Design de Interiores, outro objeto base: Comboio Social Unoeste.

Pois bem meus amigos e seguidores, poucos sabem mas estou lecionando também no curso de Design de Interiores na Unoeste, em Presidente Prudente – SP. A disciplina é “Projeto de Ambientes Institucionais e de Serviços”.

O coordenador, Prof. Ms Marcelo Motta, me deu total liberdade para trabalhar a disciplina e agradeço a ele a credibilidade e a oportunidade de poder desenvolver este projeto. Resolvi então fazer o que mais gosto: pensar fora da caixinha e agir fora da gaiola. Estou fazendo isso ao escolher como objeto base dos projetos algo não arquitetônico.

Chega de casinhas, lojinhas e outros projetos que tem como objetos base apenas aqueles ligados à Arquitetura. Design é muito mais que isso e as possibilidades de sua aplicação vão muito além de um objeto arquitetônico. Consequentemente, é um erro insistir em manter a área de Design de Interiores/Ambientes fechada dentro da caixinha arquitetônica. Além de erro, este ato traz danos à nossa profissão. Mas isso é assunto para outro post.

Resolvi então levar os alunos a pensar em um espaço inesperado. Para tal, tive que procurar algo onde eles conseguissem ir além do básico e fixo (as paredes de uma edificação) e trabalhar em algo nem tão estático assim. Aqui temos um grande problema a ser solucionado (base do Design) que implica em conhecer o desconhecido e buscar materiais e outras soluções para atingir o objetivo: um projeto móvel, instável (ocorrem torções, grande vibraçãoe solavancos) além do espaço reduzido para a maioria dos projetos: as carretas do tipo baú.

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É o projeto Comboio Social. São dez carretas que estão sendo trabalhadas por grupos, cada uma com seu tema específico. Este comboio percorrerá as pequenas cidades, vilarejos e assentamentos levando diversos atendimentos, diversão e conhecimento a estas pequenas comunidades que tanto necessitam.

Um detalhe importante é que estamos trabalhando ao mesmo tempo ambientes institucionais e de serviços: a instituição por trás do projeto é a própria Unoeste que deve estar representada e os serviços, aqueles relacionados aos cursos oferecidos pela universidade. Uma mescla perfeita onde os alunos tem de resolver qual a melhor forma de apresentar a instituição mantenedora bem como projetar atendendo as necessidades de sua área tema. Além disso, estas carretas serão utilizadas como espaços para estágio dos alunos dos cursos da Unoeste.

Os temas são:

1 – Arte: uma carreta destinada à apresentações artísticas como música, dança e teatro.

2 – UBS: uma carreta destinada ao atendimento básico em saúde, medicina (não invasiva) e enfermagem.

3 – Biblioteca: uma biblioteca que atenda de crianças a adultos, com espaços para emprestar, atividades culturais e doações de livros.

4 – Clínica Veterinária: uma carreta para atendimentos a animais de pequeno e médio porte. De consultas a pequenas cirurgias.

5 – Corte e costura: esta área infelizmente ainda não está contemplada na Unoeste, porém, ainda é bastante comum encontrarmos famílias que sobrevivem com serviços de pequenos reparos em roupas e até mesmo da confecção. Portanto, uma atualização faz-se necessária a estas pessoas.

6 – Serviço Social: uma carreta destinada ao atendimento social envolvendo psicologia, assistência social, direito, pedagogia.

7 – Estética: carreta para atendimento nas páreas de estética, dermatologia e fisioterapia.

8 – Gastronomia: carreta que oferecerá cursos de culinária saudável, cultivo de alimentos para consumo próprio e treinamento para merendeiras escolares. Envolve as áreas de gastronomia, nutrição e agronomia.

9 – Coletivo: uma carreta voltada para o empreendedorismo e soluções de conflitos públicos. Nesta carreta ocorrerão atendimentos a associações de bairros, audiências públicas e outras atividades relacionadas com a vida coletiva/comunitária. Administração, economia, direito, design, arquitetura, engenharia, gestão e outras áreas que podem contribuir para a melhoria e soluções dos conflitos.

10 – Design Social: como o Design pode ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas? É o que esta carreta buscará apresentar. De um redesign residencial, comercial ou de um espaço público à assessoria na elaboração de materiais gráficos e melhoria na qualidade de produtos.

Para que o projeto consiga atender às demandas particulares de cada área, dividi o trabalho em sete fases. Importante ressaltar que antes da sexta fase ficou proibido o uso de softwares. O foco é o sketch, usar e abusar desta ferramenta para reforçar nos alunos a importância do estudo manual antes do projeto. São as fases:

COLETA DE INFORMAÇÕES INSTITUCIONAIS: Conhecer a instituição mantenedora do projeto:

Quem é, o que faz, sua marca, qual sua missão, quais seus valores, suas características principais, diferenciais e sua estrutura.

COLETA DE INFORMAÇÕES PÚBLICO ALVO – Conhecer os públicos alvos do projeto:

Pessoas: quem são, realidade social, onde estão, necessidades. Cidades: mapeamento, estrutura local, espaços públicos disponíveis.

COLETA DE INFORMAÇÕES SOBRE A ÁREA TEMA – Conhecer a área tema do projeto:

O que é, o que faz, como faz, suas características principais, diferenciais sociais, estrutura necessária e normas técnicas relativas à área.

COLETA DE INFORMAÇÕES SOBRE CARRETAS – Conhecer o objeto base do projeto (carreta):

O que é, o que faz, suas características principais, tipos, necessidades e limitações, fabricantes, exemplos de transformações e legislação vigente.

PAINÉIS SEMÂNTICOS – Apresentação do conceito do projeto:

Elaboração dos painéis semânticos relativos à área tema do projeto para explicar adequadamente o conceito do projeto apresentando os correlatos, materiais, equipamentos e utensílios necessários à área e os primeiros sketches.

