Fases de um projeto

É bastante comum meus leitores me escrever perguntando sobre como é o trabalho de um designer de interiores/ambientes ou lighting designer. Pois bem, para não ter que ficar escrevendo e reescrevendo a cada novo questionamento, aqui vai um post explicativo dessas fases.

Devo ressaltar que, antes de mais nada, é preciso um constante trabalho de prospect que é a fase de divulgação de seu nome profissional/escritório e captação de clientes. Esta pode ser feita de diversas maneiras que vão desde a distribuição de panfletos até a utilização de outdoors, mídias, ter uma vida social ativa, etc. Encontrado o cliente, entramos naa fases de desenvolvimento do projeto propriamente dito.

Uso como base o modelo da Jenny Gibbs, expandindo-o e retraindo-o quando necessário são no total cinco fases que qualquer projeto envolve. Descrevo-as a seguir.

PRIMEIRA FASE:

1.       Reunião preliminar

reuniao-com-cliente

É aquela reunião inicial onde você se apresenta ao cliente e vice-versa. Aqui rola a apresentação de seu portfolio e onde você tem o primeiro contato com o cliente. Esta reunião pode ser em seu escritório, em algum café, não importa. Aqui não serão tratados a fundo questões do projeto em si. É a oportunidade onde você irá saber o que o cliente deseja, as dimensões aproximadas do projeto, etc.

Aqui você deverá explicar como é realizado o trabalho de um designer de interiores/ambientes, suas limitações profissionais e possíveis necessidades durante o projeto (ex. contratação de um engenheiro para derrubar uma parede), a importância do cliente confiar nas indicações de mão de obra especificadas por você, etc.

2.       Brieffing do cliente

briefing21

Nesta etapa você terá que trabalhar em duas frentes:

– Entrevista com o cliente: aqui sim entrará a parte mais puxada do contato com o cliente onde você terá que “extrair” dele toda a problemática envolvida no projeto. Não basta saber apenas “o que” ele deseja no projeto mas, especialmente, o “por que” deste desejo. Lembro que por trás de todo desejo existe, na verdade, um problema a ser resolvido. O “feio” É um problema estético.

Vale ressaltar que havendo mais de um usuário no espaço a ser projetado, TODOS devem ser entrevistados. Não tenha receio em explicar àquela senhora mãe-esposa-matrona-mandona que quer decidir absolutamente tudo sozinha, incluindo os quartos dos filhos que já estão na faixa dos 18 anos, além dos espaços privativos do marido. Lembre sempre a ela (quando acontecer isso) que os espaços são de todos e não somente dela. Assim como existem coisas que ela não gosta e deseja alterar, com eles também acontece a mesma coisa. (Tou escrevendo um post específico sobre brieffing, postarei em breve).

É importantíssimo que até aqui você já saiba o quanto o cliente deseja investir no projeto. Por exemplo: se ele dispõe de R$ 20.000,00 você tem que estar ciente que dentro deste montante está incluso o pagamento do designer pelo projeto. Ou não? Será que este dinheiro está livre apenas para a obra e ele dispõe de mais recursos?

É, portanto, imprescindível que o profissional tenha conhecimento deste fator ainda nesta fase de levantamentos iniciais.

Após o brieffing com o cliente deverá acontecer um levantamento prévio do espaço a ser projetado. Apenas uma visita para tirar as dimensões básicas e uma análise geral da edificação está bom afinal, você necessita destes dados para elaborar seu orçamento (proposta de trabalho).

3.       Proposta de trabalho/aprovação do cliente

Esta é a etapa onde você irá apresentar ao seu cliente a sua proposta de trabalho (orçamento) onde deverá constar basicamente:

– valor

– formas de pagamento/parcelamento

– prazos para elaboração dos projetos

– o que será feito (descrever os ambientes com as alterações solicitadas para cada um)

– prazo de validade da proposta (geralmente 20 dias)

– que após o OK do cliente sobre a proposta, será encaminhado o contrato formal de prestação de serviços para assinatura.

Quando o cliente der o OK no orçamento encaminhe a ele então o contrato devidamente preenchido, com todas as especificidades do projeto a ser elaborado, os valores, formas de pagamento e prazos, a cláusula de responsabilidade técnica, a existência ou não das RTs, da preferência por mão de obra indicada por você, etc.

Somente após a assinatura do contrato é que se deve iniciar a segunda fase do trabalho.

SEGUNDA FASE:

1.       Diagnóstico, análise e levantamento do local

levantamento

Esta é a fase onde você terá de ir até o local da obra e fazer todo o detalhamento dos espaços. Aqui entram as medidas exatas de todos os ambientes, estruturas existentes, levantamento de instalações (elétrica, hidráulica, gás, ar, telefonia, TV), esquadrias, situação geral da edificação (se necessita de reparos/reforço/restauro), áreas permeáveis externas, enfim, tudo que se faz necessário para projetar espaços mais eficientes, práticos e funcionais.

2.       Conceito inicial

É a fase de desenvolvimento do projeto conceitual.

Primeiramente o profissional deverá transformar o brieffing numa análise do projeto. Isso deve ser feito em papel onde conseguimos cruzar dados levantados tanto no brieffing quanto no levantamento predial. Somente de posse dessa analise podemos seguir adiante.

Neste ponto o profissional deverá fazer uma pré-seleção dos materiais, mobiliários, equipamentos e acessórios a serem utilizados nos ambientes para apresentação ao cliente. Tudo vai depender do partido/conceito adotado para o projeto. É a fase onde o designer irá esboçar suas ideias, usar de sua criatividade para solucionar os problemas detectados no brieffing.

Claro que medidas devem ser respeitadas, mas nesta fase não é necessário que estas sejam seguidas à risca (ex: 3 cm não farão tanta diferença) para a apresentação ao cliente. Aqui, nada é definitivo e pode ser alterado. Lembrem-se que estamos ainda na fase de criação e o cliente não aprovou nada!

3.       Pré-orçamentos

Todos os materiais especificados devem vir acompanhados de seus respectivos orçamentos (quantitativo /valor unitário / valor total).

Temos também que fazer um levantamento preliminar dos orçamentos – incluindo a mão de obra (pedreiro, eletricista, pintor, encanador, jardineiro, etc) – para apresentação ao cliente.

Não devemos nos esquecer de orçar também as caçambas para entulhos.

Lembre-se de sempre apresentar 3 orçamentos de fornecedores distintos. Isso garante a transparência e profissionalismo.

4.       Preparação da apresentação

conceitos

Esta é a fase onde iremos pensar em como apresentar o conceito ao cliente. Aqui temos que prestar atenção em muitos detalhes como, por exemplo:

– ter embasamento teórico/técnico/estético dos porquês das soluções apresentadas;

– possuir “cartas na manga” para o caso de necessidades emergenciais;

– ter conhecimento sobre todos os materiais e insumos especificados;

– apresentar catálogos de materiais/equipamentos;

– finalização e revisão dos painéis conceituais;

– finalização e revisão das perspectivas, layouts e maquetes 3D conceituais;

– separar os pré-orçamentos por área/material/mão de obra;

Lembro que devemos apresentar uma solução ao cliente. Quando apresentamos mais que uma ele pode confundir-se. No entanto, isso não impede que você leve separado outras soluções. Quando começarem a surgir as indagações, os “não gostei disso”, apontamentos de alterações, você terá estas outras “cartas na manga” (possibilidades) para apresentar e chegar a um consenso entre as partes.

5.       Apresentação / aprovação

Aqui é a hora de mostrar tudo o que você pensou para a solução dos espaços ao cliente. Você não pode ter absolutamente nada na apresentação que não domine, que não consiga explicar os porquês da necessidade deste elemento no projeto.

Por exemplo: se você propôs a derrubada de uma parede deve saber se esta vai afetar a estrutura ou não, se precisará do acompanhamento de um engenheiro civil ou não. E também deverá saber explicar o porquê da necessidade da presença dele na obra.

Se você especificou um piso fosco e o cliente desejava um espelhado para uma área úmida você tem que saber explicar o porquê dessa escolha.

Você também deve saber quanto tempo será necessário para implantação do projeto (obra).

Enfim, você deve mostrar completo domínio sobre o projeto, materiais, execução.

Não se esqueça que a cada item aprovado pelo cliente ele deve dar um visto no mesmo, o “de acordo” ou simplesmente “OK”.

TERCEIRA FASE:

1.       Projeto executivo

PROJETO-EXECUTIVO01

Após a aprovação do projeto conceitual devemos partir para a elaboração do projeto executivo. Esta é a parte mais técnica do trabalho do designer. É aqui que faremos todos os projetos cuidando milimetricamente de cada detalhe. Nesta fase devemos realizar, quando necessário, os seguintes projetos:

– instalações elétricas

– instalações hidráulicas

– instalações de ar condicionado

– instalações de TV/telefone/interfone

– paisagismo/jardinismo

– projeto de iluminação

– projeto de gesso

– marcenaria

– paginação de pisos e revestimentos

– acústica/térmico

– plantas de layout

– cortes e elevações

– detalhamentos diversos

– plantas de alterações prediais (troca de esquadrias, derrubada/construção de paredes)

– lista de acessórios

– memorial descritivo

– existem outros ainda mas já deu para entender que o trabalho não é fácil e simples.

Aqui, TODOS os elementos relativos ao projeto devem ser apresentados de maneira clara para a correta e fácil leitura e compreensão por parte dos executores, e também do cliente.

2.       Especificações

Aqui entra o trabalho em cima do memorial descritivo e da seleção de construtores/fornecedores.

Num primeiro momento devemos elaborar o memorial de forma clara, preferencialmente separado por área/espaço a ser trabalhado,  constando todos os materiais / elementos / acessórios que serão utilizados no projeto.

Após isso, devemos fazer um pré-orçamento (pode ser via internet mesmo) buscando ofertas de tudo isso. Esta pesquisa servirá como base de negociação com os fornecedores e construtores para que apresentem suas propostas.

3.       Orçamento definitivo

Aqui, após as negociações com os fornecedores e empreiteiros, temos como fechar o orçamento final do projeto para apresentar ao cliente. De posse deste, é o momento de fazer a programação/planejamento financeiro, junto com o cliente.

Não se esqueça de que o valor do seu pagamento pelo projeto pode estar inserido no orçamento disponível do cliente.

4.       Solicitação de documentações públicas

Somente quando necessário. Por exemplo: você planejou derrubar uma parede e necessitou da presença de um engenheiro civil. Este deve recolher junto ao seu Conselho (CREA) a ART.

Em algumas cidades, as prefeituras exigem os alvarás de obras até mesmo para simples pinturas de paredes (absurdo!).  Então fique atento à cidade onde está sendo realizada a obra e tenha em mãos todos os documentos necessários.

5.       Seleção de construtores e fornecedores

contrato

Após o recebimento das propostas orçamentarias dos construtores e fornecedores, você deverá selecionar os vencedores. É importante que o cliente participe desta etapa.

