A Lume agora é digital!

Olá pessoal, bom dia!

Sei que muitos já sabem disso mas vale a pena lembrar:

A REVISTA LUME ARQUITETURA AGORA É DIGITAL!

E GRATUITA!!!

Além do grandioso cuidado com o conteúdo sobre o mercado de lighting design brasileiro (e internacional), seu site agora conta com novas sessões  muito mais material disponível para quem curte ou quer entrar no mundo da iluminação:

  • Acesso às edições anteriores;
  • Dicas de softwares;
  • Agenda de cursos e eventos;
  • Livros especialmente produzidos para o mercado brasileiro.
  • E muito mais!

Acompanhe a page da Lume no facebook.

Acesse o site da revista.

Revista Intramuros – chamada para a 2ª edição.

Atendendo a pedidos, foram prorrogadas a chamada para a 2ª edição da Revista INTRAMUROS.

A revista é um espaço exclusivo para difusão de trabalhos que seguem uma metodologia científica exclusivamente dentro do assunto de Design de Interiores. Em sua política de consolidação da área, promove a reflexão crítica sobre temas afetos ao Design de Interiores.

Trabalhos textuais – fruto das atividades acadêmicas de pesquisa, extensão e reflexão crítica sobre o saber específico de Design de Interiores – serão selecionados para publicação no Anuário Acadêmico ABD.

O eixo centralizador, como já escrito, é o Design de Interiores porém, não é exclusiva para pesquisadores da área. Ela é aberta também a pesquisadores de outras áreas desde que seus trabalhos tenham como eixo principal o DInt.

Por exemplo:

  • Um designer gráfico que tenha alguma pesquisa ou trabalho falando sobre a relação entre DG aplicado nos espaços interiores ou uma análise grafica (ou visual) da composição de projetos de design de interiores;
  • O pessoal de Produto pode enviar trabalhos sobre desenvolvimento de mobiliarios multifuncionais para pequenos espaços, sobre metodologias de detalhamento de projetos, etc.
  • Os lighting designers com seus projetos voltados para design de interiores (ambientes internos e externos) bem como sobre a relação da luz com a saúde e segurança dos usuários.
  • E assim por diante.

O prazo de envio dos artigos foi prorrogado até dia 30 de setembro de 2018.

Conheça a Revista Intramuros e o regulamento.

#FériasLume #ComeçoRosa

Olá pessoal, faz algum tempo que não posto aqui no blog por causa da correria. Mas tenho algumas novidades. e irei postando aos poucos.

logo LUME

Bom, para começar informo que entrei num período de férias como colunista da Revista Lume Arquitetura.

Parece que não foi nada, mas foram quatro anos escrevendo a coluna Luz e Design em Foco. Foram quatro anos onde algumas vezes eduquei e outras apontei sem medo os problemas do ensino e, principalmente, do exercício profissional que vem sendo cerceado de maneira baixa pelo CAU, descortinando as ações insanas desse grupo contra os profissionais não arquitetos. Foram quatro anos de aprendizado!

E foram quatro anos de convivência com essa família linda que é formada por pessoas maravilhosas e que me acolheram com tanto carinho e confiança.

Isso não quer dizer que não escreverei mais para a revista. Apenas a coluna está em férias, mas vez ou outra vocês encontrarão textos meus na mesma.

A parceria continua a mesma de sempre!

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Como não consigo ficar parado, fui convidado pela minha prima Lênia Luz (olha o sobrenome rsrsr) para escrever para o blog dela: o Empreendedorismo Rosa. Apesar de ser tudo rosa e o início ter sido voltado para as mulheres empreendedoras, hoje TOD@S e TODAS as cores são bem vindos ao espaço.

Você é empreendedor ou tem vontade de ser? Passa por lá, leia o conteúdo publicado por diversos proseadores e participe.

Sobre o que irei escrever? Não sei. Só sei que será sobre Design.

Primeiramente irei me apresentar e escrever genericamente sobre o Design. Tem alguma dúvida? É só mandar. Pode virar um belo post por lá! Compartilhar conhecimento sempre!

São ciclos que se encerram, ciclos que são pausados e ciclos que se iniciam. A vida é assim!

Ainda bem senão ficaria tudo tão monótono, e eu adoro um desafio.

Nos vemos então aqui e lá!

Lacombeando ou livrando-se das gaiola

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 71 – 2014
“Lacombeando ou livrando-se das gaiola”
By Paulo Oliveira

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Nada evolui engaiolado. Abra um livro e sua cabeça. Liberte suas ideias. Deixe o mundo entrar.” (Gustavo Lacombe, jovem escritor carioca)

Por que uma coluna sobre LD começar com esse tipo de reflexão? Simples: os conflitos relativos aos direitos de diversas categorias profissionais são criados e alimentados por pessoas egocêntricas e engaioladas. Egos incapazes de olhar as relações de mercado, o mundo além de seus umbigos. Lembra muito a questão da Caverna, de Platão.

Nota-se que as tentativas de argumentação utilizadas por esses, sobre quem pode ou não iluminar a arquitetura, vem de pensamentos engaiolados. Vitruvius embasou muito bem a área. Porém, a humanidade evoluiu, as tecnologias evoluíram, a urbe e a moradia não são mais como naquela época, as necessidades mudaram e tornaram-se mais complexas; a sociedade é outra, mas o pensamento desses não, continua engaiolado lá na época de Vitruvius.

“Fiat Lux!” diz a Bíblia. Oras, se assim ocorreu mesmo, é uma prova de que Deus, antes de tudo, foi um físico. E depois, as diferentes matérias que criaram o Universo também não são arquitetura. Está mais para paisagismo pleno, pois lida com estruturas físicas, químicas, geológicas, biológicas, entre outras, antes que possamos perceber qualquer lastro de fundamento arquitetônico na sua criação.

“Tudo é Arquitetura e tudo depende dela”, afirmam alguns. Mas reagem raivosamente contra a aplicação de uma prova no estilo OAB.

Porém, a verdade é que nem tudo depende da arquitetura, assim como a arquitetura não é capaz de tudo. Nem tudo o arquiteto pode fazer, assim como existem profissionais de outras áreas que podem.

Sinceramente, o resultado prático das normas, resoluções e diretrizes da arquitetura brasileira, seja de mercado ou acadêmica, traz aos atingidos por elas a lembrança e a sensação das piores ditaduras que mancham a história da humanidade. São forjadas nos bastidores, abusando do desconhecimento de muitos para legislar em benefício próprio e, posteriormente, impostas como se decretos fossem, como verdades absolutas. Tudo isso pensado e implantado por esses egos engaiolados. Hitler, Stalin e outros asquerosos dessa estirpe, viviam em gaiolas.

Nota-se que a percepção do todo, por parte desses engaiolados, resume-se à área interna de sua prisão. Ops, gaiola. Ops, zona de conforto.

A Resolução n° 51/2013 é uma prova disso. Foram contra o que a própria Lei 12378/2010 prega. Aquela parte que diz que qualquer decisão sobre atividades compartilhadas deveria ser tomada numa decisão conjunta. Percebe-se que a gaiola é tão absurda que nem a sua própria Lei eles conseguem cumprir e respeitar. Nem as decisões judiciais que derrubaram essa resolução eles entenderam.

Esse pensamento retrógrado continua sendo passado pela academia aos estudantes. Impressiona como profissionais já com anos de mercado não conseguem entender coisas simples que estão ali escancaradas na frente deles, são noticiadas pela mídia, explodem nas redes sociais. Estão cegos para a realidade, pois não perceberam que estão, também, engaiolados.

