CURSO: DESIGN DE SERVIÇOS APLICADO AO DESIGN DE INTERIORES

Uma das pautas que sempre defendi – e continuo insistentemente defendendo – diz respeito ao uso das ferramentas do DESIGN no processo de projeto no Design de Interiores.

Se ousamos utilizar o termo “DESIGN” precedendo o “de Interiores” como nome de nossa profissão, precisamos fazer jus a isso de uma forma bem simples: SENDO designers, literalmente.

A academia, de um modo geral, tem falhado muito nisso. E isso tem uma fundamentação: a quantidade massiva de não-designers nos corpos docentes dos cursos, especialmente nos de tecnologia. A maioria esmagadora desses professores não sabem o que é Design e não estão nem um pouco afim de saber. Preferem a sua zona de conforto a encarar uma especialização ou um novo curso para aprender realmente do que deve ser ensinado em salas de aulas.

E assim se perpetua nos cursos o repasse massivo de práticas e padrões projetuais que não são do Design. Acaba virando um arremedo de alguma coisa da Arquitetura que, honestamente, nem deveriam existir em nossos cursos. Arquitetura apenas quando o objeto base do projeto é o arquitetônico. Talvez por isso os professores recusem as ideias dos alunos de trabalharem com outros objetos base como transportes, por exemplo.

Daí surge a necessidade urgente da criação desse curso, destinado a estudantes e profissionais de Design de Interiores.

Alguns afirmam que as análises feitas durante o briefing e o programa de necessidades (PN) são suficientemente abrangentes para entender, também, os serviços prestados. De certa forma, sim, mas apenas parcialmente. Porém, questões primordiais diretamente ligadas aos serviços prestados pela empresa X e consumidos pelos clientes não conseguem ser levantados pelo briefing nem pelo PN. São pontos muito específicos dessa relação empresário<>funcionários<>clientes que necessitam de um olhar mais atento e cuidadoso que somente através da ampla abordagem do DS conseguimos atingir.

Alguns designers de interiores alegam que essa não é atribuição de nossa área e que devemos indicar algum profissional especializado nisso. Porém, como identificar se existem problemas nos serviços prestados se não se sabe como chegar até eles, identificando-os corretamente? Vale lembrar que no briefing existem questões “não ditas” e que só descobrimos com o andar do projeto.

Existem questões relacionadas ao atendimento. Nesse aspecto concordo que devemos sim indicar algum profissional especializado que irá analisar profundamente os mesmos afim de encontrar as melhores soluções. Mas nesse ponto fica a questão: como nós podemos identificar tais problemas se acreditamos que “isso não faz parte de nossas atribuições” e não damos a devida atenção aos mesmos?

E, identificados, como você irá se dirigir ao empresário para mostrar tais problemas e indicar a real necessidade da contratação de um outro profissional? Nesse sentido, na Netflix tem uma série curta da Mary Portas que mostra bem esse tipo de coisa.

Mas existem os problemas espaciais, ambientais e estéticos que também influenciam na prestação de serviços. E é exatamente aqui que devemos focar o nosso olhar enquanto DESIGNERS de interiores. Nesse sentido, abro o curso pedindo o seguinte aos alunos:

“A partir desse momento, esqueçam que vocês são designers de interiores, principalmente as práticas formais e tradicionais de projeto que aprenderam e vem utilizando até agora. De agora em diante, deixem suas mentes livres de barreiras e permitam um olhar holístico sobre os problemas apresentados para que a criatividade flua. De agora até o final do curso vocês são DESIGNERS!”.

Isso é fundamental para que os alunos consigam mergulhar devidamente no processo do curso.

Seja em problemas encontrados no layout, na ergonomia, na estética, no conforto, na segurança, nas sensações e emoções despertadas em todos os usuários envolvidos ou em qualquer outro aspecto do projeto, o nosso olhar deve estar atento a tudo isso para que consigamos realizar uma profunda análise do problema afim de garantir a melhor experiencia aos usuários.

É exatamente nesse sentido que trabalho esse curso. Pode ser em um salão de beleza ou em uma padaria, a pergunta é a mesma: como podemos garantir que através dos serviços prestados essa experiencia do usuário, física ou sensorial, seja positiva e garanta a fidelização de clientes, a publicidade positiva boca-a-boca através de elogios feitos pelos clientes a terceiros e, ao mesmo tempo, garantir a satisfação dos funcionários e os lucros da empresa?

É nessa pegada que levo esse curso. E garanto que, após muito estudo sobre o tema, a afirmação de terceiros apontada no início desse texto de que “já fazemos isso através do briefing” não é verdadeira. Tudo são engrenagens que fazem parte de uma grande máquina chamada empresa. Se uma está com defeito ou fora do ponto exato, já era.

Afinal, acredito que ninguém aqui seja irresponsável ao ponto de desejar ver o seu cliente gastando uma fortuna em um projeto que não irá resolver os problemas e manterá a mesma sob o risco de uma falência.

Ficou interessado(a)?

Entre em contato, forme um grupo de até 20 pessoas e vamos aprender a analisar esses problemas e encontrar as melhores soluções para eles.

Carta aberta ao Senado Federal.

Prezado(a) Senador(a),

Novamente venho pedir a atenção especial dos Senhores e Senhoras para a nossa causa.

Somos milhares de Designers de Interiores em todo o Brasil mobilizados pela regulamentação da nossa profissão. O PLC 97/2015 já se encontra na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) desta casa aguardando a votação pela mesma.

Precisamos do seu apoio na regulamentação de nossa profissão!

Caso o(a) Senhor(a) faça parte da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), solicitamos que vote favoravelmente ao PLC 97/2015 para que possamos exercer nossa profissão com dignidade. Caso não faça parte desta Comissão, nos ajude junto a seus pares para que votem favoravelmente pela regulamentação de nossa profissão.

Lembramos que essa é uma das atividades que mais cresce no país. Hoje, somos mais de 100 mil designers de interiores formados atuando profissionalmente em todo o Brasil. A cada ano, cerca de 6.500 novos profissionais entram no mercado de trabalho após concluir seu curso de nível técnico ou superior. Aqui no Brasil contamos atualmente com mais de 190 escolas e universidades formando estes profissionais de acordo com as Diretrizes do MEC.

Os trabalhos desenvolvidos por mais de 100 mil profissionais injetam cerca de 60 bilhões/ano na economia de nosso país. Estes números comprovam a importância social e econômica dessa atividade e já justificariam a regulamentação da profissão.

Mas a sociedade exige mais que isso. E nós também.

Queremos assumir, de fato e de direito, os deveres e as responsabilidades inerentes ao pleno exercício de nossa profissão, inclusive o de sermos fiscalizados por um órgão próprio.

Entendemos que esse também  é um direito de quem contrata um Designer: que o profissional seja responsável pelos seus projetos. Trabalharmos com contratos muito bem elaborados juridicamente, resguardando os direitos e deveres do profissional e do cliente bem como a nossa sobre a responsabilidade técnica de nossos projetos. Além disso, consta em nosso Código Civil a questão da Responsabilidade Civil que é indicada em nossos contratos. Mas a Responsabilidade Técnica (registro em órgão de representatividade da classe profissional) faz-se necessária assim como ocorre com as Engenharias (ARTs) e a Arquitetura (RRTs) para que seus conselhos possam, de fato, tomar as medidas necessárias com relação a profissionais que causem danos aos clientes e à sociedade como, por exemplo, a cassação do direito ao exercício profissional assim como acontece com outras profissões em seus respectivos conselhos.

Temos consciência da importância e do papel social e econômico da nossa profissão e o quanto podemos contribuir através de nossos conhecimentos na construção de um País melhor para todos, intervindo e transformando os diversos espaços utilizados direta ou indiretamente pelos usuários sejam estes uma edificação, uma embarcação, uma aeronave, um motorhome, uma praça, enfim, qualquer espaço que necessite de nosso trabalho para implantar, melhorar, revitalizar, atualizar, redestinar e reestruturar os diversos lugares utilizados pelos usuários, tornando-os seguros, funcionais, confortáveis, energeticamente eficientes, ecologicamente corretos e esteticamente agradáveis.

Ressalto também que a nossa área pode – e deve – ser aproveitada no âmbito social onde podemos contribuir no redesign (ou reuso) de residências, comércios, escolas, creches, asilos, orfanatos e todos outros ambientes da população de baixa renda demonstrando, portanto, a nossa responsabilidade social.

Ocorre que somos estamos sofrendo uma perseguição no mercado e na academia por profissionais e Conselhos que não fazem parte da área do Design, inibindo e atuando para impedir que a nossa área se desenvolva plenamente, assim como desenvolveu-se em outros países como EUA, Inglaterra, Alemanha, Japão, Portugal e outros tantos. Somos constantemente acusados de termos cometido erros que provocaram danos graves (desabamentos de edificações, por exemplo). Porém, em nenhum destes sinistros conseguiram identificar – provar – a atuação de um profissional devidamente habilitado em Design de Interiores/Ambientes. Encontram sim, pessoas que se autodenominam designers sem ter a devida formação acadêmica ou oriundas de outras áreas e que utilizam o título profissional livremente exatamente pela ausência da restrição ao uso da mesma. E isso tem provocado danos graves à nossa profissão e aos profissionais.

Para vencer esta árdua batalha e termos direito ao pleno exercício profissional, precisamos que nosso trabalho seja valorizado e respeitado. Infelizmente em nosso país, em áreas técnicas como a nossa, isso somente acontece através da regulamentação profissional que a torna legal perante a Lei. Já somos reconhecidos pelo MEC, MTE e outros órgãos. Porém, precisamos da regulamentação, da legalização jurídica de nossa profissão.

Contamos com o seu voto para que a profissão de Designer de Interiores seja, finalmente, regulamentada!

#RegulamentaJá!

Atenciosamente,

Paulo Oliveira

Designer de Interiores/Ambientes e Lighting Designer.

A FALÁCIA DO VETO À REGULAMENTAÇÃO DO DESIGNER

Por: Bianco Zalmora Garcia *

Eis alguns exemplos de profissões regulamentadas, dentre várias categorias: Arquivistas, Atuários, Bibliotecários, Economistas e Economistas Domésticos, Enólogos e Sommeliers,  Estatísticos, Leiloeiros, Guias de Turismo,  Meteorologistas, Artesãos, Publicitários, Taquígrafos, Técnicos de Arquivo, Técnicos em Biblioteconomia, Atletas profissionais de futebol, Corretores de Imóveis, Despachantes Aduaneiros, Músicos, etc.

Se considerarmos boa parte do rol das profissões regulamentadas podemos entender que a regulamentação não é exigida e tampouco determinada pelos eventuais danos à sociedade que uma ou outra profissão, em seu exercício, pode implicar cada qual a seu modo. A prevenção contra tais danos e suas responsabilidades devem ser contempladas normativamente no ato regulatório.

Há quem diga que nem toda profissão precisa ter uma regulamentação específica, pois a própria Constituição declara que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” (inciso XIII do artigo 5º), ressalvadas aquelas que possam implicar em riscos para a sociedade. Aliás, seria um contra-senso – em virtude de outros preceitos constitucionais – opor-se a esta ressalva, embora a mesma não conste nesse enunciado constitucional. O que importa salientar é que o veto presidencial reduz-se à tal ressalva como sua razão sem quaisquer esclarecimentos que possam fundamentá-la. Enfim, a premissa é tomada – por um embuste ilógico – na própria razão.

Considerando este argumento do “livre exercício profissional” e levando em conta muitas das profissões regulamentadas, incluindo algumas das supramencionadas, entendemos que essas, salvo engano, não oferecem nenhum risco imediato de danos para os seres humanos e para a sociedade. Ora, seria esta a razão de terem sido agraciadas com a regulamentação?

Entretanto, o que dizer daquelas profissões regulamentadas cujo exercício apresenta clara e potencialmente, de um modo ou de outro,  sérios riscos, tais como, por exemplo, Arquitetos, Biomédicos, Engenheiros, Químicos, Agrônomos, Médicos, Contabilistas, Advogados, Radialistas, Cirurgiões Dentistas, Aeronautas,  etc. Por que para estas profissões a ressalva – a tal “razão” do veto presidencial contra a regulamentação profissional do designer – não se aplica? A explicação é óbvia: para estas profissões a regulamentação se apresenta como ato normativo legítimo e, principalmente, necessário para disciplinar o exercício profissional, assegurando sua excelência e preservando, deste modo, os seres humanos e a sociedade de tais riscos, além de determinar responsabilidades e procedimentos de recurso. Diante disso somos forçados a reiterar o engodo do veto presidencial, cuja “razão” aventada não passa de uma mera premissa tomada arbitrária e falaciosamente como fundamento.