PROJETO I – Desenvolvimento de projeto conceitual:

A fusão de todos os conhecimentos levantados nas etapas anteriores e que os direcionaram para o desenvolvimento do projeto, os problemas encontrados e as possíveis soluções aplicáveis. Desenho manual (sketch) e desenho digital (CAD e SketchUp).

PROJETO II – Desenvolvimento de projeto executivo:

Detalhamentos totais dos projetos e elaboração de maquetes.

Importante ressaltar que, como ainda estamos no inicio da disciplina, mesmo sem trabalhar os projetos no computador os alunos já começaram a perceber os problemas e necessidades específicas de cada área. Para algumas uma carreta basta, outras terão de utilizar carretas do tipo bi-trem e outras terão de elaborar propostas de expansões verticais e/ou horizontais para conseguir atender suas demandas específicas.

Em todos os projetos o direcionamento principal é atender as normas técnicas bem como trabalhar com uma forte pegada de sustentabilidade.

Vale ressaltar também a questão multidisciplinar do projeto onde diversas disciplinas específicas do curso estão envolvidas diretamente, bem como conhecimentos oriundos das outras áreas temas além das engenharias.

Agora, finalizamos a primeira etapa de estudos e análises teóricas e técnicas. Partimos então para os painéis semânticos e projetos.

Assim que tiver os resultados, os projetos finalizados vou fazer as postagens sobre cada carreta.

Espero que este modelo de projeto aqui apresentado sirva de norte para outros coordenadores de cursos de Design de Interiores/Ambientes, eliminando a amarra arquitetônica imposta sobre a nossa área e liberando o pensamento de que somos DESIGNERS, autorizando seus professores a desenvolver projetos similares e que saiam da caixinha.

Somos designers, podemos mais, muito mais.

Prazos e qualidade projetual.

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 59 – 2013
“Prazos e qualidade projetual.”
By Paulo Oliveira

59
Escrevi tempos atrás em meu blog sobre os prazos apertadíssimos que alguns clientes nos impõem. Esta redução de tempo hábil para pensar e solucionar um projeto baseia-se em vários motivos. Sejam estes quais forem, vamos então analisar apenas a questão prazo e o que ela implica.

Todos os profissionais que trabalham com projeto conhecem bem as dificuldades para fechá-los. São vários fatores, condicionantes, necessidades, elementos, normas, análises e estudos necessários para conseguirmos chegar a um padrão mínimo de qualidade. E, por mínimo que este seja, exige tempo, um prazo adequado para tal.

Tecnicamente é impossível realizar projetos, pois não dependemos apenas de nosso trabalho como projetistas. Não estudamos tanto para colocar “apenas uma luzinha”. Os fornecedores demoram vários dias para responder orçamentos; outros profissionais demoram a responder sobre as alterações e soluções encontradas e necessárias, entre outros fatores externos que nos impossibilitam de cumprir prazos curtos mantendo a qualidade nos projetos.

Já do nosso lado, gastamos horas a fio analisando o briefing, pensando em soluções, esboçando ideias técnicas e estéticas, pesquisando na imensidão de equipamentos disponíveis no mercado através dos catálogos, fazendo testes, projetando, etc. Pensar em um projeto de LD com menos de 30 dias de prazo é um tiro no próprio pé. Mas há profissionais e empresas que andam fazendo isso e bagunçando o mercado. O caso é que estes, para conseguir cumprir estes prazos enxutos, agem de maneira antiética com seus clientes.

Alguns profissionais têm os famosos e conhecidos “projetos de gaveta”, que repetem para vários clientes, fazendo apenas pequenos ajustes ou alterações. Isso acontece na arquitetura, na engenharia, interiores/ambientes e várias outras áreas. No entanto, este tipo de projeto não considera o essencial: o usuário. Além disso, são os projetos que nos dão aquela sensação de déjà vu. Repetem-se infinitamente e descaradamente, deixando tudo com a mesma cara.

Já os fornecedores que “dão de graça” projetos para clientes que compram em suas lojas fazem quase a mesma coisa. A diferença é que eles mudam os equipamentos de acordo com as tendências e lançamento de catálogos. E também sabemos que estes projetos não saem de graça, pois seu custo está embutido – e diluído – no valor das peças.

E engana-se quem acha que isso só acontece com interiores. Existem vários edifícios, monumentos e espaços públicos com a mesma iluminação. Analisando seus projetos, percebe-se a autoria. Por falar em autoria, esta sempre vem amarrada a algum fornecedor especial – o que paga mais comissão. E não posso deixar de execrar também os valores cobrados por esses projetos, se é que podemos denominá-los assim.

Por culpa única e exclusiva destes dois citados acima, encontramos clientes desinformados, seja com relação à técnica e estética, quanto sobre os prazos necessários para a qualidade.

Creio que nenhum bom profissional quer ver seu nome atrelado a um projeto mal resolvido, solucionado e executado. Prazos enxutos só levam a suposições e, consequentemente, erros. Projetar não é um truque de mágica.

Temos de ter a consciência de nosso papel na sociedade e no mercado, esclarecendo e informando corretamente os clientes sobre todas as necessidades que um projeto de qualidade exige. Só assim teremos um mercado sério, responsável e respeitado.

Colocar uma luzinha?

No way!!!

Brieffing – #ComoFaz?

É bastante comum leitores me perguntando ou pedindo dicas sobre como briffar os clientes. Então vou ser bem direto e franco:

Não há uma receita de bolo para isso. Cada caso é um caso e isso só se aprende com a experiência profissional.

O brieffing TEM de ser dividido em duas grandes áreas: a objetiva (técnica) e a subjetiva (gostos, estilos, etc) sendo a segunda a mais complicada e certamente aquela que gera maior desconforto nos profissionais iniciantes.