Mas existem, sim, arquitetos que conseguiram perceber a portinha aberta e libertaram-se. São aqueles que têm a capacidade de ver o mundo com realidades e necessidades multidisciplinares; que reconhecem, em outros profissionais, habilidades e competências que a arquitetura não possui; que rejeitam os desmandos do CAU e não ficam melindrados ou com medo da concorrência, pois sabem que o trabalho colaborativo é o que chega mais próximo da perfeição, e é até mais lucrativo.

Oscar Niemeyer que o diga!

Pra não dizer que não falei…

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 70 – 2014
“Pra não dizer que não falei…”
By Paulo Oliveira

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…das flores,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, paisagismo é atribuição dos arquitetos, e as flores fazem parte desta disciplina. E não se tocaram que eu falava de um jardinzinho com flores com que resolvi presentear aquela senhorinha que acabou de perder sua família toda, para que ela tenha algum prazer no pouco tempo de vida que lhe resta.

…dos carros,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, mobilidade urbana é atribuição dos arquitetos e os carros fazem parte desta disciplina. E não perceberam que eu estava me referindo ao projeto de um motor office para uma ONG que trabalha com formação profissional, para que ela possa atender as comunidades mais distantes.

…das favelas,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, a favelização urbana não é atribuição nem responsabilidade dos arquitetos; são responsabilidade apenas dos governos. Mas não viram que eu estava fazendo um trabalho junto à comunidade sobre os acumuladores, a organização e as consequências disso sobre o bem viver e estar familiar e da população.

…das praças inutilizadas,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, projetos só podem ser feitos por profissionais habilitados nos termos da Lei. E não perceberam que eu estava auxiliando um grupo de moradores a pensar (brifando) sobre um espaço vazio de sua comunidade para que suas ideias pudessem chegar ao poder público e seus desejos e necessidades fossem realizados.

…do mobiliário,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, mobiliário é atribuição exclusiva dos arquitetos, de acordo com os cacos espalhados por trezentas disciplinas. E não perceberam que eu estava me referindo ao projeto de uma chaise, para que portadores de necessidades especiais consigam curtir os prazeres sexuais, em diversas posições, de maneira confortável e segura.

…da ergonomia,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, acessibilidade é atribuição dos arquitetos e os aspectos ergonômicos fazem parte desta disciplina. E não perceberam que eu estava me referindo à reorganização ergonômica de uma indústria visando à saúde, segurança e produtividade de seus empregados.

…do projeto,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, projeto é atribuição dos profissionais legalmente habilitados na forma da Lei. E não perceberam que eu estava me referindo ao briefing para a construção de um projeto educacional de uma creche que um grupo de empresários quer implantar próximo às suas empresas para atender a demanda de suas trabalhadoras.

…das luzes,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, iluminação é atribuição dos arquitetos e as luzes fazem parte desta disciplina. E não perceberam que eu estava me referindo às luzes cênicas daquela peça teatral de uma escola de periferia daqui de minha cidade, em homenagem ao dia das mães.

…“Fiat Lux!”

Aí vem o CAU dando carteirada, me enfiando uma notificação por exercício ilegal da profissão de arquiteto. E não percebeu que eu estava apenas começando a ler em voz alta a minha Bíblia em latim, em Gênesis 1:3, quando Deus diz isso.

Devaneios à parte, este é o quadro que se desenha à nossa frente: uma ditadura do CAU sobre tudo e todos. Eles agem através de dois lobbies: o primeiro, localizado no Congresso Nacional, onde se aproveitam do desconhecimento dos parlamentares sobre os assuntos e temas abordados e sapateiam na cara da sociedade e dos profissionais de outras áreas, induzindo nossos representantes ao erro, fazendo-os legislar apenas em favor dos arquitetos; o segundo é junto à mídia, onde eles conseguem anunciar o que for, mesmo que lesivo e prejudicial à sociedade, beneficiando apenas a sua classe e, propositadamente, desinformando a população.

Mas ainda dá tempo de acordar e impedir isso.

Reserva de mercado pra quê?

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 69 – 2014
“Reserva de mercado pra quê?”
By Paulo Oliveira

69
É evidente a intenção do CAU e de outros órgãos ligados à Arquitetura, com suas insistentes tentativas de legislar em benefício próprio através de resoluções internas, onde eles as apresentam à sociedade como se fossem leis: reservar o mercado para garantir um mercado eterno para eles. Fica também evidente a reiterada perseguição aos designers. Recentemente, foi bastante festejada a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2043/2011 que regulamenta a profissão dos paisagistas.

Tudo ótimo, e parabéns aos paisagistas. No entanto, analisando o texto do referido PL percebe-se a ausência dos designers de interiores/ambientes como integrantes do quadro de profissionais legalmente habilitados para o exercício profissional. O mais curioso é que o autor deste PL é o mesmo da regulamentação de Design de Interiores e permitiu, sabe-se lá por que, a retirada destes profissionais desta área mesmo estando ciente de que os cursos oferecem esta habilitação. Por outro lado estão contemplados como aptos a atuar nesta área, os artistas plásticos. Realmente, eles estudam muito em seus cursos sobre plantas, ecossistemas, pragas, solos, adubação entre outros assuntos importantíssimos para exercer esta profissão…

Sim! Fui irônico! E o fui para mostrar exatamente o quanto são ridículas e arrogantes suas tentativas.

Agora rola um burburinho de que estão prontos para entrar com um PL regulamentando a “iluminação arquitetural”, já que perceberam que resoluções internas são facilmente derrubadas na Justiça. E, claro, só eles poderão atuar nessa área. Mesmo aqueles recém-formados, sem especialização alguma, e que mal sabem diferenciar uma “croica” de uma “fluorescente de bundinha”.

Na contramão disso tudo se percebe um movimento contrário por parte dos designers e dos lighting designers. Defendemos uma regulamentação democrática, aberta e ampla, livre de apartheids, melindres egocêntricos e ensimesmados, e não propomos qualquer reserva de mercado, pois não temos medo da concorrência.

Os dois PLs de Design em tramitação atualmente na Câmara dos Deputados não preveem o impedimento de ninguém para o exercício profissional. Todos poderão continuar projetando normalmente seus móveis, peças gráficas ou interiores. Só não poderão mais utilizar o título “designer + área” que ficará restrito aos profissionais legalmente graduados na área. É assim com outras profissões, por que com o Design tem que ser diferente? Porque eles querem e estão fazendo biquinho?

Seguindo essa lógica, por que então não propormos juntos uma regulamentação do Lighting Design, agregando os profissionais que trabalham com arquitetural, cênica, urbana e produtos, trilhando este mesmo caminho? Oras! Se de provas eles têm medo, deixemos então que o mercado diga quem serão os profissionais que continuarão e quem entrará no mercado baseado na competência profissional e não como está sendo feito descaradamente, na base do tapetão.

Fica também o chamado à indústria e aos lojistas para que se manifestem sobre este assunto. Conosco, vocês venderão X + Y. Sem a nossa participação neste mercado, vocês venderão X – Y. A escolha também é de vocês.

Errata: O documento da AAI, citado em minha última coluna, inicia falando sobre o PL 1391/2011, de autoria do deputado Penna, que regulamenta o Design (produto, moda, gráfico, joias). Na argumentação, acaba versando também sobre o PL 4692/2012, que é de autoria do deputado Izar e regulamenta apenas a área de Design de Interiores.

E tudo isso é mera reserva de mercado

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 68 – 2014
“E tudo isso é mera reserva de mercado”
By Paulo Oliveira

68[…] caso o PL 4.692/2012 siga tramitando sem que tenhamos uma forte ação em defesa do campo de atuação da Arquitetura de Interiores, a atividade que mantém escritórios de inúmeros profissionais[…].”

Este trecho destacado faz parte de um documento que encontrei na internet chamado “Manifestação sobre o PL 1.391/2011”, de autoria da Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil – Seccional RS (AAI Brasil/RS).