Lembre-se: nem sempre o menor preço significa qualidade na execução de obras.

Por isso é importante que junto com o orçamento os construtores encaminhem uma lista de obras já realizadas e, se possível, que você visite algumas delas para atestar a qualidade dos serviços.

Fique atento pois tudo isso está intrinsecamente amarrado ao orçamento disponível.

Não se esqueça de também elaborar os acordos de prestação de serviços para serem assinados pelos construtores. Este é um documento entre o profissional e os prestadores de serviço. Este documento deve conter itens como, por exemplo, no caso de pintura:

– o responsável deverá preparar todas as superfícies para o seu melhor acabamento;

– toda nova marcenaria e carpintaria serão  preparadas, emassadas, lixadas e seladas;

– o selador e demais demãos de pintura serão aplicados de acordo com as instruções do fabricante;

– toda marcenaria preexistente será limpa, emassada, lixada e receberão uma demão de pintura;

– Todos os revestimentos de parede preexistentes serão retirados – as paredes serão limpas, emassadas, lixadas e pintadas;

– o responsável pelo serviço utilizará adesivos e toda forma de proteção das áreas adjacentes à superfície que for trabalhada;

– não realizará qualquer alteração do produto (consistência, cor, etc) sem a aprovação do designer responsável pela obra;

Este documento deve ser assinado por todos os envolvidos na obra. No caso de pedreiros é fundamental que conste um item exigindo a correta observação das paginações de piso/revestimentos.

Também faz-se necessário neste documento um item para TODOS os construtores/fornecedores:

– o responsável pela execução do projeto fica proibido de conversar diretamente com o proprietário da obra sobre propostas de alterações no projeto/obra. Qualquer necessidade nesse sentido deve ser tratada apenas com o designer responsável pela obra.

Isso evita os corriqueiros problemas de alterações que ocorrem sem a autorização/conhecimento do profissional.

É muito importante que o profissional disponibilize aos seus clientes modelos de contratos de prestação de serviços para serem firmados entre o cliente e os contratados. Este documento garantirá a execução dos serviços contratados e servirá como prova à seu favor em caso de problemas judiciais.

QUARTA FASE:

1.       Programação da obra

É diferente do cronograma, que entra a seguir.

Aqui fazemos uma programação da obra constando tudo sobre o que será feito, de acordo com a cronologia necessária:

– demolições

– estruturas 1 (gesso, pisos, etc)

– estrutura 2 (elétrica, hidráulica, ar, etc)

– revestimentos de paredes

– iluminação

– acabamentos

– mobiliários

2.       Cronograma de obra

cronograma

É programação e definição das obras que devem ser feitas e suas datas de inicio/finalização. Quando e o que entra/começa/termina, em que data entra/começa/termina.

Este documento é necessário para que os construtores (especialmente) conheçam os prazos disponíveis para a execução de seus serviços, principalmente as datas máximas, para que não atrapalhem o andamento das obras e a entrada de outros profissionais.

Por exemplo: se um pedreiro tem uma semana para assentar os pisos e estoura este prazo, ele estará comprometendo os trabalhos de outros profissionais que já tem suas agendas apertadas e comprometidas. A marcenaria não poderá ficar esperando que os pintores terminem seu trabalho atrasado por causa do assentamento de piso que atrasou. É uma bola de neve.

3.       Compras

Como o próprio nome diz é a fase de aquisição dos produtos e insumos necessários à obra e ao projeto.

Estas devem ser acompanhadas pelo profissional designer para, principalmente, evitar a interferência externa no projeto. É bastante comum vendedores forçarem os clientes a trocar produtos e quando o designer vai na obra recebe-los tem geralmente surpresas desagradáveis.

Portanto é fundamental deixar acertado (em contrato) junto ao cliente que as compras deverão seguir exatamente as especificações realizadas no projeto.

Outro fator importante da presença do profissional no momento das compras é com relação às RTs. Ainda na fase de conversas e apresentação da proposta o designer deve deixar claro ao cliente esta pratica de mercado e negociar com ele a presença ou não desta no orçamento/contrato.

Caso haja, é a garantia do designer recebe-las dos fornecedores e assim, ser ressarcido pelo desconto dado no valor do projeto.

Caso não haja, é a maneira do designer conseguir negociar melhores descontos para o cliente junto aos fornecedores.

4.       Acompanhamento das obras / instalações / fase “suja” da obra

Tem gente que diz que isso não é necessário. Eu acredito o contrário: é SEMPRE necessário, desde pequenas reformas aos grandes projetos.

É durante o acompanhamento que o designer vai verificar a correta execução do projeto, sanar dúvidas dos construtores, solucionar problemas inesperados, etc.

É a fase de instalações de granitos, mármores, carpintaria, obras em alvenaria, gesso, pinturas, etc. Todos os elementos que fazem parte da estrutura do projeto.

Portanto é sim importantíssima a presença do profissional durante as obras.

Estas podem ter seu valor diluído no valor total do projeto ou podem ser cobradas à parte (por visita).

Mas nunca deixe de acompanhar as suas obras.

5.       Instalações de equipamentos e mobiliários

Aqui entram as instalações pós obra pesada. São elas basicamente:

– mobiliário e marcenaria

– iluminação

– acabamentos (metais, louças, vidros, etc)

– splits

– trilhos

Ou seja, tudo que não faz parte da estrutura do ambiente.

6.       Finalização / decoração

decoração final

Nesta fase entram todos os acessórios para dar acabamento aos espaços projetados. Almofadas, mantas, peças de arte/decoração, tapeçaria, penajamentos, etc.

Nesta etapa também é realizada a afinação da iluminação.

É onde o designer irá fazer a finalização do projeto.

7.       Entrega

Tudo tem que estar finalizado e pronto pois este é o tão esperado dia para o cliente: quando poderá entrar em seu novo espaço e usufruir do investimento feito.

É também um momento especial para o designer pois poderá ver nos olhos de seus clientes a satisfação.

QUINTA FASE:

 avaliação

1.       Avaliação pós-entrega

Se pensam que o trabalho terminou no item anterior estão redondamente enganados.

Após a entrega é sempre oportuno que o designer entre em contato com os clientes para fazer uma avaliação pós-entrega. Esta é a oportunidade de verificar se o projeto realmente atendeu as necessidades e aos desejos/sonhos do cliente, se houve alguma alteração feita pelos usuários após a entrega (e descobrir os porquês disso).

É também a oportunidade de descobrir o que os visitantes acharam do projeto, elogios, criticas, etc.

Esta avaliação deve ser feita:

– um mês após a entrega

– seis meses após a primeira avaliação

– um ano após a entrega.

 UFA!!!!

Bom, basicamente é isso.

Como podem ver o trabalho de um profissional de Design de Interiores/Ambientes é bastante complexo e extenso, cheio de detalhes e pontos importantíssimos para atender às necessidades/desejos/sonhos de nossos clientes.

Não é um trabalho fácil, não é apenas um “deseinho numa folha de papel” ou um acompanhamento a uma loja para ajudar a escolher materiais.

Os clientes precisam saber o quanto podem solicitar se um profissional de Design de Interiores/Ambientes.

E nós, profissionais, temos de saber o quanto podemos oferecer a eles.

Vai nessa onda de “como fazer” vai…

(Texto publicado originalmente no facebook como nota em meu perfil, no dia 18 de março de 2011 às 17:05hs. Me esqueci de postar aqui)

Como são as coisas….

Ainda ha pouco antes de sair pra uma obra comentei no TT que os blogs, sites e revistas de decoração e design deveriam parar com a mania estúpida de soltar matérias de “como fazer/comprar/etc” uma vez que atingem o público leigo no assunto construção/reforma/etc e deveriam sim passar a publicar materias do tipo “saiba porque voce DEVE contratar um profissional habilitado para tais coisas”…

Numa das minhas atuais obras tem uma casa na frente que  estaVA em obras até a semana passada. E não é qualquer casinha em um bairro qualquer não.

Pois bem, tinha um pedreiro lá na casa da frente que tentou de todas as maneiras pegar o trabalho na minha obra.

Só que percebi de cara que não tinha placa alguma na obra dele, deduzi então que não havia um profissional na área…

Quando entramos na casa para eu conhecer o espaço da minha obra, o danado abandonou a obra dele lá e veio junto pois meu cliente tinha comentado com ele dias atrás que tinha comprado a casa e iria iniciar a reforma.

Pois bem, ele na nossa cola, não me deixava conversar com meu cliente. Interfiria em tudo.

Até que chegou um ponto em que eu comentei que provavelmente não seria tão simples a abertura de uma parede enorme para fazer uma cozinha americana dada a espessura da parede: tinha visualmente todas as caracteristicas de alvenaria estrutural e, mesmo que não tivesse seria necessária a contratação de um engenheiro para lidar com a parte estrutural.

Nisso o cara surtou e disse:

Que é isso, eu ja tenho anos de experiência. Se o senhor (cliente) me contratar, segunda mesmo já entro na obra e meto a marreta onde o senhor quiser, abro as paredes que o senhor quiser“.

Fiquei olhando atônito a cena e comentei com meu cliente que não era tão simples assim ainda mais que a construção estava parada ha mais de 18 anos, no reboco e estava cheia de infiltrações. Portanto, necessitariamos pegar um engenheiro estrutural para fazer uma análise do caso de verificar as possibilidades.

O pedreiro caiu na gargalhada e soltou pro meu cliente:

Tá vendo? Vai contratar esse tipo de gente pra tua obra e eles só te fazem gastar grana com coisa idiota. Eu já tenho anos de experiência, cansei de derrubar paredes e nunca tive problema algum.

Meu cliente percebeu que eu já estava nervoso e me chamou para irmos embora e conversar em outro lugar. Paramos na próxima esquina mesmo e falei que eu não sabia nem o que dizer diante de tamanha afronta e absurdo. Não é a toa que vemos casas e mais casas nas vilas despencando. Ele me pediu para chamar o engenheiro.

Chamei um amigo meu que já tem mais de 20 anos de experiência e fomos lá na obra. Quando entramos, o danadinho veio correndo lá da casa da frente e entrou junto (intrometido é pouco!), dessa vez munido de sua trena (provavelmente pra demonstrar alguma credibilidade, sei lá) e já entrou medindo ate pedrinhas que tinham no chão…

E eu tentando conversar com o engenheiro que foi categórico:

Não dá. Pra fazer estas alterações terá de gastar muito com a parte estrutural que terá de ser refeita, colocar várias vigas metálicas “I”, levantar colunas… e o orçamento está apertado demais para isso.”

O pedreiro caiu na gargalhada e chamou o meu amigo engenheiro de ignorante, que não sabe de nada…

Tive de segurar meu amigo pra porrada não rolar, claro. E pedir pro pedreiro sumir dali.

Depois fui com meu cliente explicar tudo o que o engenheiro tinha falado e adivinhem?