A primeira parte é aquela composta por todos os elementos técnicos iniciais do projeto. Nesta parte teremos de:

– Conhecer o orçamento disponível;

– Saber o que será feito (qual a área total, quais ambientes, etc);

– Saber qual será o uso e quem serão os usuários (quantificação e necessidades de acessibilidade, segurança, etc);

– Fazer as medições dos ambientes que serão projetados (incluindo portas, janelas, aberturas, elementos arquitetônicos, etc);

– Fazer a locação (nos croquis) dos pontos de elétrica e hidráulica existentes;

– Anotar, item por item, o que o cliente deseja alterar (pisos, revestimentos, pintura, móveis, louças e metais, iluminação, etc);

– No caso de condomínios, saber os horários limites para realização das obras e normas de limpeza internos;

– Conseguir com o cliente o projeto estrutural da edificação (original e de alterações posteriores se houver);

Enfim, esta é a parte “grossa” do Brieffing comum e necessária à todos os projetos. Existem ainda outros elementos que podem ser colocados aqui nesta parte. O importante é que os croquis sejam feitos em folhas separadas para cada ambiente e, no verso, sejam anotadas as alterações – unica e exclusivamente – daquele ambiente.

Imagem: Lu Brito – DG

Já a segunda parte é bastante complexa pois iremos trabalhar com a parte subjetiva do projeto. É aqui que entram os gostos, estilos, definições de cores, texturas, identidade, personalidade, regionalismos, história, etc etc etc etc etc etc…

Dica: ouça atentamente e aprenda a “ler nas entrelinhas” do que os clientes falam.

A imagem acima é bastante clara: nesta parte exige-se muita conversa. Se a habilidade de conversar com o cliente para conhecê-lo ainda está meio crua em você, comece brincando com seus familiares e amigos.

O ideal é que você vá caminhando com o cliente pela edificação e conversando com ele sobre cada ambiente. De posse dos croquis, vá anotando o que o cliente deseja no croqui daquele ambiente. Se está na sala, tenha o croqui da mesma em mãos e somente fale sobre a sala.

Tem clientes que são maritacas: não param de falar, falam de tudo ao mesmo tempo. Nesses casos você tem de direcionar a conversa com o famoso “Calma, vamos por partes. Estamos na sala, jajá chegaremos ao banheiro”. (rsrs)

Se você não tomar esta atitude vai perceber depois que as suas próprias anotações estarão uma bagunça.

Já, muitos clientes são mais reservados. Por mais que nos contratem para realizar o projeto, são resistentes em abrir-se, especialmente sobre questões mais pessoais e íntimas. Muitos também tem uma dificuldade gigantesca em definir-se com relação a estilos: lembre-se que a grande maioria das pessoas que não trabalham com áreas correlatas à nossa são leigos sobre este tipo de coisa. Então não entupa os ouvidos deles com palavras técnicas.

Para este tipo de cliente o melhor, na maioria das vezes, é pedir que eles folheiem revistas e tragam recortes de ambientes, móveis, cores, acessórios e etc que eles gostem. Através destes recortes você conseguirá traçar o perfil estético do seu cliente. Porém, estas imagens devem servir APENAS COMO REFERÊNCIA – jamais para cópia.

A pior parte – no meu ponto de vista – é a pessoal. Dificilmente uma cliente irá dizer que quer o seu quarto “quente”. Geralmente usam termos como “romântico”. É óbvio que ela não vai dizer de pronto que quer uma cadeira de dominação no quarto. Esse tipo de intimidade somente vai aparecer no decorrer das conversas.

DAS CONVERSAS sim! Pois o brieffing subjetivo é constante e NUNCA acontece numa única conversa. É uma ferramenta que deve ser utilizada durante TODO o processo, do primeiro contato até o pós ocupação.

Também, dificilmente os pais irão dizer que o filho ou a filha é gay (raramente isso acontece). Então o quarto da menina pode não ser tão rosa quanto você imagina e o do menino também pode não ser tão azul. Por isso é importante que você tenha contato com todos aqueles que serão os usuários e procure atender às exigências de cada um para o seu quadrado.

Outro elemento importantíssimo é com relação à vida social da família. Haverão recepções e festas na casa? e sim com que frequência? Qual o número de convidados normalmente?

Quem geralmente oferece muitas festas quer uma casa para mostrar (status-CUS). No entanto devemos alerta-los sobre o risco do projeto não refletir a personalidade, o “eu” da família e tornar-se um ambiente desagradável.

Bom, como podem perceber, essa segunda parte do brieffing é bastante complexa. É como uma construção: tijolinho por tijolinho. Pesca uma informação aqui, arranca à forceps outra ali e assim conseguimos IDENTIFICAR o cliente e, consequentemente, o projeto.

É como escrevi no início: não se desespere. Isso você só vai dominar com o tempo, com a experiência.

Insista, invista e contrate um Designer de Interiores/Ambientes.

Vivemos um período onde cada dia mais o mercado exige profissionais especializados e não cabem mais aqueles generalistas. Assim como na medicina existem diversas especialidades (cardiologia, dermatologia, irologia, etc etc etc), nas áreas de engenharia e arquitetura também aconteceu isso.

Das necessidades cada vez mais específicas e personalizadas nos projetos um novo profissional surgiu: o DESIGNER DE INTERIORES/AMBIENTES.

Bem diferente do que se escrevem, dizem e pregam por aí – “O designer onera uma obra, é um profissional incompleto e limitado, etc,etc,etc” – pode ter a certeza de que este profissional foi devidamente treinado para otimizar os espaços e os custos.

O DESIGNER aprende durante 2,5 a 5 anos universitários (e outros tantos mais de prática profissional através de estágios e mercado) sobre a melhor maneira de otimizar os espaços arquitetônicos para que atendam às suas necessidades de uso diário. Esta otimização pode referir-se à um novo layout, à iluminação, à ventilação, à circulação ou à uma mistura disso tudo, sempre preocupado com o usuário e suas necessidades REAIS. Uma das premissas do profissional de Design é o trabalho desenvolvido através dos conhecimentos de ecologia, sustentabilidade e eficiência energética.