Para quem não sabe, o citado PL é de autoria do deputado Penna e trata da regulamentação profissional do Design. Todo o documento versa sobre como esta entidade, o CAU, o CEAU e outras entidades ligadas diretamente à Arquitetura vêm atuando nos bastidores para atrapalhar a regulamentação do Design (produto, gráfico, moda, etc.) e impedir – chegando ao absurdo de propor a extinção – a profissão de Design de Interiores.

Causa náuseas e nojo a qualquer pessoa com o mínimo de bom senso e ética a leitura deste documento. Tudo o que há de mais podre no meio corporativo e politiqueiro encontra-se ali relatado. O que já foi feito, o que está sendo feito e o que será feito. Percebe-se que a AsBAI, apesar de não ter sido citada no documento, está seguindo os mesmos passos.

Não vou escrever aqui sobre este documento como prova criminal, pois este está nas mãos de meus advogados que, de pronto, encontraram quatro crimes gravíssimos que somadas as penas dão, em média, 30 anos de cadeia para os responsáveis. Vou aproveitar e seguir a linha da citação no início desta coluna.

O que esta frase destacada representa senão uma tentativa descarada e absurda de reserva de mercado para aqueles profissionais que saem da academia sem saber fazer Arquitetura? Aliás, a Arquitetura brasileira faz muito tempo que se encontra esvaziada e sem rumo. Daí a constante necessidade de atacar outras áreas, numa novela que começou anos atrás com os engenheiros. E sempre os culpados são os outros. Eles sempre são os santos e vítimas.

Vejam bem, se os arquitetos soubessem fazer Arquitetura, não ficariam brigando por Interiores, Lighting, Moda, Gráfico, Produto e não encheriam os cursos de outras áreas com péssimos professores. Se os arquitetos trabalhassem para valorizar a Arquitetura – e FAZER Arquitetura – não precisariam ficar buscando válvulas de escape na tentativa de garantir mercados para ganhar o seu pão de cada dia e conseguir pagar suas contas mensais.

Se a arquitetura brasileira fosse realmente Arquitetura, a área seria respeitada e necessária naturalmente. Não seriam necessárias leis lobistas exigindo isso ou aquilo e resoluções típicas de uma ditadura. O Mercado e o Governo a reconheceriam como uma área estratégica e necessária para o desenvolvimento social, econômico e cultural do país.

Na contramão, preferem distorcer fundamentos e princípios básicos da Arquitetura para tirar proveito, sem ao menos ter capacidade intelectual para finalizar com solidez a argumentação, ficando tudo sem sentido claro.

Só o arquiteto é capaz de iluminar a Arquitetura”.

Por quê? Lá vem um monte de besteirol, sem qualquer lastro de legitimidade acadêmica e prática, como já ficou claro nas páginas desta revista na Edição n° 64.

Alegam que os designers não são regulamentados, mas escondem que eles mesmos estão atrapalhando, barrando, agindo nos bastidores para impedir a regulamentação.

Mas esse documento deixa claro que, além de perdida, a arquitetura brasileira é adepta dos golpes mais vis que um ser humano pode utilizar: o crime.

 

Você tem medo de quê? Você tem fome de quê?

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 67 – 2014
“Você tem medo de quê? Você tem fome de quê?”
By Paulo Oliveira

67É perfeita essa frase tirada da música “Comida”, da banda Titãs, para representar o momento atual com relação ao mercado de LD aqui no Brasil. Explico: Chip Israel esteve aqui no início de fevereiro palestrando em um evento da LIGHTFAIR International, que foi realizado em São Paulo. Após a palestra, fui conversar com ele sobre a Resolução N° 51 do CAU, com relação a quem pode e quem não pode trabalhar com iluminação arquitetônica. Ele me falou que isso está acontecendo em alguns poucos lugares do mundo também. Pouquíssimos!

Questionado então sobre qual a melhor maneira – e mais justa – de resolver essa problemática, ele comentou sobre uma possível saída: a aplicação de uma prova, pela IALD, com a finalidade de atestar os conhecimentos de quem quiser trabalhar com iluminação, outorgando, assim, a chancela deste importante órgão internacional aos aprovados. Isso não é oficial ainda, mas ele acredita ser o melhor caminho. Eu também!

No entanto, percebe-se que aqui no Brasil há uma forte resistência à aplicação desta – ou de qualquer outra – prova, especialmente pelo pessoal ligado à arquitetura. Já li diversas vezes que as “autoridades nacionais” em iluminação arquitetônica se posicionam fortemente contra esta ideia. Qual o medo? Quais os motivos dessa negativa?

Bom, primeiro temos que lembrar a tentativa de legislar em benefício próprio do CAU com a Resolução Nº 51. Por esta, qualquer recém-formado em arquitetura já encontra-se apto a ser um “arquiteto de iluminação”.

Mas não podemos nos esquecer de que todos os presidentes da AsBAI – incluindo o atual – e diversos outros profissionais de arquitetura entrevistados por esta revista são categóricos em afirmar que os cursos não se aprofundam o suficiente em iluminação e que em muitos esta área é diluída dentro da disciplina conforto. Há até entrevistas onde eles afirmam que precisam retrabalhar as matrizes dos cursos de arquitetura para aumentar a carga horária, visando cobrir esta falha para que os arquitetos aprendam realmente como iluminar a sua própria arquitetura.

Oras, se é necessário isso tudo por que então a 51 vai contra a realidade da academia e do mercado? Perguntem a qualquer vendedor de lojas de iluminação o quão corretas são as especificações de lâmpadas e luminárias feitas por um arquiteto comum – não especializado em iluminação. É um show de erros crassos!

É óbvio então que o pessoal que comanda a arquitetura nacional iria se posicionar fortemente contra a aplicação desta ou de qualquer outra prova: a maioria absoluta dos egressos seria reprovada. Muitos com anos de mercado também. E a vergonha seria imensa.

Mas essa movimentação tem a ver simplesmente com a reserva de mercado (que é crime), deixando-o livre e fechado apenas para eles, mesmo aqueles que não sabem diferenciar uma lâmpada incandescente de uma halógena. É puro desespero por um mercado altamente rentável. Não tem absolutamente nada de questões técnicas ou de conhecimentos maiores que os habilite mais que qualquer outro profissional que teve iluminação na academia.

É a fome desesperada e desenfreada. Desesperada pela garantia de exclusividade de um mercado em grande expansão e seus consequentes lucros. Desenfreada por egos exacerbados e arrogantes que mancham cada dia mais a arquitetura brasileira. Sim, pois até agora de argumento real não houve nada em defesa dos arquitetos além das suposições e especulações.

E eles continuam com o bordão: “A gente não quer só dinheiro, a gente quer inteiro e não pela metade…

Evoluindo mais ainda

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 66 – 2014
“Evoluindo mais ainda”
By Paulo Oliveira

66
Estive em novembro passado em Campos dos Goytacazes (RJ) participando do R Design e o tema do evento era Evolução. Fui convidado por causa de uma fala minha durante o encerramento do N Design 2012: “Antes do designer, vem o Design”.

A relação de nossa especialidade com as outras áreas tem se tornado cada vez mais importante. E é graças a esta interação, que ela vem se desenvolvendo e temos diariamente novas tecnologias disponíveis.

Um exemplo disso é a fibra ótica. É um produto que não foi criado para o LD. De certa forma, ela foi criada para transportar a luz quando Henrich Lamm tentou desenvolver um pacote de fibras óticas para acessar partes do corpo humano, até então não visualizadas por outros aparelhos. Timidamente, ela começou a aparecer em pequenos acessórios decorativos e hoje já dispomos de uma tecnologia com qualidade e versatilidade que nos possibilita projetar apenas com ela.

