Você é designer mesmo? Tem certeza disso?

Resolvi escrever melhor sobre este assunto aqui em meu blog por causa de algumas mensagens privadas e comentários que recebi nas postagens em meu Facebook e Instagram por causa desta imagem que postei (não sei a autoria).

Confesso que, me assustou o desconhecimento e a leviandade de muitos. De outros profissionais até dá para entender a falta de noção e/ou desconhecimento.

Mas de DInts, é IMPERDOÁVEL.

Não vou me aprofundar, detalhar ou dar aula de graça sobre estes assuntos. Vou apenas lançar alertas sobre coisas que vem me incomodando faz tempo nas redes sociais.

Bom, vamos lá.

Quando projetamos um determinado espaço, enquanto designers de interiores/ambientes, devemos pensar no uso que será feito do mesmo por todos os usuários, especialmente quando falamos de espaços comerciais, institucionais e de serviços. Neste texto apresentarei questões relacionadas às práxis projetuais do Design – raiz de nossa especialidade. Algumas conhecidas pelos DInts, outras nem tanto – deixando clara falhas na formação acadêmica pela maioria das escolas que precisam ser estancadas com urgência urgentíssima (mas isso é assunto para outro texto sobre perfil mínimo necessário dos professores de DInt que escreverei ainda este mês).

É bastante comum ouvirmos falar em programa de necessidades e briefing – favor ignorar os achismos (Morin) daqueles que afirmam que estas duas ferramentas são a mesma coisa pois não são. Programa de necessidades é uma ferramenta QUANTITATIVA. Briefing é QUALITATIVA. São complementares e em alguns aspectos parecidos, mas não a mesma coisa. Ressalte-se que, parecido não é o mesmo que igual (Google it!).

Além do briefing e do programa de necessidades, os designers trabalham com outras ferramentas/abordagens específicas da área. E somente através da correta aplicação destas e da análise atenta dos dados das mesmas é que temos condições de entender a dimensão do(s) problema(s) relacionados à estrutura e uso dos espaços projetados. Em suma, parafraseando Paul Rand, “Design de Interiores é uma disciplina que soluciona os problemas existentes na interface “usuários <> espaços” ocupados”.

Para começar, nenhum projeto pode ser considerado como Design se não atende à todos os 3 eixos da Ergonomia (pilar da profissão). Não se trata apenas de dimensionamento e, tampouco de acessibilidade/mobilidade. Estes são apenas recortes pequenos dentro desta ciência, típicos daqueles reducionistas que – mais uma vez – “acham” que sabem do que estão falando. Se, durante o levantamento do briefing e do programa de necessidades não é realizado o correto levantamento ergonômico – do espaço e dos usuários – o projeto certamente terá erros. E erros ou problemas ergonômicos, nem o(a) melhor PHD em Estética do universo consegue esconder. Eles afloram no decorrer do uso dos espaços. E, após o levantamento, assim como os anteriores, deve-se atentar para a correta e atenta análise de todos os dados coletados aplicando os resultados no projeto.

Mas não para por aqui. Creio que já deu para perceber que cada abordagem tem uma finalidade específica. Como estamos trabalhando (no exemplo deste texto) com espaços comerciais, institucionais e de serviços, existem outras abordagens que devem ser realizadas afim de entender a complexidade do “negócio” bem como, dos usuários fixos e visitantes.

O Design de Serviços é uma ferramenta utilizada para conhecer e entender todo o funcionamento, logística e qualidade de uma empresa – pública ou privada – que oferece algum serviço material ou imaterial ao público. Desde questões internas (logística, layout, funcionários, etc) às externas (experiência e reação do público, mídia, etc), esta ferramenta busca identificar os elementos positivos e negativos, muito além da estética e ergonomia. O Design de Serviços adentra no cotidiano do empreendimento para entender o seu funcionamento de uma forma ampla, atento a detalhes. Especialmente, às respostas dos clientes sobre o todo oferecido pela empresa.

E sim! Tem muita coisa do dia a dia da empresa que se o designer não detectar e corrigir, de nada vai adiantar fazer o proprietário gastar fortunas. Se o serviço é ruim, nem mesmo centenas de milhares de reais irão garantir a sobrevivência. Dois exemplos simples:

– Atendimento inicial (recepcionista/telefonista) que sempre está com a cara/voz trancada, brava, trata os clientes de forma seca. Isso só afasta os clientes, por mais belo que seja o espaço ou a qualidade dos produtos/serviços oferecidos.

– Localização (e seus complicadores). Também não adianta gastar fortunas em uma obra mal localizada, distante, em um bairro não seguro, sem estacionamento, sem segurança. A insegurança e desconforto (ansiedade) dos clientes os afastarão do local.

E sim! Isso é trabalho do designer de interiores. Partindo da premissa de que Design é investimento, de que adianta investir em algo fadado a quebrar por causa de um serviço ruim?

O Design Thinking aparece para acolher, agrupar, analisar, compreender todos os dados coletados para identificar corretamente os problemas e propor soluções para os mesmos. Por exemplo, a dona da casa pode ter a impressão que sua sala é “feia” e o contrata para deixa-la com cara de revista. Porém, ao passar por todos estes filtros percebe-se que o problema real era apenas a falta de organização, ou um layout nada atrativo, entre outras respostas inesperadas.

Devemos nos atentar, especialmente, à correta análise de todo o escopo do projeto através do Design Thinking e do Design de Serviços. Caso estas ferramentas (abordagens) do Design não sejam aplicadas ou aplicadas de forma incorreta, os projetos correm o risco de serem finalizados com erros diversos.

Por isso o BRIEFING jamais deve ser tratado apenas como uma conversa inicial e algumas outras trocas de informações com o cliente. Ele deve ser COMPLETO e COMPLEXO, abrangendo todas as possibilidades relacionadas ao projeto.

Se não há análise através das abordagens específicas do Design, não é Design de Interiores e sim, apenas Decoração.

 

Sobre novelas, personagens e danos profissionais

O site Administradores.com publicou no dia 22/01/15 uma matéria interessante sobre a ficção X a vida real. No caso, refere-se à novela das 21h, Império, da Rede Globo, de autoria do Aguinaldo Silva. Ali eles buscam apontar como é importante a contratação de um profissional habilitado para administrar as empresas, mesmo nas familiares, como é o caso, onde nenhum dos herdeiros se importou realmente com esta área. Leia a matéria aqui: http://www.administradores.com.br/mobile/artigos/carreira/novela-da-vida-real/84227/

cristina-relacaoNo caso referem-se à personagem Cristina, personagem da atriz Leandra Leal. Estão certos afinal, estão defendendo a sua área profissional mostrando realmente a necessidade e as vantagens deste ato visando a saúde físico-financeira das empresas.

Lendo a matéria me deu um estalo sobre algo que já estava me incomodando faz tempo nesta novela, mas que eu ainda não tinha conseguido sacar, de tão óbvio e escrachado que estava a coisa: o papel do Design e dos designers nas empresas.

Sim, pois uma das personagens, ligadas diretamente à empresa, e filha do criador da mesma e, consequentemente herdeira, é uma designer de jóias com cursos, inclusive, no exterior. Maria Clara é o nome dela, interpretada pela atriz Andreia Horta.

MariaClara-relacaoAté aí tudo bem. De inicio ela representava bem o papel de uma designer mostrando, mesmo que superficialmente, suas funções, habilidades, competências e o potencial do Design em alavancar e/ou manter uma empresa. Porém, de uns tempos para cá a coisa toda mudou e esta personagem vem apresentando um perfil que se distancia – e muito – do perfil de qualquer profissional, inclusive de um designer: arrogante, ensimesmada, melindrosa, dona da verdade, impositiva, irresponsável, com um grau elevado de falta de ética pessoal/profissional entre outros aspectos bastante pejorativos e danosos ao Design nacional, enquanto ela figura como uma “representante” de nossa área, mesmo que na ficção.

claudiaraiaNão é a primeira vez que isso acontece e, para mim, o caso mais emblemático foi numa novela (não me lembro do nome) onde a personagem representada pela atriz Claudia Raia acordava num dia e dizia: “A partir de hoje serei designer de interiores”. Sim, bem assim, de boca cheia, num passe de mágica tipo “pirlimpimpim”. Sem curso algum, sem qualificação alguma, tomada por uma futilidade imensa digna das “peruetes” de plantão. Fazia altas merdas (sorry pelo termo “chulo”, como dizem alguns por aí), levava os clientes a gastar com coisas absolutamente desnecessárias com projetinhos mequetrefes e que NADA tinham de Design além do que, esta personagem era uma trambiqueira nata que queria se dar bem na vida de qualquer jeito. Consequentemente, desmereceu, ofendeu, ridicularizou e afetou a nossa área seriamente.