Neste sentido, só podemos atribuir à má-fé a utilização deste argumento falacioso e inapropriado para justificar o veto à regulamentação do designer. Quem insiste ardilosamente nesta falácia parece ser o CAU-BR nas suas tentativas de arrogar para os arquitetos as inúmeras competências profissionais específicas do designer, apesar de [os arquitetos] não terem, dentre outras, a formação teórico-prática e técnica adequada, consistente e suficiente para este exercício profissional específico. Além, talvez, de uma suposta e decorrente incompetência para a interdisciplinaridade, base necessária para operacionalizar interações/parcerias profissionais. Pela ausência dessa formação adequada, consistente e suficiente se pode entender, por analogia, que esse desvio profissional [a do arquiteto que “se acha” designer sem ser formado como tal] impõe potencialmente um grave risco de danos para a sociedade. O CAU-BR deveria olhar para seu próprio umbigo. Um pouco de “vergonha na cara” – além do respeito – não faz mal para ninguém: afinal, coerência consiste em uma virtude ética que convém para qualquer cidadã e cidadão numa sociedade democrática.

Diante de tudo isso, com base no inciso XIII do artigo 5º da Constituição, podemos inferir que a necessidade de uma regulamentação é determinada principalmente pelo seguinte propósito: acima de tudo, oferecer a segurança jurídica para o livre exercício profissional, contemplando direitos e deveres que lhe são inerentes. E, por sua vez, essa segurança jurídica implica na consolidação de uma identidade profissional e suas respectivas competências que exigem a construção de conhecimento específico pela pesquisa e o desenvolvimento de práticas formativas, instrucionais, técnicas e educacionais objetivando a excelência profissional.

Não obstante os lobbies corporativistas contrários, em razão de interesses escusos por uma reserva agressiva (abusiva) de mercado, o equívoco no argumento de veto da presidência em relação à regulamentação do designer está na alegação de um potencial risco de danos à sociedade no exercício desta profissão. Como muitas outras profissões regulamentadas, não se nega ao exercício profissional do designer a possibilidade de oferecer danos à sociedade. O absurdo é utilizar isso como justificativa para o veto quando o ato regulatório deve levar em conta esse risco impondo normas que o coibam e explicitem formas de controle e as responsabilidades. A justificativa, neste sentido, recai – reiteramos mais uma vez – numa descarada circularidade falaciosa: a do petitio principii. Adota-se como premissa do argumento a própria conclusão que se tenciona provar.

Em outras palavras – concluindo – o sub-reptício veto presidencial se enreda nessa falácia circular e, por este fato, apresenta-se desprovido de qualquer fundamentação. O que torna estranhamente duvidosa a sua intencionalidade.
A função da regulamentação é justamente a de garantir um exercício profissional seguro dentro de parâmetros normativos. Se levarmos às últimas consequências, por coerência e analogia, essa “razão” equivocada do veto presidencial na circularidade falaciosa do pseudo-argumento, seria impossível regulamentar a profissão de arquiteto e engenheiro, como exemplo dentre outras correlatas. Sem uma regulamentação, o exercício destas profissões traria potencialmente um grave risco para a sociedade.

Enfim,  o argumento simplista – senão medíocre e duvidoso (quanto a sua isenção) – que marca o veto da presidente decai para uma falácia oportuna. Assim resta-nos questionar: para quem interessa esta falácia presidencial? A quem serve?

(*) Bianco Zalmora Garcia, bacharel e licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e Graduado em Teologia pelo Instituto Superior de Filosofia e Teologia dos Frades Capuchinhos Paraná Santa Catarina. Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo e Doutor em Educação – Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo. Atualmente Professor Associado da Universidade Estadual de Londrina lotado no Departamento de Filosofia do Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH/UEL). Docência em Lógica Clássica, Ética e Direito, Argumentação Jurídica, Metodologia da Pesquisa.  Atua como professor colaborador no Mestrado em Direito Negocial e Coordenador do Curso de Pós Graduação Lato Sensu – Especialização em Filosofia Política e Jurídica. O enfoque principal de sua pesquisa concentra-se, sob a perspectiva teórico-crítica, na inter-relação das áreas de Ética, Educação, Esfera Pública, Cidadania, Políticas Públicas, Democracia e Direito e interfaces relacionadas ao Estado Democrático de Direito.
[Texto revisado em 30/10/2015 22h00 pelo autor]

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DESPACHOS DA PRESIDENTA DA REPÚBLICA
MENSAGEM No 444, de 27 de outubro de 2015.
Senhor Presidente do Senado Federal,
Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § 1o do art. 66 da Constituição, decidi vetar integralmente, por inconstitucionalidade, o Projeto de Lei no 24, de 2013 (no 1.391/11 na Câmara dos Deputados), que
“Dispõe sobre a regulamentação do exercício profissional de Designer e dá outras providências”.
Ouvidos, os Ministérios da Justiça, da Fazenda, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Trabalho e Previdência Social, da Educação e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao projeto pela seguinte razão:
“A Constituição, em seu art. 5o, inciso XIII, assegura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, cabendo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de ocorrer dano à sociedade.”
Essa, Senhor Presidente, a razão que me levou a vetar o projeto em causa, a qual ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/…
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Relação das Profissões Regulamentadas por Legislação Federal. Vide os seguintes links:
http://pjf.mg.gov.br/subsecretarias…
http://www.guiatrabalhista.com.br/g…
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pa…

Outras fontes sobre o veto:
http://g1.globo.com/concursos-e-emp…
http://www12.senado.leg.br/noticias…
http://pv.org.br/2015/10/28/projeto…
http://www.designbrasil.org.br/desi…

Pra não dizer que não falei…

Revista Lume Arquitetura
Coluna Luz e Design em Foco
Ed. n° 70 – 2014
“Pra não dizer que não falei…”
By Paulo Oliveira

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…das flores,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, paisagismo é atribuição dos arquitetos, e as flores fazem parte desta disciplina. E não se tocaram que eu falava de um jardinzinho com flores com que resolvi presentear aquela senhorinha que acabou de perder sua família toda, para que ela tenha algum prazer no pouco tempo de vida que lhe resta.

…dos carros,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, mobilidade urbana é atribuição dos arquitetos e os carros fazem parte desta disciplina. E não perceberam que eu estava me referindo ao projeto de um motor office para uma ONG que trabalha com formação profissional, para que ela possa atender as comunidades mais distantes.

…das favelas,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, a favelização urbana não é atribuição nem responsabilidade dos arquitetos; são responsabilidade apenas dos governos. Mas não viram que eu estava fazendo um trabalho junto à comunidade sobre os acumuladores, a organização e as consequências disso sobre o bem viver e estar familiar e da população.

…das praças inutilizadas,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, projetos só podem ser feitos por profissionais habilitados nos termos da Lei. E não perceberam que eu estava auxiliando um grupo de moradores a pensar (brifando) sobre um espaço vazio de sua comunidade para que suas ideias pudessem chegar ao poder público e seus desejos e necessidades fossem realizados.

…do mobiliário,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, mobiliário é atribuição exclusiva dos arquitetos, de acordo com os cacos espalhados por trezentas disciplinas. E não perceberam que eu estava me referindo ao projeto de uma chaise, para que portadores de necessidades especiais consigam curtir os prazeres sexuais, em diversas posições, de maneira confortável e segura.

…da ergonomia,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, acessibilidade é atribuição dos arquitetos e os aspectos ergonômicos fazem parte desta disciplina. E não perceberam que eu estava me referindo à reorganização ergonômica de uma indústria visando à saúde, segurança e produtividade de seus empregados.

…do projeto,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, projeto é atribuição dos profissionais legalmente habilitados na forma da Lei. E não perceberam que eu estava me referindo ao briefing para a construção de um projeto educacional de uma creche que um grupo de empresários quer implantar próximo às suas empresas para atender a demanda de suas trabalhadoras.

…das luzes,

mas não posso mais, pois, segundo o CAU, iluminação é atribuição dos arquitetos e as luzes fazem parte desta disciplina. E não perceberam que eu estava me referindo às luzes cênicas daquela peça teatral de uma escola de periferia daqui de minha cidade, em homenagem ao dia das mães.

…“Fiat Lux!”

Aí vem o CAU dando carteirada, me enfiando uma notificação por exercício ilegal da profissão de arquiteto. E não percebeu que eu estava apenas começando a ler em voz alta a minha Bíblia em latim, em Gênesis 1:3, quando Deus diz isso.

Devaneios à parte, este é o quadro que se desenha à nossa frente: uma ditadura do CAU sobre tudo e todos. Eles agem através de dois lobbies: o primeiro, localizado no Congresso Nacional, onde se aproveitam do desconhecimento dos parlamentares sobre os assuntos e temas abordados e sapateiam na cara da sociedade e dos profissionais de outras áreas, induzindo nossos representantes ao erro, fazendo-os legislar apenas em favor dos arquitetos; o segundo é junto à mídia, onde eles conseguem anunciar o que for, mesmo que lesivo e prejudicial à sociedade, beneficiando apenas a sua classe e, propositadamente, desinformando a população.

Mas ainda dá tempo de acordar e impedir isso.

Com o perdão da palavra neste momento…

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Primeiramente deixo aqui o meu pesar às famílias que perderam seus entes (crianças ainda) nesse desastre horrível na boate Kiss em Santa Maria – RS.

Deixo também o meu pesar aqueles que perderam amigos de modo tão absurdo.

Deixo o meu pesar também à bela e acolhedora cidade de Santa Maria que tive o prazer de conhecer ano passado quando fui palestrar na UFSM durante a Semana Acadêmica de Design.

Rogo a Deus que derrame sobre todos vocês as suas bênçãos, sua paz e em seu infinito amor conforte seus corações nesse momento tão triste e doloroso.

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fonte: Folha de São Paulo

A imagem acima representa o que estou sentindo neste domingo sombrio e triste. Compartilho a dor e o desespero de meus irmãos rio-grandenses.

Mas, com o perdão da palavra neste momento de tanta dor e desolação, faz-se necessário expor algumas verdades.

É de conhecimento de todos que a maioria absoluta das casas noturnas e espaços de diversão e entretenimento aqui do Brasil não respeitam as normas de segurança. Isso se deve a diversos fatores que levanto a seguir:

1 – PROPIETÁRIOS DE ESTABELECIMENTOS

É muito comum no dia a dia profissional, quando apresentamos projetos para proprietários desse tipo de estabelecimento (por vezes até mesmo em residências, lojas, etc) que eles comecem a chiar, reclamar por causa dos custos. É um tal de corta isso, tira aquilo que dá medo. O fato é que eles priorizam a estética (beleza) deixando de lado a técnica (segurança).

Quando nos negamos a eliminar itens essenciais para a segurança e acessibilidade, muitos clientes fazem os acertos nos bastidores com os mestres de obras e pedreiros que desconhecem, na maioria, as Leis. Quando chegamos à obra para fiscalizar o andamento a coisa toda já foi feita. Muitas coisas foram alteradas sem a permissão ou aval do profissional responsável pela obra. E, quando o profissional percebe tais alterações e solicita a assinatura por parte do cliente de um documento relatando as alterações projetuais, isentando-o da responsabilidade nestes itens especificamente, geralmente inicia-se uma guerra entre os dois lados e dificilmente o profissional consegue tal assinatura.

Isso tudo quando existe algum profissional por trás do projeto, pois é sabido que existem muitas casas desse tipo que nem isso tem. Muitos proprietários simplesmente acham que o seu bom gosto basta e montam verdadeiras arapucas para os usuários destes espaços.

Não devemos nos esquecer também que, em caso de pânico, até prove-se a veracidade do acontecimento, as portas dos estabelecimentos são fechadas para que ninguém saia sem pagar a sua comanda. E isso são ordens dos proprietários, gananciosos e dinheiristas. Outro detalhe é que, no caso, apesar da estrutura baixa do palco aliada à irresponsabilidade do proprietário em contratar a banda permitindo o uso de fogos sabendo que o isolamento era de espuma logo, altamente inflamável. E agora a pergunta: Que diabos – ou quem foi o diabo – que especificou espuma para isso sendo que existem inúmeros produtos mais adequados e, especialmente, anti-chamas?

2 – PROFISSIONAIS DAS ÁREAS ENVOLVIDAS

Já cansei de ver profissionais curvando-se aos pedidos dos clientes. Aquela velha história de “o cliente sempre tem razão” infelizmente muitos levam ao pé da letra desconsiderando as questões acima já citadas.  Já outros preferem o lado negro da atuação profissional buscando o “jeitinho brasileiro” para resolver os problemas.