Isso se deu por uma constante troca de conhecimentos, análise de problemas a serem solucionados e o consequente desenvolvimento de novos produtos para as novas aplicações (fundamento do Design).

Outro exemplo são os LEDs. Daqueles pequenos pontos dançantes em aparelhos de som, que víamos na década de 70, às luminárias para uso externo e, até mesmo, nos projetores de alta potência para iluminar grandes monumentos.

Estes foram exemplos de como a colaboração – e respeito mútuo – entre as diversas áreas do conhecimento alavancam o desenvolvimento de novas soluções para os problemas e necessidades da sociedade.

No Brasil, este desenvolvimento não ocorre no LD por causa dos “arquitetos de iluminação”. Na verdade, estes poucos contribuíram nisso tudo e a maioria apenas se aproveita dos resultados desenvolvidos por terceiros.

A visão reducionista que o pessoal de arquitetura tem sobre os não arquitetos que trabalham com iluminação é fato. Não culpo os profissionais além do necessário, mas percebo que a base desse pensamento idiotizado está principalmente na academia.

No início de 2013, uma universidade reabriu seu curso de Arquitetura que tinha sido fechado há 10 anos, enquanto os cursos de Design da instituição se desenvolveram e ganharam até um novo espaço próprio, com todos os laboratórios necessários. Como tinham dado outra finalidade ao campus onde funcionou Arquitetura e Design, colocaram-nos no novo campus. Não ficaram ali um mês e solicitaram a troca de campus.

Intrigado, contatei uma colega que é aluna e um amigo que é professor. Fiquei bobo quando ouvi o porquê da troca: “Não queremos nos misturar e tampouco sermos rebaixados ou confundidos comos “dizáiners””, disse a aluna. Questionei o professor e ele me disse que este discurso é o do coordenador e da maioria dos professores.

Dispensaram a oportunidade de ampliar os conhecimentos por mera arrogância, através da troca de conhecimentos com o pessoal dos outros cursos do campus (Gráfico, Produto, Interiores, Artes Visuais, Fotografia). Perderam a oportunidade de conhecer como o pessoal de outras áreas trabalha e pensa, para ampliar seus horizontes. Preferiram fechar-se em seu guetinho.

Facilmente vemos esse mesmo discurso sendo repercutido, especialmente pela AsBAI, dentro do mercado de iluminação e LD.

Mais uma vez eu digo: o mundo evoluiu; nos países realmente desenvolvidos vemos escritórios multidisciplinares sem estrelismos ou egocentrismos.

Nosso país foi descoberto há mais de 500 anos.

Vamos sair das ocas e evoluir?

(re)Evolução

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 65 – 2013/2014
“(re)Evolução”
By Paulo Oliveira

65
Desde junho, temos vivido certa instabilidade mercadológica provocada pela Resolução N° 51 do CAU. Por um lado, o texto bastante alicerçado numa época que não mais existe e tampouco cabe nos dias atuais; por outro, profissionais de Arquitetura que andam promovendo um violento bullying contra aqueles profissionais que não são arquitetos.

Fui uma das fontes de uma matéria da Lume Arquitetura que entrevistou profissionais com visões opostas na tentativa de entender os porquês da Resolução 51 existir, quem estava por trás dela e, especialmente, a argumentação pró e contra.

Não me surpreendi absolutamente nada quando recebi a minha edição da revista e pude constatar a absurda falta de argumentação por parte da AsBAI e do CAU. Ficou claro que a Arquitetura brasileira necessita realmente amadurecer, não só nos profissionais, mas, especialmente, na academia. Já passou da hora dos arquitetos evoluírem, pois o que julgam ser argumentos são meros “blá-blá-blás”, como ficou evidente. Já do lado contrário à resolução há um verdadeiro show de argumentações muito bem embasadas.

Em setembro, aconteceu em Brasília uma audiência pública sobre a regulamentação profissional do Design de Interiores e Ambientes. Mais que uma forma de esclarecer aos parlamentares presentes e também, especialmente ao CAU, sobre as diferenças entre as duas áreas, devo ressaltar um ponto levantado pelo deputado Chico Lopes: existiam profissões que hoje fazem parte apenas da história, como é o caso dele: formado em datilografia.

Ora, o próprio presidente do CAU assumiu na audiência que a arquitetura é uma área generalista e não é especialista em nada. Ele entendeu e atestou publicamente que o pessoal de Interiores tem muito mais competência para projetar estes espaços que os arquitetos pelo simples fato de ser esta uma área especializada, específica, assim como já podemos considerar o Lighting.

Hoje, não podemos mais pensar algumas áreas como meros projetos complementares da Arquitetura, pois já são áreas consolidadas e estabelecidas, que possuem suas identidades, sua metodologia e, até mesmo, suas normas técnicas próprias. São áreas que podem ser inseridas no projeto inicial ou, depois, nos diversos retrofits e reusos que a edificação passará pela sua existência.

Mas há um erro crasso nisso tudo: o único órgão que tem DIREITO de legislar ou definir alguma coisa é o Congresso Nacional. Essa é uma prerrogativa que está claríssima na Constituição Federal. E o que é uma resolução do teor da Nº 51 senão uma tentativa arrogante de – quem não tem poder para isso – legislar em benefício próprio? Foi o que aconteceu como Projeto de Lei de Design de Interiores e Ambientes que o CAU tentou barrar na Câmara, e perdeu: medo pela certeza de não vingar.

Agora, não sei se me indignou ou deixou feliz a fala do presidente da AsBai na matéria “Os rumos da profissão”. Por um lado, fiquei extremamente irritado pela falta de postura, ética e respeito ao ler que a AsBAI vê as outras áreas como“simplistas” ou fáceis de se fazer, mas, por outro, fiquei super feliz por ver que mais uma vez a AsBAI dá um tiro no próprio pé, deixando claro que desconhece a complexidade do termo iluminação – incluindo a arquitetônica.

Talvez a falta da experiência e conhecimentos em palcos deixem o pessoal da AsBAI melindrado e, por isso, eles tentem essas carteiradas, já que é perceptível a diferença estética e funcional nos projetos feitos por não-arquitetos.

Evolução natural e, especialmente, evolução tecnológica são inevitáveis, irreversíveis.

Isso é reserva de mercado! Ou seria medo da concorrência?

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 64 – 2013
“Isso é reserva de mercado! Ou seria medo da concorrência?”
By Paulo Oliveira

64
Cansei de alertar sobre os planos maquiavélicos que estavam sendo arquitetados pela AsBAI (Associação Brasileirade Arquitetos de Iluminação) e pelo CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo). Não acreditaram que os arquitetos fossem capazes disso. Claro, os arquitetos não, mas uma pequena parcela melindrosa e xiita destes, sim.

Eis que surge a resolução n° 51 do CAU, tornando os projetos de iluminação uma competência exclusiva dos arquitetos. Os demais profissionais que estavam exercendo a profissão agora o fazem ilegalmente, como se criminosos fossem, apesar dos anos de estudos e exercício profissional.

Observando os discursos dos mais xiitas – geralmente são os mais incompetentes – vemos alegações como “o que vale é o que está na lei; é a regulamentação, é a norma”. Ficam repetindo isso feito papagaios; quando são forçados a esclarecer, simplesmente tornam a repetir, pois não há uma argumentação coerente para tal imposição.

“Onde está escrito que vocês podiam fazer projetos, uma vez que não estão protegidos por qualquer lei? Na lei, nenhum lugar fala o que vocês fazem”. Esta é outra frase repetida. Ela nos mostra claramente a visão oportunista deles: por não haver uma legislação sobre o assunto, vamos nos apoderar da área. Isso explica claramente o título que dei a esta coluna.