Sim, o DESIGNER também minimiza instalações (elétrica, hidráulica, esgoto), projetando suas interligações para que todos os elementos sejam compatíveis. Ele une estética e função seja em projetos de interiores ou exteriores.

O DESIGNER desenvolve um projeto executivo a partir do anteprojeto – que é apenas a parcela que o leigo re(conhece) -, onde os detalhamentos (de alvenaria, esquadrias, carpintaria, mobiliários, revestimentos, cores, texturas, etc etc etc) viabilizam a construção.

O DESIGNER acompanha toda a execução da obra. Assim ele tira as dúvidas dos operários envolvidos e soluciona as novas demandas (alterações) dos proprietários em tempo hábil, para que o cronograma não seja prejudicado. É também o coordenador dos projetos complementares como paisagismo, luminotécnica e sonorização.

Portanto, INSISTA no DESIGNER!

Se você vai construir, é importante contratar este profissional desde o início para que ele possa trabalhar junto com o arquiteto que construirá o seu sonho. Por mais que o arquiteto não queira, INSISTA no DESIGNER! É o DESIGNER que tornará o seu sonho usável, acessível, esteticamente agradável e aconchegante.

INVISTA NO DESIGNER!

Se você vai fazer alguma intervenção (projetos, obras, reformas), seja residencial, comercial ou institucional, de pequeno ou grande porte, INVISTA e CONTRATE um DESIGNER.

Ele é o profissional mais apto a solucionar as suas demandas, a deixar o projeto “com a sua cara” e atender ÀS SUAS NECESSIDADES pois estudou especificamente para isso.

Afinal, sua casa não é produto descartável, e seu tempo é precioso e o seu dinheiro não floresce em árvores.

Insistir, investir e contratar um DESIGNER é ter a certeza de que o seu investimento e os seus sonhos serão realizados.

Dúvidas sobre iluminação (LD)?

Estava eu pesquisando pela web quando me deparo com o título de uma matéria no site de uma revista. Fui ver e, logo de cara já me deparei com absurdos, desinformação e erros contidos no texto.

Então, vamos arruma-lo e escrever a VERDADE sobre o tema iluminaçãoe corrigir pontos falhos?

Mãos à obra!!!

1. Qual o papel do projeto luminotécnico?
O papel da iluminação é valorizar o trabalho do arquiteto ou do designer de interiores sempre atendendo as necessidades do cliente.
Nele são planejados os circuitos de luz considerando o uso que se faz de cada espaço e as necessidades de quem o ocupa. Deve levar em consideração os aspectos humanos, estéticos, arquitetônicos, financeiros e ambientais. Por exemplo, a manutenção precisa ser fácil e de baixo custo e os elementos escolhidos devem partir dos cuidados eco-sustentáveis.
Compõe-se de projetos (plantas, cortes, perspectivas e detalhes) memorial descritivo (especificações de lâmpadas, luminárias e demais equipamentos), e orçamentos.

2. Em qual momento deve-se pensar nesse projeto?
Aqui temos duas situações distintas:
A – Construção: o ideal é que o lighting designer seja contratado no mesmo momento que o arquiteto, ainda na concepção da idéia da edificação, pois as escolhas dos equipamentos e tipo de iluminação interferem em outras partes da construção, como no planejamento elétrico e até mesmo na alvenaria – no caso de iluminação arquitetural.
B – Reforma: idem ao anterior, logo no início da fase de pensar o projeto. Porém aqui o trabalho é mais complexo pois a construção já está levantada e as intervenções são mais difíceis – mas não impossíveis.Há limitações e as intervenções são realizadas se possível. Edificações já construídas possuem algumas condicionantes de estrutura, hidráulica e elétrica. O profissional da obra terá de avaliar o que já existe e o que poderá ser feito naquelas condições. Existem no mercado produtos que foram desenvolvidos para aumentar as possibilidades de intervenções nestes casos.

3. Por onde iniciá-lo?
Nas necessidades dos usuários para cada ambiente. Nestas necessidades o profissional deve ser capaz de captar inclusive como cada membro da família responde à luz, necessidades individuais e coletivas. etc. Jamais deve-se começar pela escolha de lâmpadas e luminárias. O planejamento luminotécnico faz parte do projeto de interiores (design ou arquitetura pura) e para isso o profissional considera as particularidades de cada ambiente, as atividades exercidas ali, sem se esquecer da incidência da luz natural e como aproveita-la da melhor maneira possível.
Depois desse levantamento, é hora de interpretar essas ideias e colocá-las no papel.

Fonte: Zeospot.com

4. Quem contratar?
Profissionais formados em arquitetura, engenharia, ou design de interiores/ambientes possuem conhecimentos básicos sobre iluminação e elétrica, o bê-a-bá.
O ideal é colocar o projeto de iluminação (lighting design) nas mãos de um profissional especializado na área.
Hoje no Brasil já existem profissionais especialistas em iluminação que são conhecidos como Lighting Designer.
Com a contratação de um especialista certamente o seu projeto irá atender as suas necessidades, ser bastante autoral e refletir a personalidade do usuário. Além da grande vantagem de não correr o risco futuro de ter em mãos um projeto que não funciona direito e/ou vive dando problemas.
Tenho visto com tristeza – por falta da regulamentação profissional – vários profissionais dizendo que são lighting designers, arquitetos de iluminação e designer de iluminação sem ter a devida especialização. Estão tentando “pegar a onda” deste novo mercado mas não tem a devida especialização e conhecimento necessários.
Assim como num emprego comum, caso você se sinta inseguro(a) com o profissional, exija a apresentação de seu currículo completo (incluindo certificados e diplomas).
Dica: Um especialista consegue explicar a iluminação usando uma linguagem simples, sem o uso exagerado dos termos técnicos para “vomitar conhecimento”.