Alguns anos atrás fui convidado para participar do projeto de uma casa aqui em Londrina. Na primeira reunião que tive com a arquiteta e o proprietário ela estava se gabando, super feliz por uma coisa que tinha conseguido efetivar durante o dia: a liberação do projeto junto ao Corpo de Bombeiros. Porém o fato é que o projeto tinha diversos problemas relativos à segurança e, nada que um bom “cachê” não resolvesse. E resolveu. O projeto foi liberado, uma casa que comporta mais de 3000 pessoas, com apenas UMA saída de emergência minúscula. O piso superior da casa não dispunha de uma saída independente levando os usuários, em caso de pânico, a ter de descer uma escadaria e entrar no meio do empurra-empurra para tentar alcançar essa única saída de emergência afunilada.

Podem se perguntar se eu fiz a denúncia e respondo: não fiz. Não sou arquiteto e tampouco engenheiro, não é responsabilidade minha fazer isso, especialmente porque a fulana é uma das bambambãns daqui. Outro fator é que em Londrina imperam os cartéis, as máfias, os grupinhos que adoram tirar vantagem de todos e tudo. Não iria virar alvo fácil para sei lá o que. No entanto, conversei com diversos profissionais de arquitetura e engenharia sobre o caso na esperança que estes levassem a denúncia ao CREA e que este, como órgão fiscalizador, cumprisse o seu papel. Mas a casa foi inaugurada e está funcionando normalmente sem qualquer alteração. E onde estão os fiscais que deveriam bater em todas as obras analisando se tudo está realmente sendo feito de acordo com o projeto para o qual a ART foi assinada? Será também que estes fiscais desconhecem tais normas e leis de segurança e não conseguem perceber esses erros em suas visitas de fiscalização?

Fonte: G1

Fonte: G1

Outro fator que deve ser considerado são as falhas projetuais cometidas pelos profissionais.  A imagem acima é a planta baixa da boate Kiss (desconsidere a legenda ao lado direito e preste atenção na planta). Muitas vezes vemos coisas básicas que não deveriam acontecer como, por exemplo, banheiros com péssima – ou nenhuma – ventilação salvo aqueles exaustores minúsculos que, em caso de pane elétrica, param de funcionar. Deve-se levantar também que raramente vemos banheiros espaçosos.

Se formos analisar os projetos de espaços de diversão, perceberemos facilmente muitos problemas relativos à segurança e acessibilidade. Por essas e outras há mais de 10 anos que não frequento mais boates e similares, lugares fechados onde eu não conheça ou não tenha uma perfeita visualização através da sinalização, das rotas de fuga.

Fato é que é muito comum os empreendedores buscarem edificações nas regiões mais centrais das cidades, logo, são edificações já cercadas por todos os lados por outras edificações, não havendo a possibilidade da inserção de rotas de fuga a não ser pela frente. Poucas são as casas noturnas que instalam-se em locais afastados e em terrenos amplos permitindo que as questões de segurança sejam realmente efetivadas nos projetos.

Isso está errado, muito errado e precisa ser revisto com urgência!!!

3 – ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO

Nem de longe quero aqui desmerecer esta magnífica corporação de verdadeiros heróis que é o Corpo de Bombeiros, homens que muitas vezes dão a própria vida na tentativa de salvar outras vidas.

No entanto, sempre há uma ou outra laranja podre nas corporações e, como citei acima, departamentos como este de fiscalização deveriam ser alvo de constante vigilância. Este departamento é de suma importância para que as normas de segurança sejam cumpridas mas o que vemos muitas vezes são ações que vão na contramão disso.

Aqui em Londrina é muito mais difícil você aprovar a aplicação de um piso vinílico – por mais que haja liberação legal do produto e comprovação de que o mesmo é anti-chamas – para uma escadaria de um edifício, que aprovar uma casa noturna que tenha apenas uma saída de emergência com pouco mais de 1m de largura num local praticamente invisível para quem está afastado dela.

Onde está a fiscalização? Segundo relatos o extintor do palco simplesmente não funcionou. Isso jamais deveria acontecer! Será que alguma vez foi vistoriado seja pelos Bombeiros ou pela administração da boate?

Fonte: G1

Fonte: G1

O foco está errado, as diretrizes e prioridades estão equivocadas. É preciso uma revisão urgente nestes departamentos. Uma investigação profunda sobre os profissionais neles alocados e, havendo comprovação, a devida e exemplar punição.

Existem também as laranjas podres também nos departamentos de Aprovação de Projetos nas prefeituras. Nestes é bastante comum e fácil percebermos falhas de simples e graves.

Certa vez aqui em Londrina eu precisava de uma planta de uma edificação. Após ter pago todas as taxas legais, fui surpreendido quando o estagiário me extorquiu mais “algum” para uma cervejinha no final do dia, sob o olhar do chefe do departamento que ria aprovando a ação dele. Caso eu não liberasse, apesar de estar com todas as taxas legais pagas, ele não me daria a cópia do projeto. Mas o problema não para aí. O que andam fazendo os fiscais desses departamentos em suas fiscalizações? Ganhando algum por trás também?

E os alvarás? A Kiss estava com o dela vencido desde agosto/12 e ninguém fez absolutamente nada com relação a isso.  E o que não falta nesse país é empresa funcionando tranquilamente com alvará vencido ou pior, sem alvará.

Aí já não é um problema apenas dos fiscais, mas sim de gestão interna dos departamentos. Será que ainda não são simplesmente informatizados para facilitar a busca pelos vencidos ou por vencer?

E o que dizer dos CREAs e CAUs que adoram pegar no nosso pé (designers) e fazem vista grossa para obras mais vultuosas e perigosas que as nossas feitas pelos profissionais de sua verdadeira alçada?

Como coloquei acima, lancei a denuncia para os profissionais desses conselhos e pelo que percebi não levaram adiante. Tampouco os fiscais do CREA (na época só existia esse ainda) se foram até a obra, fizeram vista grossa também seja por qual motivo for.

5 – BANDAS

Não vou nem entrar no mérito muito a fundo, mas uma bandinha que precisa utilizar destes artifícios como “identidade visual de seus shows” para tirar “gritinhos de emoção” da plateia deve rever seriamente seu conteúdo, sua qualidade musical e suas responsabilidades.

Fonte: G1

Fonte: G1

6 –  POLITIQUEIROS & AFINS

Me enojou ver na TV a FALSA cara de drama da presidente Dilma, do governador, de alguns deputados estaduais e federais, de alguns vereadores, quase vomitei quando li que o molusco¹³ fez o que pode para aparecer na mídia…

No ultimo caso claro, ele precisa voltar a aparecer como o bonzinho, o paizinho afinal está envolvidos em inúmeros escândalos, sendo denunciado por incontáveis falcatruas realizadas por ele e seus comparsas durante seu mandato, está tendo várias de suas palestras canceladas… Ele¹³ precisa voltar a ser, custe o que custar, o “painho” do brésiu.

Digo isso, pois estes são os verdadeiros responsáveis por toda essa bagunça que anda nosso país. Os exemplos de corrupção no alto escalão, nas altas esferas são a mola propulsora para encorajar os funcionários públicos – aqueles desprovidos de um mínimo de moral e ética – a entrar nesse jogo também. É fácil agora esse bando de safado aparecer na TV nesses momentos com suas máscaras de arrasados, derramar algumas lágrimas de crocodilo e prometendo rios e mundos, enquanto temos até hoje vítimas dos desastres de SC, RJ e tantos outros ainda sem ter recebido qualquer tipo de ajuda efetiva, qualquer solução para os danos sofridos. Agora, reaparecem como santos, anjos…

Não devemos nos esquecer também de algumas laranjas podres dentro do judiciário que fazem parte da indústria de liminares. Os órgãos de fiscalização, quando fazem a sua parte, tropeçam em agentes do judiciário que estão mais preocupados em agradar aos empresários que zelar pela segurança pública. Um reprova e o outro libera geral.

É, estes que deveriam administrar e gerir decentemente este país, estados e municípios são responsáveis também por toda essa desgraça.

Que esta tragédia não caia no esquecimento, que não seja apenas mais uma desgraça em meio a tantas que aconteceram em nosso país.

Que a partir dela, os responsáveis e envolvidos passem a ser realmente RESPONSÁVEIS. Que a partir dela os baladeiros de plantão sejam mais responsáveis e não entrem em qualquer arapuca.

Que a partir dessa desgraça, os profissionais de arquitetura, engenharia e design sejam mais responsáveis e menos corporativistas denunciando sim sempre que souberem de alguma falcatrua afinal, é melhor eliminar a laranja podre a deixar que ela contamine ou suje toda a caixa (classe profissional).

Que a partir de ontem, sejamos então mais RESPONSÁVEIS.

iés! Nóis tá na roça!!!

Ontem o Senado aprovou a regulamentação da profissão de DJ!!!!!!

U-A-W!!!

Realmente este é um profissional extremamente útil e importante para a sociedade. Arrisco-me a dizer IMPRESCINDÍVEL, NECESSÁRIO!!! O que seria de nossa sociedade sem a existência destes profissionais não é mesmo?

Veja o texto completo aqui.

Enquanto isso, nós designers continuamos enfrentando o DESCASO e os lobbies de nossos parlamentares que chegam ao absurdo de referir-se ao Design como mero artesanato (sim ainda hoje tem imbecil que pensa assim lá no Congresso Nacional). Talvez por isso vemos tantos materiais de campanha (gráfico e produto) de péssima qualidade nas eleições…

Mas voltando aos DJs. Que fique bem claro que eu não tenho absolutamente nada contra eles até porque adoro me jogar numa pista de dança (desde que a música seja boa) e me acabar. Só saio quando o corpo pede cama! Mas, regulamentar esta profissão é uma afronta a várias categorias profissionais, especialmente a nós, designers, que já estamos ha décadas tentando regulamentar a nossa profissão sem sucesso.

“Art. 25. ………………………………….
Parágrafo único. A realização de eventos com a utilização de profissionais estrangeiros deverá ter, obrigatoriamente, a participação de, pelo menos, 70% (setenta por cento) de profissionais brasileiros.” (NR)

O texto torna obrigatória a participação de pelo menos 70% de profissionais brasileiros nos eventos promovidos no País com atrações estrangeiras. Pois bem, se isso não for RESERVA DE MERCADO, não sei mais ler. Isso deixa claro que este argumento utilizado CONTRA a regulamentação do Design é BALELA, conversa pra boi dormir.

Acham pouco? Olhem isso:

“Art. 7º………………..
IV – …….
§ 3º O DJ ou Profissional de Cabine de Som DJ (disc-jockey) e o Produtor DJ (disc-jockey), se estrangeiros, ficam dispensados das condições exigidas neste artigo, desde que sua permanência no território nacional não ultrapasse o período de 60 (sessenta) dias.” (NR)

Aham, FORA INTRUSOS!!!

Mais outra coisa interessante:

“Art. 24. É livre a criação interpretativa do Artista, do Técnico em Espetáculos de Diversões, do DJ ou Profissional de Cabine de Som DJ (disc-jockey) e do Produtor DJ (disc-jockey), respeitado o texto da obra.” (NR)

Ou seja: Madonna cria uma bela música, o DJ vem e detona com a música descaracterizando-a (na maioria das vezes) e alterando-a completamente (por vezes até o ritmo e a voz são modificados) e ganha dinheiro com isso. Mas o autor que se FODA!!! Não leva nada!!! Afinal já paguei pro ECAD (duvido!) pelos direitos autorais.

Aham… senta lá cráudia!!!

É meus amigos, realmente vivemos numa PUTOcracia!!!

Porém toda regulamentação deve ser normatizada por um conselho federal. Assim fica aqui então esta questão para esse futuro conselho deliberar e tomar providências URGENTES:

1 – o DJ será responsabilizado pelos danos físicos (diminuição ou perda parcial de audição) dos “usuários de seus produtos”?

Posso colocar ainda outra questão:

Uma aulinha grátis sobre o poder e influência da música sobre as pessoas:

Quando fiz faculdade de música, numa das pesquisas desenvolvidas analisamos a questão da influência do som nas pessoas. Uma delas versava sobre as diferenças de reações das pessoas entre dois tipos de músicas: dance e techno (e suas variantes como o trance,por exemplo).