É… o fidaputinha veio na cola de novo… E já entrou praticamente com contrato numa mão e a marreta na outra.

Como eu já tinha explicado pro  meu cliente antes de chegar à casa tudo o que o engenheiro tinha falado e o que tinha rolado com o pedreiro, meu cliente resolveu então dar mais 5 minutos de chance, até que, ao ver que ele não me respeitava como profissional responsável pela obra e tampouco as vontades do próprio cliente pois ficava dando idéias de coisas pra fazer passando por cima de meu projeto e das vontades do cliente, meu cliente deu um passa fora no canalha.

Tudo bem e tranquilo então, conseguimos um outro com quem já trabalhei antes e fechamos o contrato para a obra.

Hoje fui lá para acompanhar o eletricista (credenciado junto ao CREA tá linguarudas) que tinha de deixar preparada a entrada para a Copel (pois nem isso tem na casa) e vejo a obra da casa da frente parada.

Nisso uma vizinha apareceu, puxou conversa e descobri que o dono da obra da frente tinha mandado o cara embora na porrada dias atras… Motivos?

1- 12 (DOZE) esquadrias novas da Sasazaki colocadas todas tortas, fora de prumo, algumas até ficaram danificadas e outras que não abriam ou “enroscavam”….

2 – pisos da Portobelo, Gyotoku e outras mais caras desperdiçados pois foram colocados que nem o >*< do pedreiro seguindo a paginação que ele achava mais correta – do total da área mais os 15%, ele conseguiu fazer faltar pisos.

Moral da história???

Bem feito!!!

Quem mandou não contratar um profissional habilitado para fazer o projeto ou acompanhar a obra.

Fica entrando na onda dessas revistas, sites e blogs que “ensinam como fazer” tem de se ferrar mesmo!!!!

Nisso o dono da obra da frente chega e, me vendo, me chama e diz: “vem ver uma coisa“. E entrei na tal obra.

Gézuiiiiiiiiiiiiiz!!!

O cara além de incompetente é altamente porco no serviço.

Saímos da casa e o cara falou: “vou precisar conversar com você depois ok?

Ok! Pensei: Tudo bem, mas veja se dessa vez me contrata e siga as minhas especificações. Prejuízo você já levou e não tem como voltar atrás.

Fica então o alerta para os meus seguidores, leitores e amigos:

Não se meta a fazer algo só porque essa ou aquela revista botou um “como faz” (Do It Yourself – DIY) ou porque você acha que tem bom gosto o suficiente para fazer a obra sem o acompanhamento de um profissional habilitado.

As coisas não são tão simples assim.

Tem muita coisa técnica envolvida num projeto que, pedreiros, por mais que tenham 1.000 anos de experiência não entendem. Tem de ter o profissional ali do lado acompanhando e explicando exatamente para eles não o “como faz”, mas sim o “como faz corretamente”.

#FicaDica

——–Nota pós publicação———

Não fui mais contatado pelo dono da casa após isso. No entanto, segundo a mesma vizinha, a esposa dele assumiu o “acompanhamento da obra”. Enquanto eu acompanhava a minha obra, presenciei várias discussões e o troca troca de pedreiros lá. Acabaram terminando a obra de qualquer jeito e o sonho de ir morar na casa desmantelou-se, pois venderam a casa.

Brieffing – #ComoFaz?

É bastante comum leitores me perguntando ou pedindo dicas sobre como briffar os clientes. Então vou ser bem direto e franco:

Não há uma receita de bolo para isso. Cada caso é um caso e isso só se aprende com a experiência profissional.

O brieffing TEM de ser dividido em duas grandes áreas: a objetiva (técnica) e a subjetiva (gostos, estilos, etc) sendo a segunda a mais complicada e certamente aquela que gera maior desconforto nos profissionais iniciantes.

A primeira parte é aquela composta por todos os elementos técnicos iniciais do projeto. Nesta parte teremos de:

– Conhecer o orçamento disponível;

– Saber o que será feito (qual a área total, quais ambientes, etc);

– Saber qual será o uso e quem serão os usuários (quantificação e necessidades de acessibilidade, segurança, etc);

– Fazer as medições dos ambientes que serão projetados (incluindo portas, janelas, aberturas, elementos arquitetônicos, etc);

– Fazer a locação (nos croquis) dos pontos de elétrica e hidráulica existentes;

– Anotar, item por item, o que o cliente deseja alterar (pisos, revestimentos, pintura, móveis, louças e metais, iluminação, etc);

– No caso de condomínios, saber os horários limites para realização das obras e normas de limpeza internos;

– Conseguir com o cliente o projeto estrutural da edificação (original e de alterações posteriores se houver);

Enfim, esta é a parte “grossa” do Brieffing comum e necessária à todos os projetos. Existem ainda outros elementos que podem ser colocados aqui nesta parte. O importante é que os croquis sejam feitos em folhas separadas para cada ambiente e, no verso, sejam anotadas as alterações – unica e exclusivamente – daquele ambiente.

Imagem: Lu Brito – DG

Já a segunda parte é bastante complexa pois iremos trabalhar com a parte subjetiva do projeto. É aqui que entram os gostos, estilos, definições de cores, texturas, identidade, personalidade, regionalismos, história, etc etc etc etc etc etc…

Dica: ouça atentamente e aprenda a “ler nas entrelinhas” do que os clientes falam.

A imagem acima é bastante clara: nesta parte exige-se muita conversa. Se a habilidade de conversar com o cliente para conhecê-lo ainda está meio crua em você, comece brincando com seus familiares e amigos.

O ideal é que você vá caminhando com o cliente pela edificação e conversando com ele sobre cada ambiente. De posse dos croquis, vá anotando o que o cliente deseja no croqui daquele ambiente. Se está na sala, tenha o croqui da mesma em mãos e somente fale sobre a sala.

Tem clientes que são maritacas: não param de falar, falam de tudo ao mesmo tempo. Nesses casos você tem de direcionar a conversa com o famoso “Calma, vamos por partes. Estamos na sala, jajá chegaremos ao banheiro”. (rsrs)

Se você não tomar esta atitude vai perceber depois que as suas próprias anotações estarão uma bagunça.

Já, muitos clientes são mais reservados. Por mais que nos contratem para realizar o projeto, são resistentes em abrir-se, especialmente sobre questões mais pessoais e íntimas. Muitos também tem uma dificuldade gigantesca em definir-se com relação a estilos: lembre-se que a grande maioria das pessoas que não trabalham com áreas correlatas à nossa são leigos sobre este tipo de coisa. Então não entupa os ouvidos deles com palavras técnicas.

Para este tipo de cliente o melhor, na maioria das vezes, é pedir que eles folheiem revistas e tragam recortes de ambientes, móveis, cores, acessórios e etc que eles gostem. Através destes recortes você conseguirá traçar o perfil estético do seu cliente. Porém, estas imagens devem servir APENAS COMO REFERÊNCIA – jamais para cópia.

A pior parte – no meu ponto de vista – é a pessoal. Dificilmente uma cliente irá dizer que quer o seu quarto “quente”. Geralmente usam termos como “romântico”. É óbvio que ela não vai dizer de pronto que quer uma cadeira de dominação no quarto. Esse tipo de intimidade somente vai aparecer no decorrer das conversas.

DAS CONVERSAS sim! Pois o brieffing subjetivo é constante e NUNCA acontece numa única conversa. É uma ferramenta que deve ser utilizada durante TODO o processo, do primeiro contato até o pós ocupação.

Também, dificilmente os pais irão dizer que o filho ou a filha é gay (raramente isso acontece). Então o quarto da menina pode não ser tão rosa quanto você imagina e o do menino também pode não ser tão azul. Por isso é importante que você tenha contato com todos aqueles que serão os usuários e procure atender às exigências de cada um para o seu quadrado.

Outro elemento importantíssimo é com relação à vida social da família. Haverão recepções e festas na casa? e sim com que frequência? Qual o número de convidados normalmente?

Quem geralmente oferece muitas festas quer uma casa para mostrar (status-CUS). No entanto devemos alerta-los sobre o risco do projeto não refletir a personalidade, o “eu” da família e tornar-se um ambiente desagradável.

Bom, como podem perceber, essa segunda parte do brieffing é bastante complexa. É como uma construção: tijolinho por tijolinho. Pesca uma informação aqui, arranca à forceps outra ali e assim conseguimos IDENTIFICAR o cliente e, consequentemente, o projeto.

É como escrevi no início: não se desespere. Isso você só vai dominar com o tempo, com a experiência.

Precificando o projeto

Muitas pessoas me perguntam como faço para precificar os meus projetos. Nos diversos fóruns pela web encontramos diversos tópicos sobre este assunto, poucos com uma visão diferenciada. É complicado explicar isso uma vez que o mercado está muito confuso por dois motivos:

1 – a prostituição de muitos profissionais que dão projetos em troca de RTs ou que cobram valores ridículos.

2 – a ineficiência e alienação da ABD e outras associações (nacionais ou locais) sobre o assunto.

Bom, não há como querer seguir os valores colocados na tabela da ABD. São surreais e só quem deve conseguir aplica-los são as estrelinhas da mídia. Os profissionais normais e mortais não conseguem. Outro problema é que a tabela contempla o valor por m² e não considera a complexidade do projeto.

Se por um lado temos este problema dos valores muito altos da tabela, por outro temos os profissionais que não a respeitam e cobram valores bem abaixo do mínimo desejável para manter a saúde do mercado.

SE os profissionais se conscientizassem e começassem a valorizar o seu próprio trabalho e os colegas profissionais isso tudo não ocorreria mas o que vemos são prostitutos e prostitutas profissionais emporcalhando o mercado.

Enquanto isso não for resolvido vamos continuar a nos deparar com situações constrangedoras diariamente frente os clientes. Quando um me fala que o orçamento do fulano está bem mais barato que o meu respondo simplesmente:

EU SEI O QUANTO ME CUSTOU SER QUEM SOU HOJE E VALORIZO ISSO. SE QUER QUALIDADE, COMPETÊNCIA E SERIEDADE FIQUE COMIGO.

Sou anti-ético? Nem um pouco. Anti-ético é o outro que cobrou menos de 10% do valor cobrado por mim. Isso mostra o desespero do outro para manter-se sobrevivendo no mercado. (Note que sobreviver não é o mesmo que viver.)

Também tenho uma resposta na ponta da língua para aqueles que vem com a história de que a loja tal dá o projeto de graça:

BOBINHO, VOCÊ ACREDITA EM PAPAI NOEL? (rindo ironicamente)  VOCÊ ACREDITA MESMO QUE O VALOR DO PROJETO NÃO ESTÁ EMBUTIDO NO VALOR FINAL DO PRODUTO QUE VOCÊ IRÁ PAGAR?

(Por sinal essa história dessas lojas de planejados merece um post na veia….)

Bom, como eu precifico? Vou tentar explicar para vocês.