AsBAI, uma associação que diz seguir os padrões mundiais e que resolve agir na contramão do que acontece lá fora. Diretrizes colocadas por órgãos com anos-luz a mais de experiência no campo da iluminação que este grupelho brasuca. A IALD (International Associationof Lighting Designers), a PLDA (Professional Lighting Designers Association) e outras associações internacionais vêm trabalhando arduamente para modificar a concepção equivocada – e sem fundamento – de que somente o arquiteto é capaz de iluminar.

Oras! Que competência ou excelência é esta, se até mesmo o mestre Niemeyer fazia parcerias com outros profissionais para que suas obras se aproximassem ao máximo da qualidade desejada, assumindo, então, com isso, que ele não tinha a habilidade necessária para iluminá-las ou fazer seus paisagismos? Peter Gasper e Burle Marx são provas disso, e eles não são arquitetos.

Assim como Niemeyer, Zaha Hadid e muitos outros arquitetos de renome e reconhecimento internacional não projetam a iluminação de suas obras. Sempre existe na equipe um LD responsável por esta área. Existe também o designer de interiores, o paisagista, o gráfico e vários outros profissionais envolvidos em seus projetos. Isso responde à demanda do mercado: a democracia profissional que a multidisciplinaridade dos projetos exige.

Mas fica claro que muito além de uma reserva de mercado essa situação toda só foi arquitetada não como forma de proteger o mercado dos “leigos” (que desrespeito…) – já que os arquitetos saem das universidades mal sabendo especificar uma lâmpada e, até mesmo aqueles com anos de experiência e não especializados, continuam cometendo erros básicos em seus projetos. A questão se resume, na verdade, no medo da concorrência, dos profissionais mais criativos, pois eles têm ciência de que existem muitos LDs com infinitas competências e conhecimento a mais e que não são arquitetos.

Agiram de má fé sim! Foi um plano arquitetado nos porões sombrios da arquitetura brasileira. Plano este que está longe de agradar inclusive à própria classe de profissionais do CAU.

Mas vale ressaltar que uma resolução não tem força de lei. Esta ação equivocada fatalmente causará a falência financeira do CAU antes mesmo de sua consolidação.

E a ressaca de 51 será grande.

Quem tem medo da regulamentação?

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 63 – 2013
“Quem tem medo da regulamentação?”
By Paulo Oliveira

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Em minha última coluna escrevi sobre o erro conceitual empregado por alguns profissionais ligados à iluminação, de forma deliberadamente proposital, na tentativa de minimizar e reduzir a área de Lighting Design e, deste modo, sorrateiramente, satisfazer interesses próprios. São grupos que irão, certamente, perder um excelente filão no caso da profissão ser regulamentada. Creio piamente que esta ação tem, em última análise, um único fundamento: o medo.

E quem são estes grupos profissionais que atuam na contramão de uma regulamentação profissional coerente, ética e justa? Não é difícil percebê-los no dia a dia em páginas de renomadas revistas em alguns editoriais. Passo então a elencá-los para esclarecer melhor esta problemática.

Lojistas e fabricantes: com a regulamentação serão obrigados a acabar coma misteriosa transformação de vendedores em projetistas que realizam dentro de suas lojas. Senão resta-lhes contratar profissionais para realizar este trabalho mediante o pagamento de um piso salarial justo ou buscar meios e incentivos para que seus vendedores/projetistas sejam formados e especializados na área e, consequentemente passem a receber o piso salarial justo. Ou ainda – a melhor opção – que parem de oferecer este desserviço à comunidade profissional de Lighting Design.

Universidades: serão obrigadas a contratar profissionais realmente especializados para atuarem como docentes nas disciplinas de iluminação e correlatas nos cursos de graduação e pós-graduação. Há também o fato de que, por força de um Conselho Federal da área normatizando inclusive o ensino, as condições estruturais básicas para o desenvolvimento curricular do ensino atendam exigências de qualidade que poucas oferecem atualmente. Certamente, muitos cursos terão que se reestruturar para atender tais exigências.

Associações: poderão continuar atuando livremente, porém terão de repensar e rever seus estatutos e ações visando a não segmentação ou reserva de mercado para um ou outro grupo de profissionais. É o caso da AsBAI, que será obrigada a acordar o quão umbiguista foi durante todos estes anos.

Profissionais: existem alguns profissionais que se valem da bagunça do mercado não regulamentado para tirar vantagens. É o caso de algumas figurinhas carimbadas que sempre estão na mídia. Sempre eles, sempre os mesmos. Alguns inclusive impedem a realização de grandes eventos de LD aqui no Brasil, pois não desejam que o mundo e o mercado brasileiro conheçam outros profissionais de alta qualidade e competência que existem por aqui. Muitos que não cobram ou cobram valores muito abaixo do mercado. Sim, alguns também estão sempre envolvidos em obras públicas. Não podemos nos esquecer também da gorda comissão recebida por estes, seja dos fabricantes ou do grupo a seguir.

“Politiqueiros”: o que seria dos profissionais acima citados se não existisse este nobre grupo de interesse? É através deste grupo que os profissionais não éticos sambam e sapateiam na cara do mercado e de seus “colegas profissionais”. São os politiqueiros que, através de embustes, forçam projetos e processos onde o apadrinhamento é visível e claro; o desvio de verbas idem. Afinal, sem a regulamentação não há exigências legais para a contratação e esta é livre, sem licitação ou concursos de projetos. Por isso adoto o termo “politiqueiros” e não políticos.

Mas a regulamentação somente acontecerá se partir da união dos profissionais de LD. Já passou da hora de nos unirmos e lutarmos juntos por esse importantíssimo detalhe jurídico para o nosso exercício profissional e a segurança do mercado.

E você?

Tem medo da regulamentação?

Do erro conceitual.

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 62 – 2013
“Do erro conceitual.”
By Paulo Oliveira

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Por uma ironia do destino, minhas duas áreas de atuação estão apresentando o mesmo problema com relação ao exercício profissional: o erro na concepção equivocada por duas associações que se julgam detentoras de todas as prerrogativas sobre ele, incluindo, o de definí-lo. Isso tudo sustentado por um grave déficit democrático-deliberativo, sem transparência e qualquer lastro de legitimidade.

No caso de Interiores, temos a ABD (Associação Brasileira dos Decoradores), de caráter multiprofissional, agregando decoradores, arquitetos-decoradores e os designers. No caso do Lighting Design (LD), a AsBAI (Associação Brasileira de Arquitetos de Iluminação), que é uma associação corporativista, restritiva, criada e gerida por arquitetos. São associações ensimesmadas.

Importante ainda destacar que associações são entidades sem respaldo legal para determinar seja o que for, especialmente delimitar o setor através de reserva de mercado, ou ainda ditar normas para o exercício profissional. Estes papéis, especificamente, são de competência dos Conselhos Federais – ainda inexistentes nos dois casos.

Mas deixando de lado estas irregularidades e leviandades ilegais cometidas conscientemente por estas associações, vamos ao que realmente interessa: o erro de conceito sobre as áreas.

As duas associações intentam, de modo forçado, um vínculo destas áreas exclusivamente ao objeto arquitetônico. Em razão deste pensamento reducionista, os projetos e possíveis áreas de atuação profissional devem voltar-se apenas para a complementação arquitetônica, desconsiderando todas as possibilidades de atuação profissional e esquecendo-se que o profissional de LD busca solucionar problemas (função) dos usuários antes da estética ligada ao projeto de interiores ou arquitetura. Também desconsideram onde mais podemos contribuir, através de nossos conhecimentos, para a sociedade ou ainda para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do país.

Quando trabalhamos diariamente com a luz através de projetos, manipulações, ou ainda pela simples observação dela nos diversos ambientes que frequentamos, nos damos conta de que onde há luz, há espaço para a nossa intervenção.