Dance: por ter uma batida mais tranquila – apesar de altamente dançante e bem marcada – tem letra, canto, voz. Isso proporciona às pessoas cantar, o que libera seus “demônios” ao mesmo tempo em que dançam, transpiram, exercitam seus corpos. Olhem este exemplo da Deborah Cox:

Nussss como dancei e cantei essa música ahahah

Techno: por ser totalmente instrumental não existe o elemento canto. Também é uma música totalmente eletrônica e raramente aparece uma ou outra palavra (geralmente falada e não cantada). Esta música é mais “dura”, robotizada podemos dizer. Até mesmo a dança é diferente pois leva as pessoas a um estado de tensão muscular constante. Logo, a liberação da expressão falada/cantada é praticamente NULA. Não foi surpresa para nós quando percebemos que em locais onde este tipo de música imperava eram constantes as brigas, discussões, bate bocas e, em muitas vezes porrada mesmo. Olhem este exemplo de techno:

Eu particularmente nunca gostei disso…

Temos de lembrar também das músicas que incitam a violência explicitamente em suas letras ou sob a máscara da identidade da banda, sob a alegação da tal “liberdade de expressão” ou “liberdade artística”.

Agora vem outra questão para o futuro conselho:

O DJ será responsabilizado por estes danos à integridade física dos consumidores de seu produto? Coloco isso pois se o cara quer trabalhar com música, deve, no mínimo, ter uma formação em música, especialmente nas questões que envolvem a musicoterapia.

Poderia citar ainda outras situações envolvendo esta regulamentação que foi feita (à partir da leitura do texto) de maneira totalmente IRRESPONSÁVEL isentando os profissionais envolvidos de qualquer responsabilidade.

Esperamos agora (escrevo agora em nome de toda a sociedade de bem) que os nobres parlamentares que aprovaram essa regulamentação fiquem em cima deste futuro conselho federal EXIGINDO a análise e consideração destas e de outras questões sérias e que envolvem o trabalho desenvolvido por estes profissionais e seus consumidores que, segundo a Lei de regulamentação, deve considerar o risco ao usuário.

Pedimos também aos nobres parlamentares que apóiem o projeto de lei 1391/2011 que dispõe sobre o exercício profissional de Design que está com o deputado José Luiz Penna (PV-SP).

Design não é artesanato e não pedimos uma reserva de mercado. Apenas pedimos que a nossa profissão seja respeitada, reconhecida e que os profissionais envolvidos em sua prática profissional sejam responsáveis por seus trabalhos realizados. Leiam esta Carta Aberta ao Senado Federal que postei aqui neste blog a algum tempo atrás.

Aos que se interessarem, por favor peço que insiram a área de Design de Interiores/Ambientes neste PL. Ela não foi inserida por uma manobra estúpida da ABD (Associação Brasileira dos DECORADORES) que se coloca como representante dos profissionais da área, porém só tem atrapalhado o exercício profissional dos formados em Design de Interiores/Ambientes. Prova é a retirada desta área do PL 1391/2011 sob a alegação que iriam buscar uma regulamentação própria. No entanto, não questionam o que os profissionais desejam, não respondem às nossas demandas ou seja, é uma organização meramente corporativista, lobbista e, arrisco-me a dizer: irresponsável. Sou associado ABD registrado com o n° 9024 porém estou farto de pagar anuidade para uma associação inútil que, entre outras coisas, não faz a distinção entre os profissionais da área (designers, decoradores e arquitetos) além de “avalizar” cursos de qualidade mais que duvidosa.

Senadores e Deputados, já passou da hora de vocês trabalharem com ética e responsabilidade atendendo esta demanda de décadas.

DESIGN NÃO É ARTESANATO!!!

REGULAMENTEM O DESIGN JÁ!

Responsabilidade e entendimento

Não tem imagem melhor para começar este post que esta.

Já relatei diversas vezes que recebo, vez ou outra, mensagens bastante desagradáveis referentes a algumas coisas que escrevo aqui neste espaço.

No entanto, devo reforçar que: Eu sou responsável apenas pelo que eu escrevo e falo, e NUNCA, JAMAIS pelo que algumas pessoas entendem dentro de suas mentes doentias e pouco capacitadas intelectualmente – isso sem falar ainda do melindre encrustrado em suas vidas medíocres.

De nada adianta chegar aqui neste meu espaço e descarregar as suas frustrações pessoais e/ou profissionais, me agredindo, me xingando ou dando pitis histéricos nos comentários pois os mesmos são moderados e me dou o direito de simplesmente ignora-los.

Se quer argumentar contra o que escrevo que o faça ao menos de forma culta e inteligente (se houver algum lastro de inteligência dentro dessas mentes) mas não venha com barracos e baixarias ok?

Se você se sentiu ofendido pelo que eu escrevi em determinado post pare e repense a sua vida profissional e o que vem fazendo dela e o que quer realmente para ela. Pois aqui escrevo – por vezes – em forma de denúncias e críticas sérias, situações que estragam não só o mercado mas corroem a credibilidade e seriedade de nossa profissão Designer.

Então, aprenda a “interpretar textos da forma correta*” antes de vir vomitar suas sandices em meu blog pois aqui não é um manicômio e tampouco tenho tempo para bancar o psiquiatra para aturar sandices e falta de educação alheias, valeu???

Aos que não tem nada a ver com isso desculpe o desabafo mas era necessário.

Portanto repito:

* quando digo “interpretar textos da forma correta” me refiro a conhecer o inteiro teor do autor e sua obra. Pegar uma frase de um texto e marretar sobre a mesma é mostrar que mal se sabe ler.

 

 

 

 

Regulamentação e respeito profissional

Está bastante interessante o debate sobre a regulamentação proposto pelo Morandini num dos tópicos do DesignBR no Ning. Mas ainda percebo uma divergência séria que sempre levanto em tópicos sobre esse assunto:

O pessoal tende a pensar o DESIGN apenas como a sua área. O que, na verdade, é apenas uma sub-área do Design…

O pessoal de gráfico tende a só pensar no design gráfico e por isso não consegue compreender a complexidade dos problemas enfrentados pelo pessoal de Produto e Interiores, especialmente.

Outro dia vi no orkut uns carinhas de WEB sentando o pau na questão “risco ao usuário”. Eles não entendiam como o trebalho deles poderia colocar em riso de morte um usuário WEB… Porém, não se ligavam que, num exemplo bem estúpido, o monitor que eles usam para trabalhar poderia explodir e uma peça vazar seus crânios… Ok, melhorando um pouco então: que o forro de gesso sobre as suas cabeças despencasse… A culpa seria de quem? Pela lógica deles, não do design, esquecendo-se que aquilo é um produto, alguém fez um projeto. Também de DESIGN.

Portanto, antes de entrar num tópico e sentar a marreta, tenha consciência de que a regulamentação não é apenas para gráfico, ou para WEB, ou para Produto, ou para Interiores, ou para Moda. Mas sim, e antes de tudo, é para o DESIGN!!! E que o Design compreende várias sub-áreas. A sua é apenas uma delas.

Um outro ponto muito sério é a tendência em pensar que a regulamentação visa uma “reserva de mercado”. Isso é balela e argumento de quem ainda não entendeu a complexidade de uma regulamentação. Confesso que já pensei assim, mas hoje isso é o que menos importa afinal já consegui compreender que quem faz o mercado é o profissional, a sua competência e qualidade. Logo, não há necessidade dessa reserva.

Eu luto muito mais pelo reconhecimento, respeito e visibilidade da profissão. Através dessas três coisas todo o resto se ajusta sozinho com o tempo.

As questões levantadas pelo Fernando lá no tópico são cotidianas para nós de Interiores/Ambientes. E olha que ele ainda está pegando leve. Tem coisa muito pior acontecendo que ele sequer citou.

Mas, na verdade, isso tudo tem um porque – como tudo na vida tem: despeito. Os problemas mais sérios enfrentados por nós no mercado de trabalho tem a sua raiz nisso.  Outras questões são mais jurídicas e que também são facilmente desmistificadas. Explico:

Eu já sofri várias denúncias “anônimas” por exercício ilegal da profissão. Nas primeiras tremi, fiquei assustado, cedi à pressão… Mas depois, inteirando-me sobre leis e mais outras coisas pertinentes, coloquei meu advogado em ação e constatamos que de anônimas elas não tinham nada. Judicialmente você consegue todas as informações sobre isso e claro, aparece o nome o denunciante. Assim, acabei por descobrir que quem denuncia é sempre um outro profissional – infelizmente sempre arquitetos – que estava na disputa e acabou perdendo o cliente pra mim. Por despeito, tenta atrapalhar meu trabalho, me desacreditar e desautorizar perante o cliente. Tenta impor-nos normas de um Conselho que sequer nos reconhece como profissionais e mal e porcamente consegue definir qualquer coisa sobre a nossa formação acadêmica.

É comum em fóruns, usuários colocarem que devemos “virar arquitetos” uma vez que nos vê como profissionais frustrados… Haja desinformação. Haja saco para tamanha ignorância…

Nosso foco jamais foi fazer arquitetura e sim outro. Outro especialmente que os próprios arquitetos não dominam. É só observar a desesperada correria que eles estão atrás de especializações em Interiores para tentar entender o porque de nossos projetos serem infintamente superiores aos deles no que nos propomos a fazer. Entender o porquê conseguimos captar a alma dos clientes em nossos brieffings e eles não…

Numa analogia bem piegas: não queremos construir casinhas, e sim arrumar as casinhas para que nossos amiguinhos possam brincar tranquila e confortavelmente tendo todas as suas necessidades satisfeitas.

Vi ainda hoje um texto muito interessante sobre infância, criatividade e design no blog Mari ao Mar entitulado “Pequenos Designers”. LEIAM!!!! É uma ordem rsrsrsr

Existe ainda a questão “jurídica” que nos impede muitas coisas. Coloco jurídica entre aspas pois tratam-se de normas de um conselho que não nos reconhece portanto, não tem valor legal sobre nossa atuação.

Muitos devem desconhecer o fato de que nós não podemos projetar lojas em shoppings pois os mesmos exigem a ART. Querem maior reserva de mercado – e diga-se de passagem, que mercado!!! – que essa?

Pois é, realmente não temos essa anotação de responsabilidade técnica MAS, no entanto, porém e todavia, conseguimos resolver isso facilmente em nossos contratos. Basta para isso que coloquemos cláusulas tratando especificamente desse assunto, especificando absolutamente tudo pertinente à essa questão. Juridicamente estaremos calçados e também “amarrados”, assim como a ART faz com os profissionais do CREA.

Enquanto o nosso conselho federal não sai, temos sim por onde nos proteger e, principalmente, proteger nossos clientes.

Com a regulamentação, esses pormenores serão plenamente eliminados, mas enquanto ela não vem, temos de ser conscientes e éticos.

Portanto, se você acha que a tua área não precisa de regulamentação, lembre-se que tem outros de outras áreas que precisam sim, e muito.

No mínimo, como já coloquei, por respeito.

É isso, por hora.

Responsabilidade Técnica

duvida

Estou aqui novamente escrevendo sobre esse elemento bastante sério: a responsabilidade técnica.

Esse é o rincipal argumento daqueles que tentam barrar a nossa atuação profissional: não termos um órgão fiscalizador, que regulamente a nossa atuação profissional e consequentemente fique responsável pela liberação das ARTs.

Claro que não temos, afinal AINDA não somos regulamentados, encontramos forte resistência nesse sentido e todos sabem muito bem o porquê da resistência e de onde vem esta resistência, mas isso é outro assunto. Meu foco neste post não é esse. Aqui quero escrever sobre a Responsabilidade Técnica em projetos de Design de Interiores/Ambientes.

A imagem acima mostra de forma bem humorada a cara que muitos profissionais devem fazer quando questionados sobre isso. O problema todo já começa nos cursos. Poucos são aqueles que oferecem uma disciplina específica sobre contratos e documentos e mais poucos ainda que ofereçam um professor da área jurídica para tal. Com isso, a grande maioria dos profissionais sentem-se perdidos com relação a documentação envolvida em um atendimento a cliente.

Bom, vamos ao que interessa. Em meu contrato padrão para Interiores/Ambientes utilizo as seguintes colocações:

“Constituem obrigações do CONTRATADO:

05.01. Indicar e mediar a contratação de todo o pessoal necessário a execução dos serviços objeto deste contrato: pedreiros, instaladores, gesseiros, marceneiros, serralheiro e fornecedores.

05.02. Responder perante o CONTRATANTE, pela execução e entrega dos objetos da Cláusula 02.

05.03. Assumir, na qualidade de autoria, a responsabilidade  técnica  pelas especificações feitas, atendendo  prontamente  às  exigências, modificações e  esclarecimentos que forem necessários bem como intermediar as partes fornecedor/cliente quando houver algum problema.

05.04. Fornecer um CD com as plantas, detalhes relativos ao desenvolvimento do projeto e memorial descritivo ao CONTRATANTE.