Em primeiro lugar tenho todo o levantamento de quanto me custa manter o meu negócio. É aquela tabela dos custos fixos que gera o índice e blablablabla. Abaixo disso, jamais.

Junto ao cliente, num primeiro momento analiso a situação através de uma ENTREVISTA informal: dimensão do projeto, estilo, nível social, vida social, quem é o cliente, etc.

Num segundo momento, busco fazer o BRIEFFING melhor direcionado pois já tenho algumas informações importantes que colho durante a entrevista. Depois, ao pensar o orçamento peso muito bem estes itens para chegar ao valor final.

Uso por base o valor da tabela da ABD (sim eu valorizo o meu trabalho) mas não uso a referência do meu estado (PR) e sim os valores mais altos da tabela – se é pra ser algo sério que seja igual para TODOS os profissionais independente da região onde moram afinal, tem clientes de todos os níveis em todos os cantos do país. Mas é claro que se o cliente não tem grandes recursos abro novas formas de negociação, com valores mais condizentes com a realidade do mesmo.

Digamos que o valor final pela tabela tenha ficado em R$ 15.000,00. Aí passo a cruzar este dado com os dados do brieffing.

Se o ambiente/projeto for mais simples e numa linguagem que eu goste mais de trabalhar – portanto já tenho os conceitos e conhecimentos em minha mente – vou automaticamente levar menos tempo para projeta-lo então posso abaixar um pouco o valor. Digamos para R$ 13.000,00.

Se o ambiente é num estilo mais clássico (rococó ou algo similar), cheio de detalhes, ornamentos isso vai me exigir mais pesquisa de materiais e tempo na prancheta para resolvê-lo. Então procuro manter o valor inicial ou, dependendo do caso posso até mesmo aumentá-lo chegando facilmente aos R$ 20.000,00.

No entanto só isso não serve para fechar o valor do projeto. Outras questões devem ser levadas em conta como por exemplo a tecnologia, a automação e o controle. O uso destas ferramentas nos obriga a atualização constante e eu não sou do tipo de profissional que entrega um projeto destes nas mãos de um projetista de loja (até os de móveis planejados são feitos por mim e a fábrica que se vire para executa-los exatamente conforme meus desenhos indicam). Entrego para o lojista o projeto pronto e já especificado para ele orçar materiais, equipamentos e instalação. E ai do lojista que tentar modificar meu projeto…. Isso eleva sim o custo do projeto. É a questão da personalização/autoria do projeto atendendo à individualidade e personalidade do cliente. Não quero meus clientes com “casa de revista” que não dizem absolutamente nada sobre eles.

No caso da automação é mais fácil. Mas mesmo assim exige pesquisa e atenção ao projetar. Dá pra elevar uns R$ 4.000,00 no preço final.

Já se o cliente pensa em controle aí a coisa é bem diferente. É algo bem mais complexo que a mera automação. E tem também o ponto que se o cliente pode pagar pelo controle, é sinal que tem dinheiro no caixa. Então, dá pra subir uns R$ 8.000,00 no valor final.

Isso tudo eu estou falando em projeto de Interiores/ambientes que levam agregado o projeto de iluminação básica. Caso o cliente queira um projeto de LD junto com o de ambientes aí a história é outra.

Lighting é a minha especialidade, estudei muito para dominar o assunto e saber muito bem – e como poucos – o que estou fazendo. E isso não vem de agora, desta pós que finalizei recentemente. Este especializar-me ja vem acontecendo ha mais de 10 anos, diariamente. Não posso – e nem devo – dar isso de graça a quem quer que seja afinal, nem o relógio trabalha de graça: ou você tem de dar corda ou tem de trocar a pilha.

Então, se o cliente deseja um projeto personalizado de LD – sim, LD é personalização – vamos nos sentar e negociar os valores pois cobro pelo projeto de LD o mesmo que cobro pelo de Interiores/Ambientes. Algumas vezes o LD sai até mais caro dependendo do nível tecnológico.

Então quer dizer que se for um projeto de Interiores/Ambientes + LD sai por R$ 30.000,00?

SIM!

Negociamos a forma de pagamento.

Não posso deixar de citar a existência das RTs nessa negociação. Sempre deixo isso bem claro para meus clientes e explico direitinho como elas funcionam. Se o cliente não quer com RTs e resolve pagar o preço total, fazer o que? Obrigo os lojistas a darem os 10% de desconto extra para os clientes após o fechamento do preço. Mas se ele quer o valor com as RTs, dou um desconto de 10% no valor total e ele se compromete a fazer as compras apenas onde eu indicar.

Isso tem de ser muito bem negociado e você tem de ser mais esperto que os lojistas. Jamais fale do desconto das RTs antes do vendedor apresentar o valor final do orçamento. Afinal, dentro deste valor final ele já embutiu os 10% das RTs que vai te pagar. Fechado o valor e negociado os descontos do cliente, aí você entra e pede o abatimento dos 10% das suas RTs. A grande maioria das lojas não gosta disso, torce o nariz, te chama no canto para “conversar”, porém quem não gosta não trabalha eticamente com seus clientes logo, não merece vender. Pule para o próximo fornecedor então.

É complexo? Sim. Dá pra explicar melhor? Consegui expressar-me corretamente? Talvez sim talvez não. Na certa muitos só entenderão isso com a experiência profissional e o decorrer dos anos atuando no mercado.

Por hora é isso. ;-))

Pra não dizer que não falei… dos erros…

Bom gente, sempre que escrevo aqui sobre iluminação e LD, escrevo sobre erros absurdos que os profissionais não especializados nesta área fazem em seus projetos. Muita gente me escreve cobrando “provas” do que escrevo…

Fui dias atrás no Catuaí Londrina e fiz questão de entrar numa das lojas para fotografa-la para provar aos críticos de plantão o que escrevo.

A loja da Vivo é um show de abuso, desconhecimento técnico e falta de noção sobre iluminação. Vejam as imagens:

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Numa das fotos eu apareço de propósito para mostrar a vocês a distância em que as lâmpadas AR111 foram instaladas. É impossível permanecer embaixo destas por mais de 30 segundos – especialmente para aqueles que como eu, são desprovidos de “telhado”…

Outro detalhe é que se você for pegar algum dos aparelhos expostos na ilha central perceberá que os mesmos estão quentes – e não é por estarem ligados carregando não…

Perceberam a quantidade de luminárias enfileiradas? Pra que isso tudo???? Onde é que fica a sustentabilidade, a conservação de energia, etc????

E a mistureba de K das diferentes lâmpadas instaladas?

Notaram o cuidado com o ofuscamento? Claro que não perceberam, pois não houve esse cuidado neste projeto.

No close que dei na fileira das ARs, perceberam a diferença de K entre elas? Claro, muito provavelmente não foi repassado ao cliente um Manual do Usuário com as especificações corretas de cada lâmpada o que levou o cliente a comprar qualquer AR para substituir a queimada pois não tinha em mãos as especificações técnicas (facho, TC, IRC, etc).

Outro detalhe é que a loja é toda branca. Olhem bem as fotos e percebam como as paredes e mobiliário estão manchados de branco e amarelo de uma forma nada proposital.

Pois é, taí a PROVA do que eu sempre escrevo alertando vocês.

Abraços corretamente iluminados.

pelo meu reader…..

Bom, vamos a mais um post sobre o que encontrei de interessante pelo meu reader.

Para iniciar, quero compartilhar este texto “Diploma para quê?” da Ligia Fascioni. Ele não é novo e não estava na atualização de meu reader, mas fuçando no blog dela acabei encontrando-o e vale o comentário e citação neste post. Não o copiei e colei aqui pois não pedi permissão para ela, então fica aí o link. Posso copiar e colar aqui na íntegra os que eu gostar Ligia????

Ela tem muito material interessante em seu site e em seu blog que vale a pena vocês conhecer.

Hoje que percebi que ainda não tinha colocado o link do blog dela aqui no meu blogroll. Agora já está devidamente arrumada esta minha falha ok Ligia? Mais que merecida a citação de seu trabalho aqui.

Bom, com relação ao texto é aquilo que eu sempre escrevo: um diploma só – ou vários de vários níveis como ela diz no texto – não valem absolutamente nada se você não coloca todos estes conhecimentos em prática no dia a dia. Nem as revistas, nem as IES, nem eu e nem os outros blogs mentem quando dizem que a atualização e especialização profissional são importantíssimas em nossa área, porém,

“Não estão. É que, teoricamente, se você tem vários diplomas, teve acesso a vários conjuntos de informações específicas. Isso aumenta muito as suas chances de recombiná-las e criar algo que, de fato, tenha valor para o mercado. Que faça diferença na vida das pessoas. Que seja desejável a ponto de alguém poder pagar mais por isso. Quanto mais cursos, mais combustível e mais matéria prima para converter em excelência. Quem sabe aproveitar isso, ganha mais, claro.”

Leiam este texto, ele esclarece muitas coisas em poucas linhas ok?

E parabéns Lígia por mais este brilhante texto!!!

Encontrei também este vídeo no Youtube mostrando a importância do Design na nossa vida, brincando com dois mundos paralelos:

1 – com a presença do Design em todas as suas áreas

2 – sem a presença do Design

Simples, bonito e vai direto ao ponto. Foi feito, pelo que entendi, por um grupo de estudantes de Design da UFRGS.

Parabéns pela iniciativa e pelo resultado pessoal!!!

Por falar em resultados e aplicação dos conhecimentos adiquiridos em busca de algo novo, diferente, até que ponto você tem aplicado seus conhecimentos em seus projetos?

Você é daqueles que prefere especificar mobiliário de lojas ou é do time da criação personalizando seus projetos?

Pois é, tenho percebido uma grande quantidade de profissionais da área de Design de Interiores/Ambientes acomodando-se dentro de lojas de planejados e buscando as terríveis RTs.

E onde você enfia todo o conhecimento restante que adiquiriu em seu curso? Pra que então você investiu tempo e dinheiro na sua formação? Especificar modulados onde o vendedor é quem vai fazer o projeto qualquer um faz, até minha vizinha de 5 anos. Isso não faz o Designer pelo contrário, depõe contra a nossa profissão. Transformam o Designer num mero decorador ou pior, atestam o que falam e escrevem por aí que esta área é coisa de madame desocupada.

Isso inclusive reforça a visão tosca que alguns arquitetos* disseminam aos quatro cantos contra a nossa profissão sendo inclusive um dos “boatos” de que o CAU – recém aprovado e em fase de implantação – deve restringir a área exclusivamente para arquitetos. Estão usando erradamente a denominação “arquitetura de interiores” como sinônimo de Design de Interiores – o que é um erro gravíssimo e demonstra total e absoluto desconhecimento sobre as duas coisas – uma vez que muitos profissionais formados em Design de Interiores/Ambientes estão manchando a profissão com atitudes umbiguistas e equivocadas abrindo então esta brecha.