Voltando à novela atual, se não bastassem todos esses problemas originários desta personagem ainda temos de conviver com outros: a tal administradora exemplar foi a primeira a dar um passo errado ajudando esse desmerecimento quando, numa conversa com o ourives, perguntou se ele teria capacidade de criar uma coleção com o mesmo padrão e qualidade dos produtos da empresa. De pronto este respondeu que sim, tranquilamente. Não assisti o desfecho disso, mas me falaram que a Maria Clara deu um pitti violento do tipo “eu sou a designer”… Além de se esquecer totalmente os riscos que a empresa irá correr fazendo isso, também da multidisciplinaridade e trabalho colaborativo que são fundamentos do Design. E Clara deveria valorizar e reconhecer mais quem está em sua equipe afinal, ela não é nada sem o ourives, mas o ourives não funciona no seu melhor sem ela numa linha de produção.

O correto seria ela ter adotado uma postura pró-ativa, aceitando desenvolver em equipe a nova coleção. O aprendizado seria imenso bem como, a valorização e aproveitamento dos conhecimentos dos outros profissionais envolvidos sempre geram bons frutos e, claro, retorno financeiro. Isso faz parte do processo de briefing. O ourives também errou ao aceitar a proposta e, me lembro muito bem, disse que “há anos esperava essa oportunidade!”. Então ele ficou ali parado anos seguidos e não procurou aperfeiçoar-se e fazer um curso superior? Longe de desmerecer estes profissionais incríveis, é preciso fazer a correta distinção do papel deles: seu trabalho destina-se a clientes individuais onde eles trabalham para transformar o sonho e o desejo de um cliente em uma bela jóia, exclusiva. Raros são os que entendem de coleções, mercado, produção seriada, etc. Croquizar bem na frente do cliente não faz de ninguém um designer.

personagens_relacao_21Como se não bastasse isso, recentemente a prima da Maria Clara, a Amanda (Adriana Birolli), que ninguém sabe o que faz nem de onde veio, resolveu brincar de desenhar também e está tentando colocar dentro da empresa uma coleção assinada por ela.

Seja como for, não está legal – mais uma vez – a representação do profissional de Design numa novela. De novo somos colocados como profissionais fúteis e dispensáveis perante grande parte da população já que estas novelas atingem a maioria dos lares nacionais – e até internacionais.

Seria muito importante que os autores, antes de fazer esse tipo de coisa, procurassem conhecer melhor as profissões e suas atribuições/funções/capacidades/importância.

Fica claro também, através desta matéria, que muitos administradores desconhecem a importância do Design como ferramenta para os negócios e tampouco sabem que, parafraseando o Ed Ramos, “Design não é custo. É investimento!”. Além disso, a personagem Cristina do inicio da novela até o momento quando assumiu o cargo dentro da empresa, era ainda estudante, não formada e, em momento algum, falou-se sobre a sua formatura. Fica aqui também um alerta para a academia de Administração: informem-se sobre o que é Design e instruam seus discentes a, sempre que necessário, buscar a ajuda destes profissionais.

Não estou querendo aqui santificar todos os profissionais de Design, pois bem sabemos que, como em todas as áreas, também existem as laranjas podres. Mas porque sempre destacar nesses folhetins exatamente estes depreciando a área profissional bem como os bons profissionais?

Não estaria na hora dos profissionais manifestarem seu repúdio contra tudo isso?

Não estaria na hora das associações começarem a agir de modo efetivo quando este tipo de coisa acontece defendendo, realmente, nossas profissões?

Discurso é bom, mas ações são melhores, mais necessárias e mais eficazes.

Portanto, fica aqui registrado o meu repúdio a este tipo de tratamento que, vira e mexe, é dado aos profissionais de Design quando retratados em algum folhetim.

Prazos e qualidade projetual.

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 59 – 2013
“Prazos e qualidade projetual.”
By Paulo Oliveira

59
Escrevi tempos atrás em meu blog sobre os prazos apertadíssimos que alguns clientes nos impõem. Esta redução de tempo hábil para pensar e solucionar um projeto baseia-se em vários motivos. Sejam estes quais forem, vamos então analisar apenas a questão prazo e o que ela implica.

Todos os profissionais que trabalham com projeto conhecem bem as dificuldades para fechá-los. São vários fatores, condicionantes, necessidades, elementos, normas, análises e estudos necessários para conseguirmos chegar a um padrão mínimo de qualidade. E, por mínimo que este seja, exige tempo, um prazo adequado para tal.

Tecnicamente é impossível realizar projetos, pois não dependemos apenas de nosso trabalho como projetistas. Não estudamos tanto para colocar “apenas uma luzinha”. Os fornecedores demoram vários dias para responder orçamentos; outros profissionais demoram a responder sobre as alterações e soluções encontradas e necessárias, entre outros fatores externos que nos impossibilitam de cumprir prazos curtos mantendo a qualidade nos projetos.

Já do nosso lado, gastamos horas a fio analisando o briefing, pensando em soluções, esboçando ideias técnicas e estéticas, pesquisando na imensidão de equipamentos disponíveis no mercado através dos catálogos, fazendo testes, projetando, etc. Pensar em um projeto de LD com menos de 30 dias de prazo é um tiro no próprio pé. Mas há profissionais e empresas que andam fazendo isso e bagunçando o mercado. O caso é que estes, para conseguir cumprir estes prazos enxutos, agem de maneira antiética com seus clientes.

Alguns profissionais têm os famosos e conhecidos “projetos de gaveta”, que repetem para vários clientes, fazendo apenas pequenos ajustes ou alterações. Isso acontece na arquitetura, na engenharia, interiores/ambientes e várias outras áreas. No entanto, este tipo de projeto não considera o essencial: o usuário. Além disso, são os projetos que nos dão aquela sensação de déjà vu. Repetem-se infinitamente e descaradamente, deixando tudo com a mesma cara.

Já os fornecedores que “dão de graça” projetos para clientes que compram em suas lojas fazem quase a mesma coisa. A diferença é que eles mudam os equipamentos de acordo com as tendências e lançamento de catálogos. E também sabemos que estes projetos não saem de graça, pois seu custo está embutido – e diluído – no valor das peças.

E engana-se quem acha que isso só acontece com interiores. Existem vários edifícios, monumentos e espaços públicos com a mesma iluminação. Analisando seus projetos, percebe-se a autoria. Por falar em autoria, esta sempre vem amarrada a algum fornecedor especial – o que paga mais comissão. E não posso deixar de execrar também os valores cobrados por esses projetos, se é que podemos denominá-los assim.

Por culpa única e exclusiva destes dois citados acima, encontramos clientes desinformados, seja com relação à técnica e estética, quanto sobre os prazos necessários para a qualidade.

Creio que nenhum bom profissional quer ver seu nome atrelado a um projeto mal resolvido, solucionado e executado. Prazos enxutos só levam a suposições e, consequentemente, erros. Projetar não é um truque de mágica.

Temos de ter a consciência de nosso papel na sociedade e no mercado, esclarecendo e informando corretamente os clientes sobre todas as necessidades que um projeto de qualidade exige. Só assim teremos um mercado sério, responsável e respeitado.

Colocar uma luzinha?

No way!!!

Dos ogros, invejosos e mal resolvidos…

Vejam bem como são as coisas minha gente. Um amigo me pediu para escrever um texto falando sobre briefing relacionado à marcenaria. Ele havia publicado um vídeo falando sobre isso e notei alguns pontos errados no seu entendimento do que é o briefing realmente. Conversando com ele, me solicitou que escrevesse um texto explicando o que eu havia conversado com ele inbox no facebook. Segue o texto:

“Briefing na marcenaria? (Parte I)

À pedido do Luiz Mariano vou tentar descrever o processo relativo à busca e ao entendimento sobre o que o cliente deseja, na visão da marcenaria.