As ruas e vida da urbe não estão ligadas exclusivamente ao objeto arquitetônico Urbanismo. Elas agregam uma complexidade sistêmica ampla de objetos que envolvem diversas áreas de saber e suas tecnologias, tais como engenharias, design, ciência política, psicologia, sociologia, antropologia, história, ecologia, linguagem, sustentabilidade, entre tantos outros com os quais podemos contribuir. Os produtos e sistemas voltados à iluminação dos meios de transporte são também objetos de nossa atuação profissional e que não são produtos da arquitetura. Os médicos dependem de produtos para iluminar adequadamente a mesa sobre a qual a equipe trabalha, para que esta consiga ter uma perfeita visualização de todo o processo. Estes produtos não foram pensados para serem meramente agregados a um objeto arquitetônico, e sim atender a uma necessidade específica da Medicina.

No caso da cênica, apesar dos eventos serem realizados dentro de objetos arquitetônicos, o foco de nosso trabalho não é a valorização deles. A luz não foi projetada para a caixa cênica, e sim para criar o clima para o artista, auxiliando-o a passar sua mensagem e trazer o público para este clima.

Como se vê nestes poucos exemplos, o pensar e o desenvolvimento de nossa área não se resumem apenas a objetos arquitetônicos. Somos criadores da luz para as necessidades de um mundo que continuamente inventamos e reinventamos, e não apenas para a arquitetura.

(in)Segurança.

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 61 – 2013
“(in)Segurança.”
By Paulo Oliveira

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Boate Kiss, janeiro de 2013. Vimos uma série de debates imediatos sobre a questão da segurança nos espaços destinados à diversão coletiva com acusações e apontamentos de falhas para todos os lados. Duas semanas depois, a impressão que tenho é que já perdeu a importância. Os debates se amornaram, a mídia não lança mais denúncias diárias, políticos não se reúnem para analisar ou melhorar as leis, e-groups de arquitetura, engenharia e design já não debatem sobre isso, mídias sociais já estão interessadas em novos assuntos.

Não podemos deixar que isso simplesmente passe e caia no esquecimento. Não podemos permitir que tudo continue como antes do trágico incêndio que ceifou a vida de mais de duzentos jovens. Esta questão é vital tanto para os usuários quanto para nós profissionais que estamos firmando e afirmando a importância da nossa profissão no mercado.

É fato que os empreendedores priorizam a visibilidade estética como forma de marketing nos estabelecimentos e, muitas vezes para redução de custos, forçam-nos a eliminar elementos relativos à segurança e acessibilidade. Mas isso não é um problema apenas desse tipo de projeto. Até nas residências isso acontece. Todo o sistema de iluminação faz parte de ambos – estética e segurança. Diante de tudo isso, qual o nosso papel e as nossas responsabilidades?

A especificação de equipamentos de marcas já consolidadas no mercado reflete padrões técnicos já testados e aprovados, logo seguros para o uso. Mas alguns empreendedores saem à busca destes equipamentos no Paraguai, onde as marcas nem sempre são originais. Geralmente, adquirem equipamentos que, muitas vezes, não se sabe a origem, tampouco o padrão de qualidade. Claro, eles buscam fugir dos altos impostos que incidem sobre os equipamentos importados ou nacionais aqui no Brasil.

Para este tipo de projeto é essencial a presença de um engenheiro eletricista na equipe (coisa rara). É ele que, através das cargas previstas nos projetos de LD (cênico+arquitetônico), som e demais partes onde exista consumo elétrico, irá prever as devidas instalações finais do ambiente, com materiais e insumos de qualidade.

Francesco Iannone disse numa entrevista a esta revista (Ed. 24) que o profissional de LD não deve projetar a parte estrutural e que isso é da alçada do engenheiro ou arquiteto. Realmente não é o nosso papel fazer isso, porém não devemos nos furtar do necessário acompanhamento e fiscalização das partes que darão suporte ao nosso projeto, cada qual em sua competência, especialmente a elétrica. No projeto de LD devemos especificar a carga total necessária para suprir a instalação fixa bem como a previsão das extras para uso e segurança e ficar em cima dos responsáveis pelos projetos de suporte para que atendam com a devida qualidade às necessidades impostas nele. Digo isso, pois é bastante comum as casas noturnas convidar DJs e bandas que, na maioria das vezes, têm suas próprias equipes de som e luz que irão, fatalmente, aumentar a carga consumida.

Outro fator que leva ao erro e risco está nas normas técnicas. O Brasil, salvo engano, é o único país no mundo onde o mínimo é aceitável, por lei, como bom. Duvida? Faça então uma pesquisa sobre os níveis mínimos aceitáveis de coliformes fecais na água que é legalmente autorizada para o seu consumo.

Qual o nosso poder de argumentação legal diante de um engenheiro ou um arquiteto que resolve agradar o cliente, satisfeito com a obediência ao padrão mínimo, independente das condições variáveis de sua implantação cortando gastos? É fácil ouvirmos, na frente do cliente, que “você nem pode assinar o projeto”.

Não temos ainda a regulamentação profissional e a consequente responsabilidade sobre os projetos. Isso não é bom para ninguém.

O Lighting Designer.

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 60 – 2013
“O Lighting Designer.”
By Paulo Oliveira

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O que é e quem é o Lighting Designer? Quando e onde ele pode ser aproveitado? Como pode contribuir para o desenvolvimento de um novo padrão de qualidade e valorização projetual em todos os setores? Estas são questões que pretendo levantar neste novo ano como articulista nesta coluna.

Diante dos avanços tecnológicos e dos projetos cada dia mais individualizados, considerando ainda as necessidades de cada usuário, a iluminação deixou de ser um mero complementar e passou a ser protagonista dos projetos. Um único profissional é capaz de cumprir todas as exigências de um projeto global com tantas novidades diárias em todos os setores envolvidos?

Aquela formação básica adquirida nas faculdades de Engenharia, Arquitetura e Design são suficientes para formar o LD? Aumentar a carga horária em iluminação nos cursos de Arquitetura (como a AsBAI pretende, arrogantemente) será suficiente para cumprir as necessidades projetuais no padrão internacional do Lighting Design? Um bom projeto é aquele que agrega, ao mesmo tempo, valor, segurança e economia. Como pode um só profissional afirmar que consegue cumprir estes três itens em todos os segmentos de um projeto global? As especialidades necessárias para o sucesso de um projeto global são muitas e o Lighting Design é uma delas.

Distanciando-se dos projetos de iluminação aprendidos nas faculdades, a base do Lighting Design encontra-se na iluminação cênica que garante a possibilidade de criar efeitos de luz ao mesmo tempo que atende às necessidades técnicas e individuais de cada projeto. Um projetista de iluminação não é um LD se nunca trabalhou com iluminação cênica. É esta experiência de palco que o diferencia e distancia dos outros profissionais garantindo a qualidade técnica e estética.

E sua raiz está no Design, que tem em suas premissas: função, criatividade, tecnologia, linguagem, inovação, identidade, qualidade e comunicação. A arte da iluminação cênica e a sua paixão pela luz são o alimento da alma de todo LD.

Estes profissionais podem atuar em vários segmentos do mercado, mas o que vemos por aí é sempre a repetição – na arquitetura (residencial, comercial, institucional, industrial, governamental), algumas vezes no urbano (praças, parques ,ruas, avenidas e acessos, monumentos, embelezamento urbano) e no cênico (teatro, dança, shows, TV, desfiles de moda). Porém, o trabalho de um LD é muito mais amplo. Por exemplo, você saberia dizer como ele pode atuar em eventos, design, publicidade, educação e pesquisa, projetos públicos e sociais? Lembre-se: onde há luz, há mercado para o LD.