Gente, com as matrizes curriculares dos cursos de Design de Interiores/Ambientes é inadmissível que esse tipo de atitude aconteça. Buscar soluções exclusivas, criativas, inovadoras e que atendam principalmente à personalidade do cliente é fundamental. E não é numa loja de planejados ou de móveis prontos que isso vai acontecer. Não mesmo!

Nem é tão difícil assim chegar a uma solução com identidade própria. Veja este exemplo:

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Fotos: String_Gardens

Observem como uma solução simples deu um toque todo especial neste projeto. Tá, eu sei que isso não tem muito a ver com as soluções de mobiliário que eu vinha falando, mas faz parte do processo criativo.

Por falar nisso, você só projeta quando tem um cliente ou faz isso diariamente como forma de estudo, testes, aplicações, etc? Prefere deixar a sua mente atrofiar ou explora seus conhecimentos, pesquisa sobre novas coisas?

Olhem o que Robert Butkovic fez: estipulou que produziria 100 logos diferentes em 100 dias. Não foram projetos para clientes mas sim apenas uma forma de desenvolver, explorar e ampliar o seu pensamento criativo. Esse tipo de atitude serve como estudo através do qual acabaremos descobrindo e criando muitas coisas. Só temos a ganhar com esse tipo de atitude.

Outra coisa é a absurda falta de união dos profissionais. Vejo uma grande parcela olhando o colega profissional como um inimigo comercial e não como um aliado até mesmo quando o assunto refere-se a questões como a regulamentação profissional que é de interesse de todos: nós profissionais, nossos clientes e o mercado.

#ficadica: se não nos unirmos urgente a coisa vai ficar feia em pouco tempo. Vamos levar uma rasteira e depois não adianta ficar de chororô por aí não.

Então pessoal, que tal começar a levar mais a sério a profissão e trabalhar pelo coletivo em benefício de todos nós?

Vamos parar de olhar apenas para nossos umbigos quando o assunto refere-se à atuação e exercício profissional?

Pensem e reflitam seriamente sobre isso ok?

Abraços e até o próximo post.

.

*alguns arquitetos: não me refiro a todos os arquitetos mas como a expressão diz, apenas a alguns que insistem em denegrir, deturpar, desinformar, fazer denúncias vazias e atrapalhar os trapalhos desenvolvidos pelos Designers de Interiores.

Mais do mesmo… RTs.

Recebi a newslwtter da ABD essa semana (maio/2010) e esta tem em sua matéria de capa um tema muito importante:

“Ser assertivo para evitar possíveis conflitos”.

Creio que nem precisa reforçar o que vem a ser este “ser assertivo”, mas vamos lá. Temos de ser assertivos com o cliente, os fornecedores e os profissionais envolvidos na obra.

Ser assertivo pressupõe uma relação transparente entre as partes. Essa transparência nos obriga a firmar uma relação ética.

Se a transparência e a ética não estiverem presentes nessas relações a chance da nau virar são grandes.

Porém, na newsletter há um erro grave dentro deste assunto: quando fala sobre as RTs ainda na matéria de capa. Segundo a matéria:

“Uma das áreas de maior conflito é o recolhimento de Reserva Técnica pelo profissional. Quando o cliente ‘descobre’ o fato no meio da relação existe um sentimento de decepção. O assunto é polêmico, mas a posição da ABD é clara. O associado deve comentar o assunto antecipadamente com o cliente e deixar claro que isso não onera as compras e não interfere na indicação de fornecedores, prevalecendo sempre a decisão do cliente.” (NEWSLETTER, ABD. Ano 4, Maio 2010 – n° 14. Pag 1)

Fala sério ABD… vocês realmente acreditam que as coisas funcionam assim? Pois bem, vou explicar exatamente como as coisas funcionam nesta área:

1 – raríssimos são os profissionais que comentam com o cliente sobre a existência da RT. Tanto que temos muitos “profissionais” que estão vivendo com as RTs, não cobrando projeto e assim, prostituindo cada dia mais nosso mercado;

2 – “Comentar” não pois este termo é superficial demais. O profissional tem a obrigação de detalhar sobre como funciona esta prática para o cliente. O cliente tem de estar ciente da existência desta prática para poder optar e o profissional tem de ser ético ao oferecer dois orçamentos para o cliente: um com RT (valor aproximado das mesmas descontado do valor de projeto) e outro sem RT onde o valor do projeto é cobrado integralmente e o profissional tem de negociar as RTs como desconto para o cliente. Se não for assim, não há ética.

3 – Como “não onera as compras”? Em qualquer loja que você chegar e disser que quer a sua RT como desconto para o cliente isso é feito. Logo, este valor está sim embutido no custo do produto. Assim, o cliente está pagando duas vezes o profissional (no caso de contrato celebrado com valor integral de projeto livre de RTs). Paga o projeto e paga a “comissão” das lojas. Creio que falta leitura para a ABD sobre este assunto. Comecem por este meu texto aqui no blog: “O Paradoxo das RT’s.”

4 – Ainda sobre onerar o preço, já fiz testes sobre como o pagamento das RTs interfere no valor final. Fui a várias lojas fazer a cotação de diversos produtos. Com os orçamentos nas mãos pedi a uma amiga que passasse uma semana depois nas mesmas lojas, orçando os mesmos produtos dizendo estar sem acompanhamento profissional pois ela sabia exatamente o que precisava. Para minha não surpresa o resultado foi uma diferença de valores absurda: todas vieram com o valor das RTs descontadas já no preço acrescidas de um desconto extra para pagamento a vista. As diferenças ficaram na casa dos 20 a 30%. Então, como não onera?

5 – Também interfere sim na escolha dos fornecedores. Hoje é só ficar um pouco nas lojas observando os “profissionais” negociando com os vendedores, gerentes ou proprietários das lojas. O que mais se ouve são frases do tipo: “Ah, mas a loja tal me dá 15%, esses seus 10% eu não quero. Vou levar meu cliente na outra…” e coisas nessa linha. Isso independe de qualidade dos produtos, o que vale é a comissão mais alta. E ainda tem “profissionais” que tentam impor o percentual a receber. Já vi isso acontecendo diversas vezes.

6 – Por falar em percentuais hoje encontramos lojas pagando absurdos 20% de RT. Dois pontos aqui: A) se isso não onerar o valor final para o cliente…. B) Ainda existem lojas que diferenciam o valor pago pela RT para arquitetos e para Designers.  Geralmente o Designer recebe metade do que um arquiteto. É justo isso?

7 – As questões orçamentárias também são uma área bastante complicada pois o que vemos no mercado são “profissionais” oferecendo aos clientes somente aqueles orçamentos onde as RTs são mais gordas deixando de lado outros fornecedores que tem um produto igual por um preço mais baixo e com RTs menores. Mas aí o “profissional” pode cair numa armadilha como bem coloca o texto da Newsletter: “Depois o cliente descobre que pode obter melhores preços diretamente com o fornecedor, o que acaba reduzindo a importância da ação do profissional“.

Assim, creio que esta diretoria deveria tomar uma postura mais séria e dura com relação a este ponto fundamental da relação profissional x cliente e não ficar somente “achando que é assim”. Não se esqueçam que este texto me soa exatamente como outros da ABD sobre a prática profissional e as dificuldades que os Designers tem no mercado onde denuncias vazias, fiscalizações de um órgão que não tem nada a ver com a nossa profissão atravancavam a nossa prática profissional e as nossas relações com os clientes. A ABD não acreditava nas coisas absurdas que eu e outros blogueiros da área denunciavamos. Porém,  teve de acontecer com uma diretora recentemente para a ABD se mexer e ver que ninguém aqui está vendo “homenzinhos verdes”. São problemas reais, do mundo real, do cotidiano profissional dos Designers.

Esta prática das RTs da forma que vem sendo levada hoje em dia, é o câncer da profissão de arquitetura, design, engenharia e tantas outras. Ou os “profissionais” passam a agir eticamente ou cada dia mais corremos o risco de ter nosso mercado cada dia mais prostituído.

* Coloquei a palavra profissionais entre aspas algumas vezes para dirigir-me àqueles que são os responsáveis pela prostituição do mercado. Estes nem de profissionais com letra minúscula deveriam ser chamados pois se a RT é o câncer da profissão, estes são a metástase.

Proposta de Projeto (I)

Baseado no texto “Proposta de projeto : a difícil negociação entre o arquiteto e o cliente” dos arquitetos Luís Otávio Forster e Iberê M. Campos, escrevo este texto mais voltado ao Design de Interiores/Ambientes. Como trata-se de um assunto sério e que acabou ficando um pouco longo, vou dividi-lo em três partes:

Primeira parte: apresentação geral da importância de uma proposta bem elaborada

Segunda parte: itens de uma proposta

Terceira parte: um pouco mais a fundo sobre a responsabilidade técnica.

Boa leitura.

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“A negociação entre o arquiteto e seu possível cliente pode ser confusa quando ambos não têm a perfeita noção do que estão fazendo. Propostas desprovidas de conteúdo e clientes que não sabem a importância do projeto são o ponto de partida para obras mal feitas e que provavelmente não atenderão às necessidades de seu proprietário.”

Isso é mais comum do que pensamos. Propostas totalmente irreais, fora de foco, de difícil compreensão. O fato é que faltam conteúdos e dados dentro da proposta para a clara compreensão por parte do cliente do que ele está prestes a adquirir. Como os clientes são, em sua maioria, leigos no assunto, torna-se muito complicada a leitura e compreensão do que aquelas linhas expressam. Com isso acabam focando sua atenção em apenas um único item: o preço.

Com isso fica de fora todo o conteúdo da proposta e ele acaba comprando uma coisa que não sabe exatamente o que é. Devemos nos lembrar que nossos “produtos” não são coisas palpáveis enquanto não estiverem concretizadas. Não passam de sonhos, desejos, vontades e, posteriormente, depois de já assinada a proposta, desenhos muitas vezes incompreensíveis.

Isso é bastante preocupante pois trata-se de um produto que será usado diariamente pelo cliente e seus familiares. E esse fator especialmente, é o calcanhar de aquiles de vários profissionais. Lançam propostas desprovidas de conteúdos, projetam, executam e depois acabam com clientes insatisfeitos. E essa insatisfação pode reverter basicamente de duas formas contra o profissional:

1 – um cliente insatisfeito fala mal para 10 pessoas…

2 – a certa “readequação” do projeto que pode levar meses… Pois não foi exatamente aquilo que o cliente pediu… também, você não perguntou e tampouco especificou corretamente na proposta.

É complicado para o cliente leigo compreender uma planta de layout. Muitos não tem a percepção espacial e de volumetria. De nada adiantará depois você encher de imagens de móveis apontando na planta baixa onde cada um ficará. Eles não conseguirão visualizar isso. Alguns, mesmo com imagens em 3D não conseguem. Por isso faz-se importantíssima a fase do brieffing do cliente. Você deve sugar a alma dele nesse momento. E, este brieffing, não deve ser feito em apenas uma etapa ou conversa/entrevista. Ele deve sim ser refeito e atualizado constantemente, a cada novo contato com o cliente.

