral do espaço seja por questões estruturais (falta de mobiliário, layout ruim, etc.) ou visuais e estéticas. Tais problemas são de conhecimento comum dentro da IES e há algum tempo as coordenações tentam uma melhoria em sua sala porém, faltava um projeto para a mesma.

A orientação foi realizada com encontros semanais seguindo o padrão exigido pela IES para a elaboração e apresentação de TCCs. Além dos elementos tradicionais como briefing, estudos conceituais e técnicos, levantamentos inloco, pesquisas institucionais sobre os cursos e estudos sobre estilos e cores, foram inseridos pelo orientador outros estudos e abordagens de Design visando a melhor compreensão dos problemas tais como o Design Thinking, a Análise Volumétrica, o Design de Serviços e a correta distinção entre Briefing e Programa de Necessidades. Aparentemente, por ser uma sala ampla para apenas três coordenações, seria fácil a definição dos espaços. No entanto, ergonomicamente falando, o trabalho não foi tão simples dadas as peculiaridades de cada coordenação – e coordenadores – e do restante das áreas solicitadas pelos usuários fixos. A análise volumétrica – estudo através de blocos em 3D – foi necessária para a percepção de elementos e detalhes que poderiam ser modificados em sua dimensão e forma promovendo um melhor aproveitamento dos ambientes projetados além de garantir a correta análise do fluxo e da ergonomia nos espaços.

A região onde está inserido o projeto é bastante rica e tem sua renda predominantemente oriunda do agronegócio. Por este motivo, estes cursos estão entre os principais oferecidos pela Instituição e estão entre os mais procurados. O ponto em comum é a roça (chácaras, sítios e fazendas) onde os profissionais destas áreas atuam no dia a dia. O contato direto com as pessoas destes espaços ajuda a manter as tradições rurais bem como reforça nos estudantes o gosto por este estilo de vida. O jeito “jeca” representado por Amacio Mazaropi no cinema nos traz pistas de como é este modo de vida simples, regada a muito suor no labor diário da roça, uma alimentação simples porém saborosa e a honestidade e honradez pessoal e os fortes laços familiares. Trazer os valores do homem da roça, que descrevem muito bem o dia a dia dos cursos das agrárias, do modo de falar e pensar aos elementos físicos típicos das casas sertanejas da região sudeste do Brasil e que se fazem presente no dia a dia da cidade grande tendo sido incorporado à cultura local.

Dada a complexidade física das necessidades encontradas, o projeto propôs um excelente aproveitamento dos espaços através de um layout justo, racional e sem excessos expressando o cuidado institucional com seus setores. Aliado a isso, trazer para dentro da instituição a “cara” do meio onde os trabalhos são desenvolvidos através de formas, cores, materiais, elementos e detalhes típicos da roça reforça a preocupação na manutenção do elo social da IES com seu público alvo e final.

 

Parabéns meu (agora) colega profissional Miguel Prado!!!

#Entrevista #Facnopar

Olá meus leitores, salve salve!!!

Segue entrevista que dei à Facnopar (Apucarana-PR) onde conversamos sobre o que é Design de Interiores, quem é este profissional e para que serve, qual o perfil profissional, situação do mercado de trabalho,regulamentação profissional, os vetos e as perspectivas para a profissão.

Espero que gostem.

Para assisti-lo, clique aqui.

Até a próxima!!!