Primeiramente, já afirmo que não consigo ver o “briefing” (na exata concepção da palavra) como uma ferramenta de marcenaria. Vejo sim, no lugar deste, algo semelhante ao programa de necessidades – que é bem diferente.

O briefing é uma ferramenta bastante complexa que não tem um momento para começar e, tampouco, para terminar. É um processo em andamento, evolução e adaptação constantes. Não é algo que se faz em uma ou duas reuniões com o cliente.

Para esta minha abordagem devo, antes de tudo, fazer uma distinção entre o Design de Produtos e a Marcenaria (por serem os mais próximos).

Quando o designer é chamado para criar um novo produto a sua análise (briefing) sobre o problema em busca das possíveis soluções, vão muito além do “querer” de um determinado cliente. Esta análise passa, entre outros pontos, pela análise de mercado, pesquisa de materiais, capacidade de produção (seriação) e distribuição, concorrência, diferenciação, prototipagem, avaliação, ajustes, etc. Processos que não acontecem na Marcenaria.

Já sei, alguns já estão pensando: então os designers de interiores também não utilizam o briefing!

ERRADO!

Utilizam sim e muito, apesar desta ferramenta ser ensinada de forma errada na academia quando colocam o programa de necessidades como se fosse o brieffing. A diferença entre o trabalho sobre um determinado espaço feito pelo Design de Interiores daquele desenvolvido pela Marcenaria é bem diferente. Enquanto o Design de Interiores se preocupa com diversas variáveis que comporão o espaço no total (mobiliário sob medida e pronto, uso e usuários, acessibilidade e ergonomia plenas, luz, texturas, conforto ambiental, “stimmung”, problemas, estética, etc), a Marcenaria lida com aspectos específicos de mobiliários sob medida para solucionar determinado problema.

O mais correto, no meu ponto de vista, é a Marcenaria adotar a abordagem mais próxima do programa de necessidades (lembrando que este é apenas uma etapa do briefing). Explico:

Digamos que você, marceneiro(a), foi chamado por um cliente para fazer o closet. O primeiro ponto a levantar é o espaço disponível. Aí pode-se conversar com o cliente enquanto analisa este espaço em busca de informações estético-funcionais. Porém, o problema maior não é este e sim “o que e quanto” terei que acomodar nos armários. Pense num casal de advogados, como exemplo. Ele tem diversos ternos, sapatos, camisas, gravatas, outras roupas, cabans e sobretudos, etc. ela tem diversos tailleurs (terninhos), incontáveis sapatos (4 pares de botas cano alto-duro)e bolsas, jóias e bijoux, vestidos longos, saias, outras roupas, etc. Aliado a isso, vale lembrar que os closets sempre acabam servindo também para guardar outras coisas, como por exemplo, enxoval.

E aí, quanto espaço cada um deve ter para acomodar tranquilamente suas coisas? Quanto espaço deve ser destinado para o enxoval? Você sabe quanto espaço (volume) essas coisas todas ocupam? Você tem idéia de quanto espaço 5 jogos de cama king, completos, ocupam quando guardados? UM edredom queen ao menos?

Não entendeu ainda? Passemos então para a cozinha da vovó.

Estes são sempre os ambientes mais complexos para dimensionar. E para isso devemos saber exatamente TUDO o que será guardado ou exposto além, é claro, do que está por ser comprado ainda. Pegando um apartamento atual (raros dispõem de despensa), qual o volume necessário para guardar todos os talheres e utensílios, as panelas, vasilhas, travessas, baixelas e caçarolas, os jarros, copos, taças, xícaras, os aparelhos de jantar, chá e café, os potes plásticos, os mantimentos e temperos, os equipamentos como forno, fogão, micro-ondas, geladeira e exaustor/coifa, utilitários como batedeira, liquidificador, triturador, centrífuga e cafeteira entre tantos outros objetos e “coisas” que temos dentro de uma cozinha?

Qual o volume de um aparelho de jantar completo para 12 pessoas (incluindo os talheres, copos e taças) para que sejam guardados sem o risco de danos às peças (por empilhamento) ou acidentes pessoais por lotação de compartimento dos armários?

Aliado a esta análise, entra todo o conhecimento de vocês, marceneiros(as), sobre o material mais adequado às necessidades físicas do móvel e do modo e processo de montagem dos mesmos. O encaixe tipo escama para uma cabeceira de cama pode não ser a melhor opção pois a mesma pode deslocar-se bem como, existem diversos tipos de dobradiças, algumas bem específicas e também os pistões que não devem ser utilizados apenas porque estão na moda.

Assim, fica claro que o uso do termo briefing aplicado à Marcenaria é equivocado.

Espero, através de exemplos, ter contribuído um pouco com este debate.

garfield10

 Pois bem, escrevi este texto como uma parte introdutória apenas. Com o tempo iria escrever a sequência baseado nos questionamentos levantados pelos membros de seu grupo para complementar o assunto. Iria ser um “be-a-ba” mesmo.

Mas sempre existem os ogros, os mal intencionados, os invejosos, os maledicentes, os recalcados e ignorantes. Bastou que o Luis Mariano postasse o texto para estes aparecerem vomitando toda a sua ignorância, em estado pleno e em êxtase.

De pronto já desviaram o foco do texto impondo, como seu tivesse escrito, que briefing é apenas uma ferramenta para diplomados. Outro ogro chegou até mesmo a questionar se marceneiros poderiam utilizar autoCAD e outros programas.

Como não faço parte do grupo, que é secreto, muitos que me bajulam em público aproveitaram a oportunidade para descer o porrete em mim e distorcer a cada novo comentário o meu texto. Argumentação? ZERO!

Passaram então a me atacar questionando a minha capacidade profissional seja como designer, lighting designer, educador além, é claro, de minha pessoa. Termos como arrogante, entre outros, permearam os ataques pessoais. Ataques estes vindos de um bando de baba ovo de um invejoso e mal resolvido que adora me perseguir pelas redes sociais e não mede esforços em me citar de maneira pejorativa, com ataques grosseiros, vis e baixos.

Não vou me estender por aqui sobre este assunto, mas fato é que não vou dar continuidade nesta ajuda que estava dando a um amigo meu. Prefiro voltar minha energia e fritar meus neurônios com meus livros que estou escrevendo.

Uma coisa muito séria que aprendi, especialmente ano passado, é que quando o outro lado não está disposto a entender de nada adianta suas tentativas, nem desenhando. Também que pessoas mal intencionadas são incapazes de ler qualquer coisa sem fazê-lo através de sua régua interna distorcendo, deturpando, desviando, relativizando e inserindo palavras que não existem no discurso alheio. Cada um entende o mundo de acordo com a sua capacidade intelectual (ou falta dela) e isso, como docente, sei muito bem como funciona. Especialmente quando estes dois aspectos se cruzam numa mesma mente doentia.

Mas, gargalhando, percebo que todos aqueles não passam de ogros mal resolvidos.

Sinto pena? Não!

Sinto dó? Também não!

Sinto compaixão? Menos ainda…

DESPREZO TOTAL E ABSOLUTO. SIMPLES ASSIM.

Fato é que eu nunca precisei pisar em ninguém, humilhar quem quer que seja, atacar pessoas e fazer qualquer outra ação típica de recalcados invejosos para ser quem eu sou hoje. Fiz meu nome profissional, ganhei respeito no meio acadêmico e fora dele sem precisar fazer nada disso, mesmo quando estive sobre ataques pessoais.

Sempre fui (e continuo sendo) combativo na argumentação. O problema é quando o outro lado perde o argumento e deixa aflorar seu lado barraqueiro partindo para o lado pessoal. Desses, só rio.

Diante disso tudo, sou convidado constantemente para os maiores eventos de minha área aqui no Brasil e, tenho certeza, isso é apenas um dos elementos que faz com que estes invejosos se contorçam, com seu veneno corroendo suas vidinhas medíocres e pobres em todos os sentidos. O convite para ser colunista da Revista Lume Arquitetura também não foi comprado e tampouco precisei disputa-lo com ninguém > é um presente em reconhecimento da competência e credibilidade de meu nome profissional.