05.05. Coordenar e dar orientação geral nos projetos complementares ao projeto de Design de Ambientes, tais como indicações de alterações nas instalações elétricas e telefônicas, arquitetura, instalações hidráulicas e outros, podendo, a pedido do CONTRATANTE, indicar  profissionais  legalmente habilitados para sua execução.

05.06. O CONTRATADO deve elaborar os projetos objetivados no presente contrato, em obediência às normas e especificações técnicas vigentes, responsabilizando-se pelos serviços prestados, na forma da legislação em vigor.

(…)

07.06. O CONTRATADO não se responsabiliza por alterações ocorridas durante a obra que estiverem em desacordo com os serviços por ele executados ou alterações solicitadas pelo CONTRATANTE que estiverem em desacordo com a legislação em vigor.”

Está completo? Não e sei que ainda faltam alguns dados complementares e maior especificidade sobre a responsabilidade técnica. Por isso mesmo esse meu contrato está, depois de passar pela análise de 4 advogados, nas mãos de um jurista que o está fechando.

Fechamento definitivo? Não, muito provavelmente. Analisando a parte de responsabilidades minhas temos:

05.02 – Aqui, asseguro ao cliente que sou responsável por todo o escopo descrito na referida cláusula. Tudo o que for de minha responsabilidade ser feito dentro do projeto deverá estar especificado lá na cláusula 02. Vejamos uma Cláusula 02 básica:

“02. DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS:

Os serviços a serem executados pelo CONTRATADO, consistem no desenvolvimento completo do projeto de DESIGN DE AMBIENTES composto de dados concepcionais apresentados em escala adequada à  perfeita compreensão dos elementos nele contidos:
02.01. Estudo Preliminar – Brieffing, estudos preparatórios, relatórios, desenhos esquemáticos, e demais documentos em que se demonstra a compreensão do problema e a definição dos critérios e diretrizes conceituais para o desenvolvimento do trabalho;
02.02. Projeto Conceitual – desenhos de lançamento das propostas anunciadas no Estudo Preliminar, acompanhadas de cálculos e demais instrumentos de demonstração das propostas apresentadas no projeto; inclui-se instruções a serem encaminhadas aos responsáveis pelos projetos de instalação elétrica, ar condicionado e automação, como a indicação da composição dos comandos e modo de operação dos mesmos, que evidenciem as diferentes possibilidades de uso dos sistemas propostos; compreende também a compatibilização, atividade em que se justapõem as informações técnicas e as necessidades físicas relativas às determinações do projeto de Design de Ambientes e as decorrentes dos demais projetos integrantes do trabalho global (arquitetura, estrutura, instalações elétricas e telefônicas, hidráulicas, de ar condicionado, de sonorização e sprinklers, interiores e exteriores, paisagismo, etc), com a finalidade de garantir a coexistência física e técnica indispensável ao perfeito andamento da execução do projeto;
02.03. Projeto Executivo – concretização das idéias propostas no Projeto Conceitual devidamente compatibilizadas a partir da integração do projeto de Ambientes com todos os sistemas prediais envolvidos no trabalho. Inclui-se as informações técnicas pertinentes à correta integração dos ambientes e demais equipamentos aos detalhes da arquitetura, bem como os dados do equipamento especificado, para a concretização dos conceitos estabelecidos no projeto. Os desenhos referentes móveis, equipamentos, revestimentos, materiais e acabamentos deverão ser inseridos no Projeto Executivo ou complemento deste (Memorial Descritivo), para que haja perfeita compreensão das dimensões físicas e da forma de instalação dos mesmos no edifício. O detalhamento de móveis e acessórios especiais serão considerados serviços extraordinários;
Parágrafo único: os desenhos serão apresentados em escala.
02.04. Supervisão Técnica – atividade de acompanhamento da execução das obras do edifício ou empreendimento, para constatação da correta execução de suas determinações e apresentação de modificações ou adaptações tecnicamente convenientes, quando necessário e pertinente. Não ficam acordadas visitas técnicas à obra durante o andamento da construção do edifício. As visitas necessárias durante a fase de acabamento serão acordadas em instrumento à parte posteriormente.”

Percebam um fato importante: o que é pertinente à nossa área eu e responsabilizo, o que não é, fica sob a responsabilidade do profissional parceiro contratado para execução da tarefa/projeto. Por exemplo: preciso derrubar uma parede para melhorar e ampliar um determinado espaço. À priori, ja sei que esta pode ser derrubada sem problemas mas, para evitar problemas até mesmo com fiscalizações e denúncias vazias – uma vez que o CREA não pode atuar sobre a nossa área pois o mesmo não nos aceita – busco então profissionais parceiros para a execução destes complementares. Estrutural, hidráulico, elétrico, ar condicionado são complementares que devemos sim contar com a participação desses parceiros.

Isso não tem absolutamente nada a ver com medo da fiscalização ou denúncia de “profissionais” melindrosos, mas sim com a questão que sempre bati nos debates: nosso foco não é a estrutura, elétrica, encanamentos, etc e sim a melhoria dos espaços para o habitar visando o conforto e bem estar do usuário.

Então vamos às nossas responsabilidades. Se você é um profissional que trabalha com mobiliario industrializado, antes de especificar algo tenha certeza da qualidade do mesmo. É muito chato você especificar uma cadeira e poucos meses depois ela começar  a apresentar problemas.

Por isso mesmo, nas obrigações do contratado (EU) tem o item 05.03. Podem pensar que não, mas nós profissionais temos sim um certo peso junto à industria e lojas. Eles não querem saber de alguém “falando mal” dos produtos deles por aí. E fatalmente isso vai acontecer, não digo exatamente falar mal, mas por vezes somos obrigados a colocar para novos clientes que “essa loja eu não gosto pois já tive problemas com os produtos dela que não foram resolvidos”. Por isso é muito importante que você conheça profundamente os produtos de seus fornecedores.

Um exemplo: estou atualmente com problemas relativos a uma cama de casal estilo BOX (nao citarei a marca por motivos óbvios – por hora). O fato é que o BOX cedeu nos pés bem no meio, onde há uma junção da trava central. O cliente sentou-se ali para colocar um DVD e a estrutura cedeu. A empresa alegou em primeira instância que foi “mau uso” e que não seria trocado o BOX apesar de ter menos de um ano de adquirido e a garantia ser de 5 anos. Fui até a casa de meu cliente, abri o revestimento e constatei a emenda (que minimiza a resistência na área). Fotografei e enviei as fotos junto com um laudo técnico dentro de meus conhecimentos sobre produtos apontando os erros projetuais e possíveis meios de evitar que novos clientes venham a sofrer com o mesmo problema. O discurso da empresa já mudou drasticamente depois desse laudo. Estão enviando um técnico para constatar o problema e já adiantaram que farão a troca do BOX.

Ok, mas aí podem alegar que isso é bobagem esse tipo de coisa. Eu não acho bobagem afinal busco sempre o melhor e qualidade em meus projetos e isso implica em produtos com alta qualidade, afinal é o investimento de meu cliente e o meu nome profissional.

Vamos então à questões mais sérias.

Especificação de pisos é um caso sério, por exemplo. O que dizer daquele piso liso que foi colocado na varanda onde pega chuva? Pois é minha gente, esse é um problema de quem especificou um produto inadequado para o espaço. Imagine se nessa casa tem idosos ou crianças… A probabilidade de acidentes é muito grande.

Então, entra aqui a minha responsabilidade em conhecer sim todas as caracteristicas e aplicações do piso para evitar esse tipo de erro e suas consequências. Se o cliente quiser – e ele tem direito – pode me acionar na justiça e eu ter de indenizá-lo.

Digamos que eu especifique um projetor de piso na área da piscina com uma lâmpada PAR (que esquenta pacas) e vem alguém e pisa descalço em cima. É queimadura na certa e dor de cabeça pra mim.

E sim, eu tenho de responder por esse tipo de dano afinal de contas quem especificou indevidamente o produto fui eu.

E o resto? Estrutural, elétrico, hidráulico e outros complementares?

Aí a responsabilidade é do profissional parceiro que executou o serviço. Eu tenho sim é que fazer a mediação entre cliente e o profissional.

Com o tempo vou postar mais sobre esse assunto. Este post foi apenas um começo já que muitas pessoas tem me questionado sobre isso.

Espero ter clareado um pouco esse assunto de extrema importância para a nossa prática profissional.

Wall-E

Ontem tive o prazer de pegar na locadora o DVD com o desenho Wall-E.

Como trata-se de um desenho e que tenho visto e ouvido muitas crianças falando sobre o filme porque o robozinho é bonitinho e vários outros etecéteras similares, peguei sem muitas expectativas… Seria apenas mais um desenho.

Porém a surpresa foi grande!!!

Não se trata de apenas mais um desenho. Cheguei até a comentar com um amigo que estava assistindo junto que este desenho é bem mais indicado para os adultos que para as crianças.

Wall-E é um “robô lixeiro” que tem a missão de limpar o planeta terra depois que a raça humana conseguiu finalmente destruir tudo, restando apenas este robô, lixo e uma barata.

Um alerta sério não somente sobre a destruição do planeta – aquecimento global, lixo, etc – mas também sobre a alienação gerada pela informatização e a perda da capacidade motora gerada pelo uso de máquinas no lugar de humanos.

Porém, ao contrário dos documentários que passam aquela imagem agressiva e nos faz ficar com raiva, o romance entre Wall-E e EVA faz a coisa ficar mais leve e acaba por nos fazer pensar seriamente sobre o assunto abordado no filme.

A estética da animação é muito interessante e as cenas mais que bem trabalhadas.

O mais interessante é que quase não existem diálogos entre os personagens, especialmente entre os robôs, mas mesmo assim a mensagem é passada com perfeição.

Quem quiser ver uma excelente resenha sobre o filme acesse o site Projeto Bonsai.

Vale a pena assistir!

Não há Cidadania sem Informação, nem Informação sem Design

Joaquim Redig*

I. Temática 

Antecedentes – tomada de consciência

Há seis anos foi fundada em Recife a Sociedade Brasileira de Design da Informação (Sbdi), primeira entidade no Brasil dedicada a essa área do Design, cuja responsabilidade social tem crescido junto com a importância da informação como instrumento de comunicação, cultura e tecnologia. A entidade já realizou três encontros nacionais (sempre com convidados internacionais) e sua atuação tem ajudado a disseminar no país o conceito do Design de Informação.

Internacionalmente, este tem sido um tema de discussão importante para o Design desde meados dos anos 1970, com eventos como a criação do Iiid (International Institute for Information Design, sediado na Áustria), a edição do Design Information Journal, e do boletim da Glyphs Inc., entidade internacional liderada pela antropóloga Margaret Mead e pelo designer Rudolf Modley, que visava a disseminação da pictografia como linguagem universal.

Nacionalmente, a criação dessa entidade representa um grande passo no sentido da conscientização sobre a questão no país, após meio século de história do Design brasileiro. Embora neste período tenha florescido o Design Gráfico nacional, setor a que está vinculado o Design de Informação, esta especialidade permaneceu aparentemente esquecida, tanto pela teoria, nas escolas, quanto pela prática, nos escritórios, empresas e repartições – a não ser por algumas experiências isoladas, mas fundamentais neste processo, como o sistema de Comunicação Visual do serviço de ônibus urbano do Recife, de Edna Cunha Lima, ou o de São Paulo, de Cauduro/Martino, ou a sinalização urbana do Rio de Janeiro, da PVDI, de Aloisio Magalhães, só para citar grandes projetos pioneiros, todos dessa mesma época, anos 1970.

No entanto, sua importância e necessidade nunca foi pequena. O passar do tempo e a permanência (portanto, o agravamento) dos problemas – como o caso (crítico) da (ausência de) comunicação visual nos transportes urbanos de ônibus, principal meio de locomoção das cidades brasileiras – apenas acentuam a necessidade de atenção dos designers a esta área.

Soma-se a isso o crescimento do valor da informação com a disseminação mundial da informática, e a recente expansão da área de Web Design, para a qual o Design de Informação é imprescindível, embora muitas vezes relegado ao segundo plano, substituído por estéticas de marketing para quem quer só se divertir, mas irrelevantes para aqueles que buscam informação na web com determinado objetivo.

Estes são alguns dos antecedentes profissionais da fundação da Sbdi. Academicamente, passos decisivos nesse sentido foram a criação do Curso de Especialização em Design de Informação -único no país- no Departamento de Design da Ufpe (Universidade Federal de Pernambuco) em 2000, pelos professores Solange Coutinho e André Neves, e, em 2001, do Grupo de Pesquisa em Design de Informação (vinculado ao CNPq), liderado pelas professoras Solange e Carla Spinillo.