5. O projeto luminotécnico pode ser feito pelo mesmo arquiteto/designer que está fazendo os projetos para a minha casa/empresa?
O ideal é que não seja o mesmo profissional.
Isso serve tanto para projetos arquitetônicos quanto de design de Interiores/Ambientes.
Profissionais de arquitetura e de interiores que primam pela qualidade de seus projetos possuem parcerias com profissionais especialistas, dentre eles os lighting designers.
Assim como a medicina, a arquitetura e o design tem se fragmentado em especialidades e o lighting design é uma delas.

6. Como dimensionar a elétrica da casa/empresa pensando no projeto luminotécnico?
Novamente temos duas situações distintas aqui: à construir e já construída.
1 – à construir: o projeto de iluminação deve ser feito antes, pois traz as especificações de lâmpadas (tipo, potência e voltagem) e equipamentos (transformadores e reatores) que o engenheiro elétrico irá utilizar para elaborar o sistema elétrico (carga, especificação, distribuição, etc).
2 – já construída: numa reforma, pode-se trabalhar de duas formas: para evitar sobrecarga avalia-se a construção identificando qual carga há disponível e fazer a quantificação/distribuição desta entre as luminárias e equipamentos elétricos (geladeira, fornos, computadores, etc). Também há reformas que permitem a ampliação desta carga, mas isso deve ser realizado por um profissional especializado, preferencialmente engenheiro elétrico. Ele também irá orientar sobre como reforçar a instalação elétrica caso necessário.

7. Quais as consequências de fazer o projeto luminotécnico com a casa pronta?
Basicamente o custo que irá ficar um pouco mais alto. Depois devo lembra-los também que ele será mais trabalhoso exigindo a contratação de mais profissionais (pedreiros, gesseiros, pintores, etc).
Isso se deve ao fato de termos de quebrar muito do que foi construído ou executar adaptações – como trabalhar com gesso, por exemplo.
Porém, mesmo com a edificação finalizada, as opções de soluções integradas com a arquitetura são possíveis. Nesse caso, é imprescindível a contratação de um profissional especializado em iluminação.

8. Quando devo pensar na automação?
Se você pensa em usar automação para a iluminação é bom conversar com o profissional logo no inicio.
Assim ele pensará em toda a parte estrutural necessária para a instalação dos equipamentos e fará o projeto para atender as necessidades técnicas dos equipamentos levando em consideração também a usabilidade. Assim, no momento da obra esta estrutura (dutos, calhas, etc) já serão implantadas independente se o sistema irá ser instalado imediatamente ou, por causa do alto custo, futuramente.
Pense sempre que se você optar por instalar futuramente e não tiver a estrutura pronta terá de quebrar tudo de novo para conseguir passar o cabeamento. Mais trabalho, mais transtornos, mais custos.

9. Quantos pontos de luz são necessários para cada espaço?
Existem profissionais que dizem que alguns aspectos devem ser considerados, tais como o tamanho do ambiente, o pé-direito, as cores que predominam no local (do acabamento e dos móveis), a maneira como o espaço é utilizado (por exemplo, para leitura ou para assistir televisão) e o modo de vida dos moradores.
Eu já prefiro dizer que o que vai definir isso é a necessidade do usuário aliada aos conhecimentos técnicos e estéticos do profissional e a sua relação com o ambiente a ser iluminado.
Já vi ambientes ricamente iluminados com uma ou duas luminárias que atendiam perfeitamente as necessidades dos usuários.
Existem normas técnicas para a iluminação, mas como diz Howard M. Brandston regras e normas num bom projeto de iluminação são feitas para rasga-las e joga-las no lixo.
Mas calma, isso só é feito por profissionais realmente especializados e que entendem do assunto. Profissionais que não precisam ficar correndo atrás de números técnicos para “não errar”.
O cálculo de quantidade de lâmpadas de acordo com as normas técnicas é necessário em obras comerciais – como lojas, clínicas e escritórios – pois estes ambientes precisam de uma iluminação mais forte, precisae em alguns casos, específica.
Quando você ouvir um profissional falando que tem de ser implantado um sistema com uma determinada quantidade de lux para determinada tarefa, desconfie.

10. Quais os principais erros?
Eu já fiz um post aqui no blog entitulado Lighting – erros básicos.
Porém vale lembrar aqui de erros mais que comuns que vejo diariamente nos mundos real/virtual/midiático:
– encher o teto de spots – pra que????
– iluminar excessivamente o local – ofuscamento…
– eliminação do maior numero de sombras possível – a luz sem sombra fica morta e chata…
– iluminação que causa reflexos em superfícies espelhadas, envernizadas, cromadas, etc.
– uso de lâmpadas inadequadas para o pé direito/uso – AR111 em pé direito de 4m (ou inferior) ou sobre uma bancada de trabalho…
– projeções de sombras desnecessárias ou que “não deveriam aparecer.
– entre outros.

11. Quando uma iluminação pode ser considerada adequada?
Se ela atende à eficiência (visibilidade suficiente, baixo consumo elétrico, etc), praticidade funcional (manutenção simples, não esquente o ambiente, manuseio de controles, etc) e prazer sensorial (boa estética e conforto visual) pode ser considerada boa.

12. De que forma a luz interfere na maneira como enxergamos os objetos e os ambientes?
A nossa visão é dependente da luz, por mínima que seja. Logo, ela altera a nossa percepção do espaço e suas formas, cores, brilho, volumetria, sombras, contornos.
A luz também influencia na fisiologia e na psicologia humana.
Por isso é fundamental que o profissional contratado para realizar o projeto de iluminação seja um especialista pois somente ele detém os conhecimentos técnicos e estéticos para atender as necessidades dos usuários de maneira coerente e correta.