E este blog, com quase 2 milhões de acessos, também não ganhou o respeito internacional e tornou-se referência bibliográfica à toa ou na base de chantagens, baixarias e fofoquinhas.

Então, fica aqui a dica para estes pobres coitados:

bitch

Façam por merecer se querem, algum dia, serem respeitados.

E vão sonhando.

Podem até delirar silenciosamente

“AH, EU QUERO SER PAULO OLIVEIRAAAAA!!!”

Só que não é assim que conseguirão. Sejam, no mínimo, gente decente.

E me dêem licença bando de BITCHES,

I’M PAULO OLIVEIRA!!!!!

O Designer de Ambientes e o Mercado de Eventos: Gestão ou Projeto?

Titulo

O Designer de Ambientes e o Mercado de Eventos: Gestão ou Projeto?

The Interior Designer and the Market Events: Management or Project?

Autor

BARBOSA, Paula Glória [1]

ARAÚJO, Amanda Trindade Madeira [2]

LOPES, Marina Montenegro de Holanda [3]

MOREIRA, Samantha Cidaley de Oliveira [4]

Resumo: Ao definir evento e entender sobre as expertises do designer, é condizente relacionar a atuação desse profissional à gestão de um evento. Ao mesmo tempo é pertinente contrapor a realização deste à metodologia aplicada ao trabalho do designer de ambientes. Nessas condições, a expectativa é que este trabalho possa contribuir de maneira relevante para fomentar as reflexões sobre as múltiplas atuações do designer de ambientes em seu domínio profissional.

Palavras chave: gestão, projeto, eventos, design de ambientes.

Abstract: When defining an event and to understand about designer´s expertise, it is suitable to relate the performance of this professional to an event management. At the same time, it is relevant to contrast the performance of this to the methodology applied to the work of interior designers. In these circumstances, the expectation is that this work can contribute in important ways to encourage reflections about multiples roles of the interior designer in their professional area.

Key words: management, design, events, interior design.

Introdução

Designer de Ambientes é uma terminologia nova, instituída há cerca de 10 anos, utilizada para caracterizar o profissional da área do design que se destina ao projeto de ambientes – diz-se de ambientes os espaços da vida cotidiana de uso residencial e empresarial.

Em geral, os cursos de Design de Ambientes, oferecidos por mais de 100 escolas de design no Brasil, focam a atuação profissional dos alunos nos âmbitos residencial, comercial e institucional. Entretanto, a atuação do designer de ambientes ainda é pouco explorada para o projeto e gestão de eventos, como festas, exposições, mostras, feiras, shows, jogos e festivais, em que a diferença entre os demais ambientes está na efemeridade do produto final.

Erroneamente pode-se pensar que a atuação do design de ambientes na prática projetual de um evento se limite ao serviço de decoração, ou seja, à especificação de arranjos ornamentais, painéis de destaque, cor de toalhas dentre outras intervenções relacionadas à estética do lugar. Contudo, enquanto profissional da área do design, seu trabalho compreende, além da estética, a busca por soluções de problemas relacionados à funcionalidade, ergonomia, viabilidade, entre outros.

Desse modo, o trabalho do designer de ambientes é norteado por uma metodologia que o permite entender o problema, analisar a demanda, pesquisar, elaborar conceitos criativos e mapear processos produtivos para, então, gerar alternativas eficientes, definindo a solução mais adequada aos usuários.

Ademais, pode-se pensar equivocadamente que a atuação profissional do design de ambientes limita-se à prática projetual. PHILLIPS (2008) aponta uma nova vertente para o trabalho do designer: a gestão de projetos. Assim, a aptidão para a gerência configura-se como uma necessidade ao designer de ambientes, em especial para atuação no mercado de eventos.

Entende-se, pois, que esse mercado representa uma demanda para o designer de ambientes, ainda muito pouco explorada por este profissional. Propõe-se, assim, uma discussão acerta do trabalho do designer, que compreende o projeto e a gestão, aplicados ao evento.

Definição do Evento

“Por conceituação, evento é um acontecimento excepcional previamente planejado, que ocorre em determinado tempo e local e gera grande envolvimento e mobilização de um grupo ou comunidade, buscando a integração, a difusão e a sensibilização entre os participantes para os objetivos pretendidos” (KUNSCH, 1997, p.130).

Os eventos tornaram-se estratégias de comunicação de produtos e marcas de todos os tipos (NETO, 2001). Eles representam o conjunto de atividades profissionais desenvolvidas com o objetivo de alcançar o seu público-alvo pelo lançamento de produtos, apresentação de uma pessoa, empresa ou entidade, visando estabelecer o seu conceito ou recuperar a sua imagem (MATIAS, 2004).

Pode-se considerar o evento como uma atividade dinâmica, que modifica seu significado constantemente. É um conceito de domínio amplo, englobando desde cursos e palestras até shows, jogos e competições esportivas (NETO, 2001).

 Um evento, segundo MATIAS (2004), pode ser classificado de acordo com dois critérios: primeiramente em relação ao público, este sendo subdividido em público fechado e aberto; e por último em relação à área de interesse, seja ele de caráter cultural, mercadológico, científico, artístico, esportivo, social, religioso ou político (KUNSCH, 1997).

MATIAS (2004) aborda o processo de planejamento e organização de eventos em quatro fases denominadas concepção, pré-evento, transevento e pós-evento.

A primeira etapa consiste no processo de concepção a partir do levantamento do maior número de informações possíveis. Sob esse aspecto, a identificação do público alvo, o reconhecimento das necessidades do evento, a listagem dos resultados desejados, estimativas de exeqüibilidade econômica e técnica e estimativas de tempo e recursos necessários, por exemplo, constituem informações essenciais ao planejamento do evento.

Em seguida dá-se início à etapa do pré-evento, ou seja, das providências imediatas que devem ser tomadas após a decisão de realizar o evento, tais como a composição da estrutura administrativa e institucional, a abertura de conta bancária especial, a determinação das responsabilidades dos profissionais envolvidos e a contratação de prestadores de serviço necessários para a organização do evento. Há também a elaboração do projeto suficientemente detalhado para que o evento possa ser executado. Assim são contemplados, por exemplo, a escolha do local, a definição do tema, a elaboração do calendário e definição da data, a definição das estratégias de comunicação e marketing, a contratação de prestadores de serviços específicos, a especificação dos serviços de decoração, montagens e instalações.

Concluída essa etapa dá-se início ao transevento, que consiste na realização do planejamento. Essa fase é decisiva e muito importante, pois é posto em prática o que foi estabelecido nas duas primeiras fases do evento.

O pós-evento abrange o processo de encerramento do mesmo, possibilitando a sua avaliação técnica e administrativa.

O Projeto de Eventos pelo Designer de Ambientes

Metodologia Aplicada ao Projeto de Design de Ambientes

O designer de ambientes é o profissional habilitado a trabalhar diretamente com o esforço criativo destinado a solucionar racionalmente o arranjo e a ambiência de um espaço preocupando-se com a inovação e adequação do mesmo às características socioeconômicas e culturais dos usuários.

MOREIRA et al (2008a) apresenta um possível caminho para o desenvolvimento de projeto de design de ambientes que será tomado como referência para o presente artigo e norteará a análise do estudo de caso que se apresenta nesse tópico.

Identificar o problema é o primeiro passo, que abrange a necessidade e o objetivo do projeto. A próxima etapa consiste na elaboração do briefing1, um importante documento, instrumento de acompanhamento e avaliação, que compreende a coleta, análise e contextualização das informações para a solução pretendida.

PHILLIPS (2008) considera “o briefing como o ponto de partida para a descoberta de conceitos criativos”. Elaborado o briefing, o designer dá início à conceituação do projeto, que corresponde ao ajuste sensorial.

Paralelo à conceituação acontece o mapeamento funcional, etapa destinada ao ajuste prático do projeto. É nessa etapa que o organograma, o fluxograma, a setorização e a análise do fluxo pós setorização são discutidos com o intuído de planejar como serão estabelecidos às hierarquias, usos, funções e o intuito da ocupação, para que o ambiente seja eficiente às demandas do usuário em consonância com as do cliente.

A tradução do conceito e do mapeamento funcional em possíveis soluções corresponde à etapa da geração de alternativas. A melhor alternativa projetual é definida como solução do problema e apresentada ao cliente.