Indo um pouco mais atrás, Solange declara que foram os professores Edna e Guilherme Cunha Lima, formadores de sucessivas gerações de designers na Ufpe, e profissionais atuantes de forma pioneira no mercado do Design Gráfico local, que estimularam na atual geração de professores dessa escola o interesse pelo Design de Informação. Além disso, Solange lembra também a intervenção sempre precisa e oportuna de mestre Gui Bonsiepe, que, em 1993, introduziu o tema do Design de Informação no Recife, em sua palestra no 1º. Seminário Nacional de Educação em Design Gráfico.

Não foi à toa que o início da tomada de consciência coletiva sobre essa questão no Brasil veio daquela cidade. Muitas outras centelhas que alimentaram o desenvolvimento do Design Gráfico brasileiro têm vindo de lá. Historicamente -e por aí podemos chegar até às iniciativas pioneiras de Nassau no sentido de implantar a imprensa no Brasil, só para dar um exemplo clássico – Recife tem sido berço e palco de fatos e atores determinantes para o desenvolvimento da disciplina e da profissão do Design no Brasil. Não sendo especialista em história pernambucana, acho que devo apenas lembrar aqui alguns exemplos importantes: O Jornal do Commercio, Vicente do Rego Monteiro, O Gráfico Amador, Aloisio Magalhães, Gastão de Holanda, João Roberto Peixe, a APD-PE (Associação Profissional do Designers de Pernambuco).

O grupo que se estruturou neste século na Ufpe em torno do tema da Informação no Design pode ser uma continuidade dessa linha – melhor dizendo, dessa linhagem. O conhecimento específico, esse grupo foi buscar na Inglaterra, mais especificamente na Universidade de Reading, onde se pós-graduaram muitos dos professores de Design Gráfico da UFPE. É bom lembrar que os ingleses são grandes mestres no assunto informação e cidadania: o mapa do metrô de Londres, ícone internacional do Design de Informação, desenhado nos anos 1930 e ainda hoje mundialmente copiado, ou re-reproduzido, é um exemplo maravilhoso e contundente.

Design industrial x design gráfico

Já nos anos 1980 a revista inglesa Design, uma das mais importantes na área, predizia que, com a Informática, a função do designer industrial tenderia a perder complexidade e importância para a do comunicador visual (ou do designer gráfico) na medida em que os produtos eletrônicos tendem a ser materialmente iguais – uma placa de circuito impresso, uma botoeira, e um display – embora possam cumprir funções totalmente diferentes, graças à informação que contém. Resumindo, o hardware (material) é o mesmo, o que muda é o software (informação processada pelo hardware). Exemplo: Uma calculadora é igual a um controle remoto que é igual a um telefone sem fio. A diferença é a função que cumprem, dada pelo software (um faz contas, o segundo controla aparelhos à distância, e o terceiro transmite voz). A tendência é termos um só aparelho que, dependendo das teclas que se aperte, cumprirá TODAS as funções que hoje dezenas ou centenas de tipos de aparelhos diferentes cumprem, na nossa vida cotidiana. Um só Design de Produto, para centenas de Designs de Informação.

Nesse ponto não posso deixar de lembrar da semente plantada por Décio Pignatari nos anos 1960 na Esdi (Escola Superior de Desenho Industrial), no Rio de Janeiro, onde, como professor de Teoria da Informação, ele já antevia muitas destas questões. Ainda que não tivesse dado, até agora, frutos institucionais, essa semente certamente germinou na cabeça de muitos designers brasileiros que, como eu, se formaram nessa Escola nesse período, e foram alunos dele.

Apaixonado pelo tema, por sua função (social) e por sua forma (racional), sempre o enfoquei com meus alunos – desde a primeira aula, em 1975, na PUC-Rio, com o tema da Pictografia. Profissionalmente, tenho desenvolvido, desde o escritório de Aloisio Magalhães/PVDI, nos anos 1960/70, dezenas de projetos de sinalização que me têm dado a oportunidade de tocar na questão da informação.

Ao contrário, por exemplo, do Design Editorial ou Corporativo, o Design de Informação não é, em geral, uma área lucrativa do mercado. Lidando com questões de âmbito público, está, portanto, mais submetido à crônica “falta” de verba do serviço público brasileiro. Somente agora, ainda timidamente, algumas empresas, orientadas por um marketing mais inovador, e ajudadas por décadas da ação perseverante do Design, começam a se voltar às reais necessidades do consumidor – ou pelo menos a dizer que querem isso – das quais uma das mais importantes é a informação clara, precisa e verdadeira.

Assim, paralelamente ao crescimento do país, têm crescido no Brasil as necessidades de projetos e intervenções nessa área. A importância desta iniciativa dos professores da Ufpe está não só em ajudar a nos preparar para atender a essas demandas, mas principalmente em trazer esse conceito da informação no Design para a consciência coletiva brasileira – governantes, empresários, profissionais e pesquisadores. Embora nesse movimento pernambucano tenham prevalecido os últimos – e é importantíssimo, particularmente para o Design brasileiro, uma questão como essa ocupar a cabeça, o tempo e a verba de cientistas e pesquisadores – sinto necessidade de convocar para a discussão os designers profissionais, e, sobretudo, os órgãos governamentais responsáveis por legislar e definir a informação pública no Brasil.

“Todo design não é de informação?”

Esta pergunta, que me foi feita pela editora de uma revista especializada, quando sugeri esse tema para um artigo, me fez pensar: É. Todo Design é de Informação. Mas uns são mais, outros menos. E é essa diferença que me interessa.

Um exemplo: capas de discos. Um mesmo objeto mostra a diferença entre o Design Gráfico (na capa) e o Design de Informação (na contracapa). Na frente, pode-se passar qualquer mensagem, pode-se até contrariar a imagem do artista, se ele, e/ou seu produtor, assim o quiser, ou concordar, naquele momento, naquele lançamento. Às vezes não é necessário nem escrever o nome do artista, na frente. Mas, do outro lado, eu, como usuário, quero saber rapidamente, sem esforço (se possível lendo em pé, na loja, antes de comprar), além do nome do artista, quais são as músicas, os autores, os músicos e, se possível, quando e em que contexto cada uma foi composta (para não falar das letras das canções, para ler depois, em casa). Tudo em tipo de letra não menor que Corpo 8, não muito fina nem muito grossa (nem light nem bold), sem linhas de contorno (outline) e com bom contraste cromático (letra bem escura sobre fundo bem claro ou vice versa). E ainda, com a numeração grande. A redução de espaço gráfico trazida pela passagem do LP ao CD veio aguçar os problemas de Comunicação Visual das capas de discos, acentuando o papel do designer de informação, nessa área rica e produtiva do Design Gráfico – tanto internacionalmente quanto nacionalmente, dada a riqueza e variedade de nossa produção musical.

Dois instrumentos, um mesmo fim: funcionalidade

Sempre tive duas paixões profissionais, o Design Industrial e o Design de Informação, e sempre estranhei o fato de duas disciplinas ou atividades aparentemente tão díspares (uma com ênfase tecnológica, a outra cognitiva) me atraírem da mesma maneira. Daí fiquei contente quando ouvi mestre Gui Bonsiepe – hoje em dia provavelmente o maior teórico do Design no mundo – dizer numa palestra que o designer industrial teria facilidade em trabalhar com o Design de Informação por estar habituado a resolver problemas complexos de funcionalidade.

No próprio congresso inaugural da Sbdi em Recife (2004), o depoimento de um dos mais importantes pesquisadores em Design de Informação, Jorge Frascara, argentino radicado no Canadá, veio reiterar essa conexão (Design Industrial e Design de Informação), ao citar o exemplo de um designer que, convocado por um fabricante de aviões para melhorar as instruções visuais de operação da saída de emergência da aeronave, após estudar o problema recomendou à empresa redesenhar primeiro o mecanismo de operação da saída, que não se mostrava funcional, antes de redesenhar as respectivas instruções de uso.

Isso me lembra um terrível acidente ocorrido há alguns anos no Rio de Janeiro, quando um ônibus urbano se incendiou e cerca de 10 pessoas morreram, sem conseguir sair do veículo a tempo. E por que não conseguiram, se o ônibus tinha saídas de emergência? Ou porque não conseguiram entender as instruções de funcionamento das saídas (um problema de Design de Informação), ou porque não conseguiram operá-las, por serem mal desenhadas (um problema de Design Industrial), ou porque eram subdimensionadas (outro problema de Design Industrial), ou então o mecanismo de abertura estava emperrado – único caso em que não se trataria de um problema de Design, mas do serviço de manutenção.

Outro exemplo, mais recente, da falta de funcionalidade da informação gerando conseqüências desastrosas (mundialmente desastrosas, neste caso). O jornal Folha de São Paulo de 13.11.2001 (pág.A17) cita notícia veiculada pelo site do diário norte-americano New York Times dizendo o seguinte:  “O novo estudo (sobre as eleições de 2001 nos EUA, que deram vitória ao presidente republicano George Bush) deu respaldo estatístico às reclamações de muitos eleitores, sobretudo democratas de idade avançada, segundo os quais cédulas confusas os atrapalharam no momento da votação, fazendo com que votassem em mais de um candidato, segundo o jornal (NYT). Mais de 113 mil eleitores votaram em dois candidatos ou mais. Entre eles, 75 mil escolheram Gore (o candidato democrata derrotado) e algum outro candidato de menor expressão enquanto apenas 29 mil votaram em Bush e em outro candidato menos expressivo. Esses votos não foram considerados no resultado final porque a intenção os eleitores não estava clara, de acordo com o diário. A vitória de Bush na Flórida deu ao republicano os 25 votos do Estado no Colégio Eleitoral. Assim, Bush chegou a 271 votos no colégio, um a mais do que o mínimo necessário para vencer o pleito.” (grifos meus)

E se as cédulas não fossem “confusas”? E se tantos milhares eleitores não tivessem “se atrapalhado” com elas? (mesmo sendo idosos – e nesse ponto eu lembro que o que é ruim para idoso é ruim para todo o mundo). E se Bush não tivesse sido eleito, como seria o mundo hoje?

O Design de Informação está no eixo do sistema democrático. Não existe democracia sem informação clara, e verdadeira. A seguir procuro delinear o que é informação clara e verdadeira, sob o ponto de vista do Design:
II. Características

Diante daquela pergunta “todo Design não é de Informação?”, resolvi me deter sobre aqueles componentes que caracterizam essa área. Não pretendo aqui ser extensivo sobre o assunto, mas colocar inicialmente seus pontos principais:

O primeiro se refere a questões do destinatário da mensagem.
Os seguintes, a questões da forma da mensagem.
E os últimos referem-se a questões do tempo, na transmissão da mensagem.

Quando o objeto informativo não atende a essas características, relacionadas a seguir, o processo de comunicação será deficiente e, portanto, o usuário ou o cidadão poderá não ser atendido. Nesse caso, de nada servirá o Design – harmonia entre formas, cores, materiais, significados. A relação da forma (externa) com a estrutura (interna) dos objetos é um dos fundamentos do Design (de Produto, ou de Comunicação Visual), ao contrário do que se pensa, e diz a mídia, que confunde “design” com aparência, superficialidade e frivolidade.

São condições indispensáveis para o Design de Informação existir:

A. Quanto ao Destinatário:
1.  Foco no Receptor

B. Quanto à Forma:
2.  Analogia
3.  Clareza
4.  Concisão
5.  Ênfase
6.  Coloquialidade
7.  Consistência
8.  Cordialidade

C. Quanto ao Tempo:
9.  Oportunidade
10. Estabilidade

Grifei as que considero mais importantes, em cada categoria.  Vamos a seguir examinar cada uma delas. Nestes exemplos, teremos a oportunidade de ver como esses dois elementos – informação e cidadania – se relacionam intimamente):
 

A. Quanto ao destinatário da mensagem:

Foco no receptor

Se, como diz a Semiótica, toda comunicação tem um ponto de partida, o emissor da mensagem, e um ponto de chegada, o receptor, para o Design de Informação é este quem determina o conteúdo da mensagem, e não quem a emite. O próprio emissor (nosso cliente), se quiser cumprir sua função, deve se colocar também nessa posição diante do receptor (seu cliente – isto é, cliente do nosso cliente). Por exemplo, no caso da sinalização do metrô, o emissor das informações que desenhamos é a companhia, nosso cliente (por quem somos contratados), sendo receptor o passageiro (para quem somos contratados).