O Lighting Designer é o profissional que detém conhecimentos aprofundados sobre a técnica e a arte de iluminar os ambientes bem como sobre os melhores equipamentos e seus funcionamentos para solucionar cada projeto.

O profissional de LD não faz instalação de nada. Ele projeta, acompanha o cliente durante as compras para evitar interferência de vendedores, acompanha a instalação que é feita por uma equipe de eletricistas e, ao final, faz a afinação da iluminação para que o resultado seja perfeito. No caso de desenvolvimento, ele projeta, faz a prototipagem e testes, acompanha a linha de produção e avalia a reação do mercado bem como o ciclo de vida do produto.

Também vale lembrar que o profissional de Lighting Design não estudou tanto sobre o universo da iluminação para “colocar uma luzinha” onde for. Ele não trabalha com “luzinha”. Ele trabalha com a LUZ e todos os equipamentos necessários para a excelência projetual.

Prazos e qualidade projetual.

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 59 – 2013
“Prazos e qualidade projetual.”
By Paulo Oliveira

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Escrevi tempos atrás em meu blog sobre os prazos apertadíssimos que alguns clientes nos impõem. Esta redução de tempo hábil para pensar e solucionar um projeto baseia-se em vários motivos. Sejam estes quais forem, vamos então analisar apenas a questão prazo e o que ela implica.

Todos os profissionais que trabalham com projeto conhecem bem as dificuldades para fechá-los. São vários fatores, condicionantes, necessidades, elementos, normas, análises e estudos necessários para conseguirmos chegar a um padrão mínimo de qualidade. E, por mínimo que este seja, exige tempo, um prazo adequado para tal.

Tecnicamente é impossível realizar projetos, pois não dependemos apenas de nosso trabalho como projetistas. Não estudamos tanto para colocar “apenas uma luzinha”. Os fornecedores demoram vários dias para responder orçamentos; outros profissionais demoram a responder sobre as alterações e soluções encontradas e necessárias, entre outros fatores externos que nos impossibilitam de cumprir prazos curtos mantendo a qualidade nos projetos.

Já do nosso lado, gastamos horas a fio analisando o briefing, pensando em soluções, esboçando ideias técnicas e estéticas, pesquisando na imensidão de equipamentos disponíveis no mercado através dos catálogos, fazendo testes, projetando, etc. Pensar em um projeto de LD com menos de 30 dias de prazo é um tiro no próprio pé. Mas há profissionais e empresas que andam fazendo isso e bagunçando o mercado. O caso é que estes, para conseguir cumprir estes prazos enxutos, agem de maneira antiética com seus clientes.

Alguns profissionais têm os famosos e conhecidos “projetos de gaveta”, que repetem para vários clientes, fazendo apenas pequenos ajustes ou alterações. Isso acontece na arquitetura, na engenharia, interiores/ambientes e várias outras áreas. No entanto, este tipo de projeto não considera o essencial: o usuário. Além disso, são os projetos que nos dão aquela sensação de déjà vu. Repetem-se infinitamente e descaradamente, deixando tudo com a mesma cara.

Já os fornecedores que “dão de graça” projetos para clientes que compram em suas lojas fazem quase a mesma coisa. A diferença é que eles mudam os equipamentos de acordo com as tendências e lançamento de catálogos. E também sabemos que estes projetos não saem de graça, pois seu custo está embutido – e diluído – no valor das peças.

E engana-se quem acha que isso só acontece com interiores. Existem vários edifícios, monumentos e espaços públicos com a mesma iluminação. Analisando seus projetos, percebe-se a autoria. Por falar em autoria, esta sempre vem amarrada a algum fornecedor especial – o que paga mais comissão. E não posso deixar de execrar também os valores cobrados por esses projetos, se é que podemos denominá-los assim.

Por culpa única e exclusiva destes dois citados acima, encontramos clientes desinformados, seja com relação à técnica e estética, quanto sobre os prazos necessários para a qualidade.

Creio que nenhum bom profissional quer ver seu nome atrelado a um projeto mal resolvido, solucionado e executado. Prazos enxutos só levam a suposições e, consequentemente, erros. Projetar não é um truque de mágica.

Temos de ter a consciência de nosso papel na sociedade e no mercado, esclarecendo e informando corretamente os clientes sobre todas as necessidades que um projeto de qualidade exige. Só assim teremos um mercado sério, responsável e respeitado.

Colocar uma luzinha?

No way!!!

O Lighting como Design.

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 58 – 2012
“O Lighting como Design.”
By Paulo Oliveira

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Em meio à forte onda mundial em prol da Economia Criativa e na implementação de Comunidades Criativas, o ranço corporativista ainda impõe barreiras ao desenvolvimento do país. Isso ficou claro, por exemplo, na entrevista com o presidente da AsBAI na edição n° 56 desta revista. Traz à tona o velho discurso de que “apenas o arquiteto é capaz de iluminar a arquitetura”. No desenrolar da entrevista, reconhece que as universidades formam arquitetos incapazes de iluminar seus próprios projetos. Daí a proposta de urgentes alterações curriculares nos cursos de arquitetura aprofundando o tema iluminação.

Ao invés de uma formação global orientada para parcerias, incorrem no equívoco conteudista de que o currículo deve incorporar e esgotar todas as especialidades. Esta sutil artimanha para reforçar a reserva de mercado (ilegal e, sobretudo, antiética), disseminada nos argumentos falaciosos de seus defensores, deixa claro dois pontos:

1° – Segregam, dado o desconhecimento do que significa realmente trabalhar com iluminação, salvo a arquitetural. Fazem-no por nunca ousar romper com a visão reducionista do que seja o arquitetônico. Falam com pseudoautoridade sobre as competências curriculares e profissionais de outras áreas. Isso fica claro na ênfase excludente dos seus discursos eivados de ufanismo.

2° – Reservam, porque escondem seu medo ou incompetência para enfrentar a concorrência qualitativa projetual.

As tentativas estratégicas, mediante ações escusas arquitetadas nos bastidores, para impor uma reserva de mercado em relação ao LD, ocorrem desde o momento em que os projetos de iluminação deixaram de ser complementares para se tornarem um dos elementos mais significativos de uma obra, não apenas por uma demanda estética, mas por sua relevância funcional na qualidade e solução dos problemas.

Com efeito, no Design, os processos que iniciam e norteiam o desenvolvimento de um projeto são: avaliação, necessidades, função, planejamento, tecnologias, qualidade e compatibilidade. Nestes processos são incorporados indissociavelmente elementos como identidade, estética, linguagem, comunicação, entre outros. Em cada processo, a criatividade faz-se presente.

Aqui se encontra a diferença entre um projeto de iluminação e um projeto de LD. Seja para qual aplicação for, um projeto de LD tem por finalidade, em primeiro lugar, a solução dos problemas e o atendimento das necessidades dos usuários. Apesar de sua reconhecida importância, a “casca” arquitetônica, em um primeiro momento, não é o foco para o LD. O aspecto arquitetônico, de modo algum, é desmerecido, ao contrário, é valorizado e incorporado ao projeto de LD, longe de se apresentar como algo acessório ou decorativo.

Além disso, outro foco precisa ser destacado: observa-se o desconhecimento com relação à linguagem cênica que aplicamos em nossos projetos. Convenhamos: raros são os arquitetos, não obstante sua competência profissional, que conhecem ou conseguem aplicar esta linguagem ao aparato arquitetônico ou entendê-la visualmente por nunca ter botado os pés numa caixa cênica.

Este tipo de discurso manifesta um desconforto crescente à medida que surgem outros profissionais que atestam conhecimento, competência aliada ao domínio tecnológico da iluminação e criatividade para a resolução de projetos complexos de iluminação.

Aqueles que apelam para este tipo de discurso tentam desesperadamente um face-lifting para mascarar seu ensimesmamento feudal e camuflar suas intenções egocêntricas de manutenção do status-quo.