Na seqüência, a etapa de verificação identifica possíveis falhas nessa solução através da visualização ou experimentação. Considerada eficiente pelo cliente, o designer passa para a etapa de elaboração da solução, que compreende seu detalhamento, culminando no produto final.

A verificação da eficácia da solução projetual através de feedback, etapa denominada análise de resultados, acontece após a execução da solução.

Estudo de Caso

Localizada em Belo Horizonte, a empresa X, fundada em 1991, desenvolve projetos para eventos empresariais e sociais, ocupando posição de destaque em relação aos concorrentes.

Contratada há dois anos pela empresa X, a designer de ambientes – cujo trabalho apresenta-se como objeto de estudo – é responsável, juntamente com um outro profissional não-designer, pelos projetos dos eventos contratados.

A metodologia utilizada para este estudo de caso compreende as etapas de observação, registro de relatos e discussão.

Percebeu-se, durante três meses de observação e registro de relatos, a configuração da seguinte seqüência de atividades na rotina profissional da designer de ambientes:

Através de contato telefônico feito pelo cliente é agendada uma reunião juntamente com a designer. Nessa reunião são abordadas as necessidades e desejos do cliente. Inicia-se com o preenchimento de uma ficha constando dados pessoais do mesmo e outros dados como espaço, cerimonial, buffet e profissionais já contratados. Vale ressaltar que somente é possível iniciar o projeto se o espaço já estiver definido.

Através dos álbuns de fotos para consulta, fornecidos pela empresa, o cliente faz uma prévia escolha dos arranjos, mobiliários e toalhas, como também deixa previamente definido as cores e flores que serão utilizadas.

Embora o conceito do evento não seja documentado, ele é elaborado a partir das informações fornecidas pelo cliente à designer de ambientes. O mapeamento funcional do evento é criado nessa reunião, mas ele somente é entregue ao cliente após o fechamento do contrato.

Podem ocorrer também projetos específicos, nos quais a profissional identifica o diferencial desejado pelo cliente. Finalizada a reunião, o orçamento é destrinchado de acordo com as escolhas pré-definidas, permitindo que os coordenadores calculem o valor do mesmo.

Posteriormente, ocorrem duas situações: a primeira quando o contato é feito pelo próprio cliente, onde é novamente agendado um horário para revisão do projeto; a segunda quando o contato é feito pela empresa em busca de um retorno.

Durante a reunião de revisão do projeto acontece a apresentação do leiaute em aplicativo 2D. Se aprovada a proposta são negociadas as formas de pagamento. Caso o demandante não se decida naquele momento há uma prorrogação do prazo de validade do orçamento acarretando em outras reuniões até que o mesmo contrate ou não o projeto.

Aprovado o projeto, a designer de ambientes emite o contrato constando, em anexo, todos os itens do orçamento bem como o leiaute. Á partir desta aprovação, todo o material terceirizado como luz cênica, guardanapos de tecido e sousplats são encaminhados ao setor de coordenação para que seja confirmada a reserva dos mesmos nas empresas parceiras.

Em sua grande maioria, os eventos são contratados com um mínimo de oito meses de antecedência, exceto os empresariais, que reduzem este prazo pela metade. Nesse período a designer de ambientes planeja todo o evento e se prepara para a última reunião com o cliente, na qual ocorre a revisão de tudo o que foi planejado. Solicitações de mudanças no projeto podem acontecer durante esse tempo e são efetivadas nessa reunião.

Encerrada e concluída todas as alterações a designer de ambientes gera a ordem de decoração, que contém todos os itens e informações necessárias para a execução do evento, e o comando de flor, que contém a quantidade e o tipo de flor utilizada nos arranjos escolhidos.

Em algumas ocasiões ocorre uma reunião, coordenada pela designer de ambientes, com todos os parceiros diretamente envolvidos no evento. Nessa reunião é feita uma breve apresentação do projeto respondendo os check list de parceiros, em especial buffets e cerimoniais.

A ordem de decoração e o comando de flor são encaminhados aos coordenadores que dão segmento gerando respectivamente o check list, este para a empresa X, e o pedido de flor.

Na quarta-feira antecedente ao evento acontece uma reunião interna da empresa, na qual participam apenas os funcionários da mesma. Os eventos são brevemente apresentados pela designer, exceto quando há algum aspecto mais delicado a ser abordado a respeito da montagem, que é tratado com um tempo adequado. Em geral esse aspecto diz respeito a ornamentações aéreas no salão, particularidades do cliente ou do evento.

No dia da execução, data do evento, toda a equipe envolvida se dirige ao espaço onde este acontecerá. Com o leiaute, a ordem de decoração e o comando de flor em mãos a designer coordena toda a montagem de mobiliário, bem como todos os itens terceirizados e confecção dos arranjos. Por último, ficam os detalhes como colocação de jogo americano, sousplats, guardanapo de tecido e velas.

Em média, a montagem do evento acontece em nove horas. Após essa etapa, é encerrada a participação da designer.

Na segunda-feira posterior ao evento, a equipe de marketing entra em contato com o cliente buscando um feedback, satisfação do mesmo por todo o projeto, abrangendo desde o primeiro atendimento feito pela designer até a montagem executada pela equipe da empresa.

A prática projetual da designer de ambientes compreende todas as fases da metodologia de desenvolvimento de projeto. O diagnóstico da necessidade (compreensão do problema) é feito na primeira reunião, juntamente com o briefing. É interessante ressaltar, como afirma PHILLIPS (2008), que não existe uma receita para a elaboração do briefing. Ele precisa ter o tamanho e as informações necessárias para o desenvolvimento do projeto. Após aprovação do briefing, a designer apresenta a proposta de ornamentação, iluminação e disposição de mobiliário e serviços, o que configura a aplicação das etapas de conceituação e mapeamento funcional. A apresentação do projeto para o cliente, que acontece na segunda reunião, é a solução decorrente do processo de geração de alternativas. Nesse momento o cliente é convidado à etapa de verificação, juntamente com a designer, na qual identificam visualmente possíveis falhas na solução apresentada. Aprovada a solução, o designer segue para a etapa de elaboração, onde apresenta o detalhamento do projeto para os específicos setores da empresa e terceirizados. O acompanhamento da execução do projeto acontece no dia do evento, e o feedback, etapa de verificação, é realizado pela equipe de marketing da empresa.

Entende-se, pois, a partir da definição de evento e em conseqüência do processo de discussões que configuram a última etapa do estudo de caso, que a busca pela solução de um evento baseando-se na metodologia de desenvolvimento de projeto apresentada é absolutamente plausível.

Porém, entendendo que todo projeto de design deve ser inovador, questionou-se á designer de ambientes responsável pelos projetos dos eventos da empresa X quanto à ausência desse aspecto em seu trabalho. A mesma apresentou uma justificativa de tal atitude em virtude do custo adicional e material disponível:

O meu grande desafio, como designer, é fazer com que todos os projetos sejam elaborados de maneira exclusiva e diferenciada, mesmo que sejam utilizados os mesmos mobiliários, as mesmas peças, o mesmo acervo. Caso o cliente solicite algo inovador, estou apta a desenvolver e aprovar a sua execução. Esse tipo de situação equivale a menos de 1% da demanda da empresa. É importante destacar que isso acarreta em custos adicionais, e não há muitas pessoas dispostas a pagar por isso.

A Gestão de Eventos pelo Designer de Ambientes

Bem como à capacidade projetiva do designer de ambientes é pertinente pensar na sua atuação em gestão. Gerir é uma disciplina cujo profissional responsável precisa liderar, negociar e compreender o mundo que o cerca.

Kenneth Andrews, citado por PHILLIPS (2008), apresenta um tripé sobre o qual deve basear-se uma boa gestão:

O primeiro pé é uma capacidade técnica para dotar o grupo de instrumentos e organização para melhorar a capacidade técnica operacional do grupo. Segundo pé: uma liderança baseada na capacidade de comunicação, visão, atitude, lealdade e respeito ao grupo. Terceiro pé: a capacidade de conduzir os trabalhos na direção desejada, além da persistência para que os objetivos sejam alcançados (PHILLIPS, 2008, p.109).

Acredita-se que a graduação em design de ambientes deve ser capaz de formar empreendedores, uma vez que, para projetar espaços empresariais é necessário pensar como empresário e ter informação e conhecimento sobre o mundo dos negócios.