13. Que recursos são possíveis para iluminar um ambiente?
Hoje há uma gama enorme de produtos para iluminação e todos são aplicáveis em praticamente todos os ambientes.
Tipos de luminárias: spots, arandelas, lustres, pendentes, projetores embutidos no piso ou no teto, balizadores, washers entre outros. Também existe dentro dos recursos de iluminação o built-in (embutidos em sancas, móveis, painéis, etc) que geram belos efeitos e são também eficientes..
Ficaria muito extenso reunir aqui nesta pequena resposta todas as possibilidades.

14. Como harmonizar o uso desses recursos em um mesmo ambiente?
Cada tipo de iluminação (direta, indireta, direta/indireta, built-in, etc) tem uma função. Mas profissionais que realmente entendem do assunto conseguem brincar com estes equipamentos criando novas aplicações para os mesmos sem alteração de sua qualidade ou vida util.
O que você tem de pensar é que a iluminação virá para coroar o ambiente dando o toque final necessário e valorizando elementos.
O uso do jogo luz e sombra é fundamental para que um projeto fique agradável e bonito.E é através deste jogo que o profissional de iluminação – o lighting designer – vai brincar com o espaço como se fosse uma tela e ele o pintor. As lâmpadas, luminárias e equipamentos são as suas tintas para concretizar efeitos cênicos e eficientes.

15. O que fazer em áreas integradas?
Em áreas integradas o ideal é optar por uma iluminação versátil, com circuitos independentes e que possibilite alteração no layout (trilhos e spots direcionáveis). Assim o usuário poderá criar diversos cenários de acordo com o uso de cada cômodo.

16. Que recursos adotar em um escritório em casa?
Você deve pensar da seguinte maneira:
– se quer um ambiente para relaxar use luz com temperatura de cor mais quente.
– se quer um ambiente para produzir, use lampadas com temperatura de cor mais fria.
O ideal é fazer um mix distribuindo as lâmpadas com diferentes TC em diferentes luminárias pelo ambiente.
Claro que, sobre a sua área de trabalho, o ideal é optar por uma luminária de mesa com luz mais fria (branca).
Prefira investir sempre em lâmpadas que usem transformadores/reatores pois assim elimina-se a oscilação que causa fadiga visual e diminui a produtividade.

17. As lâmpadas fluorescentes são desaconselháveis em áreas sociais?
De maneira alguma.
O profissional que realmente conhece sobre iluminação saberá utiliza-las de maneira correta, eficiente e esteticamente perfeitas.
Desconfie de profissionais que dizem o contrário.

18. Por que as incandescentes continuam sendo as mais adotadas?
Principalmente pelo baixo custo e facilidade de instalação.
Mas elas apresentam curta durabilidade, alto consumo de energia, pouca diversidade em tamanhos e modelos além de não ter a opção de temperatura de cor diferentes.
Estas lâmpadas já estão sendo proibidas em diversos países e aqui no Brasil a sua “morte” está agendada para 2016.

19. Onde usar lâmpadas halógenas?
São mais indicadas quando se quer excelente qualidade de luz e sombra, pois valorizam os objetos iluminados.
Lembre sempre que qualquer lâmpada halógena aquece o ambiente e possui alta emissão de raios UV que causam danos nas superfícies iluminadas e podem também causar danos à saúde se mal locadas nos projetos, como o câncer de pele. Portanto o que vai especificar estas lâmpadas são, principalmente, a distância da área iluminada, pé direito e acessórios (filtros).

20. Os tons dos acabamentos interferem na sensação de luminosidade?
Sim pois as cores são refletidas pela luz.
Superfícies claras e brilhantes refletem. Dão a falsa sensação de que o ambiente pareça ainda mais iluminado.
Os cromados e espelhados tendem a produzir reflexos que, se não pensados e observados pelo projetista, podem estragar todo o efeito do projeto de iluminação.
nestes dois casos o cuidado deve ser também com relação ao ofuscamento.
Toda superfície com cor acaba por, em maior ou menor grau, refletindo a sua cor para as áreas proximas. Coloque um pano vermelho junto a uma parede branca e jogue o facho de uma lanterna sobre ele e veja o que acontece. A parede próxima não ficou levemente avermelhada?
Então, o projeto de iluminação deve pensar no sentido de que a cor de um objeto ou superfície não interfira no ambiente – salvo se isso for intencional.

21. Como usar cor na iluminação?
Existem hoje no mercado lâmpadas coloridas, leds e acessórios como as gelatinas e lentes que podem ser acopladas em uma luminária e algumas luminárias já dispõem de “garras” para a colocação destes elementos.
Mas é preciso tomar muito cuidado com o uso destes acessórios e os mesmos somente devem ser comprados com a consultoria e orientação de um profissional especializado pois o tom da lâmpada aliado ao tom da lente interferem na percepção do ambiente. Cuidado pois se o profissional não souber utilizar as cores, pode estragar todo o projeto.

22. Que cuidados tomar em áreas externas?
Ponto fundamental: uso de equipamentos com proteção IP igual ou superior a 66 (proteção contra chuva e outros agentes externos).
Distribuir as luzes coerentemente: áreas são para circulação com luz suficiente para enchegar onde pisa, de convivência com iluminação suficiente para o uso, e a iluminação paisagística/arquitetônica que devem destacar o que há de melhor na área. Todas estas devem ser integradas num mesmo estilo. Outro ponto importante é com a instalação elétrica que deve ser embutida em conduítes e enterrada para evitar acidentes.

Fonte: Junior Barreto estúdio Fotográfico

23. Que soluções atendem à piscina?
Por segurança recomenda-se o uso de lâmpadas de baixa voltagem (de 12 volts) para não haver riscos de choques elétricos.
Existem no mercado hoje além das lâmpadas convencionais sistemas como a fibra óptica e o led.  Ambas tem baixo consumo durabilidade maior (vida útil).
Nestes sistemas também é possível programar trocas de – você não só ilumina como também modifica a coloração da água ou qualquer elemento iluminado por estes sistemas.