Porém, o mais complicado em relação à proposta para o cliente é entender o que querem dizer os incontáveis itens constantes da proposta: layout, hidráulica, elétrica, alvenaria, revestimentos, direitos autorais entre vários outros e, mais recentemente, automação residencial. Essas são linguagens que eles não entendem. Daí acontecerem muitos erros, especialmente orçamentários.

“Não há como separar o preço do conteúdo de um trabalho. Embora seja óbvio, ninguém se dá conta de que serviço bem feito custa mais caro, e acabam por fazer uma comparação simples de preços sem entrar no mérito do escopo. O contratante do serviço de projeto faz cotação de preços como se estivesse ao telefone adquirindo uma geladeira, algo como ligar para uma loja de eletrodomésticos e perguntar algo como:

— “Por favor, por quanto vocês me fazem aí o projeto de uma casa de 200 m²? Quanto???? Ah, não, a outra loja me fez bem mais barato…””

Esse é um ponto muito complicado: PREÇO.

Aqui entra em cena o seu conhecimento técnico para conseguir explicar ao cliente o que vem a ser comprar um projeto de interiores/ambientes. O preço é um dos itens da proposta e este está intrinsecamente relacionado ao escopo da proposta. Não são coisas separadas. Como eles bem explicam no texto citado:

“Escopo é o objetivo do trabalho, seu conteúdo, seu propósito.

Preço é o valor a ser pago para realização e recebimento desse conteúdo.”

A sua proposta deve ser completa e clara o suficiente para permitir – até mesmo ao cliente mais leigo – que consiga realizar outras comparações quando em contato com outros profissionais. A proposta não deve conter coisas dúbias e que dêem margem à especulações e/ou dúvidas. Se ele entender de uma forma diferente uma cláusula (ou item) e vier te cobrar sobre isso, prepare-se pois ou você faz do jeito que ele quer/entendeu ou terá de enfrentar um advogado, juiz… E ele estará no direito dele.

Outra coisa: ele não pode “pechinchar” atrás de menor preço pelo m². Se o fizer, certamente cairá nas mãos de profissionais cujos projetos tem qualidade duvidosa.

Quem cobra por m² um projeto, não conhece a fundo realmente o que está fazendo. Por mais que isso seja uma “regra de mercado”, só contribui para a prostituição profissional e o acobertamento de péssimos profisionais que continuam no mercado pois competem de igual para igual com os outros.

Quem compra por m² não faz a menor idéia do que pode estar adquirindo.

Só orça por m² aqueles profissionais que não levam em consideração a complexidade que é projetar.

Só pede um “deseinho” aqueles clientes que não tem a menor noção do que é projetar ou então aqueles clientes aproveitadores e que sabem exatamente o valor e a complexidade do projetar.

No primeiro caso – leigo – vai necessitar de toda a tua atenção. Contudo, jamais tente faze-lo engolir um “projetinho de gaveta” aproveitando-se da ignorância dele. Seja honesto e transparente, atento às dúvidas, tenha paciência para explicar-lhe 10 vezes a mesma coisa enfim, oriente-o corretamente inclusive com relação à formação do preço da proposta. Explique o porque do valor, esmiúce em detalhes o que gerou aquele valor para que ele entenda que comprar um projeto da mesma maneira que se compra uma geladeira não é a melhor solução.

“Sabendo-se da inexperiência das pessoas, a proposta pode e deve ser orientativa, aproveitando para deixar claro para o contratante que não adianta conseguir um “projetinho” e colocá-lo na mão de um pedreiro que não saberá interpretá-lo e complementá-lo com tudo o que uma obra atual e útil precisa.”

Aqui entra também a sua equipe de confiança. Pedreiro, pintor, eletricista, encanador e outros necessários ao correto cumprimento do que está especificado em seu projeto. Isso deve ser repassado ao cliente também. Da mesma forma que ele não deve negociar o projeto por m², não deverá contratar estes profissionais pelo menor preço. Isso acarretará sérios problemas orçamentários e técnicos durante a execução do projeto. Os profissionais envolvidos devem ter a correta leitura e compreensão dos desenhos técnicos. Quanto mais baixo o valor cobrado, mais duvidosa é a qualidade final. E, com isso, mais pesada será a tua responsabilidade sobre as “cacas” alheias. Portanto, lembre-se também de defender com unhas e dentes a contratação de uma equipe capacitada tecnicamente.

Isso entra na questão da responsabilidade técnica do projeto. Você é o responsável técnico pelo teu projeto e isso inclui a qualidade dos serviços prestados. Portanto, essa questão da indicação dos profissionais deve levar em consideração principalmente a qualidade dos serviços prestados pelos mesmos. Nesse ponto, para garantir-se, entregue ao cliente uma lista com os profissionais que você costuma trabalhar e tem confiança no trabalho por eles desenvolvidos. E também deixe bem claro que a sua responsabilidade vai até onde começa a do outro. Ele deve assinar o recebimento de uma cópia dessa lista (“de acordo”). Em seu contrato/proposta, deixe bem claro a entrega/recebimento dessa lista e o que ela quer dizer. Caso ele opte por um profissional fora dessa sua lista e que você desconheça o trabalho do mesmo, você estará garantido quanto à má qualidade dos serviços prestados.

No entanto, você ainda assim continuará sendo o responsável técnico do projeto geral. Então a sua presença constante na obra para acompanhamento da execução se faz mais que imprescindível, nem que saia brigas entre você e o outro profissional. Você deverá ficar em cima e bater pesado quanto à correta execução do que está detalhado nos projetos e exigir a correta realização dos mesmos.  Desde um arame fino e enferrujado para fixar o gesso até a fixação porca dos revestimentos e pintura, tudo deve ser dentro dos teus padrões de qualidade e não da duvidosa do outro profissional.

Esses problemas podem ocorrer porque muitos dos profissionais envolvidos simplesmente desconhecem quem somos nós, o que fazemos, etc. Para eles, não passamos de decoradores. Portanto você deverá deixar muito claro que domina/entende a área e questão e sabe como as coisas devem ser feitas, que é apto e capacitado para tal.

Um aparte aqui: vida de obra é imprescindível exatamente por causa disso. Se você é um profissional de escritório/loja jamais vai entender a complexidade real de um projeto.

É comum vermos profissionais que tem medo de deixar claro aos seus clientes a complexidade que envolve um projeto. Em suas cabeças ocorre que o cliente pode entender isso apenas como um fator que eleva o preço final – o que pode até ocorrer de fato – e que fatalmente poderá ocorrer a perda desse cliente. No entanto, como já venho colocando desde o início deste texto, a sua capacidade de argüição estará à prova e será através dela que você conseguirá contornar esses pormenores.

Jamais caia no erro de “fazer uma plantinha” para quem quer que seja. Essa notícia é que nem erva daninha e se espalha rapidinho e aí você terá de conviver com comentários do tipo: “Ah, mas para fulana você fez baratinho aquele projeto” e por aí vai.

“A desculpa é algo como “Ora, se eu não fizer, alguém vai fazê-lo… então é melhor eu mesmo fazer e ganhar uns troquinhos por aqui mesmo.””

Errado. Absurdamente errado esse tipo de pensamento. Errado enquanto profissional e errado enquanto mercado. Como já coloquei antes da citação, você terá de arcar com o estigma de ser o profissional que cobra baratinho e faz “projetinhos da hora” e simplesinhos. Por outro lado, você estará contribuindo com a prostituição profissional. Prostituição essa que hora ou outra pode voltar-se contra você mesmo seja pela concorrência de outros prostitutos, seja por clientes/fornecedores conhecedores de sua “alma prostituta” enquanto profissional.

Cada um é cada um e sabe onde o sapato lhe aperta. No entanto, essa atitude desesperada e até mesmo desastrosa contribui e muito para o desrespeito à nossa classe profissional. Daí a desvalorização e desrespeito enquanto profissionais pelas empresas, por profissionais de áreas correlatas, da mídia e dos próprios clientes.

Nosso trabalho não é apenas lançar alguns meros rabiscos soltos sobre uma folha de papel e sim um complexo jogo de saberes, conhecimentos, competências e habilidades que farão com que o suado investimento do cliente não seja em vão. Que ele compre gato por lebre, como dizem.

Para que as edificações tornem-se cada dia mais perfeitas, confortáveis, seguras e funcionais, deve-se ter profissionais realmente capacitados e habilitados para tal. Assim como engenheiros e arquitetos cuidam da parte estrutural e arquitetônica, devemos fazer coerente e corretamente a nossa parte. Devemos sim estar no lugar certo, com as armas certas. Portanto, a comunicação profissional x cliente deve ser o mais transparente e ética possível. E os documentos assinados, idem. Devem transparecer todo esse cuidado e respeito de um pelo outro.

Responsabilidade Técnica

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Estou aqui novamente escrevendo sobre esse elemento bastante sério: a responsabilidade técnica.

Esse é o rincipal argumento daqueles que tentam barrar a nossa atuação profissional: não termos um órgão fiscalizador, que regulamente a nossa atuação profissional e consequentemente fique responsável pela liberação das ARTs.

Claro que não temos, afinal AINDA não somos regulamentados, encontramos forte resistência nesse sentido e todos sabem muito bem o porquê da resistência e de onde vem esta resistência, mas isso é outro assunto. Meu foco neste post não é esse. Aqui quero escrever sobre a Responsabilidade Técnica em projetos de Design de Interiores/Ambientes.

A imagem acima mostra de forma bem humorada a cara que muitos profissionais devem fazer quando questionados sobre isso. O problema todo já começa nos cursos. Poucos são aqueles que oferecem uma disciplina específica sobre contratos e documentos e mais poucos ainda que ofereçam um professor da área jurídica para tal. Com isso, a grande maioria dos profissionais sentem-se perdidos com relação a documentação envolvida em um atendimento a cliente.

Bom, vamos ao que interessa. Em meu contrato padrão para Interiores/Ambientes utilizo as seguintes colocações:

“Constituem obrigações do CONTRATADO:

05.01. Indicar e mediar a contratação de todo o pessoal necessário a execução dos serviços objeto deste contrato: pedreiros, instaladores, gesseiros, marceneiros, serralheiro e fornecedores.

05.02. Responder perante o CONTRATANTE, pela execução e entrega dos objetos da Cláusula 02.

05.03. Assumir, na qualidade de autoria, a responsabilidade  técnica  pelas especificações feitas, atendendo  prontamente  às  exigências, modificações e  esclarecimentos que forem necessários bem como intermediar as partes fornecedor/cliente quando houver algum problema.

05.04. Fornecer um CD com as plantas, detalhes relativos ao desenvolvimento do projeto e memorial descritivo ao CONTRATANTE.