Quando se pensa em gestão de negócios o evento configura-se como uma possibilidade. Capacidade de análise, disposição para pesquisa, comportamento proativo, visão estratégica, conduta empreendedora e conhecimento técnico específico são expertises desenvolvidas pelo designer de ambientes que o predispõe à gestão de projetos.

Constatou-se, nesse sentido, que a designer de ambientes, cujo trabalho foi observado e analisado, desenvolve competências da gestão para viabilizar os eventos contratados. Ela, por exemplo, organiza as informações, articula a atuação de parceiros e terceirizados com os procedimentos internos à empresa, elabora check lists e delega responsabilidades para a execução da montagem.

Além da visão sistêmica do processo, que compreende projeto e gestão, o profissional precisa se manter atualizado e informado sobre o mundo dos negócios. A análise criteriosa e o conhecimento de mercado são quesitos necessários ao desenvolvimento de estratégias, bem como para a visualização de uma oportunidade de inovação, melhoria ou possibilidade de negócio.

Um Panorama sobre a Demanda de Eventos na Capital Mineira

Nos últimos quatro anos houve uma expansão extremamente significativa do mercado de eventos em Belo Horizonte. Muito se deve à ampliação do Expominas – o mais moderno centro de convenções, feiras e exposições do Brasil – que teve seu espaço triplicado possibilitando sediar eventos de grande porte como a Bienal do Livro de Minas Gerais (2008) e a 47ª Reunião Anual dos Governadores do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento (2006).

O turismo de negócios enxerga na capital mineira potencialidade para receber congressos da área de saúde, tecnologia e feiras de diversas naturezas. A SETUR – Secretária de Estado de Turismo propõe investimentos neste setor e estimula o mercado a conhecer Belo Horizonte como um pólo do turismo de negócios e eventos. Planos de ação são elaborados em prol dessa expansão, como a criação de ferramentas on-line que informam sobre agenda, captação de recursos e gestão de projetos, facilitando o acesso aos acontecimentos.

Por sua vez, a colaboração do governo do estado de Minas Gerais tem sido cada vez mais intensa. Investimentos em áreas paralelas ao turismo também vêm contribuindo para a ascensão desse setor – destaque para a expansão do Aeroporto Internacional Tancredo Neves e a concretização da Linha Verde, um conjunto de obras viárias que liga a capital à região metropolitana, possibilitando também, um melhor e mais rápido acesso a esse aeroporto.

No caso da empresa X, analisada no estudo de caso, observou-se que a mesma recebe uma crescente demanda de eventos empresariais, festas de quinze anos e principalmente casamentos, que são considerados, em média, 80% do seu faturamento.

Conclusão

O domínio dos aspectos relacionados ao planejamento e à gestão das soluções projetuais configura-se como uma possibilidade de atuação do designer de ambientes no mercado de eventos. Este mercado apresenta um relevante crescimento, em especial na cidade de Belo Horizonte, e coloca-se como um rico campo de oportunidades a ser explorado.

Considerações Finais

A necessidade de embasamento teórico e estudos acerca do design de ambientes nos permitiram a preposição desse estudo. Maior do que a satisfação de poder escrever um artigo expressando as idéias resultantes de discussões e pesquisas é incitar reflexões sobre as possibilidades de atuação profissional do designer de ambientes, bem como os processos e metodologia do seu trabalho.


Notas

1 – Para que o briefing seja bem elaborado e apresente-se como uma ferramenta estratégica fundamental na solução de problemas de design de ambientes ele deve compreender, dentre outros: “os objetivos, que determinam o foco do projeto, identificando os problemas a serem resolvidos, os ganhos esperados, o diferencial a ser explorado e os resultados desejáveis; […] o perfil do cliente – que diz de quem contrata e muitas vezes é o responsável pela aprovação do projeto – quais são suas experiências de vida, suas expectativas e peculiaridades; [..] o perfil dos usuários – que diz de quem usa o ambiente a ser projetado – qual sua faixa etária, sexo, escolaridade, ocupação, o que consome; […] as demandas, pois se relacionam às necessidades; […] é necessário que o designer conheça da localização e entorno – que define e caracteriza o lugar a ser projetado […]”; um estudo sobre as obras análogas, “análise crítica de projetos que sirvam de referência, com a finalidade de identificar os problemas e soluções comuns e freqüentes […]; e estabelecer detalhes sobre limitações de prazo e custo do projeto, que diz como executar e quanto investir” (MOREIRA 2008b, p.3-4).

Referência Bibliográfica

KUNSCH, Margarida M. Krohling (org.). Obtendo resultados com relações públicas.

São Paulo: Pioneira, 1997.

MATIAS, Marlene. Organização de eventos: procedimentos e técnicas. Barueri:

Manole, 2004.

NETO, Francisco P. de M. Criatividade em eventos. São Paulo: Contexto, 2001.

PHILLIPS, Peter L; (trad Itiro Iida). Briefign: a gestão do projeto de design. São Paulo: Blucher, 2008.

MOREIRA, Samantha C. O. et al. Caminho possível para o desenvolvimento de projeto de design de ambientes: uma metodologia. Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design (P&D Design 2008), São Paulo, 8ª edição, p.1-7, outubro. 2008a.

MOREIRA, Samantha C. O. et al. Briefing: Uma estratégia para o projeto de Design de Ambientes. Artigo inédito. p.1-6, outubro. 2008b.

Dados autor:

  1. BARBOSA, Paula Glória – Centro de Inovação para Ambientes ED/UEMG – Graduada em Design de Ambientes, UEMG .
  2. ARAÚJO, Amanda Trindade Madeira – Graduada em Design de Ambientes, UEMG
  3. LOPES, Marina Montenegro de Holanda – Graduando em Design de Ambientes, UEMG
  4. MOREIRA, Samantha Cidaley de Oliveira – Designer de Ambientes, Msc – Gestora de Empreendedorismo e Inovação – CDE/IED

Fases de um projeto

É bastante comum meus leitores me escrever perguntando sobre como é o trabalho de um designer de interiores/ambientes ou lighting designer. Pois bem, para não ter que ficar escrevendo e reescrevendo a cada novo questionamento, aqui vai um post explicativo dessas fases.

Devo ressaltar que, antes de mais nada, é preciso um constante trabalho de prospect que é a fase de divulgação de seu nome profissional/escritório e captação de clientes. Esta pode ser feita de diversas maneiras que vão desde a distribuição de panfletos até a utilização de outdoors, mídias, ter uma vida social ativa, etc. Encontrado o cliente, entramos naa fases de desenvolvimento do projeto propriamente dito.

Uso como base o modelo da Jenny Gibbs, expandindo-o e retraindo-o quando necessário são no total cinco fases que qualquer projeto envolve. Descrevo-as a seguir.

PRIMEIRA FASE:

1.       Reunião preliminar

reuniao-com-cliente

É aquela reunião inicial onde você se apresenta ao cliente e vice-versa. Aqui rola a apresentação de seu portfolio e onde você tem o primeiro contato com o cliente. Esta reunião pode ser em seu escritório, em algum café, não importa. Aqui não serão tratados a fundo questões do projeto em si. É a oportunidade onde você irá saber o que o cliente deseja, as dimensões aproximadas do projeto, etc.

Aqui você deverá explicar como é realizado o trabalho de um designer de interiores/ambientes, suas limitações profissionais e possíveis necessidades durante o projeto (ex. contratação de um engenheiro para derrubar uma parede), a importância do cliente confiar nas indicações de mão de obra especificadas por você, etc.

2.       Brieffing do cliente

briefing21

Nesta etapa você terá que trabalhar em duas frentes:

– Entrevista com o cliente: aqui sim entrará a parte mais puxada do contato com o cliente onde você terá que “extrair” dele toda a problemática envolvida no projeto. Não basta saber apenas “o que” ele deseja no projeto mas, especialmente, o “por que” deste desejo. Lembro que por trás de todo desejo existe, na verdade, um problema a ser resolvido. O “feio” É um problema estético.