24. Cada ambiente tem um tipo de luminária adequado? Por exemplo, lustre para salas, abajures para quartos, etc?
O tipo de iluminação determina a lâmpada, e esta determina qual a luminária mais adequada.
Os cuidados maiores devem considerar:
– áreas úmidas: luminárias adequadas e com isolamento/proteção. Estas não devem deixar a lâmpada exposta à umidade e outros agentes. Spots embutidos no box por exemplo.
– áreas sociais: vai depender dos efeitos desejados tomando sempre os cuidados para evitar os erros comuns (questão 10). Trabalha-se bastante com spots embutidos (direcionáveis ou não), abajoures, pendentes e arandelas. Para a mesa de jantar é bastante comum (modismo) utilizar pendentes sobre a mesma mas tome muito cuidado com ofuscamento, tipo de làmpada e para que a luminária não obstrua visão de uma pessoa em pé para o outro lado da mesa.
– áreas de trabalho: luz geral, de trabalho e decorativa. Cuidado com ofuscamento e escolha da lâmpada – especialmente a da bancada de trabalho. Plafons, spots e luminárias de mesa. Se houver um canto para leitura uma boa opção é umaluminária de coluna ou arandela de leitura articuláveis.
– quartos: pedem uma luz mais aconchegante. Plafons, pendentes, abajoures. Muito cuidado com spots sobre a cama pois imagine que quando você estiver deitado(a) a luz estará incidindo diretamente sobre seus olhos.
– áreas com armários: a iluminação deverá promover a perfeita visualização do interior dos armários. Plafons, spots, embutidos, etc.
– idosos e crianças: cuidados especiais com as áreas de circulação, BWC e de maior uso.
Bom, não existem regras fixas para iluminar um ambiente. O importante é considerar o gosto/uso dos usuários e ter bom senso.

Fonte: Magazine Enlighter

25. Quais as áreas de atuação de um especialista em iluminação?
O profissional especializado em iluminação – o lighting designer – está habilitado para realizar com eficiência e qualidade projetos de:
– Iluminação Residencial
– Iluminação Comercial
– Iluminação Corporativa
– Iluminação Paisagística
– Iluminação Pública
– Iluminação Esportiva
– Iluminação de Eventos
– Iluminação para Publicidade
– Iluminação Cênica
– Design de Produtos
– Educação superior e pesquisa

Tem ainda mais alguma dúvida?

É só postar nos comentários aqui embaixo que respondo ok?

Abraços corretamente iluminados!!!

Trens metropolitanos e inter-urbanos

Ha muito que venho observando os investimentos públicos e privados nos sistemas de transportes com trens – trem e metrô -motropolitanos e inter-urbanos.

Infelizmente não há avanços nem alterações enfáticas que visem solucionar realmente os problemas. O que vemos são um conjunto de soluções paliativas que resolvem os problemas por algum tempo, mas logo depois tudo fica como antes. Não quero entrar no entando, no “campotécnico” e “burrocrático” da coisa, prefiro ater-me ao senso estético utilizado aqui no Brasil e lá fora.

Começo pelos veículos propriamente ditos. Os metrôs e trens precisam ser realmente aquelas geringonças quadradinhas, feias, cinzas e sem graça? Porque os carros tem de ter aquela frente quadrada e reta? Porque os vagões tem de ser sempre iguais? Porque geralmente cinza/metálico? Porque os trens ainda tem de rodar sobre rodinhas provocando toda a trepidação e desconforto, solavancos que por vezes chegam a derrubar passageiros dentro dos vagões? Como vemos existem muitos porquês ainda além destes citados.

Porque não se aplicam cores, arte urbana, adesivagem, copias de arte usadas de forma educacional? Porque o carro nao pode ser mais arredondado e bonito no estilo daqueles trens que vemos no exterior? Aqui também podemos apontar incontaveis soluções que, além de embelezar, poderiam servir como fonte educativa/informativa através da exposição de arte aplicada – adesivada ou pintada – ou ainda informativa sobre eventos culturais/educativos. Não digo publicidade pois fatalmente cairíamos na poluição visual e isso vai na contramão do que pretendemos: o embelezamento urbano.

Observe o trem do trem de Metrô abaixo:

Mas este processo nao fica restrito apenas aos trens e metrôs, isso teria de ser aplicado já dentro das proprias estações. Um bom exemplo está no post Estações: Westfriedhof, Munich Germany aqui mesmo no blog.

ou então, veja o exemplo das 165 estações (!!!!) de Moscovo:

 

E agora observe as nossas:

Nossas estações e plataformas são horríveis – salvo raras e novas excessões. As bilheterias são péssimas, banheiros piores ainda, plataformas medonhas e que não contribuem com o bem estar dos usuários.

Muitos podem alegar – e até eu mesmo fui pessimista no post citado acima – que o vandalismo é o contra que impede este tipo de ação. Porém fiquei pensando sobre isso e vou concluir sobre este assunto no final deste post.

Já na parte interior dos trens e metrôs o que vemos é uma repetição de erros comuns, esteticamente falando. As empresas responsaveis parecem não se importar nem com a estética e nem com o bem estar dos usuários. O que vale é quanto mais usuários caberão nos vagões. O que vemos dentro dos trens são sempre as mesmas poltronas/bancos, o mesmo tipo de informação visual – por vezes confusas, uma total e absoluta frieza e dureza estética, entre vários outros fatores que podemos observar facilmente andando em qualquer um dos trens.

Os equipamentos internos geralmente são comuns, simples. As cores idem e repetem-se à exaustão. Os sistemas de segurança confusos e incompletos. Há muito o que se fazer para melhorar o sistema de transporte por trens aqui no Brasil.

Ao olharmos para os interiores dos vagões, a primeira sensação que temos é a de frieza, impessoalidade. Eu sempre que entro num trem ou metrô me remeto a cenas de filmes como Blade Runner onde o que importa são as máquinas e não o ser humano. É desconfortável.