05.05. Coordenar e dar orientação geral nos projetos complementares ao projeto de Design de Ambientes, tais como indicações de alterações nas instalações elétricas e telefônicas, arquitetura, instalações hidráulicas e outros, podendo, a pedido do CONTRATANTE, indicar  profissionais  legalmente habilitados para sua execução.

05.06. O CONTRATADO deve elaborar os projetos objetivados no presente contrato, em obediência às normas e especificações técnicas vigentes, responsabilizando-se pelos serviços prestados, na forma da legislação em vigor.

(…)

07.06. O CONTRATADO não se responsabiliza por alterações ocorridas durante a obra que estiverem em desacordo com os serviços por ele executados ou alterações solicitadas pelo CONTRATANTE que estiverem em desacordo com a legislação em vigor.”

Está completo? Não e sei que ainda faltam alguns dados complementares e maior especificidade sobre a responsabilidade técnica. Por isso mesmo esse meu contrato está, depois de passar pela análise de 4 advogados, nas mãos de um jurista que o está fechando.

Fechamento definitivo? Não, muito provavelmente. Analisando a parte de responsabilidades minhas temos:

05.02 – Aqui, asseguro ao cliente que sou responsável por todo o escopo descrito na referida cláusula. Tudo o que for de minha responsabilidade ser feito dentro do projeto deverá estar especificado lá na cláusula 02. Vejamos uma Cláusula 02 básica:

“02. DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS:

Os serviços a serem executados pelo CONTRATADO, consistem no desenvolvimento completo do projeto de DESIGN DE AMBIENTES composto de dados concepcionais apresentados em escala adequada à  perfeita compreensão dos elementos nele contidos:
02.01. Estudo Preliminar – Brieffing, estudos preparatórios, relatórios, desenhos esquemáticos, e demais documentos em que se demonstra a compreensão do problema e a definição dos critérios e diretrizes conceituais para o desenvolvimento do trabalho;
02.02. Projeto Conceitual – desenhos de lançamento das propostas anunciadas no Estudo Preliminar, acompanhadas de cálculos e demais instrumentos de demonstração das propostas apresentadas no projeto; inclui-se instruções a serem encaminhadas aos responsáveis pelos projetos de instalação elétrica, ar condicionado e automação, como a indicação da composição dos comandos e modo de operação dos mesmos, que evidenciem as diferentes possibilidades de uso dos sistemas propostos; compreende também a compatibilização, atividade em que se justapõem as informações técnicas e as necessidades físicas relativas às determinações do projeto de Design de Ambientes e as decorrentes dos demais projetos integrantes do trabalho global (arquitetura, estrutura, instalações elétricas e telefônicas, hidráulicas, de ar condicionado, de sonorização e sprinklers, interiores e exteriores, paisagismo, etc), com a finalidade de garantir a coexistência física e técnica indispensável ao perfeito andamento da execução do projeto;
02.03. Projeto Executivo – concretização das idéias propostas no Projeto Conceitual devidamente compatibilizadas a partir da integração do projeto de Ambientes com todos os sistemas prediais envolvidos no trabalho. Inclui-se as informações técnicas pertinentes à correta integração dos ambientes e demais equipamentos aos detalhes da arquitetura, bem como os dados do equipamento especificado, para a concretização dos conceitos estabelecidos no projeto. Os desenhos referentes móveis, equipamentos, revestimentos, materiais e acabamentos deverão ser inseridos no Projeto Executivo ou complemento deste (Memorial Descritivo), para que haja perfeita compreensão das dimensões físicas e da forma de instalação dos mesmos no edifício. O detalhamento de móveis e acessórios especiais serão considerados serviços extraordinários;
Parágrafo único: os desenhos serão apresentados em escala.
02.04. Supervisão Técnica – atividade de acompanhamento da execução das obras do edifício ou empreendimento, para constatação da correta execução de suas determinações e apresentação de modificações ou adaptações tecnicamente convenientes, quando necessário e pertinente. Não ficam acordadas visitas técnicas à obra durante o andamento da construção do edifício. As visitas necessárias durante a fase de acabamento serão acordadas em instrumento à parte posteriormente.”

Percebam um fato importante: o que é pertinente à nossa área eu e responsabilizo, o que não é, fica sob a responsabilidade do profissional parceiro contratado para execução da tarefa/projeto. Por exemplo: preciso derrubar uma parede para melhorar e ampliar um determinado espaço. À priori, ja sei que esta pode ser derrubada sem problemas mas, para evitar problemas até mesmo com fiscalizações e denúncias vazias – uma vez que o CREA não pode atuar sobre a nossa área pois o mesmo não nos aceita – busco então profissionais parceiros para a execução destes complementares. Estrutural, hidráulico, elétrico, ar condicionado são complementares que devemos sim contar com a participação desses parceiros.

Isso não tem absolutamente nada a ver com medo da fiscalização ou denúncia de “profissionais” melindrosos, mas sim com a questão que sempre bati nos debates: nosso foco não é a estrutura, elétrica, encanamentos, etc e sim a melhoria dos espaços para o habitar visando o conforto e bem estar do usuário.

Então vamos às nossas responsabilidades. Se você é um profissional que trabalha com mobiliario industrializado, antes de especificar algo tenha certeza da qualidade do mesmo. É muito chato você especificar uma cadeira e poucos meses depois ela começar  a apresentar problemas.

Por isso mesmo, nas obrigações do contratado (EU) tem o item 05.03. Podem pensar que não, mas nós profissionais temos sim um certo peso junto à industria e lojas. Eles não querem saber de alguém “falando mal” dos produtos deles por aí. E fatalmente isso vai acontecer, não digo exatamente falar mal, mas por vezes somos obrigados a colocar para novos clientes que “essa loja eu não gosto pois já tive problemas com os produtos dela que não foram resolvidos”. Por isso é muito importante que você conheça profundamente os produtos de seus fornecedores.

Um exemplo: estou atualmente com problemas relativos a uma cama de casal estilo BOX (nao citarei a marca por motivos óbvios – por hora). O fato é que o BOX cedeu nos pés bem no meio, onde há uma junção da trava central. O cliente sentou-se ali para colocar um DVD e a estrutura cedeu. A empresa alegou em primeira instância que foi “mau uso” e que não seria trocado o BOX apesar de ter menos de um ano de adquirido e a garantia ser de 5 anos. Fui até a casa de meu cliente, abri o revestimento e constatei a emenda (que minimiza a resistência na área). Fotografei e enviei as fotos junto com um laudo técnico dentro de meus conhecimentos sobre produtos apontando os erros projetuais e possíveis meios de evitar que novos clientes venham a sofrer com o mesmo problema. O discurso da empresa já mudou drasticamente depois desse laudo. Estão enviando um técnico para constatar o problema e já adiantaram que farão a troca do BOX.

Ok, mas aí podem alegar que isso é bobagem esse tipo de coisa. Eu não acho bobagem afinal busco sempre o melhor e qualidade em meus projetos e isso implica em produtos com alta qualidade, afinal é o investimento de meu cliente e o meu nome profissional.

Vamos então à questões mais sérias.

Especificação de pisos é um caso sério, por exemplo. O que dizer daquele piso liso que foi colocado na varanda onde pega chuva? Pois é minha gente, esse é um problema de quem especificou um produto inadequado para o espaço. Imagine se nessa casa tem idosos ou crianças… A probabilidade de acidentes é muito grande.

Então, entra aqui a minha responsabilidade em conhecer sim todas as caracteristicas e aplicações do piso para evitar esse tipo de erro e suas consequências. Se o cliente quiser – e ele tem direito – pode me acionar na justiça e eu ter de indenizá-lo.

Digamos que eu especifique um projetor de piso na área da piscina com uma lâmpada PAR (que esquenta pacas) e vem alguém e pisa descalço em cima. É queimadura na certa e dor de cabeça pra mim.

E sim, eu tenho de responder por esse tipo de dano afinal de contas quem especificou indevidamente o produto fui eu.

E o resto? Estrutural, elétrico, hidráulico e outros complementares?

Aí a responsabilidade é do profissional parceiro que executou o serviço. Eu tenho sim é que fazer a mediação entre cliente e o profissional.

Com o tempo vou postar mais sobre esse assunto. Este post foi apenas um começo já que muitas pessoas tem me questionado sobre isso.

Espero ter clareado um pouco esse assunto de extrema importância para a nossa prática profissional.

Apresentação: colagens

Uma técnica bem básica e que pode ser empregada bem no inicio do contato com o cliente – especialmente aqueles leigos e que não tem imagem visual – são as colagens. Infelizmente não vemos isso sendo muito empregado nos cursos e tampouco pelos profissionais.

As colagens consistem em recortar em jornais, revistas, imagens impressas e outras, de peças, cores, texturas e outras características que comporão o projeto, ou ao menos a idéia inicial.

Com uma folha de sulfite branco, alguns recortes e uma boa noção espacial conseguimos elaborar um ambiente que facilita e muito a visualização do ambiente pelo cliente. Por mais que as perspectivas dos objetos não estejam corretas, o que vale é passar ao cliente a informação visual, plástica do que virá a ser o ambiente projetado.

Isso facilita e muito o contato profissional x cliente e os acertos e ajustes necessários.

Pense nisso, é fácil, divertido e estimula a criaticidade.

Breve ausência…

Olá caros leitores deste blog,

peço desculpas pela ausência nessa semana mas tive de fazer uma viagem de última hora para atender um novo cliente num projeto de LD. Eis a nova criança:

Tem muita informação nova para postar aqui incluindo cursos que vou fazer de amanhã até o final de semana ok?

De o que?!?

Encontrei este artigo na WEB no excelente blog PanaceaDesign e resolvi compartilha-lo com vocês. Ele fala diretamente sobre o Design Gráfico porém não é nada difícil pensarmos nele voltado para qualquer área do Design, especialmente Interiores. Boa leitura!

 

Afinal, o que será esse tal negócio/coisa o Design? Quem será essa criatura/desconhecido o Designer? Ambos envoltos por segredos e questionamentos. Seria o Design algo mágico a se revelar somente aos poucos iniciados? E o Designer seria um iniciado, talvez um mestre, desses caminhos tortuosos? Pode, inicialmente, parecer que sim, afinal toda atividade criativa invoca alguns mistérios, mas isso fica só nas aparências.

Fazer Design é, básica, mas não exclusivamente, comunicar/informar, (seja em mediuns estáticos ou animados, bi- ou pandimensionais, objetais ou imagéticos). É corporificar idéias, expressar conceitos, exprimir sentimentos e ideais, sendo, isto sim, o essencial do Design. Fazer Design é coordenar diversas possibilidades comunicacionais, maximizando sua eficiência no atingimento de seus fins. É levar a inquietação do Designer para além de si, para o outro, positivamente, instigando questionamentos, a curiosidade e despertando o interesse. É incitar um clamor entre tantos chamamentos disputando a atenção e o querer do outro.