Vale ressaltar que havendo mais de um usuário no espaço a ser projetado, TODOS devem ser entrevistados. Não tenha receio em explicar àquela senhora mãe-esposa-matrona-mandona que quer decidir absolutamente tudo sozinha, incluindo os quartos dos filhos que já estão na faixa dos 18 anos, além dos espaços privativos do marido. Lembre sempre a ela (quando acontecer isso) que os espaços são de todos e não somente dela. Assim como existem coisas que ela não gosta e deseja alterar, com eles também acontece a mesma coisa. (Tou escrevendo um post específico sobre brieffing, postarei em breve).

É importantíssimo que até aqui você já saiba o quanto o cliente deseja investir no projeto. Por exemplo: se ele dispõe de R$ 20.000,00 você tem que estar ciente que dentro deste montante está incluso o pagamento do designer pelo projeto. Ou não? Será que este dinheiro está livre apenas para a obra e ele dispõe de mais recursos?

É, portanto, imprescindível que o profissional tenha conhecimento deste fator ainda nesta fase de levantamentos iniciais.

Após o brieffing com o cliente deverá acontecer um levantamento prévio do espaço a ser projetado. Apenas uma visita para tirar as dimensões básicas e uma análise geral da edificação está bom afinal, você necessita destes dados para elaborar seu orçamento (proposta de trabalho).

3.       Proposta de trabalho/aprovação do cliente

Esta é a etapa onde você irá apresentar ao seu cliente a sua proposta de trabalho (orçamento) onde deverá constar basicamente:

– valor

– formas de pagamento/parcelamento

– prazos para elaboração dos projetos

– o que será feito (descrever os ambientes com as alterações solicitadas para cada um)

– prazo de validade da proposta (geralmente 20 dias)

– que após o OK do cliente sobre a proposta, será encaminhado o contrato formal de prestação de serviços para assinatura.

Quando o cliente der o OK no orçamento encaminhe a ele então o contrato devidamente preenchido, com todas as especificidades do projeto a ser elaborado, os valores, formas de pagamento e prazos, a cláusula de responsabilidade técnica, a existência ou não das RTs, da preferência por mão de obra indicada por você, etc.

Somente após a assinatura do contrato é que se deve iniciar a segunda fase do trabalho.

SEGUNDA FASE:

1.       Diagnóstico, análise e levantamento do local

levantamento

Esta é a fase onde você terá de ir até o local da obra e fazer todo o detalhamento dos espaços. Aqui entram as medidas exatas de todos os ambientes, estruturas existentes, levantamento de instalações (elétrica, hidráulica, gás, ar, telefonia, TV), esquadrias, situação geral da edificação (se necessita de reparos/reforço/restauro), áreas permeáveis externas, enfim, tudo que se faz necessário para projetar espaços mais eficientes, práticos e funcionais.

2.       Conceito inicial

É a fase de desenvolvimento do projeto conceitual.

Primeiramente o profissional deverá transformar o brieffing numa análise do projeto. Isso deve ser feito em papel onde conseguimos cruzar dados levantados tanto no brieffing quanto no levantamento predial. Somente de posse dessa analise podemos seguir adiante.

Neste ponto o profissional deverá fazer uma pré-seleção dos materiais, mobiliários, equipamentos e acessórios a serem utilizados nos ambientes para apresentação ao cliente. Tudo vai depender do partido/conceito adotado para o projeto. É a fase onde o designer irá esboçar suas ideias, usar de sua criatividade para solucionar os problemas detectados no brieffing.

Claro que medidas devem ser respeitadas, mas nesta fase não é necessário que estas sejam seguidas à risca (ex: 3 cm não farão tanta diferença) para a apresentação ao cliente. Aqui, nada é definitivo e pode ser alterado. Lembrem-se que estamos ainda na fase de criação e o cliente não aprovou nada!

3.       Pré-orçamentos

Todos os materiais especificados devem vir acompanhados de seus respectivos orçamentos (quantitativo /valor unitário / valor total).

Temos também que fazer um levantamento preliminar dos orçamentos – incluindo a mão de obra (pedreiro, eletricista, pintor, encanador, jardineiro, etc) – para apresentação ao cliente.

Não devemos nos esquecer de orçar também as caçambas para entulhos.

Lembre-se de sempre apresentar 3 orçamentos de fornecedores distintos. Isso garante a transparência e profissionalismo.

4.       Preparação da apresentação

conceitos

Esta é a fase onde iremos pensar em como apresentar o conceito ao cliente. Aqui temos que prestar atenção em muitos detalhes como, por exemplo:

– ter embasamento teórico/técnico/estético dos porquês das soluções apresentadas;

– possuir “cartas na manga” para o caso de necessidades emergenciais;

– ter conhecimento sobre todos os materiais e insumos especificados;

– apresentar catálogos de materiais/equipamentos;

– finalização e revisão dos painéis conceituais;

– finalização e revisão das perspectivas, layouts e maquetes 3D conceituais;

– separar os pré-orçamentos por área/material/mão de obra;

Lembro que devemos apresentar uma solução ao cliente. Quando apresentamos mais que uma ele pode confundir-se. No entanto, isso não impede que você leve separado outras soluções. Quando começarem a surgir as indagações, os “não gostei disso”, apontamentos de alterações, você terá estas outras “cartas na manga” (possibilidades) para apresentar e chegar a um consenso entre as partes.

5.       Apresentação / aprovação

Aqui é a hora de mostrar tudo o que você pensou para a solução dos espaços ao cliente. Você não pode ter absolutamente nada na apresentação que não domine, que não consiga explicar os porquês da necessidade deste elemento no projeto.

Por exemplo: se você propôs a derrubada de uma parede deve saber se esta vai afetar a estrutura ou não, se precisará do acompanhamento de um engenheiro civil ou não. E também deverá saber explicar o porquê da necessidade da presença dele na obra.

Se você especificou um piso fosco e o cliente desejava um espelhado para uma área úmida você tem que saber explicar o porquê dessa escolha.

Você também deve saber quanto tempo será necessário para implantação do projeto (obra).

Enfim, você deve mostrar completo domínio sobre o projeto, materiais, execução.

Não se esqueça que a cada item aprovado pelo cliente ele deve dar um visto no mesmo, o “de acordo” ou simplesmente “OK”.

TERCEIRA FASE:

1.       Projeto executivo

PROJETO-EXECUTIVO01

Após a aprovação do projeto conceitual devemos partir para a elaboração do projeto executivo. Esta é a parte mais técnica do trabalho do designer. É aqui que faremos todos os projetos cuidando milimetricamente de cada detalhe. Nesta fase devemos realizar, quando necessário, os seguintes projetos:

– instalações elétricas

– instalações hidráulicas

– instalações de ar condicionado

– instalações de TV/telefone/interfone

– paisagismo/jardinismo

– projeto de iluminação

– projeto de gesso

– marcenaria

– paginação de pisos e revestimentos

– acústica/térmico

– plantas de layout

– cortes e elevações

– detalhamentos diversos

– plantas de alterações prediais (troca de esquadrias, derrubada/construção de paredes)

– lista de acessórios

– memorial descritivo

– existem outros ainda mas já deu para entender que o trabalho não é fácil e simples.

Aqui, TODOS os elementos relativos ao projeto devem ser apresentados de maneira clara para a correta e fácil leitura e compreensão por parte dos executores, e também do cliente.

2.       Especificações

Aqui entra o trabalho em cima do memorial descritivo e da seleção de construtores/fornecedores.

Num primeiro momento devemos elaborar o memorial de forma clara, preferencialmente separado por área/espaço a ser trabalhado,  constando todos os materiais / elementos / acessórios que serão utilizados no projeto.

Após isso, devemos fazer um pré-orçamento (pode ser via internet mesmo) buscando ofertas de tudo isso. Esta pesquisa servirá como base de negociação com os fornecedores e construtores para que apresentem suas propostas.

3.       Orçamento definitivo

Aqui, após as negociações com os fornecedores e empreiteiros, temos como fechar o orçamento final do projeto para apresentar ao cliente. De posse deste, é o momento de fazer a programação/planejamento financeiro, junto com o cliente.

Não se esqueça de que o valor do seu pagamento pelo projeto pode estar inserido no orçamento disponível do cliente.

4.       Solicitação de documentações públicas

Somente quando necessário. Por exemplo: você planejou derrubar uma parede e necessitou da presença de um engenheiro civil. Este deve recolher junto ao seu Conselho (CREA) a ART.