O Metrô do RJ parece que está querendo mudar um pouco isso, mas ainda está longe de ser o ideal:

Apesar da mudança estética, mantem-se a máxima: maior número de usuários por cm².

Isso sem contar na absoluta falta de educação da maioria dos usuários. São jovens sentados em bancos destinados a idosos e ocupando espaços destinados a portadores de deficiências, um empurra empurra danado, riscos de assaltos entre vários outros fatores humanos.

Dentro de nossa área, Design de Interiores e Ambientes, podemos trabalhar em qualquer uma das citadas acima. Na verdade, esse todo exposto faz parte de um projeto global de melhorias que podem sim ser projetados por um Designer. Alguns pontos que podemos implantar visando a melhoria:

Nas estações:

Interiores: mais leves e humanizados, menos cinza-concreto, menos quadrados.

Iluminação: mais eficiente, menos ofuscante ou ausente.

Equipamentos: bancos, lixeiras, painéis informativos, catracas, segurança, etc.

Embelezamento: aplicação de arte, literatura, musica, exposições itinerantes, propor uma mudança radical nos projetos arquitetônicos e de engenharia visando a melhoria estética dos espaços.

Bilheterias: mais funcionais e esteticamente degustáveis. 

Segurança: implantação de sistemas de monitoramento remoto por câmeras, detectores de metais e outros, etc.

Ainda existem várias outras ações que podemos implantar, é só observar.

Nos carros:

Gráfico: implantação de projetos gráficos que valorizem as artes, a literatura, a educação excluindo contrapondo com as linhas sempre retas e repetitivas dos vagões.

Cores: aplicação de cores nos vagões como forma de suavizar  a frieza do metal.

Modelos: propor novos modelos com formas mais suaves ou utilizar os modelos já existentes no mercado exterior.

Intervenções: ampliando janelas para melhorar a visão para o externo quando em áreas não subterrâneas, tetos panorâmicos entre outros. Incluem-se aqui ações voltadas a reduzir o atrito, solavancos, barulho, etc.

Nos vagões:

Poltronas mais confortáveis e em maior número, mesmo que isso signifique menor numero de passageiros por vagão. Fala sério, as empresas faturam e muito bem com a quantidade de usuários. Poderiam investir numa maior quantidade de carros tranquilamente.

Beleza estética e nos materiais utilizados dentro dos vagões, nos acabamentos. Mais cor e alegria para os usuários que são trabalhadores e merecem um minimo que seja de conforto.

Cultura tomando o lugar da publicidade. Arte, literatura, música, etc podem tranquilamente servir de ferramentas pró-educação. Ao contrário da publicidade que só polui.

Acústica: quem não se estressa ou irrita com aquele barulho infernal?

Equipamentos como as barras e ganchos de segurança (pegada) mais ergonômicos.

Iluminação: menos fria e dura, uma iluminação que contribua para o embelezamento interno e o conforto dos usuários.

Segurança: implantação de sistemas de monitoramento remoto por câmeras. Com isso, fica fácil a identificação por imagem de vândalos e marginais. 

Como se vê, existem várias intervenções que podemos realizar nos trens e metrôs com a finalidade de melhorar a qualidade dos serviços prestados e ao mesmo tempo, trazer uma qualidade e bem estar aos usuários.

Sei que podem parecer utópicos alguns pontos, porém temos de analisar estes por outro lado: gestão pública.

A culpa deste sistema ruim que temos vem das péssimas administrações publicas anteriores e atuais. Sabemos que no Brasil há muita corrupção, verbas publicas são desviadas e embolsadas por alguns, os projetos são mega-faturados entre varias outras coisas. É exatamente aqui que está o  ponto X de toda esta problemática.

Se tivéssemos políticos realmente preocupados com um projeto de cidade, de estado, de país e não com projetos pessoais, partidários e de coleguismos certamente o nosso país seria muito melhor e estaríamos já ha bastante tempo no primeiro mundo.

De acordo com o Dr. Bianco Zamora Garcia, prof. de Ética do Mestrado de Direito da UEL, estas questões envolvem políticas publicas que orientam a gestão da cidade na sua totalidade. Entretanto, as políticas públicas se apresentam como reféns da sazonalidade de governos mais preocupados com sua visibilidade do que com a cidade. Enquanto as políticas públicas se constituírem estratégias de governabilidade (e reduzidas a elas), nada podemos esperar sobre implemento de ações efetivas e de impacto duradouro. Para estabilidade e eficácia das políticas públicas, inclusive aquelas que envolvem a gestão da cidade, importa que estas se tornem políticas estratégicas  de Estado, elaboradas de modo efetivamente democrático pela sociedade (esfera pública), cabendo aos sucessivos governos apenas a sua execução sob controle social das instituições organizadas em conselhos representativos, de caráter público.

Portanto, a defesa do patrimônio público e, consequentemente, de todas estas alterações possíveis cabe única e exclusivamente à administração pública. É ela que terá de, por exemplo, aumentar o efetivo policial nas estações reprimindo, assim, a ação de vândalos que depredam o patrimônio público, bem como atuar firmemente na educação para formar cidadãos conscientes de que, da porta da sua casa pra fora, o mundo não é “a casa da mãe Joana” onde se pode fazer o que quiser.

E cabe a nós Designers – e a qualquer outro profissional – termos consciência de que além de profissionais, somos antes de tudo cidadãos e que temos o dever de cobrar das administrações públicas que estas e outras ações sejam implantadas.

Você sabe o que é Design?

Este é especial!

Produzido pela Rede Gaúcha de Design, o vídeo mostra claramente o trabalho de um Designer e todo o processo que este engloba. É um excelente vídeo para ser mostrados àqueles clientes que viram para você e dizem: “Tudo isso? Más é só fazer uns deseinhos aí no papel…”