O Design não é simples instrumento/técnica de aumento da compra/venda, e nem o Designer um vendedor/técnico. Ainda que o Designer exerça o Design como atividade, no mais das vezes remunerada e autônoma, e seja, também, consumidor. Quanto ao Design, temos que é uma área do conhecimento, especializada, que aplica seus conhecimentos à consecução de fins predeterminados. Para isso o Design aplica saberes, técnicos, teoréticos e empíricos, usados pelo Designer. E, por não serem estáticos, o Design ou o Designer, se aperfeiçoam no tempo/espaço, reciprocamente.

Fazer Design, ou criar Design, ou aplicar Design, ou desenvolver Design, não é, tão-somente, fazer algo bonitinho, que seja, conseqüentemente, rentável. Design é a expressividade condicionada ao comunicar/informar. Design não é escolher uma letrinha diferente e fazer um amontoado de rabiscos coloridos e alegres. Superficialmente, até pode parecer, entretanto, observando, nota-se que o amontoado de rabiscos tem desenvolvimento coordenado, sua conformação equilibrada, pois lastreado por conhecimentos de forma, equilíbrio e composição, para evocar uma determinada reação/sentimento. A letrinha diferente, não foi aplicada ao acaso, por ser legal. Foi selecionada, manipulada criada, criteriosamente, por sua legibilidade, leiturabilidade acorde a conceituação definida projetualmente. Não basta que seja bonitinho, se não for eficaz. Todos os conceitos, conhecimentos e técnicas cometidos ao Designer culminam nessa parecência de bonitinho, pois o Design visa ao belo, qualquer que seja a percepção e definição deste, projetual e socialmente concebida. É tudo isso que confere à letrinha diferente e o amontoado de rabiscos coloridos e alegres valia comunicacional. Isso é que o Design faz, por meio do Designer, e tantas coisas mais. Valorando o projeto externalizando-o plenamente, para que não fique entrevisto. Ressaltando a subjetividade, aquela indefinível sutileza que a tudo permeia, manifestando-a e, assim, fazendo extraordinário o projeto.

O Designer provoca, é desavergonhado, que a atenção de todos, quer se comunicar com todos e quer que todos se comuniquem entre si, na produção de resultados, de Design, positivos, ágeis e mensuráveis qualitativa e quantitativamente. Ou seja, o Designer quer a solução que atenda às necessidades do cliente/produtor e do cliente/consumidor. Os atos de Design falam às necessidades do outro. Seja essa necessidade originária (fome, sede, proteção) ou derivada, (estilo, luxo, conforto). Atos que se materializam pelo Designer, que é seu núncio.

Seja qual for o problema que se apresente, dentro no âmbito do Design, o Designer está capacitado a solucioná-lo, não escondendo eventuais problemas, fazendo um embuste de projeto, maquiando. O Designer explora, realmente, as possibilidades do projeto e as utiliza plenamente. Isso, também, é o que diferencia um Designer daqueles que se arrogam qualidades e habilidades que ainda que as possuam, não sabem, no mais das vezes, as usar, podendo fazer do projeto um fiasco irrecuperável, com resultados catastróficos para o cliente/produtor. Por isso, ao contratar um profissional da comunicação, especificamente, o Designer, não deve-se pautar por questões só imediatas. A decisão deve ser ponderada, considerando não somente o investimento que é feito, mas no que esse investimento pode reverter. Afinal, de um produto/objeto, o que é esperado, é que se firme e continue por muito e muito tempo, não que se acabe ali, agora. Ainda que essa continuidade seja só na memória. É isso que o Designer, o profissional do Design, faz.

Frederico Souza

É um designer versado na arte da escrita, domando os obscuros conhecimentos da semiótica e da psicanálise freudiana, os quais usa para suas fundamentações teóricas.

http://panaceadesign.com.br/blog/

Designer Laments Rejection with Song

This song is for all those creative workers at advertising agencies who stay up all night mounting creative ideas on foam core for client presentations.

See Video: Client Review Lament Song

Here’s what Maxwell had to say: “I am a freelance web designer and I have been writing songs about design, advertising and tech and putting them on YouTube. I am doing it for self-promotion—and fun—and therapy.
“I am a crappy singer (which I think makes it more entertaining)”

*Está em inglês e vale a pena rsrsrsrsr

sugado: http://blog.howdesign.com/PermaLink,guid,b43f265a-b66c-4324-9f86-533595f391d6.aspx

Tendências: muita calma nessa hora…

É bastante comum ver pessoas antenadas e correndo atrás das tendências lançadas nos maiores eventos mundiais, seja qual for o segmento: moda, decoração, novos produtos, dentre tantos outros. Enfim, sempre temos algo de novo, praticamente todos os dias.

Mas será que isso tudo tem realmente algo a ver com você usuário, seu estilo, suas necessidades, seus sonhos e expectativas?

Muitos clientes chegam até os profissionais com recortes de revistas (ou até mesmo várias delas inteiras) dizendo: é exatamente isso o que eu quero. Isso não só compromete negativamente a vida do profissional especializado como pode complicar a sua também.

Causa estranheza quando algum profissional de Design de Interiores/Ambientes, que passou por uma formação acadêmica bastante profunda e específica tanto na área técnica quanto na criativa, se submete a simplesmente “chupar” (copiar) um projeto seja lá de onde for. Isso tolhe a capacidade criativa do profissional. Ele tem habilidades e conhecimentos para muito mais que o simples copiar algo. E, com esta prática, fatalmente ele não vai conseguir responder à altura das suas expectativas pessoais.

Mas tal situação não se reduz à relação profissional – cliente. Este profissional poderá se tornar alvo de sérios problemas judiciais por plágio, cópia, etc. E não será você – cliente – quem irá responder por esta ruptura com o necessário comportamento ético, mas o profissional, na maior parte das vezes, pressionado pelo cliente.

Deixando esta questão profissional de lado, vamos ao que realmente interessa: você, caro cliente.

Tendências são boas? Sim e não. Vejamos por que:

Segundo o dicionário Michaelis: “tendência – ten.dên.cia – sf (lat tendentia) 1 Disposição natural e instintiva; pendor, propensão, inclinação, vocação.(…) 3 Força que determina o movimento de um objeto. (…)”

As tendências são criadas para mostrar conceitos, idéias, aplicação para novos e velhos materiais. Mostrar o que vem pela frente. E só isso. Ninguém vive de ou com tendências, salvo aqueles que as ditam. E, todos nós sabemos que qualquer coisa dita ou imposta, não presta.

Vale lembrar também que hoje determinada coisa é tendência, amanhã já não mais será, pois já foi superada por alguma outra novidade, outra regra, desbotaram um pouco a cor que ontem era um “must” e assim por diante.

É o que podemos perceber claramente na Bienal de Arquitetura de Veneza. Diferenças enormes entre projetos nos países – que levam em consideração suas características (climáticas, geográficas, etc) particulares. Até mesmo aqueles que tratam do mesmo tema tem diferenças enormes. Mas também percebemos isso dentro dos próprios países. Um material excelente para o sul não é bom na mesma medida para o norte/nordeste. Assim como a Bienal, as tendências devem servir simplesmente para nos fazer pensar sobre o que vemos, queremos e desejamos.

Na Semana de Arte Moderna (1922) podemos perceber claramente como isso deve ser tratado: devemos receber essas informações estrangeiras e passa-las por um filtro. No Manifesto Antropofágico, isso é feito com a arte, literatura, etc. Traziam o que tinha de melhor lá fora que, uma vez “digerido”, era assimilado e transformado à realidade cultural brasileira. Isso nem de longe quer dizer que devemos nos tornar xenofóbicos, mas sim que devemos, acima de tudo, manter viva a nossa cultura, limpa e isenta de qualquer subserviência à padrões culturais estrangeiros.

As revistas estão certas? Sim e não.

As revistas são as responsáveis por nos apresentar essas tendências, não obstante o fato de muitas dessas tendências, enquanto produtos culturais, estarem submetidas à lógica do mercado e impostas artificialmente segundo interesses comerciais. Entretanto, para além desta observação crítica, temos de levar em consideração muitas coisas dentro de uma revista. Não basta olharmos uma foto de um ambiente, um objeto ou móvel. Temos de observar o contexto geral no qual aquilo está inserido ou pode vir a ser inserido.

Um living “dos sonhos” qualquer um quer ter, porém aquela da revista pode não ser aquela que você realmente necessite por um simples detalhe: ela não foi projetada para você e sim para uma outra pessoa (família), que tem hábitos, gostos, rotinas e muitas outras variáveis diferentes das tuas. Ou então aquele móvel belíssimo, pode não adaptar-se corretamente à você pelo simples fato de que aqui no Brasil não temos uma homogeneidade corporal – na verdade estes padrões já não mais existem na maioria dos países. Ergonomicamente falando, aquela cadeira pode ser perfeita pra mim, mas para você pode não ser. Você pode ser mais alto ou mais baixo que eu, ter a mesma altura, porém ter pernas mais curtas. Enfim, são muitas coisas que precisam ser levadas em consideração na hora de projetar e montar o ambiente.

Falando diretamente de produtos, muitas outras variáveis têm de ser levados em consideração também. Aquele novo revestimento para pisos pode não ser adequado às suas necessidades pelo simples fato de haver crianças ou idosos em sua residência. A escada de vidro causa desconforto, desequilíbrio, insegurança. A fechadura pode não ser a ideal. A automação pode lhe trazer sérios transtornos se você não for uma pessoa com um mínimo de habilidade com aparelhos eletrônicos. Isso e muito mais na parte mais técnica.

Indo para a área psicológica, poderemos cair em problemas como cores que não batem com a tua personalidade, texturas não agradáveis ao seu tato, sensação de não pertencer ao espaço ambientado, desânimo, entre outros. Isso tudo porque você não levou em consideração as suas características pessoais, suas emoções, seus gostos, seu psicológico. Preferiu correr atrás das tendências, daquilo que está na moda. E não do que te agrada, do que tem “a tua cara”, o teu jeito.

Temos de pensar seriamente que um projeto de Design de Interiores não deve se submeter aos modismos sempre passageiros. O projeto de Design de Interiores de sua casa permanece para além dos modismos e você terá de conviver com ele por algum tempo, ou por muito tempo. Importa discernir e fazer escolhas sobre os aspectos que dizem respeito ao seu estilo.  Isso refere-se a sua identidade pessoal.

Portanto, o uso de revistas como referência e a percepção das tendências apresenta-se como positivo desde que você, cliente, coloque-se aberto para uma conversa e troca de idéias com o profissional sobre as escolhas que você fez para melhor adequá-las ao seu uso às suas necessidades. Torna-se fundamental a presença do profissional para oferecer uma orientação certa sobre o melhor produto, atento a seu estilo, seus sonhos e às demandas cotidianas de sua vida pessoal e/ou familiar e, ao mesmo tempo, atento às tendências que se apresentam.

Artigo escrito para a Revista Mary in Foco.