Em algumas cidades, as prefeituras exigem os alvarás de obras até mesmo para simples pinturas de paredes (absurdo!).  Então fique atento à cidade onde está sendo realizada a obra e tenha em mãos todos os documentos necessários.

5.       Seleção de construtores e fornecedores

contrato

Após o recebimento das propostas orçamentarias dos construtores e fornecedores, você deverá selecionar os vencedores. É importante que o cliente participe desta etapa.

Lembre-se: nem sempre o menor preço significa qualidade na execução de obras.

Por isso é importante que junto com o orçamento os construtores encaminhem uma lista de obras já realizadas e, se possível, que você visite algumas delas para atestar a qualidade dos serviços.

Fique atento pois tudo isso está intrinsecamente amarrado ao orçamento disponível.

Não se esqueça de também elaborar os acordos de prestação de serviços para serem assinados pelos construtores. Este é um documento entre o profissional e os prestadores de serviço. Este documento deve conter itens como, por exemplo, no caso de pintura:

– o responsável deverá preparar todas as superfícies para o seu melhor acabamento;

– toda nova marcenaria e carpintaria serão  preparadas, emassadas, lixadas e seladas;

– o selador e demais demãos de pintura serão aplicados de acordo com as instruções do fabricante;

– toda marcenaria preexistente será limpa, emassada, lixada e receberão uma demão de pintura;

– Todos os revestimentos de parede preexistentes serão retirados – as paredes serão limpas, emassadas, lixadas e pintadas;

– o responsável pelo serviço utilizará adesivos e toda forma de proteção das áreas adjacentes à superfície que for trabalhada;

– não realizará qualquer alteração do produto (consistência, cor, etc) sem a aprovação do designer responsável pela obra;

Este documento deve ser assinado por todos os envolvidos na obra. No caso de pedreiros é fundamental que conste um item exigindo a correta observação das paginações de piso/revestimentos.

Também faz-se necessário neste documento um item para TODOS os construtores/fornecedores:

– o responsável pela execução do projeto fica proibido de conversar diretamente com o proprietário da obra sobre propostas de alterações no projeto/obra. Qualquer necessidade nesse sentido deve ser tratada apenas com o designer responsável pela obra.

Isso evita os corriqueiros problemas de alterações que ocorrem sem a autorização/conhecimento do profissional.

É muito importante que o profissional disponibilize aos seus clientes modelos de contratos de prestação de serviços para serem firmados entre o cliente e os contratados. Este documento garantirá a execução dos serviços contratados e servirá como prova à seu favor em caso de problemas judiciais.

QUARTA FASE:

1.       Programação da obra

É diferente do cronograma, que entra a seguir.

Aqui fazemos uma programação da obra constando tudo sobre o que será feito, de acordo com a cronologia necessária:

– demolições

– estruturas 1 (gesso, pisos, etc)

– estrutura 2 (elétrica, hidráulica, ar, etc)

– revestimentos de paredes

– iluminação

– acabamentos

– mobiliários

2.       Cronograma de obra

cronograma

É programação e definição das obras que devem ser feitas e suas datas de inicio/finalização. Quando e o que entra/começa/termina, em que data entra/começa/termina.

Este documento é necessário para que os construtores (especialmente) conheçam os prazos disponíveis para a execução de seus serviços, principalmente as datas máximas, para que não atrapalhem o andamento das obras e a entrada de outros profissionais.

Por exemplo: se um pedreiro tem uma semana para assentar os pisos e estoura este prazo, ele estará comprometendo os trabalhos de outros profissionais que já tem suas agendas apertadas e comprometidas. A marcenaria não poderá ficar esperando que os pintores terminem seu trabalho atrasado por causa do assentamento de piso que atrasou. É uma bola de neve.

3.       Compras

Como o próprio nome diz é a fase de aquisição dos produtos e insumos necessários à obra e ao projeto.

Estas devem ser acompanhadas pelo profissional designer para, principalmente, evitar a interferência externa no projeto. É bastante comum vendedores forçarem os clientes a trocar produtos e quando o designer vai na obra recebe-los tem geralmente surpresas desagradáveis.

Portanto é fundamental deixar acertado (em contrato) junto ao cliente que as compras deverão seguir exatamente as especificações realizadas no projeto.

Outro fator importante da presença do profissional no momento das compras é com relação às RTs. Ainda na fase de conversas e apresentação da proposta o designer deve deixar claro ao cliente esta pratica de mercado e negociar com ele a presença ou não desta no orçamento/contrato.

Caso haja, é a garantia do designer recebe-las dos fornecedores e assim, ser ressarcido pelo desconto dado no valor do projeto.

Caso não haja, é a maneira do designer conseguir negociar melhores descontos para o cliente junto aos fornecedores.

4.       Acompanhamento das obras / instalações / fase “suja” da obra

Tem gente que diz que isso não é necessário. Eu acredito o contrário: é SEMPRE necessário, desde pequenas reformas aos grandes projetos.

É durante o acompanhamento que o designer vai verificar a correta execução do projeto, sanar dúvidas dos construtores, solucionar problemas inesperados, etc.

É a fase de instalações de granitos, mármores, carpintaria, obras em alvenaria, gesso, pinturas, etc. Todos os elementos que fazem parte da estrutura do projeto.

Portanto é sim importantíssima a presença do profissional durante as obras.

Estas podem ter seu valor diluído no valor total do projeto ou podem ser cobradas à parte (por visita).

Mas nunca deixe de acompanhar as suas obras.

5.       Instalações de equipamentos e mobiliários

Aqui entram as instalações pós obra pesada. São elas basicamente:

– mobiliário e marcenaria

– iluminação

– acabamentos (metais, louças, vidros, etc)

– splits

– trilhos

Ou seja, tudo que não faz parte da estrutura do ambiente.

6.       Finalização / decoração

decoração final

Nesta fase entram todos os acessórios para dar acabamento aos espaços projetados. Almofadas, mantas, peças de arte/decoração, tapeçaria, penajamentos, etc.

Nesta etapa também é realizada a afinação da iluminação.

É onde o designer irá fazer a finalização do projeto.

7.       Entrega

Tudo tem que estar finalizado e pronto pois este é o tão esperado dia para o cliente: quando poderá entrar em seu novo espaço e usufruir do investimento feito.

É também um momento especial para o designer pois poderá ver nos olhos de seus clientes a satisfação.

QUINTA FASE:

 avaliação

1.       Avaliação pós-entrega

Se pensam que o trabalho terminou no item anterior estão redondamente enganados.

Após a entrega é sempre oportuno que o designer entre em contato com os clientes para fazer uma avaliação pós-entrega. Esta é a oportunidade de verificar se o projeto realmente atendeu as necessidades e aos desejos/sonhos do cliente, se houve alguma alteração feita pelos usuários após a entrega (e descobrir os porquês disso).

É também a oportunidade de descobrir o que os visitantes acharam do projeto, elogios, criticas, etc.

Esta avaliação deve ser feita:

– um mês após a entrega

– seis meses após a primeira avaliação

– um ano após a entrega.

 UFA!!!!

Bom, basicamente é isso.

Como podem ver o trabalho de um profissional de Design de Interiores/Ambientes é bastante complexo e extenso, cheio de detalhes e pontos importantíssimos para atender às necessidades/desejos/sonhos de nossos clientes.

Não é um trabalho fácil, não é apenas um “deseinho numa folha de papel” ou um acompanhamento a uma loja para ajudar a escolher materiais.

Os clientes precisam saber o quanto podem solicitar se um profissional de Design de Interiores/Ambientes.

E nós, profissionais, temos de saber o quanto podemos oferecer a eles.

Pra quem pensa que o trabalho de um designer é fácil….

A coisa mais normal é nos depararmos com clientes que “viajam” em seus “quereres” durante o briefing.

Isso sem contar nas sessões de avaliação e análise onde as alterações são constantes, é um tal de copia da revista tal, ou então aquelas idéias mirabolantes que não sabemos onde vai dar… e sei vai dar em algo…

Este vídeo reflete bem isso.

Imagine você que a placa “PARE” (stop) não exista e um designer foi contratado por uma empresa para desenvolvê-la…

É meus amigos, a rapa é dura rsrsrsrsr