A propaganda oficial do governo tem sido um campo típico – e vergonhoso – onde a informação se dirige mais aos interesses do emissor (governantes) que do receptor (população), ao contrário do que deveria ser. Vergonhoso porque é o cidadão (receptor) quem paga, em forma de impostos, os milhões que essa propaganda custa – enquanto alguns serviços públicos essenciais não são prestados por “falta de verba”. Sou totalmente contra propaganda governamental (não campanhas de interesse público, que é coisa oposta). Afinal, não lhe parece um absurdo pagar para que seus empregados falem bem deles mesmos, para você mesmo? – e o que são os governantes senão nossos empregados, ou seja, alguém que pagamos para trabalhar para nós, embora a maioria trabalhe para si próprio?

Por outro lado, campanhas de interesse coletivo (de saúde, de segurança no trânsito etc.) são puro Design de Informação, essenciais para a cidadania e o desenvolvimento social. Nada têm a ver com gastar dinheiro público para dizer que este governo foi o melhor que já tivemos, ou para um pagodeiro nos repetir, em cadeia nacional, aquele refrão inspirado que não nos permitirá esquecer que o partido do governo é o mais honesto e trabalhador do Brasil.
B. Quanto à FORMA da mensagem:

B.1. Analogia

Depois do foco no receptor, a segunda qualidade fundamental do Design de Informação está na forma gráfica da mensagem, que deve ser, o mais possível, analógica. É essencial que a informação tratada pelo designer estabeleça uma analogia com seu conteúdo, visando, antes de tudo, clareza e rapidez de leitura.

Os relógios digitais, ainda bem, não substituíram os de ponteiros, que hoje são digitais na tecnologia (com painéis de cristal líquido), mas muitas vezes analógicos na sua forma de leitura (com “ponteiros” que são na verdade imagens na tela, e não mais peças que giram mecanicamente). Chamam-se “analógicos” na medida em que estabelecem uma analogia (no caso, visual) com a noção da passagem do tempo, refletida no movimento circular dos ponteiros (que remete ao próprio movimento dos planetas, nosso sistema de referência para a contagem do tempo, originalmente expresso no relógio de sol), em oposição aos “digitais”, que veiculam a informação através de “dígitos”, signos abstratos e convencionados – no caso, algarismos. Esse conceito de leitura digital X analógica (homogênea, por meio do apenas do alfabeto, X heterogênea, isto é, por meio de formas, cores, símbolos, e também do alfabeto) pode ser estendido a qualquer área da Comunicação Visual.

Muitas informações de interesse público perdem eficácia porque são “digitais” e não “analógicas” (nesse sentido da leitura, não da tecnologia, repito). A bula de remédio é um exemplo clássico. São produzidas em função dos interesses do emissor da informação (laboratório fabricante do remédio) e não do receptor (paciente – só podia ter esse nome!), sendo visualmente “planas” (= chatas), nada analógicas, e muito pouco comunicativas.

Um bom exemplo oposto, de informação analógica útil e disseminada, é a Sinalização de Trânsito, uma das primeiras manifestações do Design de Informação no mundo, cujos parâmetros foram estabelecidos também nos anos 1930 (na mesma época do mapa do metrô de Londres), e que, desde então, tem servido de modelo para muitas outras áreas da linguagem visual.

O conceito de analogia é, no meu entender, determinante para a existência do Design de Informação. Mas existem outras características importantes a serem consideradas, na forma da mensagem:

B.2. Clareza

Atributo intrínseco a qualquer comunicação, trata-se de uma característica absolutamente imprescindível para o Design de Informação. Embora sua necessidade seja óbvia, sua ausência é comum.

Nessa área da Sinalização de Trânsito, a eletrônica trouxe a possibilidade de uso de painéis luminosos (feitos de micro-lâmpadas) com informações móveis, transitórias, úteis principalmente em situações de emergência (embora aqui eles não sejam usados para isso), coisa impossível de fazer com a sinalização fixa tradicional. Cidades grandes, médias e até pequenas possuem hoje em dia esses painéis luminosos, em pórtico sobre as avenidas principais. Aqui no Rio eles são (sub)usados na hora do rush, por exemplo, para orientar os motoristas quanto ao melhor trajeto para ir de Botafogo à Barra, dois polos importantes da cidade separados por montanhas e lagunas. Pode-se fazer esse trajeto pelo lado direito (Av. Borges de Medeiros) ou esquerdo (Av. Epitácio Pessoa) da Lagoa Rodrigo de Freitas. Assim, logo antes da Lagoa há um painel desses que diz (todos os dias, no fim da tarde): “B. Medeiros: LENTO – E. Pessoa: INTENSO”. Ou vice-versa. Qual a diferença? Qual dos dois caminhos devo escolher? Qual será o melhor – ou o menos pior, o lento ou o intenso? Para que me serve essa informação?

B.3. Concisão

Considerando as necessidades e condições de leitura, é imprescindível que a mensagem do Design de Informação seja absolutamente concisa, sem signos ou palavras supérfluas ou dispensáveis.

Há uma placa nas ciclovias do Rio que diz, para o ciclista: “Atenção! Cuidado! Respeite a travessia – a prioridade é do pedestre. Bastava dizer: “A prioridade é do pedestre”. Aí já está subentendido o “respeite a travessia”. Nesse contexto (sinalização urbana), por questões de tempo, e de segurança, não se pode ser prolixo nem redundante. Tem-se que ir direto ao ponto. A economia de palavras inclusive valoriza a mensagem. O excesso dilui. Uma ordem NUMA só palavra é muito mais forte do que NUMA FRASE DE DEZ PALAVRAS.

Voltando ao painel eletrônico de trânsito: alternando com a mensagem sobre o andamento do tráfego, acende uma tela nesse painel que anuncia, solenemente: “CET-RIO INFORMA: CONDIÇÕES DE TRÁFEGO ” (e depois apaga – aliás, não apaga, as palavras saem da tela “andando” para os lados, uma linha sai para a direita e outra para a esquerda: uma gracinha!). Eu não quero saber se aquele painel SERVE PARA ME DIZER quais são as condições de tráfego (se ele está no local das informações de tráfego, ou seja, acima e no meio da pista… era só o que faltava, se fosse um painel de propaganda!) (1). O que eu preciso saber é QUAIS SÃO as condições do tráfego. Sem introduções. Em movimento, não há tempo para isso – além de ser perigoso (distrair-se com informações supérfluas). Seria o mesmo que colocar no cabeçalho das placas fixas de sinalização urbana o título: “CET-RIO INFORMA: DIREÇÕES DE TRÁFEGO”, e abaixo, então, a informação que realmente interessa: “Copacabana à direita”, por exemplo.

E para que alternar as telas luminosas? para nos divertir, enquanto dirigimos no tráfego? (ou enquanto NÃO dirigimos, no engarrafamento?)  Por que não deixar acesa só a informação que (pretensamente) nos interessa, sem movimentos graciosos?

Outro exemplo de propaganda confundida com sinalização: é muito comum no Brasil uma placa rodoviária (portanto, dirigida aos motoristas) que diz “Proteja a Sinalização”. O que se quer dizer com isso? Como é que uma pessoa, dentro de um carro, em movimento, dirigindo, pode “proteger” uma placa fincada do lado de fora, na beira da estrada? O que se espera que o motorista faça? (pare o carro na estrada, salte, chegue junto à placa, veja se ela está suja ou quebrada, faça uma limpeza ou um carinho na placa, e depois procure na lista telefônica o número do Dner ou do DER para avisar sobre eventuais avarias na placa?) Ou será que essa mensagem seria dirigida àqueles delinqüentes que dão tiros na sinalização? Neste caso, será que, lendo-a, eles deixarão de atirar? (ironia é ver placas com esse texto furadas de bala!). Dinheiro (nosso, não canso de lembrar) jogado fora – ou no bolso dos fornecedores e compradores oficiais corruptos).

B.4. Ênfase

Outro componente essencial do Design de Informação, relacionado à propriedade analógica. 

Na informação analógica, há ênfase nas partes mais importantes ou mais graves da mensagem, por meio da acentuação gráfica dos elementos de informação, como o uso de letra pesada (bold) ou caixa alta, o aumento do tamanho, o destaque em cores mais fortes, ou o uso de recursos de separação visual, como margens, fios, barras, vinhetas, molduras ou quadros. As ênfases tornam a superfície informativa heterogênea, ou “ondulada”, e não homogênea, ou “plana” (como é a bula de remédio). Além da legibilidade, elas conferem também ao objeto informativo um contorno, um perfil, uma “cara” – uma identidade, portanto.

B.5. Coloquialidade

Empregar palavras de uso comum é essencial para a comunicação neste nível.

No Rio de Janeiro, os pontos de parada de vans e kombis (sistema que veio a preencher um vácuo no transporte de média capacidade das grandes cidades brasileiras neste início de século) são identificados por uma placa onde está escrito “Transporte Especial Complementar” – “tucanaram a kombi”, diria o José Simão, humorista do jornal Folha de S.Paulo. Se você estiver procurando esse serviço em algum lugar na cidade, e perguntar a alguém “onde fica o ponto do transporte especial complementar”, ninguém vai entender. Mas, se você perguntar “onde fica o ponto de kombi”, ou de van vão te responder. Para mim, usuário, esse sistema de transporte não tem nada de “especial”, nem de “complementar”. Poderá ser para os planejadores do transporte da cidade, emissores dessa informação, para quem este sistema auxiliar complementa o principal, servido pelos ônibus. Mas, para muitos, ele é o meio transporte que o levará, por exemplo diretamente de casa ao trabalho. Para o usuário ele é apenas um sistema de transporte menor, mais rápido, mais freqüente – e, ao menos aqui no Rio, chama-se “van” ou “kombi”.

B.6. Consistência

Sistemas de informação necessitam de códigos consistentes, onde cada signo, dentro de seu contexto, corresponde sempre a um mesmo significado, e vice-versa.

No metrô do Rio, durante cerca de 30 anos os assentos reservados a gestantes, idosos e deficientes físicos eram, em alguns vagões, na cor verde, com os demais assentos do mesmo vagão na cor laranja, e nos outros vagões era o contrário, ou seja, os assentos reservados em laranja, e os comuns em verde. A oposição de cores, sobretudo, mais do que sua variação, anulava qualquer possibilidade de fixação – e portanto de utilização – do código. Para que fazer dois acabamentos diferentes no interior dos trens? Certamente para ficar mais “decorativo”. Aí está outro vírus que freqüentemente contamina ou até destrói a Informação, além da Propaganda: a Decoração. Não que a sinalização deva se desvincular da função decorativa, ao contrário, esta é uma das funções compulsórias a serem cumpridas por ela, na medida em que é parte do ambiente arquitetônico. O problema é quando o aspecto decorativo ofusca ou até substitui a informação, o que é um contra-senso, embora freqüente. Contra-senso porque a sinalização é feita (destinada / pensada / comprada / fabricada / instalada) para informar, não para decorar. O desafio do designer no caso é justamente o oposto, ou seja, não substituir a informação pela decoração, mas unir os dois: usar a informação como decoração, e o elemento decorativo como informação.

B.7. Cordialidade

Outra característica necessária ao Design de Informação, no mínimo por uma questão de respeito ao próximo.

Podemos continuar no mesmo exemplo: na placa que identifica esses assentos reservados para gestantes e deficientes nos vagões do metrô do Rio, colocada acima dos respectivos assentos, há uma frase, obrigatória por lei, que começa assim: “Colabore: Você não está proibido de sentar nesses lugares mas lembre-se que eles são reservados a idosos, gestantes, deficientes físicos, etc. etc….”. No metrô de Londres tem escrito assim: “Por favor, ofereça esse assento a uma pessoa idosa ou deficiente”. Veja bem a diferença: “Por favor ofereça este assento…” em lugar de “Você não está proibido de sentar-se mas lembre-se…”. Síntese, precisão, e respeito.

Aqui no Brasil parte-se do princípio de que todos os usuários dos serviços públicos são delinqüentes, e assim somos todos tratados. Mas eu não sou delinqüente e exijo o direito de ser tratado como cidadão. E mesmo que fôssemos todos delinqüentes, caberia ao serviço público tratar-nos com respeito. Como se espera que nós TODOS, inclusive os delinqüentes, tratemos os serviços públicos com respeito.

Por outro lado, cordialidade não é esse ônibus urbano que dá “BOM DIA” pelo painel frontal (noutro dia, ainda de manhã, havia um dizendo “BOA TARDE”), onde também, alternadamente, se informa o número e nome da linha. Como esse painel agora é eletrônico (como o pórtico de trânsito, feito de micro-lâmpadas), pronto, haja criatividade nas mensagens! Na época do Natal o ônibus diz também “FELIZ NATAL”! Já que se pode escrever qualquer coisa nesses painéis, as pessoas não conseguem deixar de escrever bobagens – é só digitar e enviar a mensagem (ao contrário de uma sinalização fixa, que você tem que pensar, desenhar, olhar, aprovar, fabricar, e instalar). Se querem mudar de mensagem, alternando com o nome da linha, no caso do ônibus, então pelo menos que se esclareça seu trajeto, ou sua tarifa. O “bom dia” a gente deixa para o motorista, ao entrarmos no veículo. Ao vivo. Com direito a som, e expressão. Como em Londres. E no interior do Brasil.