Há uma inversão funcional no trato profissional. Atitudes corporativistas, excludentes e segregacionistas cada vez mais, perdem seu espaço nos atuais contextos do mercado profissional, nacional e internacional.

Cliente: ser ou não ser?

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 57 – 2012
“Cliente: ser ou não ser?”
By Paulo Oliveira

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Em visita à última edição da Expolux, surpreendeu-me a visibilidade que esta coluna tem me proporcionado. Em vários estandes fui reconhecido e bem recebido, tendo a grata satisfação de receber os parabéns pelo trabalho desenvolvido aqui. Mas um fato me fez questionar a postura de alguns fabricantes: enquanto na maioria dos estandes eu tenha adquirido os catálogos sem dificuldade, em outros foi impossível, a ponto de ser submetido a situações constrangedoras. Vamos aos fatos:

1 – Nós, profissionais de iluminação, somos clientes assim como qualquer lojista, dado que os lojistas dependem de nossas especificações para gerar grande parte de seus pedidos, e isso, inevitavelmente, repercute na cadeia produtiva até alcançar a própria indústria.

2 – Não somos apenas profissionais generalistas, mas sim especialistas que trabalham especificamente com projetos de Lighting Design. Logo, trabalhamos com materiais fornecidos por esta indústria.

3 – Poucos são os escritórios que, mesmo sem solicitar, recebem comodamente todos os catálogos possíveis. Enquanto para a maioria, suas reiteradas solicitações não são atendidas.

4 – Um catálogo virtual não substitui um catálogo impresso onde acessamos rapidamente os equipamentos preferidos. Não perdemos tempo com busca de páginas, “zoom in” e barras de rolagem bem como temos uma visualização melhor das imagens. Faltam ferramentas para o uso dos catálogos virtuais.

5 – Das indústrias novatas podemos até relevar, mas receber uma negativa de indústrias já reconhecidas e estabelecidas internacionalmente é lamentável.

6 – Pior ainda quando vemos os “clientes lojistas” recebendo e folheando catálogos que estão, segundo os atendentes, disponíveis só na Web.

7 – Enfim, respeito e boa educação sempre são bem-vindos e todos os merecem.

A realidade experimentada em alguns estandes na Expolux 2012: falta de respeito e consideração por nós profissionais que, em virtude de nossas especificações, contribuímos para alavancar e manter acadeia produtiva da indústria.

Mas o que mais me chamou a atenção foi quando um representante não teve escrúpulos em oferecer vantagens para uma parceria direta: alta comissão sobre todas as especificações feitas diretamente com ele. De leve, escrevi sobre isso em minha última coluna.

Talvez, a título de sugestão, penso que seria melhor que o marketing das empresas destacassem os profissionais parceiros em suas webpages ou oferecessem incentivos para promover sua qualificação profissional por meio de viagens ou cursos, sem qualquer possibilidade de transferência de titularidade ou reversão monetária. Assim, penso que os profissionais começarão a negociar com transparência e honestidade o devido valor por seus projetos, e o mercado, por sua vez, virá a nos respeitar também pelo reconhecimento ético da idoneidade que deveremos testemunhar por nossas práticas. Às empresas que ainda apostarem em aliciamentos que profanam e desrespeitam o profissional, vale uma regra justa derivada da lógica de oferta e procura do mercado: este profissional não especifica o produto que não tem valor ético agregado, cliente consciente não o adquire no desenvolvimento do seu projeto.

Para concluir, felizmente há que se reconhecer que no mercado nacional muitas e novas empresas compreendem cada vez mais que sua qualidade está associada com uma ética empresarial necessária em todos os segmentos do processo de produção e comercialização. Estas, talvez não tenham o status das grandes, porém não perdem nada em criatividade, design e qualidade em seus produtos.

Relações de mercado.

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 56 – 2012
“Relações de mercado.”
By Paulo Oliveira

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As relações de mercado devem primar pela ética acima de tudo. É justamente esta ética que o mantém saudável e competitivo. Se esta base mercadológica é quebrada, teremos então um mercado baseado no “quem dá mais” ou o “salve-se quem puder”.

Se temos clientes que não querem pagar o valor justo do projeto, a culpa de tal situação, dentre outros fatores, pode ser atribuída aos profissionais que não cobram pelos projetos, vivendo à custa de comissões pagas pelas indústrias e lojas em acertos de bastidores e que afetam a todos que estão no mercado.

Conversando recentemente com um grande amigo – e mestre – senti-me como Cazuza quando cantou que “meus heróis morreram de overdose” tamanha a decepção ao ver nominados aqueles que um dia tive como ídolos e referências. Ruíram pelo simples fato de constatar que suas práticas profissionais, de modo geral, são desrespeitosas, especialmente com os colegas de profissão. Nesta conversa pude confirmar que estes só chegaram onde estão graças às artimanhas e negociatas promíscuas que utilizam. Alguns até furtando projetos de outros profissionais. Profissionais que para atender sua gana egoísta e satisfazer seu estrelismo mergulham de corpo e alma nessas jogatinas.

Porém, este ato supostamente bondoso, para ganhar o cliente, esconde tacitamente o fato de que ele está recebendo alguma coisa; afinal, ninguém trabalha de graça. Ora, o ganho ou os rendimentos que este tipo de profissional percebe, advém de comissões – ou RTs – que as indústrias e lojas embutem em serviços e materiais adquiridos pelo cliente e que para eles são transferidos. Ao final das contas, seja qual for a fonte, o profissional acaba lucrando sem se importar que este ato prejudica a seriedade e o respeito pelos quais a profissão deveria ser encarada e respeitada.

Com as comissões, um profissional pode ter um lucro muito acima do justo e real valor que o projeto deveria ter. As empresas oferecem de 3% a 20% de comissão, e tudo depende do valor da compra e, em geral, do renome do profissional.

Neste aspecto, aprofunda-se o prejuízo corporativo para a classe profissional que se rende a segmentações internas: uns lucram 20% por seu status enquanto outros dificilmente conseguem chegar aos 10%.

Assim fica claro como alguns profissionais conquistam vários projetos ao mesmo tempo e, consequentemente, ganham mais espaço na mídia, o que alimenta uma popularidade camufladora de sua voracidade egocêntrica. Não se cobra pelo projeto viabilizado por meio de uma“doação” para aquele cliente ou aquela cidade, enquanto se lucra em acertos de bastidor com uma ou algumas indústrias ou empresas comerciais. Forja-se uma cumplicidade perniciosa para uma éticaque se espera nas relações de mercado.

Outro detalhe igualmente grave deste tipo de prática refere-se à eliminação da livre concorrência, especialmente aquela relacionada com a criação e as ideias que envolvem a elaboração de projetos.

Mais uma vez o prejuízo recai sobre o cliente, que, muitas vezes, ignora tais práticas e tampouco desconfia de que esteja de fato recebendo o melhor produto, ao ser induzido a optar por uma ou outra marca apenas baseado em vantagens. O profissional pode não especificar o melhor produto e deixar de encontrar soluções até mais interessantes técnica e esteticamente. Não é à toa que vemos vários projetos de um mesmo autor com a mesma “cara”.

As indústrias e lojas devem encontrar outra forma de fidelizar seus clientes e especificadores. Ofereçam no lugar das comissões, premiações que não envolvam dinheiro vivo. Uma viagem, por exemplo. Inclusive vocês só têm a ganhar, pois terão muitos outros profissionais na disputa.

Então, temos de decidir: ou optamos por um mercado antiético onde as negociatas de bastidores assemelham-se às politicagens que deploramos ou assumimos práticas pelas quais manifestamos nosso comprometimento ético por um mercado saudável e decente onde todos recebam o devido e igual respeito.