Se esse é um exemplo de demagogia (fantasiada de “cordialidade”), este próximo chega a ser hipocrisia: quem agüenta ligar para um serviço e ficar esperando na linha enquanto uma gravação repete no seu ouvido que “a sua ligação é muito importante para nós”? Se fosse, não nos deixariam esperando, nos massacrando com essa frase “cordial”, mas estaríamos sendo atendidos. Esses tele-marqueteiros pensam que todos são bobos, como eles? Se sabemos que pelo menos ALGUMAS ligações NÃO serão importantes para a empresa, e sendo a frase dita em TODAS as ligações, então, às vezes – senão sempre – aquela voz está mentindo, e isso pode estar acontecendo na nossa vez.

C. Quanto ao TEMPO no processo de transmissão da mensagem:

C.1. Senso de oportunidade:

Em primeiro lugar, é essencial que a informação apareça (em primeiro plano), quando precisamos dela, e não apareça (fique em segundo plano), quando não precisamos.

Vou exemplificar novamente com o painel eletrônico da sinalização de trânsito – é bom repetir o exemplo para ver a variedade de problemas que um mesmo objeto pode trazer. Além da falta de clareza, o que torna aquele painel inútil é a inoportunidade da informação: Ou seja: todo mundo sabe – até os turistas – que, todo dia, na hora do rush, o trânsito nas avenidas principais é mesmo “lento” E “intenso”. Por isso, essa informação não quer dizer nada. Então, não perco mais tempo desviando minha atenção da rua para ler esses painéis (quanto pagamos por eles, aliás?). E, no dia que precisarem me mandar uma informação útil (aos motoristas), não vou receber (como, por exemplo, a de que o trânsito está lento por causa de um acidente em tal lugar, indicando um caminho alternativo – uso que nunca vi ser feito desse painel, embora ela seja feito para isso).

Agora, o exemplo inverso, elucidativo: Há poucos anos atrás passei algumas semanas hospedado num bairro residencial na periferia da cidade de São Francisco (EUA), e todos os dias, seguindo o movimento do trânsito, ia para o centro da cidade de manhã e voltava à tarde, dirigindo por auto-estradas largas mas sinuosas, numa região montanhosa. Depois de percorrer esse trajeto várias vezes, e já sabendo o caminho de cor, um dia deparei, logo antes de uma curva da estrada, com um desses painéis eletrônicos, que dizia: “Tráfego parado adiante”. E, logo depois da curva, tudo parado. Numa via expressa veloz, cheia de curvas, e de carros, aquela informação era muito importante para os motoristas diminuírem a velocidade a tempo, evitando um engavetamento. Mas, repare, eu nunca antes tinha visto aquele painel. Nos outros dias ele provavelmente estava APAGADO! Só o vi quando precisei dele. Para mim, como motorista, ele nunca foi usado para dizer algo previsível (e, portanto, inútil). Ele nunca foi usado para dizer que o tráfego adiante estava NORMAL! (como aqui no Rio, onde às vezes se coloca esta informação preciosa no painel eletrônico: “Avenida Tal: BOM”! Se o trânsito está bom, e isso é o normal – ou será o anormal? – para que informar? Apaguem o painel, e pelo menos, economizamos energia – a elétrica, coletiva, e a do olhar, individual.

C.2. Estabilidade

Informação é linguagem, e linguagem demanda continuidade. Não se usa uma palavra num sentido hoje, e amanhã noutro. O que, porém, não significa estagnação. Com o tempo, o sentido muda. Mas é uma mudança lenta, onde predomina a estabilidade sobre a instabilidade. Códigos, para serem usados, têm de ser duradouros, mudando quando não correspondem mais à realidade. Na nossa sociedade de consumo subdesenvolvido, porém, onde vicejam, além do regime da obsolescência planejada (de origem internacional), o regime da corrupção institucionalizada (paixão nacional), ambos campos de interesses privados (isto é, dos interesses do emissor, não do receptor), exemplos de descontinuidade, em prejuízo do público, são freqüentes:

A mudança constante dos nomes de ruas no Brasil, além desconsiderar o caráter poético e histórico que cada rua tem, serve apenas para fazer média entre políticos e famílias de mortos poderosos (emissores da informação). A mudança freqüente dos números de telefone no Brasil serve apenas para atender à desorganização das empresas concessionárias de telefonia, e à sua falta de consideração com o público, destino final do serviço. A mudança constante das siglas de órgãos públicos serve ou para encobrir erros passados, ou para atender aos interesses de políticos que entram em cena, e usam esses órgãos em seu benefício.

Nenhuma dessas mudanças leva em consideração as necessidades dos usuários. Ao contrário, só lhes dá dor de cabeça e despesas, desperdiçando seu tempo, prejudicando sua comunicação e sua vida, exigindo-lhes refazer papéis e documentos, despesas e prejuízos NUNCA ressarcidos pelos agentes provocadores das mudanças.

No campo do consumo privado o problema também é freqüente. Se um produto que você tem saiu de linha (e se ele ficou mais de um ano na “linha” foi muito), pode jogá-lo fora. As dificuldades de consertar aparelhos fora de linha, ainda que bem conservados, ou de conseguir re-completar os azulejos de um pedaço de parede que teve de reformar, ou de comprar mais um sapato igual a esse que você usa e gosta, são maneiras que as empresas encontram de fazer você comprar mais (de novo, no interesse do emissor, não do receptor). Você é obrigado a jogar fora o que você sabe que gosta, e a comprar um produto novo que você não sabe se vai gostar. Isto é, te fazem gastar mais para trocar o certo pelo duvidoso. Isso prejudica não só a economia individual, mas, somando-se, reflete-se também, é claro, na economia nacional.

Na área da informática, em seu processo de mudança vertiginosa, essa questão vem atingindo níveis dramáticos. A alteração – sem sentido – dos comandos a cada nova versão dos programas de computador pode divertir (a cabeça), ocupar (o tempo) e sustentar os (salários dos) analistas de sistemas e projetistas de softwares, mas traz grandes prejuízos aos usuários, que perdem não só tempo, mas principalmente desempenho operacional tendo de “reaprender” os comandos que já conheciam, para continuar a trabalhar. Isso sem falar nos custos de aquisição dos upgrades.

Quanto custa ao país essa derrapagem periódica da produtividade nacional, decorrente da falta de consideração dos produtores com as necessidades dos consumidores?
Conclusão

Não há cidadania sem informação, nem informação sem Design. Esses pequenos exemplos, somados a tantos outros, trazem a noção de cidadania para o âmbito da responsabilidade do designer, e particularmente do designer de informação. Cabe-nos assumir junto ao poder público esta responsabilidade, por intermédio das entidades acadêmicas e profissionais.

Resultado de muitos anos de ensino e prática sobre o tema, este texto foi originalmente preparado para uma palestra no Congresso Nacional de Iniciação Científica em Design da Informação, realizado na UFPE Universidade Federal de Pernambuco, Recife, em 2004, organizado pela SBDI, Sociedade Brasileira de Design de Informação. É com satisfação que o publico agora, revisto, na revista de Design Agitprop.(JR)
(1) Aliás, esse painel É usado para propaganda, quando a CET-Rio nele escreve, como vi há poucos anos: “PARABÉNS 10 ANOS CET-RIO”. Eu, motorista, deixo de focar o trânsito na rua para ler uma mensagem que está no lá no alto, e que pode (deveria) ser muito importante para mim, senão fatal, e em lugar disso, recebo esta sugestão: Dê-me parabéns, eu sou a CET-Rio, que há 10 anos cuida do seu trânsito. Uma das afrontas à cidadania mais freqüentes nessa área acontece justamente quando se confunde Informação com Publicidade. Quando vejo escrito em certas placas de sinalização rodoviária, como existem aqui no Rio, “CINTO DE SEGURANÇA: SEU AMIGO DO PEITO”, não me sinto na obrigação de usar o cinto. Isso é propaganda, não é sinalização. Eu “compro” a idéia, se quiser. Se fosse um outdoor, tudo bem. Mas placas de sinalização não devem ser usadas para propaganda. Trata-se da informação errada no veículo errado. Portanto, desperdício de dinheiro público. É diferente de outras placas onde está escrito: “CINTO DE SEGURANÇA: USO OBRIGATÓRIO”. Esta, sim, eu obedeço. Isso é sinalização, não propaganda.
*Revisão de artigo publicado em 2004 na Revista Eletrônica da Sbdi
Sociedade Brasileira de Design da Informação
http://www.infodesign.org.br/v01/artigos.html

Resultado de muitos anos de ensino e prática sobre o tema, este texto foi originalmente preparado para uma palestra no Congresso Nacional de Iniciação Científica em Design da Informação, realizado na UFPE Universidade Federal de Pernambuco, Recife, em 2004, organizado pela SBDI, Sociedade Brasileira de Design de Informação. É com satisfação que o publico agora, revisto, na revista de Design Agitprop.(JR)

 

* Joaquim Redig é designer formado na Esdi-Uerj (Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Mestre em Design pela mesma instituição, professor de Design da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e titular do escritório Design Redig, voltado às áreas do Design Industrial e Informacional.

fonte: AGITROP

Tecidos ecologicamente corretos

Dias atrás a Deborah Vinci postou no design.com.br um artigo falando sobre tecidos ecologicamente corretos voltados à moda e de um selo de certificação nos mesmos moldes daqueles já empregados em madeiras e outros materiais.

Questionei em seu post sobre se ela tinha conhecimento de algum tecido voltado à nossa área de Interiores/Ambientes como tecidos para cortinas, estofados, roupas de cama, paredes, etc.

Fiquei com isso na cabeça e resolvi fazer uma breve pesquisa sobre o assunto no Google. Porém a primeira informação mais real mesmo que tive veio através da revista Casa Claudia deste mês onde encontrei a indicação do trabalho da Desiner Têxtil Claudia Araújo que trabalha com tecidos feitos de garrafas PET recicladas, entre outros materiais.

De padronagem tradicional, a sutil beleza e rusticidade dos taPETs é realçada ainda mais por sabemos que temos em mãos um produto que, se lançado na natureza, iria demorar 100 anos para ser decomposto totalmente sendo portanto, ecologicamente correto.

Uma bela apresentação do trabalho dela pode ser visto através do PDF disponibilizado em seu site ou clicando aqui para baixa-lo.

Já no Google encontrei de tudo um pouco.

Uma dupla de designers de São Paulo que desenvolveram um tecido feito com bitucas de cigarro.

Descobri também a empresa Unafibras que trabalha com reciclagem de garrafas PET e produz tecidos voltados para moda, roupas de cama, estofamentos para carros entre outros.

A Santista Têxtil também está reciclando os retalhos de seus tecidos através de um processo onde os mesmos são transformados novamente em fios e trançados. Ela também trabalha com a reciclagem de garrafas PET e confecção de tecidos usando este material. Vale a pena ressaltar que a Santista está desenvolvendo um novo tecido que não utilizará o poliéster (sub-produto do petróleo) e sim, um plástico feito de amido extraído do milho. O nome desse filho? Ingeo. Em breve nas lojas!!!

É difícil encontrarmos nas lojas etiquetas “produto ecologicamente correto”. Isso tem um fundamento já detectado pelo Akatu em uma pesquisa: o publico brasileiro não vê com bons olhos produtos reciclados. Tem em sua cabeça que estes produtos são “sujos” e com qualidade inferior por serem feitos com materiais reusados. Quanta ignorância!!!!

Cabe a nós Designers mostrarmos aos nossos clientes que estes produtos são tão bons ou até melhores que os outros.

Porém também encontrei coisas que valem a pena conhecer e que são tristes. Com a onda do Marketing Verde, muitas empresas estão tentando impor-se no mercado ecologicamente correto. Porém, muitas delas agem na contramão: usam tecidos pseudamente corretos mas não levam em consideração o processo de fabricação, como no caso dos tecidos feitos com fibras de bambu.

Nessa linha de reciclados e reciláveis que podemos (e devemos!) utilizar em nossos projetos, uma excelente fonte de pesquisa é o site do IDHEA.

Bom, como se vê, em um pequeno post já lancei várias dicas e direcionamentos. No entanto, isso não é nada perto da quantidade de links obtidos numa simples pesquisa no Google usando “tecidos reciclados”.

Faça a sua parte também!!!